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História Helheim; mundo dos mortos. - Capítulo XIX


Escrita por: Mira-a

Notas do Autor


Boa noite. Nem demorei não é mesmo?

Então, esse capítulo é continuação direta do anterior. Eu ia colocar mais um pouco da batalha do Sasuke em paralelo, mas decidi respeitar o tempo correto das coisas e deixei para o próximo kk.

Boa leitura.

Capítulo 20 - Capítulo XIX


Helheim: mundo dos mortos

Por ~ Mira-a

Nidavelir, reino dos anões

Em algum lugar próximo a Svart.

 

                A pequena casa de madeira estava próxima, mas ela já estava cansada de arrastar aquele corpo pesado. Bem que tentou acordar o homem, porém, a quem estava querendo enganar? Já era muita sorte ele estar vivo, muita sorte mesmo.

                Três dias haviam se passado desde que toda aquela bagunça aconteceu. Três dias desde que tivera que correr de um confronto que lhe custaria a vida e fazia malditos três dias que se remoía por isso. Era a segunda vez na vida que fazia o certo, e fazer as malditas coisas certas era uma grande porcaria.

— É bom você não morrer seu bastardo. — Resmungou empurrando a velha porta de madeira com as costas e adentrando o local, surpreendendo a mulher lá dentro.

 — Odin! — Exclamou. — O que essa criatura faz dentro da minha casa, Tenten? — Tsunade se arrependeu instantaneamente de ter abrigado Tenten em sua casa. A garota havia perdido todo o juízo que lhe restava. — Eu sei que você acha que eu jotuns fazem parte da minja alimentação, mas eu já disso que isso é coisa da sua cabeça garota.

                A loira de seios avantajados falava sem parar e sem receber a mínima atenção de Tenten, que estava ocupada demais tentando encontrar um lugar adequando para deixar o corpo de Neji.

— ... e como uma nanica feito você, conseguiu derrubar essa coisa? — Tenten ouviu apenas as últimas palavras, um suspiro de alívio escapava dos lábios e as mãos soltavam os braços do moribundo.

                Ela estava soada, descabelada e muito cansada. Não tinha tempo para lidar com Tsunade, porém, não era como se ela tivesse alguma escolha.

— Ele não é uma ameaça — começou pelo principal.

— Não me diga?! — Tsunade rebateu, — ele é seu amiguinho? Jura? — Deboche e incredulidade escorriam por suas palavras. — Ele é a merda de um Jotun, você tem noção do que pode me acontecer se aqueles anões descobrem ele aqui? Ou pior, se outros dele aparecerem? Por Odin, você não vê que eu já corro bastante perigo em te deixar ficar aqui, precisa mesmo você fazer uma merda atrás da outra?

                Tsunade era energética e fala sem parar. Tenten tinha uma das mãos na cintura e a outra massageava a têmpora direita. Ela sabia que não seria fácil, entretanto, não esperava tanto alvoroço.

— Eu te disse não disse? Estou em uma bela confusão. Das grandes. — Desabou sobre a cadeira que estava mais próxima, que rangeu pelo baque brusco. — Eu estava viajando com ele, somos aliados. — Ela testou a palavras, sentindo-se meia estranha. Bela aliada que ela era. — Fomos atacados e eu precisei fugir.

                Contar as coisas por parte ajudaria, informação demais era sempre desnecessário.

— Precisou fugir, sei... — A loira disse. 

Conhecia Tenten, ou pelo menos houve uma época em que conheceu. Os anos mudam as pessoas, Tsunade melhor do que ninguém sabia sobre disso. Ela também sabia reconhecer uma mentira e céus, aquela garota mentia descaradamente.

— Eu preciso voltar lá — a cria de anão continuou — não encontrei Karin, mas não acredito que eles levaram o corpo. E tem a Hinata, também preciso encontrar ela.

— Por que mesmo você e seus amigos foram atacados? — Perguntou receosa. Algo naquela história não cheirava bem. Não havia muitas pessoas que atacavam Jotuns, apesar de motivos para tal ato não faltarem.

                Tenten havia aparecido na sua porta dias atrás, invadindo o espaço sem pedir permissão e quase morrendo graças a isso já que Tsunade não era uma mulher indefesa. Se a pequena garota não houvesse sido rápida o suficiente, teria sua cabeça partida ao meio pelo machado que foi arremessado nela assim que atravessou pela porta de madeira que rangia sempre que era aberta.

                Mesmo depois de reconhecer a face da menina que não via há anos, Tsunade pensou em matá-la. Ela havia voltado de livre e espontânea vontade e sabia que se qualquer anão a encontrasse por aquelas bandas, uma morte rápida seria a melhor das coisas que lhe acometeria.

                Mas a garota lhe dobrou, assim como fizera tantas outras vezes antes.

— Íamos até Svart — Tenten soltou, sorrindo com a cara de espanto da outra — eles não me fariam mal. Meus aliados são poderosos, importantes. Aquele velho até nos receberia se quer saber.

                Tsunade gargalhou, seria impossível não o fazer. Tenten era a escória das escorias, não importava quanto tempo passasse ou a qual senhor aquela garota servisse, Alberich jamais a aceitaria dentro de sua casa, os portões negros de Svart jamais se abririam caso fosse ela a bater.

— Os anos te deixaram tola. A única forma de você entrar com vida naquele castelo seria se Kol colocasse tudo a baixo, e já que você está aqui sozinha e precisando de minha ajuda, não deve ser tão importante para que ele faça isso.

— Ele nem mesmo deve saber da minha existência, mas acredite, ele não poria nada abaixo por mim. Talvez para me matar, contudo, ainda não fiz nada de grande para irrita-lo. E não Tsunade, ele não é o meu aliado poderoso. Eu nem estaria aqui se fosse. — Havia pesar naquela fala, não arrependimento.

— Do que você está falando?

                Tenten entendia as suposições da mulher apesar de não estar interessada em explicar. Ela andava com Jotuns, o pensamento mais lógico seria o de que ela havia se aliado ao senhor dos senhores.  

— Uma guerra está se iniciando, eu aparentemente escolhi o lado que perde batalha atrás de batalha.  Você já ouviu falar em Sasuke Uchiha? — Perguntou, sem prestar atenções nas feições de Tsunade — ele iniciou uma guerra contra Kol, nós estávamos indo atrás de algo que Sakura disse que nos ajudaria, não sei ao certo o que é. Fomos atacados por elfos negros, e bem, cá estou.     

                Fim das explicações. Tenten não sabia desenvolver bem as coisas, ela era simples e objetiva. Não gostava de perder tempo. Aprendeu isso por nunca o ter a sua disposição. Estava sempre fugindo, por isso não perdia um tempo precioso com coisas desnecessárias.

 — Você... — Tsunade interrompeu a si mesmo, continuando em seguida — vá atrás dos seus outros amigos, eu cuido desse aqui. Vá depressa garota, antes que eu me arrependa.

                Tenten não discutiu. Sua cabeça estava cheia de outras preocupações para se importar com as loucuras de Tsunade. Ela era uma velha estranha. Deveria ter uns mil anos, pensou e sorriu com o próprio pensamento.

                Tsunade não era uma anã e era a única de outra raça que era permitida viver sobre aquelas terras. Ela servia de curandeira e talvez por isso Alberich permitisse sua estadia ali. Nunca se importou em perguntar.  Conheceu a velha quando teve que fugir pela primeira vez.

                O grande Alberich, rei sobre os anões, havia descoberto sua existência. A mestiça sangue sujo que vivia abaixo de seu teto, comendo de sua comida e bebendo de sua bebida. Não se lembrava ao certo a idade que possuía na época, todavia era só uma criança chorona e cheia de um maldito orgulho.

                Sorriu amargurada. As lembranças amontoavam-se em sua cabeça conforme ela corria por aquelas terras, e era impossível impedi-las de vir. Estar em casa depois de tanto tempo e em uma situação como aquela havia abalado suas estruturas, desmoronado algumas de suas barreiras.

                O pai, que tanto era carinhoso, veio desesperado a seu encontro. Ela estava perto de uma das fornalhas, adorava sentir o calor, ver como o aço tomava forma quando exposto a ele. Joias, armas, tudo saia dali. E os mais perfeitos eram os que seu pai fazia. Ele era o melhor. O herdeiro de mãos abençoadas.

                Ele havia chegado desesperado, a pegado nos braços e a tirado de lá. Lembrava-se de perguntar o que estava acontecendo, dos gritos que os rodeavam e de ser empurrada pela mesma porta na parede que usava quando ia vê-lo. Ele lhe disse para correr, para ir até sua mãe é dizer que haviam sido descobertos.

O medo nublava os olhos sempre amorosos de seu pai, e ele lhe abraçou fortemente antes de fechar a passagem. Aquela foi a última vez que o viu.

                Quando chegou até a casinha simples onde morava com a mãe, lágrimas banhava seu rosto infantil, o coração batia acelerado no peito. Quando dissertou sobre o ocorrido para sua mãe e lhe disse o que seu pai mandara, viu a mulher chorar e soube, naquele exato momento, que sua vida nunca mais seria a mesma.

                Sua mãe então lhe olhou, de uma forma totalmente diferente. Foi a primeira vez que recebeu aquele olhar. Era o olhar de quem vai pedir algo impossível de se fazer, algo que não é justo, mas necessário. Um olhar banhado em adeus e desculpas. O olhar de quem te diz para fugir enquanto fica para trás para morrer.

                Era uma criança orgulhosa, apesar de não entender na época o que era tal sentimento. Disse a mãe que lutaria, que salvaria suas vidas e voltaria para salvar seu papai, porém, teve suas palavras caladas por um tapa estralado na face. O choque foi tanto que as lágrimas cessaram e a voz, não voltou.

                Sua mãe nunca havia lhe batido.

                Não houve mais discursão sobre as ordens seguintes. Tenten correu pela floresta, era um caminho conhecido apesar de o ter percorrido por poucas vezes. Foram horas sozinha naquele caminho, até encontrar a casa de Tsunade.

                Não precisou dar explicações lá. A mulher era amiga de sua mãe e parecia saber sobre tudo. Ela apenas a abrigou, escondeu, cuidou até que pudesse se virar sozinha e assim como os seus pais, a mandou embora. Sem um rumo certo dessa vez.

                Dormiu ao relento muitas vezes. Mendigou comida nas cidades dos homens, e teve que fugir muitas vezes dos que a viam como ela era: alguém indefesa. As criaturas que povoavam a terra média eram cruéis, Tenten aprendeu isso das piores formas possíveis.

                Foi em um pequeno vilarejo que conseguiu abrigo. Fora uma troca de benefícios. Asuma era um velho ferreiro que sempre encontrava a menina se esquentando próxima a fornalha de sua oficina, ou lhe bisbilhotando trabalhar.

                Ele precisava de um ajudante, porém, não podia pagar muito. Tenten não precisava de quase nada. Apenas um lugar para dormir e um pouco de comida. 

                Anos passaram, e a garota magricela que mendigava comida nas ruas, se tornou uma gatuna de mãos ligeiras. Asuma não era o mais honesto dos homens e ensinou não apenas a arte dos ferreiros a garota, como também a roubar, ludibriar e a não se importar com os outros. Tenten não recebeu carinho lá, mas havia um teto sobre sua cabeça, lições diárias de como sobreviver no mundo branco e comida quentinha. Eram quase uma família.

                Os tempos de paz da garota eram contados, ela descobriu isso ao longo dos anos. Os seus com Asuma acabaram quando a fama de suas espadas, armaduras e escudos correram pelos mais remotos cantos de Midgard, escorrendo pelas fronteiras e chegando até os ouvidos vingativos do rei dos anões.

                Asuma havia descoberto sua mina de ouro com aquela mestiça. A garota podia ter sangue sujo, porém, herdara dos malditos anões o dom único sobre a arte de forjar. Ele a protegeu por muito tempo, não por amor ou qualquer outro afeto que tenha desenvolvido, e apesar de Tenten ter sido a criatura a chegar mais perto de tocar seu coração, chegou o dia em que ele a vendeu.

                O ouro dos anões valia mais que qualquer coisa.

                Tenten conseguiu fugir antes que fosse pega. Não olhou para trás e não se importou em ter a certeza de que os anões matariam Asuma. Naquele dia ela finalmente aprendeu que as pessoas não merceiam seus sentimentos, suas verdades. Não mereciam que se importasse.

                Agora ali, se esgueirando com receio de ser vista, Tenten nem mesmo se perguntava se fazia o certo. Mesmo tendo escolhido o lado que perderia, ela possuía um tipo de certeza nova sobre suas ações. Sakura era diferente, Hinata era diferente, Karin, Neji e todos os outros pareciam ser diferentes.  

                Assim que saiu da floresta, chegando no campo que antecedia a cidade negra onde havia se separado de Hinata e Sakura, se amaldiçoou pela sua demora.

                Anões não costumavam fazer ronda em suas fronteiras. Eram um povo neutro, não possuíam lado e eram demasiadamente tolos por terem a certeza de que não seriam atacados. O exército não passava a maior parte de seu tempo treinando ou vigiando, eles escavavam atrás de ouro, forjavam armas dos metais mais puros e admiravam as próprias riquezas.

                Confiada em seus conhecimentos, Tenten esperou até que soubesse que não havia mais nenhum maldito elfo por ali, certificou-se de sair da toca apenas quando não houvesse menção de perigo maior que os próprios anões, mas fora uma grande tolice.

                De onde estava podia ver três anões em suas armaduras rusticas, montados sobre javalis tão grandes que seriam capazes de destroça-la em um piscar de olhos. Fora os machados que eles carregavam. Odin!

                Ela também observou a paisagem ao redor, retificando como era uma tola.

                O chão antes coberto por um capim baixo e com pequenas elevações de terra e rocha, era agora coberto por flocos brancos, possuía cristais de gelo longos e afiados se erguendo do chão e se entrelaçando no ar. A vegetação em alguns pontos estava apodrecida, escura e fria.

                Utakata e Hinata haviam lutado ali, frente a maior cidade daquele reino, era tolice achar que eles não chamariam atenção. Era tolice achar que os anões continuariam desleixados depois disso.

                Hinata não estaria lá, impossível. Ela havia errado?

                A escolha inteligente seria dar meia volta e fingir que nunca esteve ali. Sabia lutar e tinha a vantagem de ainda não ter sido vista, mas não era como se fosse conseguir matar aqueles três e mesmo se conseguisse, todas as atenções se voltariam para ela. Lutar na porta da cidade era uma coisa, matar um deles era outra bem diferente.

                Entretanto, aquele não era um tempo de escolhas sábias.

                Apoiando o corpo de forma firme, ela se manteve ainda agachada tendo as arvores como proteção enquanto puxava um arco e flecha. Fora útil ter pegado ele com Tsunade antes de sair para procurar Neji e não ter devolvido quando voltara. Não era um arco e flechas élficas, mas era uma arma feita por anões, então seria tão boa quanto. Sabia que não derrubaria os três com suas flechas, porém, se conseguisse matar um, seu trabalho com o machado seria mais fácil.

                A flecha não atravessaria a armadura por isso ela precisava acertar no meio da fuça de um deles. Os três conversavam e sorriam de forma extravagante, dando pouca atenção ao redor. Eles também não se moviam por longas distancias, se resumiam a um ponto, Tenten percebeu enquanto aprumava sua mira: Eles não vigiavam as fronteiras, eles guardavam algo.

                Sorriu. A flecha escorregou leve, fazendo um caminho certeiro. O crânio de um dos três foi acertado em cheio fazendo as vozes se calarem. Os dois que sobraram voltaram suas faces revoltas para a direção de onde a flecha havia surgido, atiçando os animais ferozes para que corressem a seu encontro.

                Atirou outras flechas, mas essas foram falhas. Um dos javalis jogou-se para sobre seu corpo fazendo Tenten rolar pela terra, desviando da melhor forma que podia. O anão que montava o animal foi tolo o suficiente para pular no chão, avançando sedento sobre a presa. Ele era mais forte, apesar do corpo pequeno e gordo, porém, Tenten era mais rápida. Ágil.

                Empunhou seu próprio machado e ainda do chão, acertou a perna do anão, fazendo um urro de dor escapar da garganta dele. Não houve tempo para comemorar, pois o outro, ainda sobre o animal a atacou pelas costas, jogando seu corpo longe com um golpe.

                A malha fina de aço élfico que havia roubado de um dos corpos dos elfos que encontrara morto, fora bem útil, afinal, sem ela estaria morta naquele momento. Levantou do chão aos trancos, cuspindo terra e matos que haviam adentrado por seus lábios, limpando o restante da sujeira com as costas da mão.

                Virou o corpo e viu o anão já de pé, arrodeando seu corpo. O outro segurava o corte da perna, incapaz de levantar.

— Ora, ora — ele disse, fazendo os olhos de Tenten revirarem nas orbitas. Ela era definitivamente uma filha da puta azarada — de todas as pessoas, você era a que eu menos esperava encontrar aqui, ladrazinha.

                Brokk a caçava desde sempre, era o melhor rastreador que conheceu e um maldito que nunca parecia desistir. Possuía a barba longa que quase todos os anões exibiam, trançada e de cor amarronzada. Não era nenhum jovem, mas a face desfigurada por uma enorme cicatriz que lhe rachava do olho esquerdo ao canto direito dos lábios, o fazia aparentar ter muitos anos a mais do que deveria.  Não era gordo como o outro que lutava para se levantar, tinha um corpo robusto e era bastante forte. Tenten sabia bem disso.

— Alberich vai me deixar rico quando eu levar sua cabeça para ele.

— Depois de todos esses anos você ainda não entendeu que não vai conseguir me matar?

                Ambos sorriam, um cheio de confiança e a outra, tentando não demonstrar fraqueza. Era bem verdade que Tenten havia escapado por entre os desde de Brokk por todos os anos de sua vida, contudo, não era como se ela pudesse fugir ali.

— Sem esgotos para você se esconder, sem buracos para você se enfiar.

                Ele estava certo, era lutar ou morrer.

— Não preciso fugir de um velho. Nossos encontros acabam aqui Brokk.

                Sem mais palavras, Tenten partiu para cima do inimigo. Ela lutava bem, era rápida, traiçoeira. Mas Brokk também era. Foram poucos minutos para que ele a derrubasse no chão. A cabeça bateu contra a raiz de uma arvore e a mão vacilou sobre o cabo do machado.

— Vamos lá garota, mereço mais esforço que isso depois de todos esses anos. Vou deixar você levantar, precisa de um tempo para descansar também? — Perguntou, movendo-se na frente da mulher que respirava de forma pesada.

                A vontade era de levantar, enfiar o machado no peito daquele homenzinho nojento e então cuspir palavras de deboche em sua cara, igualmente ele fazia, mas não estava sendo fácil. Seu corpo recebera golpes demais, a pancada na cabeça deixou a visão turva e os movimentos letárgicos.

                A raiva a mantinha consciente, nada além disso.

— Acabe logo com isso Brokk — o outro disse, usando o próprio machado como apoio para se manter de pé.

— Cale a boca Nik. Não me diga que está com pena dessa escoria?! Você é fraco demais.

— Você está tornando isso sua vingança — Nik respondeu — já se passaram anos, e ela era só uma criança, não merece pagar por coisas que não teve culpa.

                Brokk gargalhou tanto daquela frase que o corpo curvou para trás e depois para frente, ele teve que apoiar uma das mãos no joelho para recuperar o folego, e quando o fez, todo o clima estranho que surgiu com a risada se esvaiu, dando lugar a um opressor silêncio, seguido de palavras amargas.

— Olhe bem para a minha cara e me diga o que vê?! — Cuspiu raivoso, sem o menor resquício do divertimento anterior — foi por causa dessa vagabunda que eu a recebi. Foi o pai dela, meu melhor amigo, quem me fez isso! Então, se você é um traidor como ele, cale a sua boca enquanto eu brinco mais um pouco com ela e não se preocupe, tem lugar para vocês dois no mesmo buraco em que eu joguei aquele maldito traidor.

                Tenten prestava pouca atenção na conversa, tentando arrumar um jeito de sair dali com vida. Ela já se encontrava de pé e pronta para fazer algo, quando aquelas palavras a chocaram.

— Você matou meu pai?

                Ela não ouvia mais as coisas a seu redor, todos os sentidos de seu corpo pareciam ter sidos direcionados para aquele homem e sua última fala.

                Brokk sorriu, a olhou dos pés à cabeça antes de responder. 

— Sim, e brinquei bastante com a vadia da sua mãe antes de também matá-la.

                O sangue correu quente e rápido pelas veias de Tenten, uma pressão subiu pelo pescoço parando em seus ouvidos. Seus olhos foram cegados pela raiva. Berrou, cheia de ódio, partindo para cima do homem tendo seu corpo adormecido das dores que sentia.

                Brokk gargalhou, decidido a matar aquela praga.

                Tenten não possuía mais uma forma organizada de luta, ela simplesmente atacava como um animal raivoso e implacável. Os golpes que recebia não pareciam a afetar, pois ela continuava a avançar. Em seus olhos castanhos e furiosos Brokk viu o passado: ela possuía o mesmo olhar que o seu melhor amigo.

                Foi um mero momento de distração, no qual Tenten acertou o machado forte em seu ombro, atravessando o aço da armadura e lhe cortando carne e osso. Urrou de dor, cambaleou até parar no chão, mas a mulher não parou. Outro golpe veio, ele usou o mesmo braço como escudo e este foi destroçado. Seus gritos não a paravam, o sangue que escoria pela face e corpo da garota parecia não a incomodar.

                Estava pronto para receber o último e certeiro golpe quando Nik segurou a garota e a jogou para longe.

— Seu pai e seu mãe não se sacrificaram para isso — disse — eles morreram para que você fosse melhor do que nós, para que você tivesse essa chance. Não estrague tudo por causa de alguém como ele.  — Apontou para Brokk, que já havia apagado devido a dor.

                Lágrimas já lavavam o rosto ensanguentado da garota que não estava disposta a parar. Mataria os dois.

— A Jotuns vindo para cá, saia daqui enquanto ainda pode.

                Dando as costas para Tente, foi até Brokk. Não havia salvação para ele.

— O que vocês guardavam? O que os Jotuns estão vindo buscar? — A voz de Tenten soou a suas costas. Próxima demais. Ela tentava se focar no mais importante agora, afinal, matar aquele bastardo não mudaria o passado.

— Tem uma mulher, uma igual a eles, caída logo a frente. Não está morta, ainda. Alberich achou melhor entrega-la para Kol e evitar problemas.

— Por que não a moveram de lá?

                O anão soltou um pequeno riso antes de responder.

— Vá lá e veja por si mesmo.

                Sem esperar por outras palavras, ela foi, usando o machado como apoio do corpo cansado e ferido, dando os passados mais firmes e rápidos que podia. Se haviam Jotuns chegando ela precisava partir o mais possível.  

                Não demorou para que ela chegasse ao local, confusão e surpresa preencheram sua face.

                Hinata estava jogada no chão. O rosto de encontro a terra, um dos braços por baixo do corpo e o outro que estava livre próximo ao pescoço, onde uma flecha negra estava cravada. Havia gelo ao redor de seu corpo, os olhos abertos pareciam ainda mais translúcidos e o mais assustador de tudo: ela ainda respirava.


Notas Finais


Tô amando escrever sobre a Tenten :) porém, os próximos serão forcados no nosso trio mais querido Sasusakukol kkkkk
Me digam, o que estão achando?

Bjokasss e até o próximo!


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