História Heartbreak Girl - Minha Julieta

Leiam as notas iniciais e finais, por favor <3 

Sexta-Feira - 26/julho

12:30

Scarllet White

O pedido de Luke acabou me transformando em uma pessoa diferente. Nunca pensei que ele poderia ser daquele jeito comigo e eu com ele. As coisas não poderiam estar melhores entre nós. O jeito fofo e protetor dele me tratar continuava, um pouco melhor. O jeito que ele aparecia na minha casa do nada pela varanda com um luminoso sorriso que me derretia. O jeito que ele me abraçava sufocadamente. Os beijos apaixonados. A sensação de ficar abraçada com ele em nossas camas, assistindo Friends ou How I Met Your Mother. E hoje eu posso afirmar que: sim, você pode se apaixonar em um dia por uma pessoa que você nunca pensou em ao menos gostar. E sim, Luke foi uma das melhores coisas que me aconteceu.

Há dois dias foi a primeira audição da peça. Eu estava totalmente nervosa, suando frio e tremendo. Até Luke aparecer. Vendo ele lá, sentado na plateia olhando em meus olhos, me senti segura, firme e forte. Fiz o melhor teste da minha vida, e eu e Carly — aquela vaca — estamos na audição final e decisiva que acontecerá hoje; com a presença da escola inteira e do pessoal da diretoria. Já o Romeu, já foi escolhido, e será Trent Hennin, meu colega da aula de história. E só de pensar na possibilidade de beijá-lo, sinto um jato de vômito descer por minha garganta. Por quê? Bom, ele é o melhor amigo de James. Em minha visão, quando eu e Henderson ainda namorávamos, ele era um babaca, insuportável e mimado — pode se ver, claramente amigo de James.

Eu estava definitivamente perdida.

Larie também já havia passado no teste. Ela faria o papel de Ama de Julieta. Emma também havia conseguido o que queria. Ela iria fazer os figurinos e iria comandar a arrumação do cenário. Ela não poderia estar mais contente. Até Lara havia conseguido algo por aqui — afinal, ela precisava fazer duas atividades extracurriculares, ela iria fotografar os alunos para o anuário e agora também iria fotografar o dia da apresentação.

Hoje o dia havia sido normal; apenas me irritei na aula de Inglês com a professora insuportável que tínhamos e fui expulsa das duas aulas seguidas; tive que ficar na árvore com Luke, que por mim, também foi expulso da aula. Diz ele que jogou bolinhas de papel na professora, e eu daria um milhão de reais só para ver essa cena. Foram as duas melhores horas da minha vida.

Ficámos na árvore namorando, rindo e ele até me ajudou a ensaiar para a audição. Aquele papel era muito importante pra mim, pois eu sei que todos os anos sempre aparecem uns diretores de filmes para assistir essas peças; e se isso acontecesse nesse ano com eu no papel principal, eu poderia já conseguir realizar meu sonho. Vários anos se sacrificando e correndo atrás disso; várias peças escolares. Eu havia feito de tudo para conseguir alcançar isso.

Nos últimos dois dias, percebi que Luke era como uma ilha, ou uma cidade abandonada, que nunca foi explorada. Ele era diferente agora. Mas um diferente bom. Muito bom. E se ele fosse uma pergunta, eu com certeza, completamente e literalmente seria a resposta. E o que nos faz mais perfeitos um para o outro é, que juntos, somos uma linda confusão. Uma confusão completa, com emoções e sentimentos iguais. Que quando se completaram finalmente, se transformou uma explosão. Era isso que eu sentia. Uma explosão de emoções e sentimentos quando eu estava ali, ao lado dele.

E sim, agora posso afirmar. Eu estou perdidamente, irremediavelmente e verdadeiramente apaixonada por ele. Mais do que eu possa demonstrar. E mais que ele imagina.

— Preciso partir. — Luke lê o roteiro, segurando o riso.

— Tens mesmo que ir? — Digo olhando em seus olhos.

— Sim. Tenho. Embora não queira. Prefiro teus braços. — Ele continua lendo — Eu definitivamente prefiro seus braços. Me identifico muito com esse Romeu.

— Luke, por favor! — Reviro os olhos — Se ficas, morres.

— Sky, já lemos essa parte umas cinco vezes, acho que já está boa. Podemos, por favor, começar a ensaiar outra? — Luke diz cansado, folheando o roteiro em suas mãos. — E eu quero também não quero vê-la encenando uma cena tão romântica como essa com o Trent.

—Okay, me dê isso! — Reviro os olhos novamente, puxando as folhas de sua mão.

Folheei até à cena que eu queria. A cena que eu realmente queria apresentar hoje, mas não sei se será possível.

— Pegue, quero essa! — Entreguei em sua mão. — Você não tem falas, é só acompanhar o que eu estiver dizendo e você me corrige se for necessário.

Luke concorda e se encosta no tronco da árvore; com os joelhos dobrados e as folhas em cima do mesmo.

— Que vejo aqui? Um copo bem fechado na mão de meu amor? Certo, veneno foi seu bem prematuro.  Oh! Que sovina! Bebeste tudo, sem que me deixasses uma só gota amiga, para alívio. Vou beijar esses lábios; é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte. — Me aproximo e dou um selinho em Luke, que ri. Respiro fundo e continuo — Teus lábios estão quentes. Ouço barulho. Preciso andar depressa. Oh! Seja bem-vindo, punhal! Tua bainha é aqui. Repousa aí bem quieto e deixa-me morrer.

— Você terá que beijar o Trent nessa cena? — Pergunta

— Se eu for a Julieta, terei sim. Afinal, ele é o Romeu. — Suspiro — Então, como fui?

— Perfeita. Não errou nem uma palavra sequer. — Hemmings sorri — Você será uma ótima Julieta. E se tudo der certo, será uma ótima atriz.

Sorrio e me aproximo dele, encostando nossos lábios delicadamente, começando um beijo calmo e romântico. Aquela sensação era tão boa, era como se centenas de borboletas estivessem em meu estômago, pedindo por mais e mais daquele momento e daquela sensação.

— Tudo bom, casalzinho? — Larie grita correndo até nós — O sinal da última aula tocou há dez minutos! Estão todos se preparando no auditório já!

Eu e Luke nos olhamos rapidamente, recolhemos nossas coisas e corremos até o auditório, o mais rápido que conseguíamos.

Chegando lá, o auditório já estava completamente lotado. Nossos amigos se encontravam na segunda fileira, atrás do pessoal da diretoria e professores. Meu coração dispara ao ver um homem, totalmente desconhecido, de terno e cumprimentando a diretora, que pediu para o mesmo se sentar ao seu lado.

— Larie... Quem é aquele cara? — Pergunto à ruiva ao meu lado, e aponto discretamente para a plateia.

— Também não faço ideia, mas parece ser alguém importante.

— Sim... Parece... — Engulo seco.

— Sky, vai dar tudo certo. Eu te amo. E olhe sempre pra mim. — Diz Luke, segurando em meu rosto. Logo o loiro gruda nossos lábios em um selinho demorado.

Sorrio assim que nos separamos.

— Estaremos na plateia, torcendo por você. — Fala Emma, me abraçando.

Fiquei andando de um lado para o outro; repassando a cena em minha mente. Totalmente nervosa e com o coração saindo pela boca de tanta ansiedade.

— Irei apresentar vocês! — A professora diz sorridente para mim e Carly.

Concordamos, sorrindo falso e ela sai.

— Hoje o dia será um pouco diferente. E sei que a maioria daqui agradece por isso. Esse ano, nossos formandos irão apresentar a peça Romeu e Julieta. Todos os personagens já foram escolhidos. Menos uma. A Julieta. E quem decide são vocês. Temos duas finalistas, Scarllet White e Carly Jones. As duas irão apresentar cenas curtas e no final, por palmas, vocês irão decidir quem será nossa Julieta. E lembrem-se, apenas palmas! Ah, já estava me esquecendo. Temos um convidado de honra aqui presente. Um dos diretores de uma das melhores faculdade de artes nos Estados Unidos, a Juilliard.

Me engasgo com a própria saliva ao ouvir aquilo.

Meu Deus.

A faculdade dos meus sonhos, e o diretor está bem aqui, prestes a me ver atuando.

— Uma salva de palmas para a nossa primeira finalista. Que foi escolhida por sorteio. Carly Jones.

Suspiro aliviada. Prefiro ser por último do que em primeiro, para ser sincera.

Me sento na cadeira da penteadeira e olho meu reflexo no espelho.

— Você consegue Scarllet. Você consegue.

Bebo um pouco d’água e vou para mais perto do palco, para ver Carly atuar.

— Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobre, reverência. — Diz Trent, o atual Romeu.

— Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e referente. Nas mãos dos santos paga o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente. — Carly fala calmamente, como se realmente fosse santa.

— Os santos e devotos não têm boca? — Ele diz, chegando mais perto da loira.

Só de pensar que terei que atuar com ele, e beijá-lo, o vômito já quer subir pela minha garganta.

— Sim, peregrino. Só para orações.

— Deixai, então, ó santa! Que esta boca mostre o caminho certo aos corações. — Trent falava por último, deixando Carly paralisada.

Ela havia esquecido a fala.

Trent a olha com as sobrancelhas arqueadas, mas ela continua ali, parada, sem se mexer e com os olhos arregalados.

— Então fica quietinha: eis o devoto. Em tua boca, me limpo dos pecados. — O moreno pula a fala de Carly, a beijando.

Ali havia acabado a cena dela. Uma cena não tão boa. E não digo isso porque eu a odeio.

— Muito bom, Carly! — A professora força um sorriso. — Agora com Scarllet White!

Respiro fundo e sussurro pra mim mesma “você consegue”. Entro no palco, e já pude ouvir os berros de meus amigos na plateia.

Bobos.

Hennin se deita no chão, com os objetos necessários para a cena, e começo meu show.

— Que vejo aqui? Um copo bem fechado na mão de meu amor? Certo, veneno foi seu bem prematuro.  Oh! Que sovina! Bebeste tudo, sem que me deixasses uma só gota amiga, para alívio. Vou beijar esses lábios; é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte. — Me aproximo e dou um beijo na bochecha de Trent. Ainda não estou pronta pra encostar meus lábios naquilo. Respiro fundo e continuo — Teus lábios estão quentes. Ouço barulho. Preciso andar depressa. Oh! Seja bem-vindo, punhal! Tua bainha é aqui. Repousa aí bem quieto e deixa-me morrer. — Pego a faca de brinquedo e a coloco em meu peito, logo caindo ao lado do moreno.

Suspiro aliviada de finalmente ter acabado e de não ter errado nem uma fala sequer. O único som no auditório eram palmas e gritos. E levanto e agradeço, sorrindo de orelha a orelha.

Todos começam a bater palmas em pé, bem, nem todos, mas a maioria.

— Bom, agora é o momento decisivo. Palmas para Carly Jones. — Fala a professora.

Várias palmas foram feitas no momento, me deixando mais nervosa do que já estava. Olhei para meus amigos, que batiam os dedos mindinhos um no outro, com cara de sono. Ah, como eu os amo. Olho para Luke, que manda dois dedos positivos pra mim, sorrindo confiante.

— Agora para a segunda, a minha maravilhosa, Sky! — Ela fala e eu mordo o lábio, abaixando a cabeça, cem por cento preocupada.

Mas a preocupação passou assim que várias palmas foram feitas pra mim. Várias.

Levanto a cabeça, sorridente, vendo, novamente, todos em pé. Meus amigos, meus ex amigos do grupinho de James, os professores, a diretora e até o diretor da faculdade.

— Acho que temos uma vencedora. — A mulher dos cabelos loiros cacheados diz, sorridente. Eu a olho, cheia de lágrimas nos olhos e a abraço.

— Obrigada. Muito obrigada! — Falo já chorando.

Assim que me solto da mesma, me viro, vendo Luke ali na minha frente. Corro até ele e pulo em seu colo, o beijando apressadamente. Luke deixa suas duas mãos em minha costas, me segurando.

— Parabéns, meu amor! — Ele diz, após o beijo e vários selinhos.

— Eu não disse que um dia seria você? — Calum fala rindo para meu namorado, dando tapinhas em minhas costas. — Parabéns pequena! Você merece! — Deposita um beijo em minha bochecha.

Desço do colo de Luke e o abraço. Calum era o meu segundo melhor amigo; igual a Luke, sempre esteve aqui para o que eu precisasse.

— Minha irmã! — Emma corre a me abraça — Sabia que você iria ganhar! Estou tão orgulhosa de você!

Após Emma, abracei Larie, Ash e Lara, que disseram as mesmas coisas que os outros antes deles.

— Sabe Sky... Acho que essa competição já foi ganha antes mesmo desse teste patético. — A voz patética de Carly me atrapalha a abraçar Michael. — Você é e sempre foi a preferida da professora. Todos nós sabemos disso.

— É, Carly... Qual foi a parte de que “o público decide com palmas” que você não entendeu? — Falo, cruzando os braços e dando um paço a sua direção. — E convenhamos, quem mandou errar uma das falas mais importantes da peça? Ops, errar não, esquecer? — Digo sarcástica.

Todos em volta que acompanhavam aquilo, riram.

A loira bufa e sai batendo os pés de volta para seu grupinho.

Viro-me novamente para onde eu estava e abraço Mike.

— Quando você estiver estrelando filmes daqui a uns anos, ou até mesmo meses, eu quero ir nas pré-estreias e quero vários baldes de pipoca com manteiga e vários copos grandes de coca cola, beleza? — Mike diz, fazendo-me rir.

— Pode deixar. — Rio, abraçando Luke pela cintura.

— Estamos indo lá pra fora, vocês vêem? — Ash nos chama.

— Já encontramos vocês lá! — Responde Luke. — Fiquei muito feliz quando você não o beijou.

— Eu não conseguiria. Tenho um pouco de nojo dele. Sabe, ele deve ter beijado oitenta por cento dessa escola.

— Até eu teria. — Ele ri. — Estou muito orgulhoso de você, minha Julieta. Você nem imagina o quanto.

— Te amo. — Sorrio boba.

— Eu também, muito, muito, muito — Ele me beija rapidamente. — Acho que alguém quer falar com você. — Ele olha por cima de mim com os olhos, praticamente me empurrando.

— Scarllet White, certo? — Pergunta o diretor da faculdade dos meus sonhos, vulgo Juilliard. Assenti, ansiosa. — Não sei se você irá querer cursar alguma faculdade, pois você realmente nem precisa, é perfeita no que faz. Mas eu e a Juilliard estaremos de portas abertas para você. Sempre. Se quiser pelo menos fazer uma visita, ver alguma aula, sempre estará convidada, Julieta. — Ele sorri, me entregando um livro fino, sobre a faculdade. — Poderíamos até lhe oferecer uma bolsa.

— Essa faculdade é o meu sonho! — Falo sorrindo boba — E eu vou sim querer estudar lá. Ver algumas aulas. Dar uma visita. Tudo! Muito obrigada!

— Você será uma ótima atriz, Scarllet! — Ele fala sorridente e volta para onde a diretora estava.

— Meu Deus! — Sussurro pra mim mesma, quase morrendo do coração. — Vou realizar meu sonho. Mas... Juilliard é em... New York...

Não preciso de permissão

Tomei a decisão de testar meus limites

Porque é da minha conta, Deus é minha testemunha

Começar o que terminei

Não preciso hesitar

Tomando o controle desse tipo de situação

Estou travada e carregada

Completamente focada, minha mente está aberta

Continua...