História Harry Potter em outro universo - Capitulo um

Hermione sentiu seu corpo tremer.

Mesmo que já tivesse imaginado o quão ruim seria, ela não poderia adivinhar que a cena que acontecia a sua frente seria horrível e dolorosa a ao ponto de se sentir enjoada por ter concordado com aquele plano maluco. Tentando se distrair enquanto podia percebeu que suas mãos tremiam e estavam fechadas de tal maneira que suas unhas, agora grandes demais, entravam na pele da palma da mão causando um pequeno sangramento. Sua mão direita tinha os nós dos dedos brancos por estar fechada em volta da sua varinha.

Ela tentaria desfazer aquilo se ligasse para alguma daquelas coisas, na verdade, achava que a dor crescente era a única coisa que prendia suas lagrimas nos seus olhos e travava seus soluços na garganta. Ela não podia chorar, não podia fazer um único som ou os dois comensais que estavam a dois passos de distância dela a notariam. Não podia se mexer um único milímetro sem estremo cuidado também ou então a capa da invisibilidade cairia e ela seria vista por todos aqueles monstros que ocupavam o salão.

Respirando fundo para se acalmar ela voltou a olhar a cena a sua frente acompanhando o rastro de sangue deixado no chão até que seus olhos mirassem o causador de tudo aquilo. Sentiu que poderia vomitar ali mesmo se não fossem os riscos que corria.

Apesar de a visão causar tamanha sensação negativa ela não podia mais desviar o olhar, se ela perdesse o tempo não haveria outra chance. Por isso seu olhar estava focado não em Harry, ajoelhado no meio do salão principal sem poder se mover mesmo que a varinha das varinhas continuasse em suas mãos, ou nos comensais que o cercavam.

Seu olhar focava em Voldemort que dava mais um de seus discursos de glória enquanto se vangloriava por ter o famoso Harry Potter aos seus pés e o corpo de Draco flutuando as suas costas. Ela sabia que ele fora morto em uma tentativa de salvar Astória das garras de um comensal e que, agora, servia de exemplo para aqueles comensais que pensavam em deserdar.

Respirou fundo mais uma vez antes de levar a mão esquerda a sua barriga com o máximo de cuidado que conseguia e repetir o mantra que passou a dizer desde que aquele plano surgiu: "Por ele, eu estou fazendo isso por ele.". O pilar do salão lhe dava certa cobertura, mas não podia arriscar que a capa caísse então parou de se mexer e desviou sua atenção de Voldemort e seu discurso patético para o único que seria capaz de indicar qual seria a hora certa de atacar: Harry.

O garoto encarava aquele que não deve ser nomeado, mas era óbvia a falta de atenção quanto ao discurso. Na verdade, o olhar dele, por mais que encarasse Tom, era morto, tão frio e cego de raiva que o próprio Voldemort evitava encará-lo nos olhos. Hermione não estava surpresa, pois ela conhecia aquele olhar, afinal o via toda vez que se olhava no espelho por tempo suficiente.

Mas não era só isso que chamava a atenção no moreno de olhos verdes, ele sangrava em tantos pontos que uma pessoa normal já teria desmaiado por falta de sangue. Foi nesse instante que a morena se lembrou do plano, parecia que a sua mente estava tentando se livrar daquela cena a qualquer custo. Mesmo consciente disso se lembrou da lista que fizera ao passar noites e noites acordada, nervosa e em negação:

1- Harry lhe entregaria a capa de invisibilidade de seu pai ao chegarem perto de Hogwarts.

2- Ele seguiria até lá de forma que pensassem que ele seguia sem um plano e em vingança cega. Isso distrairia a segurança o suficiente para ela passasse despercebida.

3- Quando ele falhasse em entrar em Hogwarts e fosse conduzido até Voldemort ela o seguiria e se esconderia em um lugar prático e limpo para que fosse necessário apenas um feitiço.

E finalmente a parte que mais a assustava e a que ela mais se arrependia de ter concordado:

4- No momento em que Harry morresse, toda a segurança dos comensais e do próprio Voldemort sumiria e era ai que ela entrava ao disparar a maldição da morte em direção ao denominado Lord das Trevas

Era um plano louco e feito as pressas, apesar do tempo que tiveram para revisá-lo, mas seria assim que eles seriam capazes de tirar aquele tirano de um trono que ainda não possuía. Antes que a garota começasse a ter duvidas novamente Harry desviou seu olhar para o chão rapidamente antes de voltar a encarar o causador de tudo aquilo.

Era um sinal claro que poderia indicar para os comensais que o moreno começava a perder a coragem Grifinória que havia dentro dele, mas para Hermione indicava outra coisa: o tempo estava acabando, logo Voldemort terminaria seu discurso e a quarta parte do plano entraria em ação. Hermione precisava estar totalmente atenta quando isso ocorresse então ela lutou contra a própria mente para ficar focada no presente.

Mentalmente a garota se despediu do moreno, os soluços e as lagrimas tentando sair mais fortemente por sua garganta e olhos, mas ela não podia deixar. Apontou a varinha para seu alvo de forma lenta para que a capa não escorregasse e, consequentemente, a revelasse. Já em posição ela observou os seguidores de Voldemort desviarem seu olhar de seu "Lord" para o motivo daquela reunião: Harry.

Com um único gesto de Voldemort o feitiço que rendia Harry se desfez, mas, ao invés de contra atacar ou se mexer de forma agressiva, o moreno apenas guardou sua varinha no bolso do moletom trouxa que usava e abaixou a cabeça de modo que ninguém visse o olhar que o moreno lançou em volta, parecendo procurar algo. Hermione sabia que era ela quem ele procurava. O gesto foi rápido e logo o dos olhos verdes suspirou antes de voltar a encarar Voldemort nos olhos, se levantando e esperando.

A cena seguinte se passou em câmera lenta para a morena. Ela viu você-sabe-quem mirar a varinha que usava no peito do moreno que uma vez considerou um irmão e viu também o familiar, mas odiado, raio verde sair da ponta daquela varinha para atingir o alvo mirado, mas algo diferente ocorreu.

Quando o feitiço atingiu o peito de Harry tanto ele quanto Voldemort foram lançados para lados diferentes como se fossem imãs se repelindo. O alvoroço foi geral. Por um único segundo o olhar da garota foi voltado ao ex-amigo e ela agradeceu pelo alvoroço, pois foi capaz de ver a ligeira movimentação no peito do moreno e não havia nenhum comensal o olhando para reparar nesse detalhe. Harry sobrevivera uma segunda vez ao feitiço da morte.

Sua atenção se voltou para Voldemort a tempo de vê-lo se levantar do chão e mandar Narcisa verificar o garoto. Tensa, Hermione ajustou a mira de sua varinha novamente e esperou até que a temida palavra ressoasse no silencio sepulcral do salão:

- Morto.

Por apenas um segundo Hermione ficou confusa, mas foi apenas mirar seus olhos no fundo do salão para encaixar as peças. Draco Malfoy estava morto, Voldemort havia tirado o motivo da obediência de Narcisa dela e agora nada a impedia de prejudicar aquele odiado ser. Com um suspiro de alivio ela assistiu os comensais baixarem a guarda de forma que toda a segurança de Voldemort se desfizesse. Ela então sussurrou as palavras que nunca se perdoaria por pronunciar, mesmo que fosse contra aquele monstro e que tivesse um bom motivo:

- Avada Kedavra.

Mais uma vez naquela noite tudo aconteceu muito rápido. Hermione viu o raio verde sair de sua varinha. Viu também Voldemort arregalar os olhos ao percebê-la ali e viu o que ela definitivamente desejasse que não houvesse acontecido: Bellatrix entrando na frente de seu Lord. A mulher recebeu o feitiço no peito e seu corpo, já sem vida, cambaleou para trás caindo diretamente nos braços de Voldemort.

A próxima coisa que a morena percebeu foi que ela estava ajoelhada na frente daquele que antes era seu alvo. Havia alguns corpos de comensais espalhados no salão em dois lugares diferentes. Alguns ao redor do que antes era o seu esconderijo e outros ao redor de onde Harry deveria estar deitado, fingindo estar morto, mas o moreno se encontrava ajoelhado ao seu lado.

Hermione não precisava ser um gênio para raciocinar o que havia acontecido naquele lapso de memória apagado: ela havia falhado em acertar Voldemort e não havia demorado para que ela fosse descoberta pelos comensais, ela deveria ter lutado e Harry deveria ter ouvido o caos entendendo a situação e logo se levantando para ajudar a amiga, mas, mesmo os dois juntos, não poderiam vencer a grande quantidade de comensais que havia ali. Então era obvio que haviam sido derrotados e recapturados.

Como que em forma de garantia, todas as pessoas apontavam suas varinhas pra eles, mas era claro que quem iria matá-los seria Voldemort. Dessa vez não houve discurso, o homem apenas apontou a varinha para eles e Hermione só teve tempo de agarrar a mão de Harry antes de ver o feitiço da morte ser lançado na direção dos dois.

Pela terceira vez naquela noite o tempo passou rápido demais e, antes que os planos do "Lord" das trevas serem concretizados, ela viu um vulto de uma pessoa entrando na frente do feitiço.

Ela viu o corpo de Narcisa Malfoy estirado no chão antes de começar a analisar a situação.

Hermione só pode concluir que ou a mulher realmente acreditava que eles teriam alguma chance de derrotar Voldemort ou ela não gostaria de viver em um mundo que não tivesse seu filho nele. Qualquer que fosse a intenção da mulher, tudo o que ela pode causar foi um grito de dor de Lucius e um grito frustrado de Voldemort.

O Lord, consumido pela raiva, não demorou a lançar a próxima maldição, então Hermione não se surpreendeu quando o raio não atingiu apenas um dos dois e, sim, sua mão que estava entrelaçada com a de Harry.

Tudo que ela pode lembrar foi que teve a sensação de estar aparatando.