História Helô e Stenio Para Sempre - 9 - Um novo dia

— Bom dia! — a delegada sussurra em tom preguiçoso ao abrir os olhos e encontrar o marido a encarando.
— Bom dia, meu amor. — ele responde, fazendo um carinho nos cabelos dela.
— Voltei a ser seu amor?
— Você nunca deixou de ser, Helô. — ele diz sorrindo.
— Mas ontem tu não disse que me ama, não me chamou assim de “meu amor” como agora, com essa voz linda.
— Acordou carente, doutora?
— Tenho esse direito, só hoje?
— Tem todos os direitos que quiser, todos os dias.
— Então, pretendo usufruir desse direito. — a delegada brinca.
— Como está se sentindo? — ele fica sério de repente ao perguntar.
— Com uma espécie de ressaca moral pós briga.
— Helô, gostaria de te propor um dia só nosso, esquecendo o mundo lá fora, mas sei que você precisa ir para a PF e resolver sobre esse caso que estão com dificuldade.
— Adoraria largar tudo por hoje e ficar só com você sim, mas realmente não é possível.
— Que tal almoçarmos juntos e no fim do dia irmos buscar o Miguel na escola? Aí podemos, sem querer querendo, jantar naquela sorveteria que amamos... Comermos pizza e outras coisas que jamais faríamos no meio da semana, que tal?
— Eu amei a ideia, meu querido.
— Ontem estávamos tão exaustos emocionalmente, não conseguimos conversar sobre tantas dúvidas que ainda nos atormenta... mas, não acho que seja o momento, não agora, talvez não hoje.
— Preciso ligar para Drica, isso não posso adiar. Eu descontei minha raiva nela também. E quero dar a chance para ela perdi desculpas pelo que disse.
— Faz isso, amor. Amanhã ou depois, eu e você, conversamos sobre o que sabemos ser necessário.
— Obrigada por me apoiar, Stenio. Não sei o que seria de mim sem você.
— Eu sei que você me apoiaria também, digo, se fosse o contrário.
— Não tenho a sua bondade. — ela diz e sorrir de forma triste.
— Você tem um coração gigante, Helô. Me perdoou mesmo quando eu não merecia perdão e mesmo depois do divórcio você nunca me abandonou.
— Eu te amava, ainda te amo, até mais que antes. — a delegada se declara.
— Eu que amo, amo muito mais.
Depois de um longo suspiro ela dispara:
— Tenho a sensação que quebrei uma fase boa que estávamos vivendo.
— Helô, você não precisa se cobrar por nada disso que aconteceu. Não sou santo e sei que em pequenas coisas do dia a dia acabo exigindo demais de você. Peço atenção demais e esqueço que você tem um cargo que te deixa sobrecarregada todo dia, você é mãe e te deixo sempre com a parte de tomar as rédeas quando o Miguel desliza e é desobediente. Fora isso você comanda a casa, eu apenas pago os boletos, você tem tanta responsabilidade e sei que podemos mudar isso. Você só estava estressada e com MUITA responsabilidade. E vejo nos seus olhos que não consegue se perdoar por ter comprado aquelas sacolas que estão no canto do closet.
— Ainda não acredito que fiz aquilo.
— Só citei para lembrar que também erro com coisas do passado. Eu não deveria ter convidado a Débora.
— Não deveria. Me incomodou muito. Eu te perdoei, mas não quero ela perto de você, entende?
— Entendo! Errei feio. Desculpa!
— Eu errei mais ainda quando disse tanta coisa.
— Já nos desculpamos por isso ontem e quero saber o que posso fazer agora, hoje, para te deixar melhor.
— Um beijo? Um café da manhã? Um banho pelados? — ela tenta impor malícia na voz e acaba sendo engraçada.
— Se alguém um dia me perguntar porque aguento ser casado com uma marrenta, a resposta será porque ela é safada.
— Inacrê!
Os dois gargalham entre beijos e carinhos. De repente, Miguel invade o quarto e com a ajuda do pai ele pula na cama. Em segundos a energia do ambiente se transforma, o menino anima o começo da manhã. Por alguns instantes Helô sente o coração aquecido e as energias se renovando. Ao ganhar beijinhos dos dois, ela sente que poderia enfrentar o mundo depois de receber aquela carga de amor.
— Desculpa ter esquecido disso por uns dias. — ela cochicha e o marido entende o sentimento da amada.
— Eu te amo! Estaremos aqui sempre — ele sussurra e os gritinhos de Miguel chama atenção deles para mais brincadeiras matinais.