Semanas depois...
Orfanato
- p-por favor moço, e-eu não q-quero mais... – implorava Alex.
Com o passar das semanas em que Alex estava naquele orfanato, os abusos por parte de seus companheiros de quarto continuavam, e Alex sofria em silêncio, tendo que esconder e mentir sobre manchas e hematomas que ficavam em seu corpo após as agressões.
Depois de perder seus pais, Alex se tornou uma criança mais reclusa às coisas em sua volta, o deixando inerte. Com isso, permitia que a violência contra seu corpo frágil continuasse. E a negligência por parte do orfanato com os jovens que ali viviam, só dificultava sua passagem lá.
(...)
Refeitório, 12:30
Com as várias crianças e jovens juntos de seus respectivos grupos em que conseguiam formar, Alex se encontrava mais uma vez sozinho, o levando à se sentar numa das mesas que possuíam duas cadeiras ali perto, começando a comer de forma desgostosa e sem vontade a comida que era servida.
- Etto... E-eu posso me sentar com você...? – pergunta uma voz feminina, chamando a atenção de Alex. Era uma garotinha de cabelos longos e pretos, olhos escuros, usando um vestido de manga longa também preto.
Alex ficou em dúvida se aceitaria ou não, mas acabou deixando
- Po-pode....
- obrigada – respondeu sorridente ao se sentar de frente para Alex. – Etto, como se chama moço ?
- Alex Simonsen ... E você ...?
- Andy Himura – respondeu com um sorriso.
- Nome b-bonito....
- obrigada Alex, o seu também é, e não precisa ficar com medo de eu, antes da minha mãe ir embola ela me ensinou à ser uma moça boazinha.
- O que aconteceu com a sua mamãe?
- Eu tinha ido embola do Japan com os meus papais polque o meu papai tinha ganhado mais dinheiro no trabalho dele, mas ele ficava bravo sempre que chegava em casa. Batia na mamãe e em mim, ele cheirava forte e falava coisas que confundia eu, e na noite do papai noel, ele chegou em casa cheirando forte de novo e com uma coisa brilhante na mão, depois ele mecheu nela na frente da mamãe e machucou ela e depois se machucou. Agora estou aqui porque ninguém do Japan me queria – Completou a garotinha com uma expressão triste ao lembrar do ocorrido.
- N-nossa... quantos anos você tem Andy ?
- Tenho 5 aninho
-hm... – respondeu pensativo.
A história que Andy havia contado, fez com que Alex lembrasse do dia em que perdeu seus pais naquele acidente de carro. Ouvir outra história o fez se identificar com a pequena, afinal, mesmo os dois terem perdido os pais de formas diferentes, ambos acabaram sozinhos naquele orfanato.
- Você qué sê meu amigo Alex?
Mesmo com os problemas que Alex estava enfrentando naquelas semanas, e a forma aversiva que tratava tudo e à todos, essa pergunta inesperada foi o que precisava para ele ver nos olhos daquela garotinha, que seria sua única e verdadeira amiga naquele lugar.
- quero sim Andy – respondeu e, pela primeira vez desde que sua vida se tornou “cinza”, Alex conseguiu dar um sorriso sincero, sendo acompanhado por sua nova amiga.
- Eeeee, eu prometo ser sua amiga e te ploteger pra semple Alex-chan!! – exclamou a pequena eufórica. – Mas você tem que prometer a mesma coisa pra mim!!
- Eu prometo sim Andy – respondeu Alex dando uma risadinha tímida da atitude da garotinha.
(...)
- porra seu pirralho! Isso doeu! – exclamou Sanders, um de seus companheiros de quarto de 16 anos.
Durante a sessão de violência que os adolescentes estavam fazendo contra Alex, o mesmo, já não aguentando mais ser abusado por ambos, conseguiu chutar o baixo ventre do adolescente, o fazendo cair no chão com a dor da lesão.
- Seu filho da puta! Você vai se arrepender!
- Não meche em mim! Eu odeio vocês! Não quero mais dodói!! – exclamou, ao sair correndo do quarto, sendo perseguido pelos garotos. Na corrida, Alex procurava desesperadamente por sua única amiga, até que conseguiu Avista-la na porta de seu dormitório.
- ANDY!!! ANDY!! – exclamava aos prantos chegando perto da pequena
- O quê foi Alex-chan?!
- P-por favor, me salva Andy, tem uns moços maus querendo me machucar !!
- kami!! Entra aqui Alex-chan!! Eu te escondo e depois nóis conta pra tia por eles de castigo!
E assim foi feito, Alex conseguiu se refugiar no dormitório de Andy, e assim que seus agressores cansaram de procura-lo, Andy tratou de ir junto com ele até uma das inspetoras do lugar para relatar todos os dias de sofrimento em que ele passou com os adolescentes.
- Espero que se arrependam de tudo seus arruaceiros! – exclamou uma das inspetoras ao ver os adolescentes sendo retirados pelos policiais que foram chamados para atender a ocorrência.
- Alex, desculpa por não termos percebido o comportamento deles desde o início ... – comentou cabisbaixa
- tabom tia, se eu falasse pra você, eles ia fazer dodói ruim em mim.
- ok pequeno, vou te deixar junto com a Andy no dormitório dela já que vocês se tornaram amiguinhos
- Eeeeeeeee – exclamaram as duas crianças juntas trocando sorrisos uma para outra.
Depois de tantas semanas sofrendo com a falta dos pais e com os abusos horríveis que tinha que enfrentar, finalmente Alex conseguiu uma companhia para ser sua confidente, parceira de travessuras e ser considerada uma “irmã”. Andy Himura.
E assim foi seguindo o tempo em que ficaram juntos naquele orfanato, até que, dias depois, debaixo de choro e gritos de reclamação, Andy e Alex foram adotados por famílias poderosas, diferentes umas das outras, mas mesmo assim prometendo nunca esquecer a amizade de poucas semanas que conseguiram construir.
Continua...
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