Era, era Lauren Jauregui, trazendo consigo todas as malditas e boas lembranças. Matando e me destruindo com sua proximidade tão distante.
— Ouu! Eii! Virou zumbi agora? – me distraí. Por alguns segundos me esqueci que deveria procurar por Pezz.
— Não! Magina, eu só... – encarei o mesmo lugar que antes estava Lauren, mas ela parece ter desaparecido... – Aaaah! Como está? – me aproximei para dar um abraço, mas Perrie se jogou em mim praticamente.
— Aaaaah! Bem melhor agora – ela passou os braços ao redor de meu pescoço, ameaçando de pendurar em mim.
— Ow Ow! Calma! – disse rindo, ela enfim se afastou, quase jogando os cabelos loiros em minha cara, quase me deixando os engolir.
— Calma nada! Pra onde vamos? – ela disse pegando a mala, seguindo andando ao meu lado.
— Como assim? – tudo que eu precisava no momento era de um banho, digno para eliminar o que tive à pouco de lama.
— Eu não te disse que quando eu viesse pra essa porra de cidade, eu não viria pra causar? Se não eu pego esse trambolho de mala enorme e vou embora... – ela disse me fazendo rir. – que foi?
— Nada – disse rindo. – só me deixe te admirar um pouco, sua anã... – ela fingiu uma cara de indignada e jogou novamente o cabelo, dessa vez pro outro lado.
— E você só tá o pó mesmo – disse rindo. A empurrei de leve pro lado.
— Eu te disse que havia me acontecido uma merda, levei um banho de lama e tudo enquanto esperava o táxi pra ir pra casa – falei séria, ela riu.
— Caramba, desculpa, é que... sei lá! – ela continuava rindo. – tá bom, vamos logo pra sua casa que você vai tomar um banho de dignidade.
[...]
Estava dirigindo pra casa. Pezz (como Perrie prefere que a chame) estava em silêncio, no banco parado. A chuva havia passado, mas o tempo estava fechado. Fechado como o semáforo acaba de ficar.
Pezz acaba ligando o rádio por livre e espontânea vontade. E uma nostalgia nos invade, sorrimos olhando uma para outra assim que percebemos que tocava Believer de Imagine Dragons.
— I was broken from a young age, taking my sulking to the masses, writing my poems for the few, that looked at me took to me, shook to me, feeling me... – ela começou a cantar então. A acompanhava fingindo tocar bateria, como ela também. Pezz sempre teve talento pra música. Já me mandou alguns vídeos e áudios seus cantando.
— Sério, caso você me dissesse que desistiria de neurologia pra cantar... cara, você é fera nisso! – disse rindo. O semáforo abriu então, saí com o carro. Olhei pro lado e ela ficou sem graça por alguns instantes.
Algo estava estranho. Mas eu queria apenas aproveitar o momento. Ela com o tempo voltou ao normal e cantávamos feito doidas.
— Paain! You made me a, you made me a believer, believer, Paain! You break me down, you build me up, believer, believer. Paaain... – ela cantava maravilhosamente bem imitando uma guitarra e eu berrava feito doida imitando às vezes uma bateria com os dedos no volante. Acho que daríamos uma banda boa.
[...]
Chegamos em casa correndo. Conseguimos pegar abuela ainda. Todas as sextas ela costuma andar alguns quarteirões e ir até um bar e jogar seu sagrado bingo — o qual sei que ela é viciada, mas ela nega isso até a morte. Enquanto tomava meu banho, Pezz e vovó ficavam a conversa na sala.
Confesso que foi difícil não me distrair no banho, diversas vezes ficava a me lembrar de Lauren e diversas possibilidades de poder vê-la.
Troquei o mais rápido de roupa. Coloquei novamente a bota que estava antes. Voltei de novo ao espelho e amassei mais uma vez meus cabelos naturalmente enrolados e agora, finalmente lavados.
— Eu ouvi abuela! Chega de falar sobre isso! É vergonhoso... – disse descendo as escadas. Perrie ria histericamente.
— Caramba Cami! Sério que você levou um pedaço de bacon pra escola em vez de lanche? Por que nunca me contou isso? – ela dizia segurando-se ao máximo.
— Aí, parem vocês duas! Eu só tinha oito anos – revirei os olhos.
— Mas sério querida, a vez que você pegou errado o papel do vestido e entregou o da sua mãe... – ela disse uma palavrinha mágica. Mãe. Aquilo passou a ser proibido, pois nunca falávamos sobre ou se falávamos alguém saía chorando. O silêncio incômodo se fez presente.
— É... acho que estamos atrasadas – disse Pezz se levantando.
— Isso... – esqueci minha bolsa – vou só pegar a bolsa e a chave que esqueci.
Subi correndo já que havia esquecido em cima de minha cama.
— Sua avó sugeriu aqui de pedirmos um táxi... – disse Pezz com uma cara sugestiva.
— Mas por...
— Eu sei que vão acabar bebendo, são jovens, é férias... – disse vovó.
— Okay vovó, você venceu dessa vez. Tchau então, estamos indo – a abracei.
— Tchau meninas, se cuidem – disse vovó e abraçando também Pezz.
— Tchau senhora Cabello – acenou Pezz fechando a porta.
— Ainda bem que na boate que vamos deixam que entrem de menor... mas se vovó soubesse disso... – falei séria prestes a pegar o celular para pedir um táxi.
— Aí, isso é só questão de dias! E sua avó é um amor, sério – ela falou rindo.
— Eu vou é ligar pra esse táxi se não a gente nem chega lá – falei discando os números.
— Não precisa, sua avó e eu ligamos enquanto você tomava banho – ela disse séria sem me encarar, mas assim que olhei com a boca aberta ela caiu na risada, não consegui evitar o mesmo.
— Okay, desde quando planejava essa noite senhorita Edwards? – ela nem me respondeu, apenas me encarou fingindo surpresa. E então nosso táxi chegou.
[...]
Enfim chegamos. O lugar estava movimentado como sempre, não que eu venha muitas vezes. Quando venho nesse lugar, venho acompanhada de Jennie e Dinah — que vem com o namorado, Louis, que por sinal está com ela agora, a cumprimento com um aceno — , mas acabava bebendo algumas poucas coisas e permanecia a maior parte do tempo sentada e depois ia embora.
— O que acha de dançarmos? – pergunta Pezz.
— O quê? Vão achar que a gente é namorada! – disse sem graça e ela riu disso.
— Tô nem aí! Vai me dizer que nunca quis pegar uma garota? – ela me encarou séria, pisquei algumas vezes, mas caí no riso depois... ela tem razão. – mas quer saber... antes você vai lá no bar e pegar alguma coisa pra mim.
— O que?
— Porra Camz, coopera comigo! Faltam só alguns dias pra mim fazer dezoito – ela me encarava com tanta súplica, quase de se ajoelhar. Okay, aí seria feio de mais...
— Tá tá, o que vai querer?
— Primeiro vou querer aquele negócio brasileiro,uhm... é...
— Caipirinha.
— Isso!
— Porra, eu que não sou brasileira sei – revirei os olhos.
— Tá, eu só nasci no Brasil – ela quase me deu um tapa no ombro – e depois igual daquela bebida verde que está saindo... – ela apontou pra alguém.
— Okay minha bêbada favorita, tô indo – mesmo dizendo isso, ela ainda me empurrou. Olhei séria a ela que fez sinal de que eu deveria andar.
Mais alguns poucos passos e eu estava no bar. O barmen colocou um líquido azul, extremamente chamativo em um copo e uma mulher pegou. Me encarou em seguida.
— O que a senhorita gata gostaria de beber? – ele disse sério e encarando meu quase nada decote. Fingi não ouvir.
— Pode repetir o que disse? – sorri falsa.
— A senhorita tem cara de quem não bebe, gostaria de uma ajuda?
— Oi? Mas por que acha que eu preciso de ajuda? – revirei os olhos – okay, pode fazer pra mim uma caipirinha e um daqueles drinks alí? – apontei pra um cartaz que tinha.
— De qual cor? – eram bebidas “vagalumes”, o jeito que estava escrito.
— Da azul – okay, eu não beberia muito, mas alguns poucos drinks não fariam tão mal assim.
Pouco depois ele preparou as bebidas, e com certa cara de raiva me deu o troco.
— Por que demorou tanto? – perguntou Pezz tomando a bebida dela de minha mão.
— Aquele cara... tava dando em cima de mim! Que ódio – revirei os olhos.
— Aí meu Deus! – ela riu. – eu pegava – deu uma olhada pro bar – mas esquece. Vem comigo pra pista de dança?
— Já já eu vou – me sentei em uma mesa que estava bem próxima. – deixa eu só... terminar de beber.
— Okay, te espero então. Porque a noite é uma criança e eu tenho que aproveitar – disse Perrie gargalhando ao sair.
[...]
Éramos duas loucas dançando. Eu, com toda certeza (1) havia bebido mais do que Pezz, mas com toda certeza (2) estou em um estado melhor que ela.
— Não! Chega! – a empurrei de um menino que começou à dançar com ela a pouco, mas que fica o tempo todo encarando ela com estranheza.
— Eiii! Deixa eu dançar lá com a Gabi – ela disse pegando a batidinha de mim.
— Era um menino, Gabriel sua bêbada! – disse – eu juro, que se der alguma merda, eu saío correndo e finjo que nem te conheço!
Saí, ela deu um sorrisinho e me acenou quando me afastava indo em direção ao bar.
— Oi – me sentei em uma cadeira de frente ao bar.
— O que gostaria? – perguntou uma moça dessa vez. Pelo visto o cara inconveniente já havia ido embora.
— Vocês tem água, certo? – ela riu disso e confirmou com a cabeça – como logo vou embora, poderia fazer pra mim uma batidinha de morango? Mas sem vodka, por favor.
— É pra já – essa moça parecia mais interessante e legal que o outro cara, até arriscava cantar algumas músicas enquanto preparava. – aqui, obrigada!
— Nada, eu que agradeço – sorri e deixei uma nota dinheiro sobre a mesa.
— O que? Não deixarei que pague igual os outros sendo que o seu é diferente – ela retirou o troco e guardei então no bolso da calça.
— Obrigada – disse. Ela estava preparando a bebida dos outros, mas resolvi puxar assunto – aqui parece mais cheio hoje...
— Ah, é porque aquele DJ, Steve Aoki, vem pra cá hoje – ela disse super empolgada.
— Sério? Como conseguiram trazer ele pra cá?
— Ah... – colocou em um copo a “vagalume” vermelha e deu à uma moça que esperava – é que ele e o Rogers, dono daqui são muito amigos, acho que foi até o Steve que se ofereceu pra vir pra cá. E com uma música nova ainda...
— Uau... – olhei pra todos os lados e como fui tão cega a ponto de não ver a enorme estrutura montada no palco central?
Alguns poucos minutos depois, já havia acabado de beber. Meu corpo já se sentia bem mais calmo. Olhei pra direção de Perrie e a doida estava dançando... com um poste! Caí na gargalhada. Provavelmente o tal Gabriel deve ter dado um toco nela...
E do nada, as pessoas que estavam lá, talvez pessoas que aguardavam o show, aplaudiam quando algumas batidas bem interessantes começavam a tocar.
— Olá galera! – e mais aplausos – bom, pode ser surpresa para alguns, mas... é uma honra tocar aqui hoje! – dizia o tal DJ Aoki. – vamos abrir o show de hoje, com uma música nova. Essa é uma parceria com uma grande mulher que talvez vocês já conheçam... – eu podia ver ele colocando os fones de onde estava. E uma batida maravilhosa começou a tocar, junto com uma voz... – Lauren Jauregui!!
My heart beats a little faster
When our eyes meet
In the middle of a crowded room
In knee deep testing waters
I've got a feeling
And I don't know what to do
O que? Lauren? Aquela voz... tão linda, tão boa de se ouvir. E eu achando que ela não me surpreenderia em mais nada.
E eu só conseguia me lembrar de quando a vi no aeroporto, quando ela sorriu.
You got me paralyzed
And I think I like it
Caught me by surprise
I'm not usually like this, no
Got me paralyzed
Don't think I can help it
Why's it feel so right?
Let's keep this going all night
Going all night
Going all night
Going all night
Todos iam à loucura com a música dela. Conseguia ver Dinah acenando à ela de longe e o namorado, dançando no meio de todos enquanto eu me aproximava. Me aproximava mais daquela maldita e linda voz rouca.
Seria pra mim... essa música?
Me neguei a isso, esquecer será melhor... mas Lauren não cooperava comigo, me percebeu no meio de tantos outros e cantava com seus lindos olhos penetrantes, como se estivesse me comendo com os olhos me encarando fixamente — ou estou louca?
Essa música não é pra mim, não é pra mim, não é pra mim, não é pra mim...
The crowd fades, tunnel vision
In a daze, and the only thing
I feel is you
In perfect, syncopation
Face to face, tell me do you feel it too?
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