Scarlett Blake
E lá estava eu, dentro do metrô esperando para que minha estação chegasse. Com os fones no ouvido eu cantarolava canções aleatórias enquanto pensava: o que dizer a meus pais. Eu poderia simplesmente falar que eu dormi na casa de uma amiga, mas eles não acreditariam. Falar a verdade aqui não era realmente uma boa ideia, imagine chegar em seus pais e dizer que você se alcoolizou, dormiu e transou com um desconhecido novamente e ainda por cima não sabe ao menos o nome dele, pois é, a verdade não é uma opção.
Você deve estar se perguntando, “porque transar com um desconhecido?” e eu te respondo, quando quebram seu coração excessivamente você acaba se tornando uma pessoa desconfiante de tudo e eu usei essa desconfiança transformando-a em diversão, assim eu me alcoolizo e tudo acaba em sexo.
Finalmente minha estação chega, então, eu desço do trem e vou andando até minha gélida e estranha casa. Chego e a encaro por um tempo:
- É agora ou nunca Scarlett – murmurei e logo adentrei a casa – Mae? Pai? – eu gritava da porta sala e ninguém respondia – Matt?
Nem um sequer barulho naquela casa, pra minha sorte. Subi para o meu quarto e fui direto para o chuveiro, o melhor lugar na minha opinião, fazer meus shows, pensar e principalmente tomar banho. Lá estava eu sentada no chão do banheiro, ouvindo música depressiva e chorando em posição fetal. Ok, talvez chuveiro não seja o melhor lugar do mundo apenas por trazer algumas lembranças do passado, nas quais todas são ruins, todas sobre aquele idiota, todas sobre as vezes em que ele quebrou e pisoteou meu coração de uma maneira tão, mas tão dolorosa que eu fui capaz de virar quem eu sou hoje.
Deitada, olhando o teto, ouvindo a chuva cair, isso resumia meu dia. Giro, rolo na cama mas nada de dormir, não era sono que faltava e muito menos cansaço. Meus pensamentos não me deixavam, nem um segundo sequer, então com minha mente de gênia, tomei um calmante e logo cai na inconsciência.
Borboletas. Eu sempre sonhava com borboletas, borboletas brancas pra ser mais exata. Um sonho estranho, quem sonharia com borboletas brancas? Bom, não importa.
Acordei com o despertador tocando “Bitch, I’m Madonna” (a melhor música da atualidade na minha opinião), peguei o celular e olhei as horas, eram seis horas da manhã.
- Hora de acordar Scarlett – dizia eu, enquanto levantava e caminhava para o banheiro.
Fiz minhas higienes matinais, como tomar banho e escovar os dentes, me enrolei na toalha e andei até meu armário. Primeiro dia de aula, o que vestir? Não quero ser aquela pessoa que parece uma vadia, ou até mesmo que chame muita atenção, sempre fui neutra quando o assunto é o colégio. Sabe aquela pessoa que come sentada no vaso sanitário, no banheiro? Sou desse tipo de aluna, nunca me socializei muito, o que é estranho pra uma pessoa que transa com qualquer um.
Depois de passar quase quarenta minutos me arrumando eu finalmente achei uma roupa que ficasse boa, seria aquela mesmo que eu iria usar. Passei base e lápis na cara, para não parecer um peixe morto, e desci as escadas devagar tomando como destino a cozinha. Andei calmamente até a mesma. Minha mãe estava ali, fazendo o café:
- Bom dia mãe – andei até ela, a abracei – como a senhora está? – perguntei enquanto me sentava na bancada.
- Muito bem filha – ela sorriu simpática e colocou a garrafa térmica de café na mesa – e a senhorita?
- Tive aquele sonho, com as borboletas, de novo – desci da bancada e me sentei a mesa
- Esse seu sonho é medonho – ela riu e se juntou a mim – MATT, JOHN VENHAM TOMAR CAFÉ – ela gritou, quase me deixando surda – Continuando, por que será que você tem esse sonho desde que nos mudamos para cá?
Sinceramente eu não sei, já fazem dois meses que nos mudamos. Você deve estar se perguntando “Mudaram de onde? Onde estão agora?” então, vou te explicar minha história. Meu nome é Scarlett Blake, tenho 17 anos e moro com meus pais, Johnny Blake e Elizabeth Blake, e com meu irmão, Matthew Blake. Nós morávamos em Camberra, na Austrália, tínhamos uma vida boa lá, eu tinha minha melhor amiga, alguns colegas e até mesmo um trabalho como jovem aprendiz, mas meu pai conseguiu uma promoção aqui em São Francisco, Califórnia, e nós nos mudamos pra cá.
- Não sei, mas pelo menos o papai tem um trabalho melhor aqui não é mesmo? – sorri e peguei uma maçã – Mãe, já vou indo, não quero me atrasar – levantei da cadeira e dei um beijo em sua bochecha – eu amo a Senhora
Sai daquela casa sã e salva. Fui andando para o colégio, não queria pegar o metrô, até porque de manhã o metrô é lotado de pessoas mal cheirosas. O colégio não era tão longe de casa, cheguei em quinze minutos, e de primeira impressão já posso dizer que isso é lotado de pessoas riquinhas que se acham as donas do mundo e isso é muito bom, só que não.
Andei até a recepção, onde encontrei uma velhinha bem fofa, parecia simpática ao menos.
- Olá, meu nome é Scarlett Blake, sou aluna nova e estou e busca de meus horários – me apoiei no balcão, olhando a senhorinha.
- Olá minha jovem – sorriu ela – Seja bem vinda, sou Charlotte – ela pegou o horário e me entregou – Qualquer dúvida é só perguntar.
Agradeci e sai dali, olhando o horário. Aula de química, sempre gostei de química. Fui até a sala, com um pouco de dificuldade, mas a encontrei, entrei e me sentei na primeira mesa que eu vi, aquelas mesas de dupla, não seria um dia fácil. Outros alunos logo chegaram e foram se acomodando em alguns lugares, então, um rapaz veio e se sentou ao meu lado. Um rapaz bonito e alto, de olhos verdes e cabelos cacheados.
- É nova aqui? – ele perguntou enquanto o professor passava formulas no quadro negro – Prazer, Harry Styles – esticou a mão pra mim
- Sou nova sim – sorrio e apertei sua mão – Scarlett Blake.
Conversamos um pouco e logo voltamos a prestar atenção na aula. Harry parecia ser uma pessoa gentil, pelo menos arrumei um amigo, eu acho.
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