História Helô e Stenio Para Sempre - 9 - Notícias

O dia já estava amanhecendo quando finalmente o médico aparece. Stenio salta do sofá e fica diante do homem que parecia exausto após a cirurgia.
— Doutor, como está minha esposa? — pergunta, ansioso por uma resposta.
— O senhor é o Stenio?
— Eu mesmo. Sou casado com a Helô, ela... ela... ela está bem? — emocionado, tem dificuldade em terminar a frase.
— Foi uma cirurgia longa porque precisamos ter cuidado com o local onde a projétil estava, não atingiu nenhum órgão, mas isso foi por alguns centímetros. Se tivesse sido um pouco mais para a direita... teria sido fatal. Felizmente não foi, realizamos a cirurgia com muito cuidado e conseguimos remover sem que a bala se deslocasse.
Todos na sala resmungam vários agradecimentos a santos, deus e o que cada uma acreditava.
— E como a Helô está? Posso vê-la, doutor?
— No momento ela está em observação no pós operatório e não pode receber ninguém, assim que for transferida para um quarto o senhor poderá encontrar com ela. Só uma pessoa tem permissão para entrar. De qualquer forma, tem que se submeter ao PCR,  exame de covid. Enfim, como ela chamou muito pelo senhor antes de ser anestesiada, sugiro que fique com ela.
— Claro! Ela chamou por mim?
— Parecia aflita, toda hora afirmando que o senhor estava esperando. Falou seu nome até finalmente a anestesia fazer efeito.
— Um pouco antes de tudo acontecer ela me ligou e eu a estava esperando em casa.
— Sinto muito.
— Doutor, em que lugar exatamente a bala estava? Como ela reagiu a cirurgia? A minha esposa corre algum perigo de vida?
— Não, sua esposa não corre perigo. O senhor pode ficar calmo, entendo que é uma situação que o deixa aflito, mas agora é esperar a Heloísa acordar. Os próximos dias teremos muito cuidado na recuperação dela. Faremos o possível, o que estiver ao nosso alcance. Agora se me deram licença, preciso me trocar.
— Doutor? Só mais uma pergunta. — Stenio dispara.
— Pois não?
— A minha esposa ficará com alguma sequela?
— Esperamos que não, de qualquer forma, faremos exames e a acompanharemos de perto nos próximos dias. Sugiro que o senhor providencie uma mala com os pertences da sua esposa, ela fica conosco no mínimo uns quatro dias.
— Quatro dias aqui no hospital?
— No mínimo. — o homem vestido de branco responde.
— Já posso entrar para vê-la?
— A enfermeira vem avisar assim que for possível. Agora com licença.

O advogado mal havia se recuperado das informações do médico quando Ricardo avisa:
— Meu amigo, é a Drica no telefone, ela ficou sabendo de tudo e está desesperada. Talvez seja melhor que você fale com ela.
— Claro, eu falo sim. — Stenio engole o choro, tentando respirar fundo para desfazer o nó em sua garganta.
Ao pegar o celular das mãos do amigo, ele não segura a emoção ao ouvir o choro da filha que estava do outro lado.
— Pai, o que fizeram com minha mãe? Eu acabei de ver as fotos em um site, ela... ela? — a blogueira perde a fala entre soluços.
— Filha... — é a única coisa que ele consegue dizer, desabando em um choro compulsivo.