Stenio já cochilava quando escuta um barulho estranho e decide averiguar. Ao seu lado, Helô que antes estava conversando por mensagem com a amiga Maitê, agora lia uma matéria em um famoso jornal. A delegada funga, disfarçando quando o marido gira e fica de frente para ela.
— Stenio, achei que tivesse dormindo.
— Estava quase, quase — Ele afirma com cautela — Ainda conversando com a Maitê?
— Não, estava vendo as notícias.
Sem perguntar se ela estava chorando, o advogado disfarça ao vê-la secar as lágrimas.
— É difícil, amor. Eu sei! Dei uma olhada antes do jantar, depois assisti o jornal enquanto você estava com o Miguel.
— Ah Stenio, tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. — Largando o aparelho, ela se ajeita por baixo dos lençóis, aconchegando-se nos braços do marido — Me abraça, Stenio.
— Manhosa!
— Fico arrasada vendo essas coisas, sabia?
— É triste mesmo, Helô.
— Não consigo formular uma frase que defina tudo que sinto vendo tanta coisa ruim. — Ela sussurra, a voz falha, triste.
— Não tem mesmo como definir essa enxurrada de coisas acontecendo, Helô.
— Queria dormir, acordar e descobrir que tudo isso é um pesadelo.
— Vamos ter esperanças, amor.
— Difícil!
— Eu sei que sim. — Ele concorda.
— É doloroso imaginar que esse é o mundo onde nossos filhos vivem e vão viver ainda por muito tempo. A esperança chega a morrer a cada notícia, cada coisa nova que acontece.
— Helô, não gosto quando você fica tristinha assim.
— Ah Stenio, tantos anos de profissão, tantos anos acompanhando atrocidades... e mesmo assim não consigo me acostumar. Hoje mais cedo estava pensando o quanto sonhamos com esse ano. Faríamos nossa renovação dos votos, viajaremos para uma lua de mel. A viagem para a Disney com as crianças. E agora estamos presos dentro das nossas próprias casas. Não estou reclamando por ter que cancelar a viagem, isso é o de menos. A minha tristeza é sobre TUDO que está rolando no mundo inteiro. É triste, desesperador, assustador.
— É assustador sim, Helô.
— Muito! — Ela evidencia a palavra, afundando o rosto ainda mais no peito dele.
— Você quer um chá? Desço e faço rapidinho, assim você se sente mais relaxada. — Fala, fazendo carinho nos cabelos dela.
— Stenio, só me abraça. Me faz sentir um pouco de paz.
— Vai ficar tudo bem, amor. — Ele cochicha, beijando seu rosto e apertando-a em seus braços enquanto repete leves e tranquilas palavras.
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