História Helbert e Alice - Alice

Capítulo 2. Alice

Eram sete da manhã e ela estava saindo do banho enrolada em uma toalha. Abriu seu armário e escolheu a roupa mais bonita que tinha, para ir a faculdade.

Ela tinha passado a noite em claro, apenas ouvindo seus pais brigarem. Sua família estava enfrentando problemas financeiros, devido sua mãe ter sido demitida do restaurante onde trabalhava, e do salário do seu pai ser tão baixo, que dava apenas para pagar o aluguel de onde moravam. Todas as contas já estavam atrasadas, e os armários iam se esvaziando aos poucos, logo não iriam ter o que comer.

Alice vestiu sua roupa e em seguida desceu até a cozinha para comer algo. Ela se deparou com sua mãe dormindo com os braços e a cabeça em cima da mesa.

- Mãe?

- Filha! - acordou assustada - Me desculpe meu amor, peguei no sono lendo um livro. - Justificou-se tentando disfarçar a briga da noite passada, mas o engraçado é que não havia livro nenhum na mesa.

- A senhora quer dormir no meu quarto? Eu vou comer algo e já vou para a faculdade.

- É, sim, eu vou. Obrigada.

Alice a acompanhou até o quarto, já pegou sua mochila, para precisar mais retornar lá, deixando sua mãe descansar em paz. Então retornou a cozinha, pegou alguns biscoitos para comer no caminho, porque já eram sete e quarenta, e as 8h precisava estar na faculdade.

No caminho para a universidade, a única coisa que passava por sua cabeça, era de como iriam conseguir dinheiro para pagar as contas e comprar comida. Pensou em várias possibilidades de trabalhos, mesmo que seus pais não quisessem que ela trabalhasse, queriam apenas que ela focasse nos estudos. Mas não podia, ela precisava fazer algo, se sentia na obrigação de resolver aquele problema.

Faltando apenas duas quadras para chegar a universidade, ela parou, sentou em um banco velho que ficava em uma parada de ônibus, e começou a chorar. Ela estava muito aflita, sabia que a briga dos seus pais iria repetir na próxima noite, que talvez eles até se divorciassem. E se não tivessem o que comer na próxima semana? E se cortarem a luz e água? Será que teriam que atrasar o aluguel? Mas e se os despejassem? Estava tudo muito confuso e preocupante em sua cabeça.

Ela olhou as horas em seu celular, e faltavam cinco minutos para o sino da universidade tocar. Ela se levantou, e continuou caminhando.

Chegando na universidade, notou um menino parado em frente ao portão - Por que ele está me olhando? - pensou. Estava nítido que o garoto estava a encarando. Será que era tão perceptível sua tristeza e seu choro?

Ela passou por ele, entrou, e secou suas últimas lágrimas. Mas algo a incomodava, e não era sobre seus problemas, mas sim sobre alguém que estava vindo atrás dela - Ele tá me seguindo? É sério? Além de fica me encarando, agora quer me acomapnhar até a sala? Que babaca. - pensou, mas decidiu não falar nada.