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História Harry Potter e o Mistério dos Black's-Harmione - Finais e Recomeços


Escrita por: Kathy_Lyn

Notas do Autor


Oi amores, tudo bem? Espero que sim!
Nossa, como está tarde... Eu passei o dia a editar este capítulo e decidi trazê-lo hoje, mesmo tarde, porque já estou em atraso com vocês.

Então aqui veremos o reencontro de Andrômeda e Mione e muita coisa acontecerá nesse meio. Não vou dar spoilers, mas, preparem os lenços pois este capítulo está bem forte e emotivo!

Obrigada a todos que comentaram e favoritaram. Os amo muito.
Boa leitura a todos!

*OS TEXTOS EM ITÁLICO REPRESENTAM LEMBRANÇAS.

Capítulo 49 - Finais e Recomeços


Harry piscou várias vezes antes de conseguir abrir os olhos por completo. Um frio terrível apoderou-se de seu corpo. A cabeça doía e as pernas tremeram quando tentou ficar de pé. Percebeu que suas vestes estavam molhadas. Talvez essa fosse a razão daquele frio perturbador. Olhou à sua volta e tentou divisar algo naquele ambiente escuro. Era difícil. Onde estavam? De imediato, lembrou-se da queda do Testrálio. Hermione? Onde ela estava? Sua voz saiu rouca quando gritou pelo nome dela.

-Hermione? 

-Harry, aqui! – Ele ouviu sua vozinha fraca, um pouco distante. Caminhou em direção de onde provinha e avistou um ambiente um pouco mais claro, iluminado pelos archotes nas paredes. Hermione estava ajoelhada no chão, ao lado de Andrômeda.

-Mione! Você está bem? – Correu e abraçou-a fortemente, sentindo-a tiritar, devido ao frio.

-Sim. 

-E ela? – Observou Andrômeda que parecia desmaiada. A mulher tinha a face branca como papel, mas não estava molhada, o que indicava que ela não havia caído na água. Talvez houvesse sido atingida por algum feitiço.

-Estou tentando acordá-la. Acho que foi estuporada. O que aconteceu com a gente? – Ela tremia e chorava ao mesmo tempo. Harry teve vontade de envolvê-la outra vez em seus braços. Sabia que ela estava preocupada com a mãe.

-Eu não sei... Acho que fomos atacados! Eu senti um feitiço passar perto e acho que atingiu o Testrálio, porque caímos. Eu não me lembro de nada depois disso.

-Nem eu – Confessou – Onde está Peasegood?

Harry, instintivamente, olhou à sua volta novamente, como se esperasse encontrar o amigo em um algum canto daquele lugar. Arnaldo não estava. E somente naquele instante, pôde observar com atenção o local. Era um tipo de masmorra ou algo parecido. Paredes escuras de pedras cercavam todo o ambiente. Diversas colunas estruturais comportavam o teto do porão que parecia medir uns duzentos metros quadrados ou mais. Havia uma única saída que era uma porta dupla de madeira, provavelmente trancada.

-Espero que ele esteja bem – Foi o único que Harry conseguiu proferir, ao perceber que o obliviador não estava junto deles.

-Será que ele escapou? – Um breve silêncio instaurou-se enquanto eles se fitavam – Harry, quem nos atacou? 

-Eu não sei. Os Aurores?

-Não. Eles não fariam isso, Harry! Talvez pudessem nos deter ao ver que levamos Andrômeda, mas não iam nos prender em um lugar assim. 

-Tem razão... Talvez...

Mas Harry não concluiu sua suposição. No mesmo instante, Andrômeda moveu-se e deixou escapar um gemido de dor. Hermione, que ainda estava ajoelhada ao lado da mãe, apressou-se em acalmá-la. Deslizou uma mão pelo rosto da mulher, acariciando-a suavamente.

-Você está bem? Por favor, acorda... – Ela indagou de forma tímida, quase sussurrando.

 Harry recorreu o olhar pelo semblante angustiado da garota. Seus olhinhos brilhantes, as mãos trêmulas e os lábios comprimidos em um sinal de tensão. Sempre era capaz de decifrá-la. Ela queria muito jogar-se nos braços da mãe, pedir que ficasse bem. No entanto, ainda era incapaz de expressar um sentimento tão grande, tomando uma reação mais comedida. As duas já haviam sofrido tanto… Somente queria levá-las para casa, em segurança.

-Por favor... Acorda... - Ela pediu outra vez, sem deixar de acariciar o rosto da mãe. Alçou uma de suas mãos e a beijou, afavelmente, desejando que aquele simples gesto de carinho, pudesse servir de motivação para a mulher. Fitou seus olhos, ainda fechados, ansiando que eles se abrissem. "Me deixa vê-los mais uma vez…"

 

"-Mamãezinha linda, por favor, não deixe ela me levar... - Pediu, chorosa, fixando seu olhar nos belos olhos castanhos da mamãe. A mulher, agachada à sua altura, crispou a língua, segurando os bracinhos da pequena Liv.

-Não faça assim, Alyvia, por Merlin! Não piore as coisas…

-Não quero ir com ela, me dá medo! - A pequenina fitou a tia, temerosa. Bellatrix riu-se da atitude da menina.

-Sua tia vai te levar para um passeio, a conhecer a casa onde ela viverá, os seus amigos… 

-Não… - Ela murmurou, chorosa, de maneira implorativa - Não a conheço! Não quero ver nada. Quero ficar aqui com Dora, tio Ted e você!

-Vamos, pequena criança, não temos a noite toda! - A tia pediu, estendendo uma mão. Alyvia apenas a olhou, sem a mínima intenção de segurá-la. Voltou-se para a sua mãe.

-Eu prometo que serei boazinha... Não vou mais fazer magia sem sua permissão. Prometo! - Abraçou-se ao pescoço de Andrômeda, ainda mais chorosa - Não vou fazer bagunças, nem ser desobediente…

-Alyvia, para! 

-Não vou quebrar nada, nada mesmo! - A pequena continuou, desesperada.

-Alyvia, chega! Chega! - Soltou-a de seus braços, afastando-a.

-Eu estou perdendo a paciência, irmãzinha! Vai convencê-la de ir comigo ou terei de machucar alguém para que isso aconteça? - Bellatrix interveio, levantando outra vez a varinha, ameaçadora. Andrômeda meneou a cabeça, sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. Lançou um olhar à escada, onde estava Ninfadora, tão chorosa e desesperada quanto a irmãzinha. Perto da lareira, seu marido, Ted Tonks, estava preso por um feitiço, ameaçado por outro comensal. Como os amava!

Alyvia tornou a fitar sua mãezinha, angustiada. A mulher virou-se, encontrando novamente o seu olhar com o dela. Uma lágrima escorreu por sua face, mas ela deixou transparecer força. 

-Sinto muito, Liv. Eu preciso proteger Dora... Preciso proteger sua irmã… 

Naquele instante, os segundos pareceram transcorrer mais devagar para a pequena Alyvia. Sua mãe estava dando permissão para que sua tia a levasse. Ela sabia… Sabia quanto medo resguardava daquela comensal louca. Sabia quantas noites chorara de medo pelas visões que tivera com a tia. E ainda assim, estava deixando com que a levasse… 

Sentiu as mãos gélidas da comensal por baixo de seus braços, erguendo-a no colo e a abraçando. A mulher acariciou seus cabelos e sorriu.

-Tão inteligente! Você vai ser uma bruxa excelente ao meu lado!

A pequena empurrou a mulher, tentando escapar de seus braços.

-Não, mamãe! Mamãe, não deixa ela me levar! Eu não quero ir! Não quero ir! 

-Mamãe não permita isso! Não a deixe levar minha irmãzinha! - Dora tentou correr até a irmã, mas a mãe a segurou no meio do caminho, impedindo-a.

-Não podemos fazer nada, meu amor, ela vai nos matar! 

-Mamãe, por favor, não! Eu prometo que não vou mais errar! Prometo que não machucarei Dora, nunca mais! Serei mais cuidadosa… - A pequenina gritava, com todas as suas forças, tentando sair do colo da tia. Andrômeda apenas assistia a irmã sair com sua filha caçula, sendo seguida do comensal que a acompanhava. No jardim, uma carruagem encantada os esperava. 

Dora também gritava, exasperada, tentando se soltar da mãe e correr até a irmãzinha. Quantas vezes havia prometido que a protegeria? Tantas...

Mas nada mudou aquela situação. Nem os gritos de Alyvia. Nem a exasperação de Ninfadora. Até mesmo Ted, agora solto das amarras invisíveis, expressou um semblante de choro, sentindo o coração partido por ver o sofrimento da pequena enteada. Pobre Alyvia, não merecia tamanha crueldade…

Naquela noite, a vida de Liv mudou completamente. A desolação, a angustia, o medo, invadiram seu íntimo e roubaram a esperança que ainda resguardava de ter um futuro feliz ao lado de sua mãezinha. Ela não a queria… "

Mas alí estavam outra vez, juntas… Chorou, silenciosamente e tornou a chamar sua genitora, pedindo para que acordasse.

Sua voz saía quase como uma súplica. E ela continuou pedindo, por vários minutos, enquanto Andrômeda, ainda muito fraca, sentia-se tentada à despertar. A voz da sua filha entrou como bálsamo em seus ouvidos. Como desejara ouvir a voz dela outra vez... Como desejava ver seu rosto mais uma vez... Quanta saudade! Precisava abrir os olhos. “Merlin, dá-me forças!”, suplicou mentalmente, tentando lutar contra a fraqueza que a dominava. Precisava ter forças... E teve. Levantou as pálpebras com enorme dificuldade e avistou um sorriso grande nos lábios da menina que estava ao seu lado. Um outro sorriso surgiu em seus próprios lábios.

-Você está bem? – Há quantos anos não a escutava utilizar um tom tão doce para falar consigo? Indagou-se Andrômeda. Tantos anos... Ela era ainda uma criança a última vez que lhe dispensou simpatia. Queria muito responder, mas só conseguiu sorrir. Sorrir e derramar uma lágrima, externando sua emoção. Não sabia onde estava, tampouco o que havia acontecido. Mas estava ao lado de sua filha e era tudo que mais desajara na vida. Era apenas o que importava – Por favor, me diga que está bem... – Hermione voltou a implorar.

-Sim – A mulher não soube de onde tirou forças, segundos depois. Sentiu-se na necessidade de responder, percebendo a súplica da garota – Estou bem. Apenas com um pouco de dor no corpo, mas bem... – Assentiu. Falava de maneira lenta e débil, mas foi convincente o bastante pois Hermione suspirou, aliviada.

-Que bom... Que bom! Fiquei tão preocupada…

-Senhora Tonks – Harry aproximou-se, também aliviado. Andrômeda girou o olhar para o garoto – Quer que eu a ajude a se sentar?

-Sim, Harry. Por favor...

Harry deu a volta e ergueu-a pelas costas, delicadamente. Hermione segurou as mãos da mãe, auxiliando-a. Andrômeda sentou-se e apoiou as costas na parede, respirando profundamente.

-Meu Deus, eu saí de Azkaban... – Talvez só agora houvesse percebido. Hermione fitou Harry com um sorriso satisfeito. O garoto quase pôde ler os pensamentos dela. Sim, ela estava feliz porque a mãe estava bem e lúcida. A mulher não havia enlouquecido na prisão – Como? Eu me lembro que estávamos na ilha, cercados por dementadores...

-Nós a resgatamos, senhora Tonks! – Harry contou. Andrômeda lançou um olhar surpreso, girando a cabeça para olhar um e o outro.

-E onde estamos agora?

-Não sabemos. Alguém nos atacou quando estávamos deixando a ilha. Acredito que foram comensais...

-Sim! Provavelmente estavam nos vigiando! – A mulher concluiu – Como souberam?  Como souberam que eu estava lá?

-Hermione soube, senhora. 

-Filha... – A mulher virou-se novamente para a garota, talvez impressionada – Como?

Hermione apenas meneou a cabeça, sem intenção de contestar. Estava estática, parecia incapaz de dizer qualquer coisa. Harry observou-a novamente. Estava ainda mais tensa que antes. Compreendia... Era a primeira vez, em tantos anos, que estava tão próxima da mãe, deixando de lado seu escudo protetor, tentando baixar as enormes barreiras que haviam criado entre elas. Daria tudo para saber o que ela pensava, naquele momento. 

-Ela viu que Bellatrix comemorava que estivesse em seu lugar – Harry voltou a intrometer-se, diante o silêncio da namorada.

-Hermione, você voltou a ter as visões? – A mulher indagou-a, compreendendo o que Harry quisera dizer – Filha... Não sabe o quanto me orgulho de você... 

Aquelas simples palavras fizeram Hermione levantar novamente o olhar, depositando-o finalmente na mãe. Os olhos surpresos, encheram-se de lágrimas. Claro... Harry finalmente compreendeu. Ela ainda tinha medo. Medo de decepcionar a mãe. Medo de ter sua reprovação. Já havia lhe contado o quanto a mãe a fizera sofrer, quando pequena, por sua magia excessiva.  Sentiu a emoção invadir-lhe também. Como era bom presenciar aquele momento entre elas...

-Hermione – Andrômeda aproximou-se mais da filha, tomando uma mão dela entre as suas – Estou realmente muito orgulhosa de você, meu anjo. Na pessoa que você é... No quanto você tem trabalhado para ajudar a todos!

-Não me tornei igual à ela, afinal. Eu me esforcei bastante, como sempre prometi...

-Você não precisava! – Andrômeda interrompeu-a, emocionada. As lágrimas desceram sem pudor – Minha filha querida, me perdoe por tudo que eu te fiz passar... Eu deveria saber que você nunca seria igual à Bella porque você tem muita bondade, desde sempre! Sempre fez tudo para ajudar quem estava ao seu lado... Sempre demonstrou tanto amor para com todos... Com sua irmã, até mesmo com Ted que não te aceitava como filha. Eu errei tanto... Como pude ser tão tonta? Merlin! Como pude errar tanto com minha própria filha? Minha filhinha… 

As duas fitaram-se por longo período, completamente em silêncio. Lágrimas escorriam livremente pela face de ambas. Havia tanta coisa a ser dita... Tantas desculpas, tantos esclarecimentos, tanto arrependimento... Seus olhares revelavam tudo aquilo, como se fossem espelhos de suas almas, dos mais profundos sentimentos. Hermione sentiu uma terrível angustia esmagando seu peito, exatamente como havia se sentido nos últimos dias. O coração batia de forma acelerada... Queria muito falar pacificamente com ela. Dizer tanta coisa que estava entalada desde que ela desaparecera... Queria muito dizer, mas algo a impedia. Era como aquele sentimento de pavor que te paralisa e te impede de reagir. Como um nó que se forma em sua garganta, quase sufocando. 

Mas precisava dizer! Precisava reagir.

Aspirou o ar profundamente, procurando coragem. E quando finalmente achou que conseguiria, um estalo roubou a atenção dos três. Harry deu um pequeno pulo para trás, levantando-se e avistando a porta de madeira se abrir. Detrás dela, surgiu um homem bastante alto e também uma mulher que entrou desfilando seu ar imponente, austero e diabólico... Bellatrix Lestrange.

Harry, instintivamente, recuou, envolvendo Hermione em seus braços. Ela, por sua vez, aferrou-se a ele, estremecendo-se pelo pavor. Céus! Novamente estava defronte aquela mulher... Bellatrix os olhou com a cabeça erguida e gargalhou com perfidez ao dar-se conta de quem estava em seu porão.

 

-Ora, ora, mas vejamos quem temos aqui! – Estreitou o olhar sobre os três, em especial sobre Harry – Minha querídissima irmã e... O que esses pirralhos estão fazendo junto dela?

-Era sobre isso que eu tentava explicar quando chegaste... Estávamos vigiando como nos mandou fazer – O comensal que estava logo atrás, apressou-se em explicar – Esperando para confirmar que a... – O homem lançou um olhar esnobe à Andrômeda que levantava-se com alguma dificuldade – Essa mulher... Então apareceram os jovenzinhos com mania de heróis e levaram-na antes de que a pena pudesse ser cumprida.

-Hum... – Bella caminhou na frente deles, passando vez e outra, como se sondasse os mínimos detalhes – Por quê?

-Por que, o quê? – O comensal indagou, incompreensível. Bellatrix suspirou, impaciente.

-Estou falando com eles, seu imbecil! Saia logo daqui e me deixe a sós com eles! – O homem tratou de girar nos calcanhares o mais rápido que pôde, deixando o aposento – Agora, o que eu não consigo entender... Como vocês dois, seus fedelhos entrometidos, conseguiram descobrir que minha irmãzinha adorada estava presa em meu lugar? 

Ter aquele tipo de conversa não era bem o seu feitio. No entanto, aquela situação a intrigou.

Harry fitou Hermione, esparando que ela tivesse alguma ideia brilhante para explicar o ocorrido. Nada. Ela estava mais estática que antes e o medo que enxergou nos olhos dela, o penalizou. A garota que parecia não temer a nada, estava apavorada diante de Bellatrix. Agora conseguia entender o pavor que ela tinha da tia e sentiu vontade de tirá-la imediatamente dali. Como estaria sendo, depois de tudo que passaram, encarar aquela mulher assim de frente? Céus! Como havia sido estar sozinha com aquela mulher, sendo torturada novamente na mansão dos Malfoy's, no ano passado? Desejou, mais que nunca, ter estado ao lado dela naquele momento. Cerrou o punho e fitou Bellatrix com um ódio além da conta.

-Eu dei um jeito para que eles soubessem! – Andrômeda tratou de explicar, tentando parecer o mais convincente possível – Aqueles dementadores são ainda mais burros do que parecem! – A mulher ergueu a cabeça e encarou a irmã, demonstrando muita força e nenhum medo – Harry Potter é o nosso herói. Sabia que ele me ajudaria!

-Harry Potter é nosso herói... – A comensal repetiu em tom de deboche, exprimindo raiva – Herói daqui, herói dali. Esperem até que eu consiga concluir meus planos e verão que não existe herói algum!

Harry arregalou os olhos, algo assustado. Do que ela estava falando? Quais planos?

-E você, irmãzinha querida, era melhor ter ficado em Azkaban e morrido nas mãos dos dementadores! – Aproximou-se de Andrômeda, encurralando-a contra a parede – Sabe que eu não tenho nenhuma benevolência com os traídores!

-Por que tanto ódio, Bella? – A outra sussurrou, vagarosamente – Por que você é assim? O que te fizemos de tão mal para nos perseguir dessa forma? Somos uma família...

Hermione, ainda abraçada a Harry, buscou o olhar da mãe e deparou-se com uma lágrima escorrendo pelo seu rosto extramemente pálido. Pobrezinha, ela parecia tão exausta, fraca e deprimida. Como queria tirá-la dali de uma vez e levá-la para casa, para junto de Teddy Lupin. Como queria ficar ao lado dela, em segurança e poder conversar sobre tudo que tinham em pendente. 

-Família? – A voz enganiçada de Bellatrix soou por seus ouvidos outra vez, seguida de uma enorme e horrível gargalhada – Deixamos de ser família quando você, Sírius e os outros não me compreenderam, não me aceitaram! Somos diferentes demais para ser família!

-Nós não te aceitamos? Você se afastou por conta de seus preconceitos, de suas idolatrias sem nexo! Se juntar à corte do mal? Como poderia pensar que aceitaria uma coisa dessas? Como pode falar em incompreensão quando foi você que me ameaçou e tirou minha filha de mim?!

-E o que você me fez? Isso não conta? - A comensal gritou, encolerizada - Nunca fomos família! Desde sempre nos odiamos! Você também me arruinou a vida!

-Éramos crianças, Bellatrix, por Merlin! Até quando me culpará por isso? Já não basta ter me castigado com o que fez à Alyvia?

-Aaah! Me poupe, irmãzinha! Não vai dar uma de santa agora, não é? Todo o mundo bruxo sabe que você queria mais que tudo se livrar da pirralhinha. Eu não te ameacei em nada! Só te fiz um grande favorzinho... Deveria estar agradecida! – Zombou, ainda rindo – Ou agora vai me dizer que se arrependeu do que fez?

-Me arrependi sim! – Ela gritou, exasperada. Não sabia de onde estava tirando forças para lidar com a irmã. Não tinha medo dela, mas, por tanto tempo havia esperado por aquele confronto que acreditou poder esmorecer quando estivesse em sua frente – É o maior arrependimento que tenho na vida! E não nos compare! Não se faz o que você fez com uma criança!

-Ah! Quanta baboseira... Eu não tenho tempo e paciência para isso... Você sabe bem que eu nunca pretendi cuidar daquela criaturazinha! Não me venha com desculpas como se fosse se livrar da culpa de ter me entregado ela. Além do mais, eu ainda estou sem entender por qual motivo o Potter aqui foi dar uma de intrometido novamente! – Ela também gritou, já completamente sem paciência.

-Não esperava que eu deixasse uma inocente morrer! – Harry intrometeu-se, igualmente gritando. Respirava ofegante, querendo pular em Bellatrix a qualquer momento. Só não o havia feito por estar sem sua varinha e havia percebido que Hermione também não tinha a dela. Haviam sido roubados, obviamente.

-Gosta muito de se intrometer onde não chamado, verdade, Potterzinho? Eu já te disse que essa sua mania um dia te levará à perdição? E essa daí? – Olhou finalmente para Hermione, encurvando as sobrancelhas – Sempre acompanhando as loucuras do seu namoradinho, verdade? Acho que precisa de outra lição!

-Deixe-os em paz! – Andrômeda gritou, passando à frente da filha – Deixe-os ir embora! Faça comigo o que quiser, mas não os machuque!

-De você irmãzinha, eu já cuidarei... 

 A comensal não pretendia levar aquela discussão muito mais longe. Acabaria com seus problemas alí mesmo, sem exitar. Ergueu a varinha e a apontou para a irmã.

No entanto, foi interrompida por um estrondo do lado de fora. Os quatro alçaram a vista, paralizados. No mesmo instante, a porta do porão voltou a abrir-se e o mesmo homem alto entrou por ela.

-Madame Lestrange! Estamos sendo atacados! Nosso esconderijo foi descoberto! – O comensal praticamente se esperneava.

-Ah! Seus imbecís! Será que não conseguem fazer nada direito?! – Vociferou, insana. Dirigiu a varinha para o homem e antes que ele pudesse raciocinar, já  havia sido atingido por um feitiço mortal. Caiu no chão, de olhos arregalados, estático. A mulher o olhou com desprezo e em seguida, voltou-se para os três – Quanto a vocês... Eu só tenho a lamentar que, de verdade, tenham vindo parar aqui!

Os minutos seguintes se passaram de forma muito lenta para Hermione. Ela, divisou a mão direita de Bellatrix levantar a varinha em direção a eles e sem proferir feitiço algum, um raio foi lançado diretamente contra o peito de Andrômeda que levou as mãos no local e adotou um terrível semblante de dor. A primeira reação de Harry foi de novamente pular em Bellatrix e tentar detê-la, mas ele não soube como, ela fora mais rápida e, talvez mesmo antes de lançar o feitiço em Andrômeda, já o havia imobilizado com correntes encantadas. Apenas um grito angustiante de Hermione foi ouvido no porão, entrando pelos ouvidos de Harry e tocando o mais profundo do seu coração.

A menina jogou-se agachada ao lado da mãe que caíra no chão, respirando ofegante e dificultosamente. Hermione chorava intensamente, desesperada, sem saber como agir. O que poderia ser feito? Merlin, o que fazer? Do peito dela, uma mancha de sangue começou a surgir, manchando a camisa branca que servia de uniforme em Azkaban.

-Não, por favor, não morra... Não agora! – Implorou para a mãe que segurou firme a sua mão. Hermione alçou o olhar e cravou-o diretamente em Bella. De repente, o medo desapareceu e um sentimento sombrio a invadiu.

Bellatrix estreitou a visão, surpresa e curiosa. A reação da Granger a encabulara. Fitou os olhos da menina com exatidão e suas pupilas se dilataram. Hermione soube o que ela estava fazendo e soube exatamente o que aconteceria em seguida.

-Não posso ler sua mente! – Bella exclamou, ainda mais encabulada – Como não posso ler sua mente? Como? - Gritou - Só existiu uma pessoa no mundo que eu não conseguisse legilimentar! – As duas encararam-se por longos segundos e Bella deu-se conta de que, aqueles olhos castanhos, eram demasiadamente conhecidos. Havia algo neles que lhe trazia lembranças inesquecíveis. Como não havia percebido antes? – Claro... Como não me dei conta? – A mulher deixou um novo sorriso surgir nos lábios, como se houvesse feito a maior descoberta de sua vida – Como não a reconheci antes? Como conseguiu se esconder de mim todo esse tempo? E como saiu daquele véu? Foi por isso que o Vínculo não funcionou! Essa foi a razão... Como não me passou pela cabeça?

Andrômeda, agonizando e sentindo seu peito molhado pelo filete de sangue que lhe encharcava a roupa, buscou forças para resistir.

-Deixe minha filha em paz! 

Um novo estrondo surgiu mais perto deles e a porta de madeira estremeceu. A balbúrdia de uma luta entre os comensais e os aurores do Ministério, havia sido completamente ignorada pelos quatro. Bellatrix haveria ficado enlouquecida com a estupidez de seus comensais em deixaram-se ser descobertos, mas estava extasiada demais com sua própria descoberta. Deixou uma sonora gargalhada ecoar pelo ambiente antes de desaparecer, aparatando dali.

Hermione abaixou o olhar novamente para a sua mãezinha, colocando um mão por sobre a dela, deixando as lágrimas caírem livremente.

-Mamãe, por favor resista, você vai ficar bem!

-Filha... Você está aqui comigo... – Disse em um sussurro, sua voz quase inaudível. Fazia grande esforço para manter os olhos abertos. Mirou o rosto da filha com exatidão, acariciando-a.

-Não se esforce, mamãe! Você vai ficar bem! Por favor, por mim, por Ted!

-Eu preciso te pedir uma coisa... – Respirou profundamente sentindo toda a sua roupa molhada de sangue – Minha Alyvia... Por favor, me prometa que você vai ficar ao lado de Ted! Por favor, me prometa que não vai deixá-lo, que vai cuidar dele como se fosse seu – Hermione chorou ainda mais forte, sentindo um pavor muito maior que aquele por estar em frente à Bellatrix. Sua mãe estava se despedindo.

-Não! Não diga essas coisas, mamãe, por favor! Você vai ficar bem... Vamos te levar para um hospital e vão cuidar de você! – Andrômeda apenas meneou a cabeça, parecendo totalmente tranquila, mesmo diante o momento.

-Eu sabia que esse momento chegaria... Bella prometeu matar a todos nós e ela está conseguindo. Matou Sírius. Matou Dora. Agora é minha vez... Me prometa que você vai cuidar de Edward Lupin e vai protegê-lo, meu amor. Não deixe que ela faça mal a ele.

- Não morra, mamãe. Tenha forças, por favor. Eu não vou conseguir sozinha, Ted precisa de você! Por favor, resista, por ele!

-Teddy sempre precisou muito mais de você do que de mim, meu anjo. Você sabe disso... Foi por essa razão que tolerou ficar em nossa casa, mesmo não querendo estar perto de mim – A essa altura, Harry chorava junto com elas, já cansado de lutar contra as correntes encantadas. Observava, completamente emocionado, como Hermione implorava para que a mãe vivesse. Orou. Se ainda acreditava em alguma força suprema, pediu aos céus que tudo desse certo. Quase no mesmo instante, a porta do porão se abriu novamente e Peasegood correu até eles, ajoelhando-se diante de Andrômeda Tonks.

-Drômeda, minha amiga! Por Merlin, o que aconteceu? – O homem conjurou imediatamente uma maca, pedindo ajuda de outro membro do Ministério que acabara de entrar.

-Não, não quero que me coloquem aí. Me deixem apenas me despedir da minha filha! A única coisa que quero é estar ao lado dela! – Implorou, debilmente. Sentia o peito doer como se fosse explodir. Puxava o ar com força, tentando respirar.

-Drômeda, precisamos te levar para um hospital! Os curandeiros do Saint Mungus vão curar você! Não podemos perder tempo!

-Não temos mais tempo, Arnaldo... Meu amigo – Recorreu o olhar pelo rosto entristecido do homem – Proteja minha filha e meu netinho. São o que tenho de mais precioso nesse mundo! – Arnaldo assentiu, veemente, deixando uma lágrima escapar de seus olhos. O auror que entrara no porão, brandiu a varinha em direção a Harry, soltando-o das amarras.

-Mamãe, eu preciso de você aqui comigo, por favor... Eu quero estar perto de você agora! 

Mas mesmo diante de todos os rogos de Hermione, a mãe não podia mais lutar contra o terrível feitiço que lhe fora lançado. Buscava o ar e não encontrava. A dor era insuportável. Já não sentia seu corpo, como se todo ele houvera ficado completamente dormente. Sentiu que o fim de toda uma vida, era ali. Seu fim havia chegado.

-Liv, eu te amo tanto... – Foi o último que sussurrou, reunindo o único resquício de forças que restava. Uma escuridão invadiu seus olhos e uma dor profunda cortou seu peito. Ainda assim, esboçou um sorriso nos lábios, ouvindo ressoar em seus ouvidos, a palavra que tanto desejara voltar a escutar dos lábios de sua filha, “mamãe”. Deixou suas pálpebras fecharem e uma sensação de torpor cobrir seus sentidos. Estava feliz. Precisava que a filha soubesse disso. Estava feliz por tê-la reencontrado.

Hermione ainda olhou-a, completamente estática, por alguns segundos, sentindo o coração pulsar fortemente. 

-Mamãe! Não, por tudo que é mais sagrado! Acorde! – Tomou o corpo desfalecido da mãe entre os braços e apertou com toda a força que pôde – Por favor não me deixe agora! Por favor... Não!

Harry ouviu o pranto desesperado dela e sentiu-se desmoronar também. Ela não chorava, gritava, totalmente exasperada. Nunca imaginou que pudesse presenciar uma despedida tão dolorosa.

Abraçou-a por trás e chorou também. Na verdade, até Peasegood já chorava abertamente, movendo a cabeça em gesto negativo, como se desacreditasse que aquilo estava acontecendo. Andrômeda Tonks estava morta. 


Notas Finais


E então, gostaram?
Bom, eu sei que muitos devem estar querendo me matar nesse momento... Rssrs
Mas se acalmem. Tudo aqui tem um motivo de acontecer.
Eu sei que a morte da Drômeda foi algo terrível para muitos leitores, mas eu realmente não podia pular essa parte da história. Eu também lamento muito.

Bom, até aqui, vimos também a revelação de Bellatrix sobre sua persistência em continuar no poder.
Vimos também a descoberta dela sobre Hermione.
O que acontecerá?
Deixe sua opinião que é muito importante para mim. Beijos a todos e obrigada por ler :D


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