1. Spirit Fanfics >
  2. Helheim; mundo dos mortos. >
  3. Capítulo VI

História Helheim; mundo dos mortos. - Capítulo VI


Escrita por: Mira-a

Notas do Autor


Boa leitura *-*


O capítulo se passa 10 dias após o capítulo passado (11 dias depois da captura da Sakura).

Capítulo 7 - Capítulo VI


Helheim: mundo dos mortos

...

Por ~Miraa

Um exército sem vida caminhará sobre a terra. Nenhum guerreiro será capaz de feri-los, nem um Deus será capaz de matá-los... pois eles já estão mortos.

Comandados por alguém sem coração, eles caminharão sobre as cinzas do mundo, lutando por uma guerra perdida. Uma batalha sem causa. 

Cidade Ensomhet – 10 dias depois

 

            O chão estava manchado de sangue, enquanto o corpo da jovem mulher jazia sem vida sobre a cara tapeçaria que adornava o local.

            O silêncio reinava, nenhum dos presentes ousava sequer respirar. Kol estava ensandecido em seu ódio.

            A malditos onze dias, Sakura havia sido rouba de sua casa. Sua criança preciosa fora tirada de seu aconchego, debaixo de seus próprios olhos e ele sequer percebera algo. Recriminava-se no silêncio sobre o seu fracasso.

            Jamais diria em voz alta, mas todo o ódio que emanava não provinha apenas do fracasso que seus homens haviam tido em encontrá-la, mas sim de sua própria desgraça em protegê-la.

            Sakura. Sua amada feiticeira. A mais forte de seus generais e a menos leal a si, agora estava nas mãos de um inimigo desconhecido, porém, perigoso. Qualquer um que tivesse em posse da feiticeira seria um perigo para ele.

            A mulher sabia de todos os seus segredos, e o odiava tão grandemente que ele temia o que ela pudesse revelar; ela talvez até mesmo tivesse seguido o inimigo de boa vontade.

            Seus olhos sempre demonstraram o quão sem importância era para ela a própria vida. Ela parecia uma boneca de vidro em suas mãos, apenas uma peça em um jogo mortal. Peça essa que seria sua perdição caso se permitisse ser usada pelo inimigo.

            A última dos elfos de luz parecia agora fora de seu alcance, e Kol odiava a si e o mundo inteiro por isso.

            De seu trono ele olhava seus homens; seus generais.

          Os quatro guerreiros mais fortes que possuía, seus seguidores mais fiéis e leais; ajoelhados a sua frente, prontos para cumprirem o que lhes fossem incumbidos.

— Nem que ela esteja sob a proteção dos muros de Asrgard — sua voz se fez presente, tão sombria quanto o choro da morte. — Vocês trarão minha feiticeira de volta. Declaro guerra ao reino que a estiver escondendo, e ordeno a destruição de toda a vida que nele existir.

            Os quatro senhores se levantaram enquanto apenas seus olhos respondiam àquela ordem. Não importava quem fosse o inimigo, eles trariam não somente Sakura de volta, como a cabeça de quem a levou, em uma estaca.

            Quatro exércitos trabalhariam para isso.

 

 

[...]

 

Shartun

No mesmo dia

 

            O corpo suado e ofegante levantou-se em um impulso implacável e desesperado. O suor escoria pelas têmporas e seguia pelo pescoço e colo de Sakura, encontrando fim nas vestimentas já encharcadas.

            Desde que chegara naquele lugar, suas visões lhe assombravam. A morte parecia caminhar a passos largos em sua direção, e ela estava atordoada em suas próprias escolhas.

            Olhou ao redor, levantando-se da cama buscando desesperada pela vasilha de barro que guardava um pouco de água; sua garganta estava seca, proporcionado a ela a sensação de que centenas de lâminas lhe feriam aquele local.  

            Goles desesperados a fizeram engasgar no que antes parecia sua salvação, e Sakura temeu que sua tosse despertasse a curiosidade de alguém. Ela sabia que sempre havia um deles a espreita de si.

            Não os recriminava por não confiarem nela, era uma desconhecida afinal e pior, uma estranha que morava na toca do inimigo; em seus lugares, ela também desconfiaria.

            Seus passos lentos a levaram novamente para o leito, onde ela não queria mais repousar. Todas as noites em que descansara sobre o colchão de palha que ela já estava a jugar amaldiçoado, suas visões brotavam como erva daninha, envenenando sua mente e seu coração.

            Estava cansada daquilo, cansada de ver mortes e mais mortes de desconhecidos, e com um medo aterrador, de ver a morte dos que agora a cercavam. Os humanos daquele lugar estavam sendo tão gentis para consigo.

            Lhe deram uma pequena casa, onde ela tinha o necessário. Alimentos eram estendidos para Sakura conforme ela caminhava sobre as ruas, as pessoas pareciam ver nela um tipo de ser maravilhoso, e seu coração flagelado, se aquecia com isso.

            Como em um deserto, dia e noite eram totalmente contraditórios; paz e sofrimento dividiam igualmente as horas de sua existência. Ela estava cansada disso.

            Decidida, levantou-se novamente e caminhou para fora da pequena e humilde casa, sendo banhada pelo vento frio da noite. Mesmo munida de proteção, seu corpo teve espasmo involuntários enquanto seguia rumo a fogueira que sempre permanecia acessa.

            Sentou-se em um dos troncos que estavam por ali, apenas observando o crepitar do fogo e os homens que faziam a guarnição do pequeno vilarejo.

            Para ela, os humanos eram cheios de encantos; era virtuoso observá-los.

            Kol possuía aliados daquela raça, mas eles nunca haviam estado no castelo (apenas o general do exército, e foram raras as vezes). Sempre que o senhor do fogo precisava de algo que viesse deles, um dos generais se dirigia ao reino dos homens, todavia, quase nunca ao contrário. Kol não confiava totalmente no soberano daquela casa.

            Tudo que Sakura sabia sobre o governante dos homens era o que estava escrito nos pergaminhos que passara a vida lendo. Conhecia toda a genealogia das grandes casas, porém não conhecia verdadeiramente nenhum daqueles nomes.

            Os homens eram descritos como seres fracos, sem virtudes ou lealdade. Suas mulheres eram belas, e boas para reprodução . Seus homens, em algumas raras vezes, poderiam ser guerreiros esplendorosos, todavia, em sua maioria não passavam de pobres almas destinadas a desgraça e destruição.

            Kol sempre os intitulava como uma raça fraca e desnecessária, porém extensa demais para desconsiderar.

            Sakura crescera julgando isto como verdade, afinal foi a única versão que conheceu, porém agora ela via todos os dias a bondade nos olhos dos mais velhos, a alegria dos olhos das crianças e o amor nos gestos de todos.

            Um povo unido e cheio de vida, era o que ela enxergava. E eles, diferente dela para com Kol, pareciam extremamente leais a Sasuke e seus homens.

            Todas as virtudes, que foram deturpadas pelo senhor dos senhores, criavam agora raízes em seu coração, e como a linha de uma costureira, as raízes aos poucos pareciam emendar todos os cacos que moravam em seu peito.

            Em apenas poucos dias, a feiticeira parecia conhecer mais do mundo, do que em todos os seus anos. 

— Você não deveria estar dormindo? — Karin sentou -se ao seu lado. Estava vestindo nada além de roupas de combate, e Sakura se perguntou, como ela resistia tão bem ao frio.

— Você também deveria, não é? — Perguntar em vez de responder, fora um hábito que Sakura adquirira somente para fugir de dar resposta indesejadas. — Não sabia que fazia parte da vigília dessa noite.

            Sua pergunta não necessitava verdadeiramente de uma resposta, porém, sua última sentença parecia exigir algo, e foi por ela que karin falou novamente. 

— Eu não faço, sou tão vigiada quanto você na verdade.

— Se você conhece Sasuke a tanto, ele deve ter algum motivo para não confiar em você. — Sakura não buscava irritar Karin ou afasta-la de si, apenas procurava pelas respostas ocultas da Valquíria. Ela conhecia o passado de Sasuke, e Sakura buscava este com afinco.

            Porém a resposta que veio, apenas atiçou mais toda a curiosidade da feiticeira.

 — Ele estava tão cego naquele tempo, que sequer lembra da minha existência Sakura. Ele apenas lembra da destruição que causou como um todo. Não guardou para si o rosto dos que sofreram com isso.

— Algum dia me dirá claramente o que quero saber? — Decidiu perguntar por fim.

— Por que não pergunta a ele? Se não me engano ele ficou com a vigília do lado sul, deve inclusive estar apenas ele lá agora... — Sakura olhou bem para o rosto da Valquíria, que continuava serena olhando as chamas dançantes, e decidiu que não faria mal algum buscar as respostas direto da fonte.

            Levantou-se e ajeitou o cobertor sobre os ombros, segurando firme para que ele não escorregasse por sua pele lhe expondo ao frio. Deu uma última olhada em Karin e seguiu pela direção indicada anteriormente, formulando durante o percurso as perguntas que deveria fazer.

            Enquanto caminhava, olhando atenta em todas as direções percebeu que seus passos a levavam para uma área quase inabitada. A cada novo passo ela se via mais solitária na escuridão. As cabanas se tornavam distantes unas das outras na mesma proporção que escarças. Karin não estaria tramando contra si, ou estaria?

            Seu coração falhou as batidas quando esse pensamento lhe veio a mente como um aviso. Sasuke já lhe alertara várias vezes durante aqueles dias para que ela não ficasse sozinha com a Valquíria ou para que não confiasse cegamente em suas palavras, porém apenas naquele momento ela deu verdadeira atenção a isso.

            Trancou a respiração assim como findou os passos; não havia nada ao seu redor. As tochas que se mantinham acessas pareciam distantes demais agora, apenas um pequeno fecho de luz naquela densa escuridão. Sem as cabanas, o vento corria solto pelo terreno, provocando um barulho agudo e irritante.

— O que faz aqui Sakura? — As batidas falhas do coração reviveram em desespero quando ouvi a voz tão perto de si. Se Sakura fosse uma mulher dada a fricotes, teria gritado em puro pavor diante ao tamanho susto, porém, todo seu medo foi concentrado nas batidas desenfreadas de seu coração, que estava preste a rasgar seu peito. — O quer aqui mulher?

            Ele perguntou novamente, porém como da primeira vez em que conversaram verdadeiramente, ela estava parada, como uma das grandes estatuas de Odin que foram esculpidas pelos homens. Parecia somente respirar, como uma obrigação para se manter viva, não por querer verdadeiramente, apenas por não ter escolha.

— Você me assustou Sasuke — foi a primeira fala dela para com ele. O coração ainda acelerado, porém conhecedor de que não era um inimigo adiante de si. Não importava os receios que ela possuía com Karin, com Sasuke, as coisas eram totalmente diferentes.

Ela confiava plenamente naquele homem.

— Eu estava procurando por você. Karin disse que você estava aqui, contudo eu fiquei um tanto apavorada quando me vi longe do que julgo como seguro. O que você vigia tão ao longe mesmo? — Ela não possuía receios para conversar com ele, todo seu medo e insegurança apenas surgiam antes das primeiras palavras.

 — A boatos de que Kol moveu seus exércitos, ninguém sabe exatamente o que ele procura — ele falou sugestivo, revelando à feiticeira que ele sabia o que Kol tanto buscava. — Espalhamos batedores pela região, e Aegir que estava vasculhando mais a frente já deveria ter voltado; eu estava indo atrás dele.

            Sakura já desconfiava que Sasuke sabia quem na verdade ela era, contudo, ele não havia falado sobre isso, nem com ela e nem com ninguém. A dias ela vivia um dilema terrível, onde ficava dividida entre lhe ser sincera e se unir a ele plenamente para que pudesse usar seus dons para ajudá-lo em sua luta — o que tornaria as coisas mais fáceis para ela — ou deixar ele imerso em sua incerteza.

            Confiava nele, mas não confiava em todos os outros. Eles foram no castelo para busca-la, somente não sabia o que fariam com ela quando a encontrassem, por isso, temia se revelar completamente.

            Suas divagações foram interrompidas quando um assovio soou junto do vento, fazendo não só ela como Sasuke olharem para a direção de onde o som provinha.

— Não se preocupe — Sasuke disse quando sentiu Sakura se aproximar, segurando em seu braço. Nos dias que passaram juntos, ele percebeu que a mulher evitava contato direto com qualquer um, então ela deveria novamente ter ficado assustada, por isso se abrigava em sua sombra — É Aegir quem se aproxima.

            Sua fala deveria a ter acalmado, porém, o aperto em seu braço intensificou, mostrando que ela estava temerosa e o fazendo lembrar que ela possuía muita força nas pequenas mãos.

— Alguém cavalga com ele. — Sakura disse com os olhos vidrados a frente, e mesmo que devido a escuridão Sasuke não tenha conseguido vê-los, eles estavam vermelhos e desesperados — O homem que caminha ao lado dele não deveria ter permissão de andar por esse mundo. 

            Sasuke forçou a visão para conseguir enxergar a sombra de dois cavalos, vindo a frente, porém, não entendeu a fala de Sakura e já estava para perguntar se ela havia ficado louca, quando mais próximo, o ser que acompanhava o mestiço proferiu uma fala.

— Há quanto tempo, irmãozinho — ele conhecia aquela voz de eras passadas.

 

[...]

 

O dia amanheceu sombrio e Sasuke era toda a escuridão que cobria o lugar. Ninguém além de Sakura parecia ter percebido, mas a chegada do visitante assombrara muito o jovem Deus.

            Sakura também estava assombrada, pois seus olhos haviam novamente lhe mostrado uma morte passada. Sabia que aquele homem estava morto e a pergunta que assolava sua mente era o porquê de ele caminhar entre os vivos.

            Ela o havia visto em seu leito de enfermidade, envenenado por algo poderoso o suficiente para roubar a vida de um Deus. Vira quando sua alma foi condenada à Hel em um martírio de esquecimento permanente.

 A rainha do reino dos mortos jamais deixaria alguém cruzar seus portões e nem mesmo Odin ousaria desafiá-la em seu próprio território, assim sendo descartada estava a possibilidade de Itachi ter lhe vencido em batalha.

Ele estava ali por algum motivo e ela temia ser a razão de sua jornada. Pois seu coração gritava desesperado para que se afastasse dele.

— ... mas é verdade, um dia tudo será destruído, isso já foi escrito. — Um homem já de idade avançada falava, enquanto todos estavam envoltos de uma mesa no salão onde Sasuke e seus irmãos residiam. Eles comiam e bebiam, comemorando a chegada do irmão de sangue do líde. — Skuld profetizou isso e permitiu que fosse escrito nas raízes de Yggdrasil para que assim todos os reinos conhecessem dessa verdade.

            Itachi havia chegado durante a madrugada e desde que o sol raiara, todos estavam reunidos entorno dele. Agora quando o sol já havia ganhado metade do céu, eles lhe preparam um banquete, do qual o homem de face bela sequer parecia apreciar. Ele estava sério e sem expressão desde que se reuniram ali.

— Creio que o senhor já tenha bebido demais, Sarutobi — Sasuke falou fatigado. Não estava feliz de estar ali, sua mente estava confundida e suas lembranças agora pareciam mentiras.

— Consigo beber muito mais garoto, mais cerveja do que você seria capaz de beber em toda sua vida — Ele falou e riu, avariado em sua mente embaraçada pelo álcool — Mas como eu dizia, uma guerra acontecera, e até mesmo os mortos caminharam sobre a terra pois a Rainha de Helheim abrirá seus portões.

            Todos pararam para prestas atenção nas loucuras que o ancião proferia. Sakura que até então já mantinha sua atenção no velho, começou a encontrar fundamento em suas palavras.

— Um demônio há de andar sobre a terra, é o que está escrito; ele caminhará sobre o gelo, deixando um caminho de fogo. Terá em suas costas cinco poderosos e se dirá senhor do mundo. Eu digo que Kol é o demônio dessa profecia — Todos naquele salão concordaram com ele.

— E o que mais está escrito? — Foi Sakura quem perguntou, curiosa e esperançosa de que naquela história ela encontrasse a solução de seus problemas.

— Está escrito algo que não compreendo — Ele disse tristonho, fazendo um burburinho se iniciar no salão, antes tão silencioso — ou sequer me recordo. Entenda criança, eu era muito jovem na época, e estas são as poucos palavras que foram firmadas em minha mente.

— Onde você as ouviu? — Ela continuou em sua busca, firme em seus questionamentos, enquanto os demais, voltavam suas atenções para a comida farta, e riam do que firmavam como loucura.

— De um homem velho que voltava de uma longa jornada. Ele trazia consigo um pergaminho, onde isto estava escrito. Mesmo ele, havia conseguido apenas a tradução destas palavras. — Ele parou para tomar folego e beber um pouco mais de sua cerveja, dando continuidade à sua fala logo em seguida — Ele disse-me que as havia visto em um livro de pedra. No reino perdido de Byen Alver, a cidade esquecida, dos elfos de luz.

            Byen Alver .... A sentença foi repetida em sua mente por vezes incontáveis.

            Uma pressão se fez presente em sua cabeça e tudo a sua volta rodou. Era como estar se afogando, submergindo de forma contrariada nas profundezas mais geladas do oceano, onde os sons não passavam de ruídos abafados e incompreendidos, onde o medo e o desespero caminhavam jutos para destruí-la. Onde suas lembranças amargas vinham átona junto dos bons momentos; ela somente não saberia dizer quais dessas duas mais lhe feriam.

            Byen Alver era seu lar. A casa de onde foi tirada, a qual Kol destruiu e jurou fazer o mundo esquecer.

— Ele disse que o reino está em ruínas, mas muitos se aventuram por aquelas bandas atrás de ouro e outros bens preciosos — Ele continuou inocente, fazendo cada palavra lhe cortar o coração — Contudo, a maioria dos que partiram nessa jornada, jamais chegaram a retornar. A floresta que os elfos chamavam de lar agora é apenas um amontoado de sofrimento, até nós humanos, sentimos isso ao passar por aquelas bandas. As arvores parecem prontas para te devorar, como animais perigosos e sedentos, enquanto sobrevivem amarguradas demais em suas próprias lamúrias.

            O coração de Sakura batia cada vez mais forte, enquanto ela forçava seus olhos reterem as lágrimas que queimavam clamando a libertação. Ela não poderia chorar sem explicação na frente de tantos.

            Sem escolhas, ela revestiu seu rosto com a mesma máscara sem vida que usava quando no castelo de Kol, e quando mais uma vez falou, até mesmo sua voz parecia morta.

— Eu nunca ouvi falar desse lugar — por dentro, seu coração estava esmagado, porém nem o mais sábio entre os seres que povoavam o mundo teria conhecimento disso.

— Foi um dos reinos que Kol destruiu — Foi Sasuke quem deu continuidade, já que o velho Sarutobi havia desmaiado sobre a mesa e Sakura mal havia percebido — Lá existiam elfos, e assim como os do seu povo, eles eram reclusos do resto dos reinos. Viviam em uma floresta e não há relatos de que alguém chegou a vê-los, então nem é mesmo uma certeza que eles existiram. É mais como uma história, contada as crianças.

            Sakura não disse nada, apenas permaneceu em silêncio, pensando se valeria ou não contar a Sasuke toda a verdade. Eles estavam ficando cada vez mais encurralados, e ela sabia que sua decisão deveria ser tomada antes do fim chegar. Até mesmo as falas de um bêbado pareciam um sinal.

            Não se sentindo confortável para ficar ali, ela levantou e seguiu rumo a sua cabana, onde deveria organizar os pensamentos e decidir o que deveria fazer.

            Passara dentro da mesma o resto do dia e o início da noite.  Lembranças de seu passado perturbavam sua mente e seu cérebro martelava o melhor caminho, enquanto ela percebia a complexidade de sua vida.

            De uma simples criança que costumava correr para todos os lados, ela havia se tornado alguém com um fardo grande demais para carregar. Sakura sentia como se o mundo estivesse sobre suas costas.

            Quando cansada demais, decidiu deitar sobre o colchão que tanto lhe assombrava, para que pudesse ao menos descansar.

            Porém, seus sonhos seriam cheios de morte e desespero, porque os quatro generais estavam em seu encalço, deixando por onde passavam morte e solidão.

            E dessa vez, não eram rostos estranhos que habitariam seus sonhos.

 

....

 

— Sakura, acorde — Sasuke sabia que deveria ser rápido, porém ele percebia que a mulher não estava bem. Suor molhava todo o seu corpo, enquanto feições desesperadas moldavam sua bela face — Vamos Sakura, precisamos sair daqui — ele sacudiu mais uma vez seus ombros, vendo finalmente ela abrir os olhos avermelhados. O que havia com os olhos daquela mulher. — Levante-se, precisamos sair daqui — Ele falou se afastando um pouco dela, dando espaço para que uma atarantada Sakura levantasse.

— Os homens de Kol se aproximam — ela disse de repente, quando já de pé — Dois dos generais Sasuke! — Ela praticamente gritou, com uma voz aguda e cheia de pavor. Seus olhos lhe mostram mortes e mais mortes e ela sabia que precisava fazer Sasuke entender toda a seriedade da situação.

            Pela primeira vez em todos os anos, a feiticeira previu a própria morte.

            Mas ele apenas a olhou confuso, tentando entender como ela sabia disso. Eles apenas foram avisados que uma patrulha vinha pelo Norte e estaria ali em poucas horas, porém não sabiam quem vinha nela.

— Atacarão pelo Sul e pelo Oeste e matarão todos em seus caminhos. — Ela contava ofegante, recuperando-se de sua visão. Mas uma vez havia tido de seus vislumbres malditos e estava apavorada demais para guardá-los para si. Já era hora de revelar a verdade.  — Nossa única chance e se seguirmos pelo Norte, agora.

— Eles vêm pelo Norte — Sasuke disse se aproximando dela — Devemos fugir pelo Sul, ou Oeste. O que você fala não tem fundamento algum.

            Ela balançou a cabeça, estendendo os braços firmando ambos nos ombros do homem a sua frente.

 — Eu sou a feiticeira de Kol, sou a quinta e mais poderosa entre os generais do inimigo. Eu vi a morte de todos os seus e o único jeito de escarparmos dela e fazendo como eu estou dizendo.

            Sasuke sabia quem Sakura era, apesar de que, não imaginava quais seriam seus dons. Não retinha raiva pela mulher ou mesmo desejava seu mal, todavia, seu sangue ferveu ao passo que a ouviu dizer que era de Kol; esse foi o motivo que o fez arrancar da espada e encostar o fio de sua lâmina na garganta da mulher que não se móvel um único centímetro.

— E por que eu deveria crer em você, feiticeira? — Ele perguntou raivoso, olhando fixamente em seus olhos, agora verdes.

— Porque eu sou a única que sabe como matar Kol. Porque sem mim, você não viverá além dessa noite, Senhor de Vanir.

            A tarde de reflexões mostrou a Sakura muitas coisas. Uma delas estava inclusive estampado em sua face, porém só ficou clara depois de conhecer Itachi Uchiha. Pois esse nome ela conhecia, de suas leituras. Aquele era o nome do último senhor na casa dos Vanir’s.

            Deuses que já reinaram em Asgard, mas que perderam suas terras para Odin e seus homens. Soberanos que criam para si um reino sobre a terra. Mas todos os reis daquela casa foram mortos e o último herdeiro sumiu sem deixar o menor rasto.

            Porém, ela agora entendia, que este era o ser que estava adiante de seus olhos. Um Deus. Senhor de uma casa poderoso. O último de uma linhagem quase esquecida.

— Pensei que não soubesse quem eu era feiticeira, entretanto vejo que você é muito boa com mentiras — Suas palavras estavam ferinas, enquanto ele pesava a mão sobre a lâmina, que começava a sangrar o pescoço de Sakura.

— Eu não sabia, pelo menos, não até ver seu irmão, morto, caminhar sobre a terra. — Ela disse, ainda sem mover um único musculo — Não sou leal a Kol. Eu fui sua prisioneira por anos, desde que era apenas uma criança. Ele é conhecedor de todo meu ódio, por isso move seus exércitos atrás de mim. Sei de seus planos e fraquezas, e contarei cada uma delas a você, pois minha primeira visão foi a morte dele, e ela deve vir pelas mãos de um guerreiro vindo do norte.

            Sasuke ficou a observando pelo que pareceram horas, até Karin romper pela porta, anunciando que já havia se passado tempo demais e que eles precisariam partir.

— Karin. — Ele chamou, ainda olhando nos olhos da feiticeira. — Avise a todos que seguiremos pelo Norte. A informação que nos foi passada estava errada.

            A ruiva apenas grunhiu de raiva e saiu gritando aos quatro ventos o que lhe foi anunciado, tendo muito trabalho em fazer os outros acreditarem em si. Ela mesma não estava a acreditar que quase foram enganados.

            Mas estava acreditando piamente nas palavras de Sasuke.

— Você sabe o que acontecerá caso me traía não sabe? — Ele perguntou afastando a lamina de seu pescoço, sem perder o contato com seus olhos.

— Não será você a ceifar minha vida Sasuke, mas não se preocupe, pois você tem minha lealdade.

 

[...]

 

Estrada ao norte de Shartun

Durante a madrugada

            Eles correram para o norte, deixando para trás, ainda na escuridão, todos aqueles que os abrigaram. Esperavam que assim nada lhes acontecesse, mas enquanto corriam em seus cavalos pela estreita estrada que os levaria para longe dali Sakura enrijeceu sob os braços de Sasuke, pois ela viu a morte de todos.

            O fogo que consumiu todo o lugar, as vidas que foram perdidas. A esperança que foi apagada. E a lealdade que para com eles durou até o fim.

— Para onde deveremos ir agora? — Sasuke perguntou. Já que ela parecia estar mais que certa em sua visão, ele decidiu que seria sábio ter com ela de agora por diante.

— Vamos para minha casa. — E antes que ele pudesse perguntar aonde isso seria ela continuou — Vamos ler as profecias, escritas no salão do sol, de Byen Alver.

— Você é um elfo de luz! — Ele afirmou conciso e surpreso.

— A última de minha raça.

 

 

 


Notas Finais


Desculpem minha demora, apesar de que eu sempre demora kkk. Espero que o capítulo tenha agradado, e qualquer coisa, é só falar :) ....

Bjokasss ...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...