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História Hatstall - O lugar de um Malfoy.


Escrita por: Snowland

Capítulo 2 - O lugar de um Malfoy.


Se houve, alguma vez, um silêncio tão perturbador em Hogwarts os livros deixaram de mencionar.

Mas Draco estava aterrorizado demais para notar. Seus ouvidos zumbiam.  Demorou um pouco para compreender o que acabara de acontecer, mas depois que compreendeu, a primeira coisa que pensou foi:

O pai vai me matar.                      

Foi despertado de seu estupor por um aplauso sonoro. As palmas retumbaram pelo salão silencioso como tambores.

Um barulho solitário que percebeu que vinha de trás de si.

Virou-se lentamente para a mesa dos professores e viu o diretor se levantando de seu cadeirão e aplaudindo com afinco. Os olhos azuis cintilantes eram perfeitamente discerníveis mesmo àquela distância.

Draco viu curiosidade em meio à surpresa naqueles olhos.

O exemplo do diretor foi imitado por outros professores e logo as mesas da Grifinória e Lufa-Lufa se juntaram em um aplauso contido.

- Já pode se dirigir a sua mesa Sr. Malfoy – aconselhou a professora, tirando o chapéu da sua cabeça.

Como chegou até a mesa, Draco não sabia dizer. Sentia-se tonto e nauseado.  

Quando deu por si estava sentado entre Longbotton e a menina Gringer. Um Malfoy nunca baixava a cabeça, insistira o pai muitas vezes, mas naquele momento ele não conseguiu sustentar o olhar das pessoas ao seu redor. Encarou as mãos que tremiam levemente.

A seleção continuou, contudo ele não escutava nada. Parte de sua mente registrava o barulho ao seu redor, porém toda a sua concentração estava em não vomitar e no que faria quando o pai descobrisse.

Talvez ainda não fosse tarde demais para pegar o trem de volta para casa, e possivelmente ainda conseguisse uma vaga em Durmstrang.

Houve uma ovação estrondosa quando Potter foi sorteado para a Grifinória.

Draco resistiu ao impulso de cobrir os ouvidos. Uma dor começava a se formar na sua têmpora esquerda e o barulho o deixava mais nauseado ainda.

Levantou a cabeça pela primeira vez, algum tempo depois, quando teve certeza que não vomitaria. Seu olhar recaiu sobre a mesa da Sonserina, a procura dos amigos.

Crabbe e Goyle também o encaravam. Entre os dois, ocupando o lugar que Draco almejara, estava Zabini. Assim que percebeu seu olhar, o garoto disse algo que fez as pessoas próximas rirem.

Crabb e Goyle também se juntaram as gargalhadas. Só pode concluir que riam dele. Zabini não era tão bom comediante assim.

Draco desviou o olhar e só então percebeu a comida sobre a mesa. Dezena de pratos que talvez parecessem apetitosos se não estivesse tão preocupado pensando na carta que teria de escrever para casa.

Tinha de dá um jeito dos pais entenderem que tudo isso não passava de um engano. Uma loucura daquele coador de café. Não era sua culpa que o Chapéu estivesse caduco. Um Malfoy na Grifinória, francamente.

Por certo o pai encontraria uma maneira de colocá-lo na Sonserina.

- Você está bem? – perguntou Gringer ao seu lado.

Os dentes dela eram uma coisa horrenda. Se fossem um tantinho assim maiores, fariam inveja a um castor.

A garota se remexeu diante de seu olhar reprovador. Afinal o que havia de errado com os cabelos dela. Será que não havia pente lá de onde ela vinha.

- Percebi que não comeu nada. Pular refeições não é bom, sabia?

- Não vejo porque isso seria da sua conta, Gringer.

- Granger – corrigiu ela.

- Tanto faz.

Draco pensou que a menina recuaria, mas aparentemente sua persistência era maior que os dentes.

- Não gostou de ser sorteado na Grifinória, não é?

Não respondeu na esperança de que ela se rendesse e calasse a boca.

- Eu particularmente estou muito satisfeita. Grifinória é a melhor casa. É claro que também ficaria contente com a Corvinal. Não acho que me encaixaria na Sonserina...

- Tenho certeza que não – afirmou Draco esquecendo-se momentaneamente de que devia ignorá-la – Você não tem as qualidades certas. Nem o sangue.

A garota pelo jeito entendeu o que ele insinuava.

- Ao que parece nem você, já que está aqui e não lá.

- Escute aqui, Gringer...

- Granger.

- Pouco me importa!- retrucou se virando para encará-la- O que aconteceu foi um engano. Espere só até o meu pai saber. Estarei na Sonserina antes do fim da semana.

- Não acho que isso seja possível. Li tudo sobre Hogwarts e nunca um aluno mudou de Casa.

Draco se esforçara para não pensar nessa possibilidade. Abririam uma exceção para ele. Até o mais tolo dos abortos sabia que os Malfoys pertenciam a Sonserina.

- Não fique assim. Vai ficar tudo bem. Você vai ver. – ela aparentemente tentava consolá-lo.

A destetou ferozmente nesse momento. Como se precisasse de consolo de uma Sangue-Ruim intrometida. Porque tinha certeza que era isso que ela era. Ninguém no Mundo da Magia se atreveria a olhar um Malfoy com pena.

- Talvez você devesse se preocupar com osseus próprios problemas, Ginger- começou ente os dentes - Esse seu cabelo e seus dentes por exemplo.

A boca dela se abriu em uma expressão insultada. E pela primeira vez desde que o Chapéu fora colocado em sua cabeça sentiu-se satisfeito.

- Isso não foi muito educado de sua parte, Malfoy – interveio alguém a sua frente.

Um garoto de cabelos ruivos com um broche de monitor lhe lançava um olhar que aparentemente deveria transparecer desaprovação e autoridade. Draco não se impressionara.

- Ninguém perguntou nada, Weasley.                                             

- Sou um monitor desta escola e não permitirei tal comportamento.

O jeito de falar dele estava dando nos seus nervos, já alterados por causa dos eventos daquela noite.

Talvez se azarasse um monitor em pleno banquete de inicio de ano, o expulsassem e todos seus problemas se resolveriam.

Enquanto imaginava como a cara do outro garoto ficaria cheia de pústulas, sentiu alguém segurando sua mão, que procurava entre as vestes pela varinha.

Gringer segurava seu braço com força, percebendo suas intenções.

- Não seja idiota – advertiu ela.

Draco pensou em dizer que podia ser idiota o quanto quisesse e que ela não tinha nada a ver com isso, mas o que saiu de sua boca foi um sussurro irado:

- Cuide da sua vida, Sangue-Ruim – puxou sua mão com força.

Os olhos da garota virou o rosto e se afastou o pouco que conseguiu no banco lotado. Ele pensou ter visto os olhos dela se enchendo de lágrimas.

Ótimo. Pelos menos não era o único que não estava aproveitando o banquete. Sua satisfação continuou enquanto se servia. Seu apetite enfim aparecendo.

Não dera nem a primeira garfada quando toda a comida fora substituída pelas sobremesas. O que lhe agradou bastante. A mãe nunca permitiria que jantasse apenas torta de creme, mas ela não estava ali para censurá-lo.

Dumbledore deu alguns avisos que Draco ouviu apenas parcialmente. Seu cérebro estava meio bêbado e sonolento.

Os monitores recolheram os primeiranistas e enquanto Weasley os guiava pelas escadas, Draco pensava nas masmorras onde os alunos da Sonserina se dirigiam naquele instante.

Ele sabia o caminho mesmo nunca tendo estado lá. Sabia onde ficava a entrada para a sala comunal e o lugar exato dos dormitórios. Ouvira os detalhes a vida toda.

Nesse momento ele deveria está contando tudo isso a Crabbe e Goyle. Eles ficariam impressionados. Como sempre ficavam.

No entanto agora subia um infinito número de escadas que não se contentavam em ficar em um lugar só. Indo para Merlin sabe onde seguindo um ruivo que se achava de grande importância só porque sabia o caminho que fazia há anos.

..........

O interior da sala comunal era circular e vermelho demais para o seu gosto, mas ao menos era quente. Uma lareira crepitava e dava um ar dourado ao lugar. O que não achava que fosse coincidência.

Obviamente estavam em uma torre e o que Draco mais queria era está debaixo do lago. Ali em cima, se sentiu exposto.

Weasley apontou a direção do dormitório e todos se retiraram. Cansados demais para se demorar.

Seu quarto era igualmente redondo, seis camas estavam distribuídas em espaços iguais umas das outras. Seus malões estavam lá aos pés delas.

Enquanto Draco fazia sua avaliação silenciosa, os outros garotos já haviam começado a se aprontar para dormir.

A melhor cama era a que ficava perto da janela e longe da porta. Mas essa era ocupada por Longbotton.A que seu malão ocupava era perto do banheiro.

 Inaceitável. Até parece que ele dormiria perto de um banheiro usado por seis garotos.

Olhou Longbotton retirando o pijama da malão. O garoto parecia sempre meio trêmulo.

- Ei Longbotton, melhor checar se as janelas estão bem fechadas. Ninguém quer que você tropece e caia torre abaixo, não é? – sentiu vontade de cair na gargalhada quando o garoto empalideceu e encarou a janela como se esta tivesse subitamente criado garras monstruosas.

- Deixa ele em paz, Malfoy – meteu-se Weasley.

- Só estou dizendo que é um caminho longo até o chão – disse levantando as mãos em um gesto de inocência.

Longbotton aparentemente chegara à mesma conclusão. Porque olhou ao redor apreensivo.

- Alguém quer trocar comigo?

Draco se adiantou antes que alguém mais percebesse a localização privilegiada da cama.

- Pode ficar com a minha – ofereceu – Ela fica bem perto do banheiro. Você sempre será o primeiro.

O rosto de Longbotton se iluminou.

- Obrigado, Draco - Seu alivio era evidente.

Era quase fácil demais, pensou satisfeito enquanto se dirigia a cama.

Da janela dava para ver o céu estrelado e se baixasse a vista via o lago e a floresta.

Bem, se tinha que ficar em uma torre como um morcego do campanário pelo menos teria uma boa vista.

Mas quando vestiu seu pijama, que era sadisticamente verde, fechou as cortinas de sua cama ignorando a lua que brilhava na janela.

Tinha uma carta para escrever ao pai e precisava de privacidade.

...........                                                           

Na manhã seguinte Draco foi o primeiro a levantar. Penteou os cabelos e pôs suas vestes, torcendo a cara para a gravata vermelha e dourada e o leão estampado em seu peito.

Foi o primeiro da Grifinória a sentar na grande mesa. Bem como queria. Quanto menos se misturasse com aquela gente melhor. O pai logo resolveria essa situação e ele iria para o seu lugar de direito.

A primeira aula que tiveram foi Transfiguração e professora McGonagall surpreendeu a todos quando se transformou em um gato bem na frente dos alunos. A mulher ao menos sabia o que fazia, admitiu relutante.

Potter e Weasley conseguiram a grande proeza de chegar atrasados na primeira aula e Draco tinha certeza que isso significaria alguns pontos a menos para alunos de qualquer outra casa.

Mas a diretora da Grifinória os deixou passar apenas com um puxão de orelha verbal.

O resto do dia passou na mesma. Os outros garotos da Grifinória não falavam com ele. O que para Draco estava muito bom.

A noite sua coruja pousou na beira de sua janela e reconheceu imediatamente o selo de sua família.

O conteúdo da carta era sucinto para dizer o mínimo.

“Irei até Hogwarts nesta sexta-feira”

A letra do pai lhe pareceu severa e cheia de desapontamento, mas era possível que estivesse interpretando coisas demais de uma simples frase. 

Porém o que mais lhe incomodava era o que não estava ali.

Nenhuma palavra da mãe ou de solidariedade pelo infortúnio que se abatera sobre ele. Era de esperar que os pais ao menos lhe assegurassem que tudo se resolveria.

Não enviou nenhuma replica. E naquela noite foi assombrado por sonhos em que os pais andavam a sua frente e por mais que ele tentasse não conseguia alcançá-los.

Dizer que Draco estava nervoso quando entrou nas masmorras para sua aula dupla de poções na sexta-feira era eufemismo. O pai chegaria a qualquer momento e a expectativa o estava matando.

No dia anterior havia recebido uma carta da mãe que permanecia lacrada no seu malão. Não sabia qual era o fundamento do seu medo, mas não conseguira abrir o lacre.

Não sabia se a mãe estava furiosa, desapontada ou resignada e não sentia-se preparado para descobrir.

Quando sentou, foi momentaneamente sufocado pelos vapores da sala. Tentou se distrair admirando um animal particularmente desagradável disposto em um pote de liquido azulado na estante ao seu lado.

Snape entrou na sala com um estrondo e alguns alunos sobressaltaram-se. O homem passou por ele sem nem olhar em sua direção. Draco sentiu seu peito se contrair.

O professor começou logo um discurso que por certo desencorajaria qualquer tipo de descontração naquela sala de aula.

 Logo Draco percebeu que Snape tinha um desgosto profundo por Potter. Assaltando o garoto com perguntas que ele obviamente não sabia a resposta. Tudo isso enquanto ignorava Herminia que praticamente deslocava o braço tentando chamar a atenção do professor.

Toda a situação acabou custando a Grifinória um ponto, mas Draco sentiu certa satisfação em ver Potter se contorcer como uma minhoca fora da terra.

Pouco depois percebeu que O-Garoto-Que-Sobreviveu não era o único que despertava o desprezo de Snape.

O professor passou por sua mesa enquanto separava os ingredientes e o olhar que lhe lançou por cima de seu nariz aquilino era capaz de coalhar leite.

- Por que ainda não acendeu o fogo Sr. Malfoy? Por um acaso pretende começar a porção com o caldeirão frio?

- Não senhor – respondeu acendendo o fogo sem encarar o professor, quase se queimando no processo.

Snape riu enquanto Draco apagava a chamas da manga das vestes.

- Uma semana na Grifinória e seu cérebro já está perdendo a agudeza, Draco- comentou acidamente para o divertimento dos alunos da Sonserina- O chapéu deve ter visto seu potencial para o desastre.

A raiva que sentiu se refletiu em sua porção que talhou antes mesmo de colocar o terceiro ingrediente.

Depois do estardalhaço feito por Longbotton que quase levou todos à enfermaria, a turma estava mais do que preparada para deixar aquela sala. Draco por certo estava. Não se sentiu tão à vontade nas masmorras como pensou que se sentiria.

Dessa vez quando Snape arrumou uma maneira absurda de culpar Potter pelo incidente, ele sentiu uma ponta de solidariedade.

- Um momento, senhor Malfoy- pediu Snape interrompendo sua saída apressada.

Draco sentiu-se desinflar como um balão estourado.

Os colegas que ainda não haviam saído se viraram para ele, e pensou ter visto alguns olhares de simpatia. Draco fechou a cara.  Não precisava da simpatia de ninguém.

Quando ficaram sozinhos, ele se aproximou da mesa do professor.

- Sente-se, Draco – apontou Snape para uma cadeira que acabara de conjurar.

O professor não falou mais nada por alguns instantes, avaliando-o.

- Recebi uma carta de seus pais. Uma de cada. Posso afirmar que aturdidos é pouco para descrever a situação em que eles se encontram.

Se o professor esperava uma resposta, não recebeu nenhuma. Porque Draco mesmo ainda se encontrava desnorteado.

- Pensei que conhecesse você, Draco – o tom de desapontamento era evidente - Seu pai chega esta tarde e temo em dizer que terá suas expectativas esmagadas. Nenhum aluno mudou de casa em mil anos e você não será o primeiro.

Draco não queria ouvir aquelas coisas.  O pai daria um jeito, sempre dava.

O professor pareceu que ouviu seus pensamentos.

- Lúcio pode ser importante no Ministério, mas ouso dizer que sua influência em Hogwarts é mínima. E mesmo que Dumbledore estivesse disposto a abrir uma exceção para você, existem leis mágicas antigas vigorando neste castelo. A seleção é uma delas.

Em outras palavras, a vontade do Chapéu Seletor era irrevogável. Maldito pano de chão.

O professor riu de desdém quando percebeu a sua raiva.

- Não adianta espernear, garoto. Pode ser novidade para você, mas as coisas nem sempre acontecem como queremos. Vai ter que aprender a lidar com a sua decepção assim como seus pais aprenderão a lidar com as deles. Você já pode ir.

............

A professora McGonagall veio até a Sala Comunal naquela tarde para acompanhá-lo até o escritório do diretor.

Ela passou o caminho todo em silêncio. E que era um alivio para Draco que não tinha humor para conversar.

À entrada do escritório, ela lhe deu um pequeno afago no ombro que certamente esperava que fosse reconfortante. Não era.

- Sapo de chocolate.

Ao som da senha, a gárgula saltou para o lado revelando uma escada em espiral, na qual Draco subiu com pouca confiança.

Bateu na porta desejando que estivesse em qualquer outro lugar do mundo que não fosse ali.

- Entre – ouviu a voz já conhecida do diretor.

O lugar em que entrou podia ser considerado excêntrico para dizer o mínimo, mas combinava com a personalidade de Dumbledore.

- Por favor, sente-se Draco. Seu pai estará aqui a qualquer momento. A Rede de Flu já foi aberta. Sapo de chocolate? – ofereceu, estendendo o pequeno pacote para ele.

Draco pensou em recusar, porém alguma coisa no diretor o fazia sentir-se pequeno e achou melhor aceitar. Pelo menos teria o que fazer com as mãos que suavam descontroladamente.

- Eu não vou para a Sonserina, não é? – perguntou enquanto desembrulhava o doce com cuidado para o sapo não fugir. 

- Não – respondeu o bruxo, simplesmente.

Nem o sabor do chocolate amenizou o bolo no seu estômago.

- Então não tem jeito – falou depois que engoliu com dificuldade a cabeça do sapo.

- Jeito sempre tem – objetou o diretor se recostando na cadeira e cruzando os dedos num gesto pensativo- Você pode procurar outra escola. Pode ser instruído em casa. Mesmo em um quarto sem porta ou janela, há a opção de se quebrar a parede.

Os olhos do homem cintilavam como se soubesse algo sobre Draco que ele próprio desconhecia.

Quando abriu a boca para refutar, as chamas da lareira se esverdearam e o pai se adiantou na sala ajustando as vestes e removendo as cinzas casualmente com a varinha.

-Dumbledore – cumprimentou com relutância pouco refreada.

Não era segredo para Draco que o pai desprezava o diretor. Ele achava que tudo de errado no Mundo Da Magia era culpa de Alvo Dumbledore.

- Lúcio, sua presença aqui na primeira semana de aula é deveras peculiar. Embora previsível dada às circunstâncias.  

O olhar do pai recaiu sobre Draco e seu rosto se contorceu de desgosto quando viu o leão dourado em suas vestes.

- Coloque meu filho na Sonserina – falou encarando Dumbledore novamente.

- Sabe que não posso fazer isso.

- Não sei qual o seu plano aqui. Mas não vou permitir que me humilhe dessa maneira.

O pai culpava Dumbledore pelo seu sorteio. Draco encorou o velho senhor de cima a baixo. Seria essa uma artimanha elaborada do diretor para acabar com os Malfoy. Jogar centenas de anos de tradição na lama.

- Nem eu posso interferir com a magia do Chapéu, Lúcio. E você sabe disso.

- Todos Malfoys são da Sonserina há séculos, desde que o primeiro de nós recebeu a carta.

- Obviamente nem todos os Malfoy.

- Houve um engano. Nenhum filho meu pertence à Grifinória.

- O que o senhor quer dizer com isso? – perguntou Draco sem conseguir conter-se. O pai não o estava renegando só por causa da sua casa em Hogwarts, não é?

Lucio pareceu se lembrar de repente que ele estava na sala.

- Não se meta na conversa dos adultos, Draco.

O garoto baixou os olhos para a embalagem de sapo de chocolate que ainda segurava.

- Na verdade acho que o jovem Malfoy aqui é de grande importância para a conversa – interveio o diretor- Estávamos agora mesmo discutindo a opções de Draco.

- Que opções?                                               

- Outra escola. Estudar em casa.

Nenhuma delas era boa. A mãe nunca permitiria que ele fosse para Durmstrang, e em casa Draco nunca conseguiria as relações que o pai esperava que ele conseguisse entre os Puros-sangues de Hogwarts.

A mãe romantizava e dizia que ele tinha que fazer amigos, mas Draco sabia que o seu dever era conseguir colocar o nome Malfoy sempre na melhor posição possível.

- Está tudo bem – falou levantando a cabeça – eu posso aguentar a Grifinória.

Mostraria ao pai que podia se sair muito bem naquele lugar, não importava a cor da sua gravata.

- Então está tudo resolvido – concluiu Dumbledore se aproveitando do silêncio momentâneo do pai – vou deixar vocês a sós um momento.

O diretor se retirou e finalmente Lúcio sentou-se noutra cadeira à frente da mesa.

- Algum dos seus companheiros de casa foi violento com você?

A pergunta o pegou de surpresa. Imaginou que o pai estivesse desapontado demais para se preocupar com seu bem estar.

- Não, eles me deixam em paz.

- Bom. Se alguma coisa acontecer mande uma carta para mim no Ministério. Não quero que sua mãe intercepte nenhuma mensagem que a deixe mais preocupada do que já está.

- Sim, senhor.

- Ótimo. Snape ficará de olho em você e eu espero que seu comportamento seja sempre de acordo com o nome que carrega, principalmente levando em conta o tipo de bruxos com que você divide o dormitório.

Traidores do sangue, mestiços e sangue- ruins. Era esse tipo de gente que o cercava dia e noite.

- Não se preocupe – assegurou. Ele sabia muito bem que seu lugar ficava muito acima daquelas pessoas.

- Muito bem – disse o pai se levantando – Nos vemos no natal.

Antes de entrar na lareira, acrescentou:

- E responda a carta da sua mãe. Ela está aflita.

De maneira geral, Draco saiu da sala do diretor muito melhor do que como entrou.

Uma vez no seu dormitório na Torre da Grifinória, ele finamente abriu a carta da mãe. E seus olhos anuviaram quando viu que ela só o repreendia por ter esquecido as pantufas.

O que ele fizera totalmente de propósito.      

 

 


Notas Finais


No próximo capítulo teremos um duelo a meia-noite.


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