História Helô e Stenio Para Sempre - 9 - Capítulo 93

Desde que estavam isolados, Helô seguia uma rotina detalhada e após o almoço, que costumavam pedir em um restaurante próximo de casa, ela se dedicava em arrumar a cozinha. Enquanto limpa tudo, Miguel e Bob ficam brincando por perto e ela suspira quando finalmente guarda toda a louça.
—Se alguém me contasse que em 2020 eu pararia minha vida e ficaria em casa cuidando de filho e lavando louça, ah nem eu mesma acreditaria. — Fala consigo mesma, sorrindo.
— Mamãe, xoveti e tocolate.
—Hã? — Ela gira o rosto em direção ao pequeno que estava sentado ao lado de Bob.
—Xovete, tocoiate pá mizel e bop.
—Sorvete de chocolate pra você e o Bob, é isso mesmo?
—Xim mamãe meu, bigadu.
—Inacrê, sua cara de sonso oh Miguel. Que mané sorvete, cara, tu acabou de almoçar. Mais tarde posso pensar em te dar sorvete, tá? Agora não.
— Agoia mamãe.
— Mais tarde, você entende o significado da expressão agora não? Pois é... Nem pensar. Outra coisa, não quero você bagunçando a casa hoje, mocinho. Dei o maior duro para organizar as coisas.
—Eu num baguxa nhã.
—Você e seu pai são dois folgados, vamos combinar.
—Papai bagunxa xim, o papai meu.
— Os dois, não bota a culpa só nele não.
— Enfim, melhor você brincar com o Bob na sala. Mamãe já acabou, mas antes vem aqui que quero um beijão.
Quase tropeçando, ele levanta e corre para a chefe de polícia que já estava agachada esperando o carinho. Jogando a chupeta para longe, o menino passa os braços pelo pescoço dela, lambuzando todo o rosto da delegada com beijinhos de amor.
—Mamãe ama esses beijinhos melecados, sabia? — Apertando o pequeno, Helô devolve todo amor.
— Agoia vô xau.
— Vai, mas cuidado. Fica na sala que o papai está trabalhando por lá e fica de olho em você. Preciso arrumar o meu quarto e depois o seu. Caramba, quanta coisa pra fazer. — Ela reclama, mas o menino não escuta, já havia corrido, sendo seguido por seu fiel escudeiro.

Ao passar pela sala, a delegada atende ao chamado do marido.
—Amor, vem aqui falar com a Lena.
Aproximando-se da escrivaninha, ela sorrir e acena para a tela.
— Oi Dona Helô, tudo bem com a senhora?
— Oi Lena, tudo bem comigo, mas cansada de cuidar desse seu queridinho aqui. Estou doida para devolver seu marido de trabalho.
— Ela reclama o tempo todo, Lena. Por isso quero voltar o quanto antes, você me trata melhor ai no escritório.
—Até parece, Dr. Stenio. — Do outro lado da tela a secretária sorrir.
— Ele está cada dia mais teimoso, Lena. Estou te falando, você vai sofrer pra ficar de olho nesse seu “chefe”.
— Não vejo a hora do senhor voltar. Faz muita falta por aqui.
— Próxima semana eu volto, né, amor? — Ele olha para a esposa, puxando-a para sentar em seu colo.
— O médico falou que provavelmente podemos voltar a vida normal na próxima semana, mas quero garantir mais uns dias para não corrermos perigo. — Helô explica.
—A senhora está certa em pensar assim.
— Mas o Stenio e o Miguel estão ótimos, os sintomas sumiram realmente. Agora estou aqui aguentando e cuidando desses dois. Você imagina a bagunça que eles fazem, Lena?
— Posso imaginar.
—Dona Lena — Stenio chama atenção da secretária — Ela só reclama, não me dá carinho. Assim fica difícil me recuperar.
— Ainda bem que Dona Lena me conhece e sabe que sou muito carinhosa. — Helô diz sorrindo.
Aproximando-se dos pais, Miguel pergunta.
—Quem é papai meu?
— É a Dona Lena, filhão. Vem dizer oi pra ela.
— Oi titia lina.
— Miguel, nossa como você está enorme. Ele cresceu muito.
— Esticou em uma velocidade absurda. — Helô fala, olhando para o menino que já havia se afastado novamente. — Bom, o papo está maravilhoso, mas a dona de casa aqui precisa arrumar os quartos. E vocês dois devem ter muito o que falar sobre o trabalho.
— Temos sim. — Lena admite.
— Amor, deixa que quando terminar aqui te ajudo. — Stenio sugere.
— Não Stenio, conversa com a Lena sem pressa. Vou adiantando. Só fico de olho no Miguel também, ele está brincando quietinho hoje, mas nunca se sabe.
A chefe de polícia se despede de Lena, beija o rosto do marido e vai para sua missão de arrumar os quartos.