História Heartbreak Girl - Capítulo 17 They are back!

Dois meses. Longos 60 dias longe dos meus amigos. Intermináveis 1440 horas longe de Luke.

A saudade que eu senti durante esse tempo aumentava a cada segundo. Assim como o que eu sentia por um certo loiro. Luke, mesmo estando tão distante, estava sempre em contato. Dezenas de vezes nós conversamos até dormirmos. Outras noites ele cantava para mim. Cada dia que passava eu tinha mais certeza de que, se trabalhássemos juntos, poderíamos conseguir manter um relacionamento à distância.

Claro que não era perfeito. Nunca seria a mesma coisa de quando estaríamos juntos sob o mesmo céu, mas tampouco era ruim. Falávamo-nos todos os dias, mesmo com a diferença gritante de fuso horário. Mesmo que ele estivesse, literalmente, do outro lado do mundo, conseguíamos um tempinho para nos falarmos.

Não que fosse o suficiente. Apenas vê-lo pelo webcam não sanava a falta que Luke fazia. Precisava urgentemente do seu abraço, do seu cheiro e de seus carinhos. Sentia falta dos lábios pouco explorados do loiro. E, é claro, eu queria tê-lo sempre por perto.

Eu entendia que ele vivia daquilo. Entendia que a vida agitada e corrida de astro da música é o que fazia ele feliz. E isso me fazia feliz. Por isso contei cada segundo do tempo que passamos distantes. Cada minuto foi descontado, em contagem regressiva. E agora faltavam apenas poucas horas para o retorno do meu loiro.

A ansiedade me fez perder o sono e eu já estava de pé bem mais cedo do que o necessário. Tentei distrair minha mente separando a roupa que eu usaria para ir até o aeroporto. Calça jeans, blusa de frio, camisa xadrez de flanela, jaqueta preta de couro, coturno e uma touca de lã. Tomei um banho quente para tentar relaxar e fazer o tempo passar. Vesti o pijama outra vez, vendo que ainda faltavam quatro horas para que eles chegassem. Olhei para minha cama onde Chloe dormia tranquilamente. Cogitei por um segundo acordá-la, mas seria muita crueldade.

Desci os degraus da escada e me dirigi para a cozinha. Minha mãe ainda dormia e estava quase na hora de acordar, por isso decidi fazer o café-da-manhã por conta própria. Busquei meu celular e meus fones de ouvido e dei play na minha playlist. Quando a voz do meu loiro soou, sorri involuntariamente e comecei a procurar pela cozinha os ingredientes que eu precisaria.

Preparei torradas com vegemite para papai. Pão com Nutella para Chloe. Piquei várias frutas, fiz café e coloquei a caixa de cereal e o litro de leite em cima da mesa. Mamãe foi a primeira a descer e sorriu para a mesa de café.

 - Uau! Para que tudo isso, querida? – ela beijou minha testa carinhosamente.

 - Eu estava acordada e não conseguia me distrair, então decidi adiantar o seu trabalho. – dei de ombros e peguei a jarra de café na cafeteira. – O que vai querer hoje, mamãe?

 - Por enquanto ficarei com essas frutas deliciosas, não quero abusar da sorte. – ela sorriu e se serviu de algumas frutas.

Minha mãe estava grávida de 15 semanas. Um volume considerável já se mostrava em sua barriga. Ali no ventre dela se crescia uma garotinha muito saudável. Eu estava amando saber que teria uma irmãzinha! Faltava apenas decidir o nome da minha pequena.

 - Ainda bem que ela te deu um descanso. – fiz carinho na barriga de mamãe.

 - Acho que ela também será muito boa jogando futebol. – mamãe sorriu para mim.

 - Também acho! Ela adora chutar... – me endireitei na cadeira e me servi de leite e cereal.

 - Bom dia! – uma Chloe descabelada e esfregando os olhos entrou na  cozinha e sentou-se ao meu lado.

 - Bom dia, dorminhoca! – cutuquei minha amiga. – Como você consegue dormir num dia como esse?

 - Eu não consegui dormir aquela hora que nos deitamos. Acho que fiquei até umas três da manhã acordada, por isso não me julgue. – ela olhou para a mesa e sorriu para o seu café. – Você sabe que eu amo você, certo?

 - Eu te conheço há uma vida, se não soubesse o que você gosta de comer, seria uma péssima amiga. – sorri para ela.

 - Mas você é a melhor amiga de todas e é por você ser você que eu te amo! – ela deu um beijo na minha bochecha.

 - Guarde esse amor todo para o Clifford, por favor. – afastei-a e ela deu de ombros.

 - O que é do Mike está guardado, aproveite o meu bom humor. – ela sorriu maliciosa.

 - Tenho dó do que você irá fazer com o pobre do Michael quando ele pisar em solo australiano. – voltei-me para o meu cereal.

 - Mulheres da minha vida, bom dia! – papai apareceu e já foi beijando minha mãe, que estava mais perto da porta, caso uma emergência da gestação ocorresse.

 - Bom dia, querido! – ela sorriu amorosa para meu pai. – Olha quem deu sossego para meu estômago!

 - Parabéns, bolinha! Papai está orgulhoso de você! – ele acariciou o ventre de mamãe e voltou-se para mim. – Como vai, querida? Ansiosa?!

 - O suficiente para me tirar o sono. Mas estou levando como posso. – sorri amarelo para ele, quando beijou minha testa. – Fiz o seu café e suas torradas.

 - Obrigado, querida! – ele sentou-se próximo a mamãe e a Chloe. – E você, ruiva?! Louca para ver seu namorado?

 - Na verdade estou mais calma do que pensei que estaria. Isso é uma coisa boa, eu acho. – ela sorriu para o meu pai. – Mas não garanto nada quando ele estiver na minha frente.

 Meus pais riram de Chloe e eu apenas neguei com a cabeça. Terminei de comer meu cereal e lavei a louça de todos. Chloe e papai até tentaram fazer isso, mas eu insisti em me manter ocupada.

Assim que terminei com os afazeres, subi até o quarto dos meus pais e encontrei mamãe arrumando os lençóis na cama. Rapidamente tomei os panos das mãos dela e ajudei-a a estendê-los.

 - Mamãe, quem nos levará ao aeroporto? – perguntei.

 - Acho que eu as levarei, meu bem. Seu pai disse que precisa conferir alguns documentos urgentes para a empresa. – ela jogou alguns travesseiros na cama. – Odeio quando ele trabalha aos domingos.

 - Eu entendo. Obrigada, mamãe! Amo você! – beijei-a no rosto antes de voltar ao meu quarto e me encontrar com uma Chloe seminua. – Que visão, hein?! Essa lingerie é para o Mike?

Encarei o conjunto preto de renda da minha amiga. Ela era linda e ficava mais incrível ainda em Chloe. Acho que um certo Clifford ficaria bem feliz em poder arrancar a roupa da minha amiga.

 - Calada, Mia! Estou nervosa com isso tudo, ok? – ela suspirou e se virou para o espelho se encarando. – Você acha que ele irá gostar?

 - Ele seria louco se não gostasse, Chloe. E preto fica ótimo em você, você sabe. – elogiei. – Mas você está realmente pensando em fazer isso com o Mike hoje?

 - Não necessariamente, mas se rolar quero estar preparada. Apenas isso. – ela deu de ombros e sorriu timidamente.

 - Espero que aconteça na hora certa, seja ela qual for. – peguei a minha própria roupa e comecei a me trocar.

 - Mas neste momento estou torcendo para que você tenha coragem de fazer o que quer fazer. Estou torcendo por você, Mia. Do fundo do meu coração. Quero ver você feliz e sorrindo como esteve nos últimos meses. – ela me abraçou e fez carinho em meus cabelos. – Amo você, Mia. Sabe que é a irmã que eu não tenho e que sempre estarei aqui para o que você precisar.

 - Eu sei, Chloe. Eu também amo você. Você é minha alma gêmea, ok? – sorri emocionada para ela. – Mas você pode me emprestar um pouquinho só da sua coragem? Acho que estou precisando.

Chloe juntou nossas testas e esfregou nossos narizes em um beijo de esquimó. Esse era o nosso jeito de compartilhar o que precisávamos desde pequenas. Chloe sempre fazia isso e parecia magia, porque sempre ajudava.

 - Pronto! Minha mágica está feita e você tem um pouco da minha loucura e da minha coragem, agora só depende de você. – ela sorriu e terminamos de nos arrumar.

 - Chloe! Mia! Vamos garotas?! Não queremos pegar trânsito, certo? – mamãe nos chamou do lado de fora do quarto.

 - Já vamos, tia Luce! – Chloe respondeu enquanto eu terminava de passar um batom claro. – Pronta?!

 - O máximo possível! Vamos? – peguei sua mão e fomos juntas até o carro.

Sentei-me no banco do carona, junto com minha mãe. Chloe sentou-se no banco de trás bem no meio.

Durante o trajeto até o aeroporto mamãe tentou puxar assunto, mas eu estava muito ansiosa e nervosa para conseguir falar. Chloe não estava muito diferente. Por isso, mamãe decidiu ligar o rádio e, coincidentemente, estava tocando Amnesia. Eu e minha amiga nos encaramos e rimos. Cantamos a música e nos acalmamos um pouco ao ouvir a voz dos nossos amigos.

~*~

No telão do aeroporto apontava que o avião dos garotos havia acabado de pousar, o que nos dava alguns bons minutos de espera. Eu e Chloe nos dirigimos até o portão dos voos internacionais, ou seja, a saída da alfândega. Sentamo-nos nos assentos que haviam por ali e depois de quinze minutos uma pequena multidão cercou aquela saída.

Percebi que a maioria das pessoas no amontoado de pessoas eram garotas entre 13 e 20 anos. Algumas pessoas tiravam fotos com a câmera do celular, outros clicavam em câmeras profissionais. Não precisava ser nenhum gênio para saber que eram os quatro garotos que eu estava esperando.

E não demorou nem dois minutos para eu reconhecer quatro cabeças no meio daquele pequeno tumulto. Uma tinha cabelos claros e os cachos sendo segurados por uma bandana azul. Outra cabeça tinha cabelos castanhos escuros e uma ridícula mecha loira, que eu faria questão de eu mesma arrancar fio por fio. A terceira tinha cabelos vermelho sangue. A última que apareceu em meu campo de visão possuía cabelos loiros bagunçados em um topete e guardados por uma touca de lã cinza.

Ash, Cal, Mike e Luke tiravam fotos com algumas fãs e distribuíam alguns autógrafos. E quando nos perceberam há uma pequena distância, sorriram e acenaram para que nos aproximássemos. Timidamente eu e Chloe demos alguns passos em direção aos quatro.

Algumas garotas abriram espaço para os meninos passarem e o primeiro a nos alcançar foi Ash, que me abraçou.

 - Que saudades, Little Mia! Agora você vai fazer o que combinamos, certo? – ele sussurrou em meu ouvido e eu assenti. – Que bom, baixinha!

Ele me soltou e só tive tempo de dar um beijo em sua bochecha, que me mostrava uma covinha muito meiga. Outro ser enorme me puxou e bagunçou meus cabelos. Dei um soco fraco no peito de Calum e ele apenas sorriu e piscou um olho para mim. Passei por Michael e apenas abracei-o rapidamente, para abrir espaço para minha amiga morta de saudade.

 Mais atrás, ainda autografando a agenda de uma fã, mas mal olhando para a coitada, estava quem eu mais sentia falta. Assim que ele devolveu a caderneta para a garota e levantou seus olhos para mim, não consegui me conter. Corri até Luke e o abracei apertado.

Aquele cheiro delicioso invadiu os meus sentidos e me senti aliviada por estar em seus braços. Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto. Luke me puxou mais ainda e me girou no ar. Quando parou, apoiei-me em seus pés para ficar mais próxima dele.

 - Senti sua falta, pinguim! – ele sussurrou no meu ouvido. – Você não tem ideia do quanto, Mia.

 - Acho que sei, sim, girafa! – eu disse baixinho para ele que se alinhava. – Eu não via a hora de poder fazer isso com você!

 - Isso o quê?! – perguntou confuso.

E eu sabia que esse era o momento que eu precisaria da coragem que Chloe compartilhou.

Abracei a cintura de Luke e fiquei na ponta dos pés. Ainda sem conseguir alcançar totalmente seus olhos, puxei a frente do seu casaco para que ele se inclinasse e eu pudesse olhá-lo no fundo daquelas íris azuis que eu tanto sentira falta, antes de grudar meus lábios nos dele.

Luke ficou perdido por um instante, mas depois se entregou ao beijo e retribuiu com carinho e um sorriso mal contido.

Passei meus braços por seu pescoço e ele apertou minha cintura, me erguendo no colo. Afastamo-nos hesitantes, mas sorrisos satisfeitos estampavam nossos lábios.

 - Eu amo você, Mia! – ele falou com um brilho intenso no olhar, que refletia perfeitamente o sorriso amoroso em sua boca.

 - Eu te amo, Luke! – e selei nossos lábios mais uma vez.

Todos os sentimentos e emoções que eu tinha por Luke transbordaram em mim naquele momento. Porque aquele beijo significava que eu entregava o meu coração a ele e que eu aceitava a loucura que viesse.

Fomos interrompidos por gritos de comemoração tanto dos nossos amigos quanto das adolescentes presentes no aeroporto. Quando Luke me colocou no chão novamente e eu me virei para nossos amigos, Chloe e Mike estavam abraçados e se beijando. Bati palminhas e Luke me abraçou pelos ombros e nos levou até onde nossos amigos estavam.

 - O que foi isso?! LuMia se assumindo?! – Calum tirou sarro da nossa cara. – Cuida da minha esposa, cara! Ela ainda me deve panquecas.

 - Quando vamos para casa para eu cumprir minha promessa?! – perguntei.

 - Logo. – ele piscou um olho para mim.

 - Que orgulho, Little Mia! Eu sabia que você conseguiria! – Ash beijou minha testa.

 - Obrigada pela ajuda, Ash! – agradeci.

 - Pode contar sempre que precisar! – ele sorriu e fingiu secar uma lágrima imaginária. – As minhas crianças estão crescendo!

 - Calado, Irwin! – Luke riu do amigo. – Vamos para casa? Estou exausto e louco para comer alguma coisa.

 - Panquecas! – Calum gritou e saímos os seis do aeroporto.

~*~

 - Como eu senti falta da sua comida, Little Mia! – Cal falou de boca cheia.

 - Olha a educação, Cal. – falei de cara feia.

 - Desculpa! – ele pediu depois de engolir. – Mas eu não consigo pensar direito enquanto como essas panquecas.

 - Fala sério! São apenas panquecas, Kiwi! – revirei os olhos.

 - Não! Elas são o paraíso! Então fica quietinha e me deixa comer em paz! Vai ficar com o seu loiro! – ele me dispensou com a mão.

 - Se é assim... Até mais! – acenei para ele e fui até a sala. Chegando lá me deparo com quatro criaturas jogadas no sofá e três caixas de pizza abertas em cima da mesa de centro. – Não deixaram nada para mim?

 - Tem uma fatia aí, eu acho. – Mike respondeu olhando para as caixas.

 - Uma fatia mata a fome de alguém? – arqueei uma sobrancelha para ele.

 - Desculpa, Little Mia! Eu estava com muita fome mesmo! – Ash me olhou arrependido.

 - E você, Hemmings?! Alguma coisa em sua defesa? – olhei-o interrogativamente.

 - Ainda quero mais comida, vamos pedir outra pizza? – ele me olhou esperançoso.

Eu só consegui rir e afirmar com a cabeça. Eu estava pegando meu celular para ligar para a pizzaria, mas Chloe me assustou e deixei o aparelho cair.

 - O que foi, garota?! Quem morreu? – perguntei enquanto tateava embaixo do sofá que Luke estava e não consegui alcançar o celular. – Girafa, me ajuda aqui?

O loiro se levantou do sofá e o afastou suficientemente para eu alcançar o aparelho. Hemmings colocou o móvel no lugar e nos sentamos juntos. Olhei para Chloe que passava alguma coisa freneticamente na tela do celular. A ruiva tinha um sorrisinho no rosto e me lançou um olhar atrevido.

 - Olha quem virou um dos assuntos mais falados do Twitter e de toda a internet! – Ela falou maliciosa.

No segundo seguinte eu estava conferindo o meu Twitter, assim como Luke e Ashton. E entre os assuntos do momento estava uma tag. #LuMiaIsReal.

E quando cliquei na tag, fui redirecionada ao feed de twitts. A maioria deles eram comentários positivos sobre eu e Luke. Alguns eram maldosos. Mas o que me surpreendeu foi a quantidade de fotos que as pessoas tinham minhas com Luke.

E uma que mais me chamou atenção. Eu e Luke com um macaco de pelúcia gigante entre nós. Eu e Luke com nossos rostos tão próximos que nossos lábios quase se tocavam. E o comentário que acompanhava a foto me fez ter certeza que até garotas de treze anos eram mais espertas que eu quando o assunto era meus sentimentos.

“Eu sabia que eles se amavam... Dá pra ver nos olhos de cada um! #LuMiaIsReal”