Hyunjin corria em direção da saída do colégio, pegando um atalho pelos fundos da escola, para ninguém o ver chorando. Quando viu está longe da cerejeira em que os outros estavam. Ou ele pensava que estavam.
Parou um pouco para recuperar o ar e enxugou as lágrimas com a manga da blusa. Não conseguia acreditar no que havia escutado. Nunca esperou aquele tipo de atitude vinda do maior. Principalmente pelo fato da relação entre ele e Minho sempre ter sido saudável.
Depois de um tempo, ele ouviu passos. Pensou que fosse um aluno qualquer, já estava até preparado para sair dali o mais rápido possível. Mas quando viu que era Jisung, ficou mais calmo e continuou a enxugar as lágrimas pesadas que caiam de seus olhos.
– Hyunjin! Você está bem?
– Eu pareço bem, Han Jisung?
– Não... ele não está falando a verdade, você não quer chamar a atenção e...
– Você acha que acreditei nele? – cortou Hyunjin – só a última parte que eu acho que ele disse a verdade pra mim.
– Eu dúvido que sim, o que ele disse não foi legal...
– Eu sei que não! Mas também sei que eu só sirvo pra atrapalhar a vida das pessoas. Por favor vai embora, eu preciso ficar sozinho. – Pediu o Hwang.
Jisung apenas murmurou um “desculpa” e deu meia volta, indo para sua sala.
Hyunjin saiu do local, indo calmamente até sua casa, agora não chorando tanto, mas sentindo um grande pesar no coração e uma tristeza profunda.
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Hyunjin demorou cerca de uma hora para chegar em sua casa. Geralmente ele ia para o colégio de bicicleta, mas hoje havia pegado carona no carro da mãe de Jisu, melhor amiga da irmã de Hyunjin, Yeji. Foi caminhando calmamente, mas quando chegou estava exausto.
Assim que chegou em casa, Hyunjin sentou no grande sofá branco e ficou olhando para as paredes bege. Morava apenas com a irmã, Yeji, que vivia na rua saindo com suas amigas.
Seus pais decidiram que os filhos já estavam “grandes demais” para morarem com os eles, então alugaram uma pequena casa para Hyunjin e Yeji morarem, longe da moradia onde cresceram. Também depositavam uma pequena quantia para os filhos comprarem mantimentos, apesar dos irmãos Hwang terem empregos pequenos, Hyunjin como auxiliar numa escola do jardim de infância e Yeji como garçonete numa lanchonete não muito longe de sua casa.
Hyunjin nunca entendeu o que fez os pais terem essa atitude. Assim como Yeji, ele sempre foi comportado, sempre tirou notas boas e nunca se metia em encrencas ou brigas. Algo dizia que era pela orientação sexual dos irmãos, já que os pais eram homofóbicos. A ideia de colocar os filhos para morarem sozinhos surgiu um mês depois do Sr. e Sra. Hwang descobrirem que o filho era homossexual, e algumas semanas depois da filha se assumir bissexual.
A família Hwang era uma família muito tradicional. Era bem endinheirada, já que o Sr. Hwang era dono de uma grande empresa de automóveis no centro de Seul. Sra. Hwang não trabalhava, passava o dia todo cuidando de sua casa e de seus filhos. Sempre trataram Yeji como a princesinha da casa, sempre mimavam a filha. Já Hyunjin cresceu ouvindo que herdaria a empresa do pai, então devia ser comportado e estudioso desde pequeno.
Yeji não queria de forma alguma se tornar como a mãe. Não queria se casar com um homem rico para não precisar trabalhar, não queria ser dona de casa. Queria estudar numa boa faculdade para conseguir um bom emprego, como advogada ou médica.
Hyunjin não queria herdar a empresa do pai. Ele via como o mais velho tratava seus funcionários: como inferiores. Era sempre rude e agressivo, Hyunjin não queria ser aquilo. Queria fazer algo que gostasse, viver livremente, tratando todos como iguais.
Já que os irmãos Hwang tinham ideias totalmente diferentes a dos pais, não acharam tão ruim morar sozinhos.
Hyunjin ficou com os olhos fixos na parede, pensando. Estava colocando a cabeça no lugar. Sempre teve a impressão de que muitas pessoas não gostavam dele, mas nunca imaginou que alguém desejaria sua morte. Muito menos um de seus melhores amigos.
Decidiu que se afastaria de Minho por um tempo, e talvez de Jisung também. O jeito que ambos estavam agindo com Hwang estava o irritando de certa forma. Esperaria as coisas voltarem ao normal para ter uma conversa com os dois.
Resolveu se distrair um pouco. Foi a até a pequena cozinha de sua casa e preparou uma pequena porção de pipoca. Quando ficou pronta, ele voltou a sala de estar e ligou a TV para ver k-dramas.
Passou o tempo e logo o relógio marcava uma da tarde. Era a hora que Yeji saia da escola. Ele já havia mandado mensagem para a irmã, avisando que estava em casa e explicaria o porque depois. Sempre foram muito próximos e contavam tudo um para o outro.
Depois de alguns minutos, ele ouviu a porta se abrir. Então, Yeji e Jisu entraram no cômodo em que Hyunjin estava. O garoto sorriu e cumprimentou as duas.
– A Jisu pagou nosso almoço. Ela disse que conhecia um restaurante ótimo – a irmã mais nova sorriu, assim como Jisu.
– Oh, muito obrigado, Jisu.
– Por nada, Hyun – disse a amiga de Yeji, piscando para o garoto.
Os três se sentaram para comer. Almoçaram em silêncio, só depois de comerem todo lamen se formou uma conversa. Jisu tinha cabelos castanhos não muito escuros, era uma garota muito extrovertida e animada. Falava alto e num tom divertido, sem ser irritante. Yeji era uma garota de cabelos loiros com mechas coloridas, quieta porém muito gentil e engraçada.
Hyunjin se responsabilizou pela louça para deixar as duas garotas livres para fazerem o que quiser. Então, logo as duas subiram para o quarto de Yeji.
Assim que Hyunjin terminou de lavar a louça, resolveu ir dar uma caminhada. Saiu de casa sem celular ou nenhum de seus pertences, já que pretendia andar apenas três quarteirões.
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Quando Hyunjin estava na rua de sua casa, voltando da caminhada, ele viu alguém parado na frente de sua porta. Antes de se aproximar ele analisou melhor a figura. Parecia ser um garoto de sua idade.
Se aproximou e logo percebeu que era Minho. Hyunjin se desesperou, não sabia como reagir. Não queria dar mais uma volta pelo bairro, mas também não queria olhar na cara do mais velho. Então apenas fechou os olhos e foi até Minho.
– Oi Hyunjin... – o Lee disse quase num sussurro – Olha, me desculpa, não disse aquilo falando a verdade ou pra te ofender, saiu por impulso e...
– Não, Minho, eu entendi. Ninguém me quer perto.
– Não, Hyun... – Minho já estava com os olhos cheios d'água – Eu nunca quis você longe, você é um dos meus melhores amigos. Eu estava com raiva, e não era culpa sua. Você nunca fez algo pra prejudicar mim ou a qualquer um. Você é uma pessoa ótima e bondosa, eu devia ser mais como você...
Hyunjin, que já chorava com as palavras do amigo, abraçou Minho forte, deixando as lágrimas caírem no ombro do mais velho. Minho retribuiu o abraço, também chorando, sem conseguir conter o sorriso ao perceber que foi perdoado.
– Eu percebi que você e Jisung estão agindo estranho tanto uns com os outros tanto comigo, o que houve? – Perguntou Hyunjin, depois de desfazer o abraço.
– Eu vou te explicar quando tudo voltar ao normal...
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