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História Hatsukoi - HIATUS - Encontros em Eguisheim


Escrita por: sypha

Notas do Autor


Hello people! Aqui está mais um capítulo fresquinho de Hatuskoi pra vocês. Quero agradecer a @ChelePlushie por betar novamente, obrigada. Você é maravilhosa <3

Nesse capítulo Lys e Leigh estão finalmente em Eguisheim. Será que o Lysandre encontrará a Amanda? Veremos haha O capítulo tem uma música e ela está nas notas finais.

Sem mais delongas, boa leitura <3

Capítulo 2 - Encontros em Eguisheim


I'm wishing
For the one I love
To find me today
 

 

A viagem de trem fora tranquila. Lysandre estava pensativo, mas nada que alarmasse Leigh. Ambos eram silenciosos e no momento só queriam descansar e aproveitar o dia seguinte ao máximo.

Leigh dormira de imediato assim que o trem se pôs a andar. Lysandre preferiu observar a paisagem até o sono vir. Após o esbarrão com a moça loira, parecia que Christina fora apagada de sua memória. O platinado só conseguia pensar por que raios a mulher da estação lhe lembrava a cor verde. Infelizmente, o rapaz não conseguira ver muitos detalhes de seu rosto, não sabia dizer se já a conhecia.

“Fora apenas um esbarrão” pensou o Ainsworth. “Não aconteceu nada demais. ”

Lysandre não entendia porque de dedicar tantos pensamentos a alguém que vira apenas uma vez. Ele se encontrava intrigado e quando isso acontecia, a melhor maneira de aliviar o fluxo intenso de pensamentos era compor. Decidido a escrever até ter a mente completamente limpa, o rapaz retirou o seu bloco de notas do bolso do sobretudo. Logo as folhas amareladas foram preenchidas com frases soltas.

Cansado de escrever e com a mente mais relaxada, Lysandre começou a observar a paisagem. Tudo passava rápido diante dos olhos bicolores. A vegetação de outono estava na penumbra, mas era possível ver alguns tons alaranjados com os enormes faróis do trem. Eram onze horas da noite e Eguisheim se encontrava próxima. Para aqueles que ficaram acordados, assim como o platinado, era possível enxergar, pela janela da locomotiva, as árvores passando em sequência.  Uma vista torturante para os estômagos fracos.

Assim que o trem chegou no vilarejo, Lysandre tratou de acordar o seu irmão.

- Leigh, acorda – chamou Lysandre o cutucando de leve.

- Já chegamos? – o rapaz bocejou em meio à frase. Estava cansado e suspeitava que teria uma leve ressaca devido a imensa quantidade de vinhos que experimentou.

- Sim – Lysandre já estava de pé e pegava a mala no bagageiro – Durou apenas uma hora.

Leigh também pegou sua mala. Ambos saíram da cabine e partiram em direção a saída do trem. Lysandre notou de imediato uma cabeleira loira passar na sua frente. A moça andava apressada, parecia querer sair imediatamente do recinto.

“Peculiar” essa fora a única palavra que passou pela cabeça do rapaz. Será que era a mesma mulher com que ele havia esbarrado horas antes em Turckheim? Provavelmente, pois por algum motivo a cor verde lhe veio em mente.

[...]

Já fazia algumas horas que os irmãos se instalaram no hotel. O local escolhido fora L'Hostellerie du Château. O hotel de renome, e muito bem recomendado, ocupava um espaço considerável no vilarejo. Toda a sua fachada era composta por tijolos na cor cinza claro. A arquitetura medieval enxaimel dava um ar meigo e romântico a paisagem. O estabelecimento tinha imenso jardim bem cuidado. Tanto Leigh quanto Lysandre preferiram pegar quartos separados. Ambos gostavam de ter privacidade.

Fora apenas ao amanhecer, e com um café da manhã reforçado, que os irmãos se aventuraram pelo vilarejo. Eguisheim ostentava cores vivas e quentes. As ruas, estreitas e circulares, faziam com que qualquer caminhada simples ganhasse um ar intimista.

 

A cidade é conhecida por ganhar o Ville fleuri. Na primavera/verão é possível ver toda a cidade decorada com diversos tipos de flores, mas mesmo sendo outono a cidade não perdia o seu charme. Parecia que nada poderia tirar a beleza de Eguisheim.

 

- Essa cidade é realmente encantadora – comentou Leigh. O moreno tirava algumas fotos com a câmera e vira e mexe pegava o celular. Provavelmente estava respondendo a namorada.

 

- É muito bonita – concordou o rapaz. Seu bloco de notas e a caneta, inseparáveis, estavam em suas mãos – Quero visitar o museu mais tarde.

 

Diferente de seu irmão que fotografava, o platinado desenhava alguns detalhes da arquitetura. A cidade possuía, assim como Turckheim, uma belíssima praça. A principal se chamava Place du Château. No meio da praça havia uma fonte com uma estátua, entalhada em pedra clara. Aquela era maior fonte da região de Alsace e a mesma fora construída em homenagem ao Papa Leão IX. Inúmeras folhas alaranjadas decoravam ao redor do chafariz. Se fosse na primavera, os vasos estariam ostentando flores coloridas.

 

Ainda andando pelo vilarejo, os irmãos passaram em frente ao castelo da cidade. O mesmo pertencia ao século VIII, e é considerado o local onde supostamente o papa nasceu. Ao lado da construção há uma pequena igreja. A mesma possuía um interior coloridíssimo e belo. Leigh fotografava sem parar cada detalhe.

- Você viu que há um ninho de cegonha em cima da cúpula? – disse Leigh apontando para o local.

Lysandre levantou o olhar. Quando falaram que a cegonha era o símbolo da região de Alsace, não estavam brincando. Além dos souvenirs e esculturas das aves, era corriqueiro encontrar os pássaros em algumas esquinas da cidade.

O platinado se sentou em um dos bancos da praça e abriu o bloco de notas. A folha aberta estava completamente preenchida. Era uma música sobre o término com Christina. Parecia que todas as horas que o rapaz ficara sem pensar na ex namorada voltaram com tudo. A dor incômoda, voltara, mas em uma intensidade muito menor e o que antes teria durado horas, fora deixado de lado em poucos segundos. Assim que Lysandre virou a página de seu caderno, fora como se tivesse virado uma página em sua vida. Christina a cada segundo ficava para trás, levando consigo as lembranças amargas.

Tomado por uma inspiração repentina Lysandre sacou a caneta do bolso para escrever, mas antes que a tinta começasse a riscar o papel, o Ainsworth fora interrompido por seu irmão.

- Lys, estou indo na degustação de vinho, você vem? – perguntou, Leigh.

- No momento não, vou no museu daqui a pouco. – disse o platinado, seus olhos voltaram a atenção para o bloco de notas – Vá sem mim.

- Ok, mande-me uma mensagem me avisando quando sair.

Lysandre respondeu em um aceno mudo; Leigh partira em direção ao estabelecimento. O platinado ficou a sós novamente. A inspiração continuava lá, logo o Ainsworth estava escrevendo a primeira frase.

“A mulher verde me encanta...”

[...]

Lysandre, cansado de escrever, levantou-se em um impulso rápido e partiu em direção ao museu da cidade. O mesmo alternava em exibir exposições de artistas locais históricos. O exterior da construção seguia o mesmo padrão da arquitetura local, mas diferente das cores quentes, o museu tinha as suas paredes ostentando tijolos cinzentos. Vasos de flores decoravam a entrada principal e era possível ver dois ninhos de cegonha no alto do telhado.

O exterior era claro e o chão, de pedra escura, contrastava com a parede branca. Inúmeros quadros, e algumas esculturas – essas encobertas por um vidro e com uma corda delimitando o limite de aproximação – faziam parte da exposição.

O rapaz andava sem pressa perante as obras, parando quando achava necessário. Havia poucas pessoas no museu. O platinado podia jurar que já tinha visto algumas, provavelmente os mesmos passageiros do trem. Ele parou em frente a um quadro e começou a observá-lo, mas ainda notando quem estava ao seu redor.

A presença da loira, até então sem nome, não passou despercebida para Lysandre. Era a mesma mulher que o rapaz havia esbarrado na estação; a mesma mulher que estava invadindo os seus pensamentos de maneira tímida; a mesma mulher que lhe recordava a cor verde. Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas reprimiu o sentimento. Focou sua atenção no quadro à frente, achou que seria inoportuno incomodá-la.

A exposição era de Lamartine. Os quadros tinham como característica a renascença italiana. O ponto de fuga, em uma perspectiva lateral, direcionava o olhar para o anjo caído. Esse mesmo anjo carregava uma maçã mordida entre suas mãos. Era um quadro polido, mas que carregava uma sujeira, - chegava a ser mórbido – tudo graças ao anjo e a maçã simbolizando o pecado.

Ainda divagando, Lysandre não notou que a loira se encontrava exatamente ao seu lado. O susto quando a mesma se pronunciou fora inevitável.

- Lamartine tem essa característica incrível de retratar a vida junto com a morte. É inspirador, mas triste.

A moça olhava diretamente para o quadro. Não desviou o olhar um minuto sequer. Lysandre não sabia dizer se aquilo fora um devaneio ou uma indagação para ele.

Resolveu apostar na primeira, continuou a fitar o quadro em silêncio.

- A propósito, esse caderno é seu?

Lysandre olhou para o lado e viu a mulher lhe estender o seu bloco de notas. Com os olhos levemente arregalados, ele tateou os bolsos do casaco constatando que havia perdido o seu tão precioso caderno. Nem mesmo havia notado que estava sem o objeto.

- É sim... – e pegando o bloco de notas das mãos pequenas agradeceu – Obrigada senhorita...?

- Amanda. Amanda Campbell – a garota respondeu sorrindo levemente. Finalmente o nome da mulher fora revelado. Lysandre gostou do nome dela, achava Amanda um nome muito bonito.

- Desculpe-me a indelicadeza senhorita, mas você não chegou a ler nada, não é?

- Oh, não – a loira negou com as mãos – Ele caiu aberto em uma página, mas estava em branco. Não li nada.

Lysandre a avaliou. Amanda parecia ser sincera, não havia o porquê desconfiar. Convencido de que a loira não havia lido nada, o platinado se pronunciou novamente:

- Me chamo Lysandre Ainsworth – disse estendendo a mão.

Amanda olhou para o rapaz levemente desconfiada. Não era muito aberta, principalmente a estranhos, mas mesmo assim retribuiu o aperto de mão. O que a loira não esperava era o arrepio que lhe percorreu desde a ponta do dedo do pé até os fios de cabelo. Sem querer prolongar, a garota soltou a mão do platinado quase que de imediato.

“Isso foi esquisito” – pensou ela.

A ação da moça não passou despercebida por Lysandre, mas ele não sabia distinguir que tipo de desconforto Amanda sentia. Como se ignorasse o seu próprio jeito de ser, que provavelmente iria agradecer pelo favor e ir embora, o rapaz puxou assunto novamente.

- Você falava sobre o quadro…

Antes mesmo que ele terminasse a frase, Amanda se pronunciou. Seus olhos brilhavam.

- Oh! Verdade – Lysandre havia introduzido o assunto certo. Apesar de séria e um pouco introvertida, a jovem adorava falar sobre assuntos que a interessavam – Eu simplesmente amo as artes de Lamartine! Normalmente prefiro a vanguarda, principalmente o período expressionista, mas a algo na arte dele... É inspirador…

Lysandre olhava com atenção para Amanda. O jeito que ela falava, apaixonada por aquele assunto, acendeu uma sensação diferente em seu interior. O rapaz não sabia identificar o que era, mas estava encantado. O sotaque de Amanda dava outro charme a sua fala. Era notável que ela não era francesa. Lysandre suspeitava que a mesma fosse britânica pela forma que entoava as palavras.  

Amanda continuava a falar entusiasmada sobre o quadro. Logo, ambos sem perceber, começaram a andar pelo museu. A loira explicava sobre o período artístico do pintor e o que alguns elementos representavam. O platinado apenas escutava, sua atenção estava toda voltada para loira ao seu lado.

Só notaram que haviam visto a exposição inteira quando pararam no mesmo local de partida. Amanda enrubesceu na hora, não havia percebido que falara igual uma matraca.  

- Me desculpe, estou aqui falando sem parar. – e com uma timidez encantadora, Amanda colocou os fios de cabelo para trás.  

- Não precisa se preocupar – contrapôs Lysandre – Você parece realmente amar arte e me explicou inúmeras coisas interessantes. Não fora nenhum infortúnio.

- Eu realmente amo – disse a loira sorrindo tímida, ainda sem graça – Gosto tanto que trabalho com isso.

- É mesmo? – indagou o rapaz curioso.

- Sim, trabalho em uma galeria em Paris.

- Pelo seu sotaque, acredito que não seja francesa. – disse o platinado – Pelo menos, não é naturalizada aqui.

- E você está correto. – respondeu Amanda - Sou britânica, moro na França apenas a um ano e meio.

Após essa informação, Amanda e Lysandre, continuaram a conversar sobre assuntos triviais. O rapaz falou que trabalhava como compositor e a loira, entusiasmada, disse que tinha uma amiga baterista. O assunto entre eles fluía de maneira natural.

- Bom, eu tenho que ir – disse Amanda – Foi um prazer, Lysandre.

- Igualmente Amanda – e se curvando um pouco, o rapaz disse – Até.

Amanda acenou e foi embora. Lysandre fez o mesmo, ambos iam em direções opostas e andavam devagar. Quando já se encontravam um pouco afastados, olharam para trás em sincronia. A Campbell sorriu tímida enquanto o Ainsworth acenou com a cabeça de leve.

O platinado colocou as mãos no bolso e rumou em direção ao hotel.  

[...]

Lysandre se encontrava no restaurante do hotel. A decoração era colorida e pitoresca, dando um ar rústico ao local. O platinado jantava junto de seu irmão, ambos comiam baeckeoffe, um prato típico da região de Alsace. Enquanto degustavam da refeição, os Ainsworth conversavam sobre assuntos triviais.

- Eu conheci uma moça hoje – comentou Lysandre. Logo em seguida bebericou o seu vinho.

- Vejo que já está esquecendo a Christina, isso é ótimo Lys. – Leigh sorriu. Estava feliz pelo irmão, o término o deixou muito cabisbaixo.  

- É... Eu não tenho pensado muito nela ultimamente – constatou o rapaz – O nome da garota é Amanda.

- É um nome bonito – disse Leigh e Lysandre concordou com a cabeça. O moreno notou o leve entusiasmo de seu irmão. – Pelo visto fora mais que uma conversa.

- Na verdade não, foi apenas uma conversa normal. – respondeu Lysandre, olhando confuso para o irmão. Não aconteceu nada demais, apenas sentiu o tempo passar de maneira rápida com Amanda. Mas tirando isso, nada demais.

- Pode até ser sido uma simples conversa, mas ela mexeu com você – Leigh deu uma garfada na carne do prato. Seu olhar era sagaz, sabia que seu irmão estava interessado na moça; só que ao mesmo tempo que Leigh sabia disso, também constatou que seu irmão não havia percebido suas próprias intenções.  

Lysandre não disse nada. Deixara a informação no ar. Mas também não havia como negar, conversar com Amanda o deixou com um excelente bom humor e, de fato, a conversa havia mexido com ele.

- Você pegou o número dela, certo? – questionou Leigh.

O platinado olhou para o irmão e arregalou os olhos de leve. Havia esquecido disso!

- Na verdade... – começou a falar, mas fora interrompido.

- Ah, Lysandre... – suspirou Leigh - Você nunca aprende, não é mesmo?

O rapaz se limitou a beber mais um gole do vinho. Havia esquecido disso, o momento fora tão bom que não se lembrou do básico.

- Torça para encontrá-la amanhã.

E olhando para o lado, pensativo, Lysandre respondeu – mais para si mesmo do que qualquer outra coisa.

- Eu irei.

I'm hoping  and I'm dreaming of
The nice things, he'll say


Notas Finais


Link do bem: https://www.youtube.com/watch?v=U7wBaQGTv0s

Novamente, o capítulo saiu mais longo do que eu planejei. Mas faz parte haha Espero que tenham gostado. Aqui vão algumas explicações sobre alguns pontos citados no capítulo.

L'Hostellerie du Château: É um hotel localizado em Eguisheim, é bem avaliado pelos hospedes. É extremamente charmoso.

Enxaimel: É uma técnica de construção que consiste em paredes montadas com hastes de madeira encaixadas entre si em posições horizontais, verticais ou inclinadas, cujos espaços são preenchidos geralmente por pedras ou tijolos. Ainda que normalmente se faça uma ligação natural entre o Enxaimel e a Alemanha, a verdade é que o estilo não possui uma origem propriamente determinada. (Texto retirado do Wikipédia)

Ville fleuri: É o prêmio mais alto dedicado aos villages fleuris. Eguisheim é conhecida por se tornar um jardim ao céu aberto na primavera / verão. A cidade é também membro da Associação das mais belas cidades da França.

Place du Château: Praça principal da aldeia de Eguisheim. É a maior da região de Alsace.

Lamartine: Isso foi uma licença poética que eu me permiti. O pintor citado não existe e muito menos o quadro. Existe um parecido do período renascentista italiano que eu, sinceramente, esqueci o nome. Preferi utilizar um artista que eu mesma criasse. Caso tenham curiosidade, o traço estilo de Lamartine é parecido com Caravaggio.

O museu citado não existe no vilarejo. Criei uma licença poética também xD

Baeckeoffe: É um prato francês típico da região de Alsace. Assado em camadas, esse prato é relativamente simples: com carne, alho poró e batata. Este prato era muito comum em uma época em que não se tinha muito tempo para cozinhar.

O trecho que abre o capítulo é da música “I’m Wishing” do filme Branca de Neve. A versão utilizada foi a da Kimbra <3


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