Quando finalmente Stênio estaciona, Helô abre um sorriso ao reconhecer onde estavam. Naquele mesmo parque, anos atrás, haviam passado a primeira tarde juntos. Na época, eram apenas estudante de direito, ela com o grande sonho de ser delegada como o pai e ele obstinado em se forma para exercer como advogado trabalhista. Entre estudos e muita dedicação a universidade, eles se apaixonaram e naquele parque tinha vivido lindos momentos.
– Estamos voltando no tempo, Stênio?
– Com a diferença que agora não somos mais adolescentes – ele sorrir ao falar.
Os dois permanecem no carro por alguns instantes, cada um em seu banco, encarando-se com sorrisos doces e nostálgicos.
– Por que estamos aqui? – ela quer saber. – Por um momento achei que tu me levaria em um motel.
– Nós não podemos fazer “amor” até seus seios estarem em perfeitas condições.
– Até porque da última vez que fizemos, aliás, tu fez em mim, me movi com rapidez e acabei sentindo dor.
– Exatamente Doutora. – ele desce do carro, dá a volta no veículo e de forma galante abre a porta do carona, ajudando-a a sair do automóvel.
– Ah Stênio, esse lugar continua lindo como há vinte seis anos atrás.
– E você continua a garota mais gata que já conheci na vida.
– Até parece.
– Naquela nossa primeira vez aqui, eu já sabia que você seria eternamente a dona do meu coração.
– Stênio, menos.
– É verdade Helô.
– Tu era um galinha, não demonstrou de cara, mas depois a mascara caiu.
– Não seja injusta comigo. Depois daquela nossa tarde aqui, nunca mais amei ninguém além de você. Só você. Sempre você. Para sempre você.
– Tu conta essas mentiras lindas e adoro ouvir, sabia? – ela se derrete e corresponde ao beijo que ele lhe dá na boca.
– Tem cestinha de piquenique na mala.
– Creusita como sempre tua cumplice. Já vi essa cena, lembro que tu já me trouxe aqui e junto veio a cesta. Na semana seguinte aprontou comigo, então...
– Helô, você sempre falando coisas ruins de mim. Quando éramos jovens erramos, os dois.
– Exxxtou falando já adultos, tem uns anos que tu me trouxe aqui ou estou maluca?
– Trouxe? Não lembro, mas também não importa o que passou, só interessa eu, você, nossa cesta de lanche e esse parque. Acho que estamos nos devendo esses minutos... só nossos.
– Ter dois filhos e uma neta nos deixa sempre rodeados por alguém. – a delegada concorda.
– Não quero perder a chance de ter você só pra mim por uma tarde inteira, Helô. Como quando ainda éramos dois adolescentes apaixonados. Ainda somos.
– Somos?
– Claro que somos sua marrenta.
– Depois daquela nossa primeira tarde aqui... aconteceu tanta coisa, Stênio. – ela se emociona ao lembrar.
– Aconteceu MUITA coisa, mas estamos juntos até hoje. Nem o divorcio foi capaz de nos separar, Helô. Quero voltar no tempo hoje e recordar tudo de bom que vivemos. As coisas não tão boas podemos deixar pra lá.
– Podemos! – ela confirma e disfarça o quanto estava mexida, mesmo assim ele nota.
– Que foi, meu amor? Não gostou da surpresa? Tá doendo os seios? Meus Deus, eu ...
– Não tem nada doendo, seu bobo. É só a TPM me deixando que nem bobona. Voltar para o começo é lindo e ao mesmo tempo difícil, porque se pudesse retornar mesmo naquela época, faria tudo diferente ...seria tudo diferente.
– Nos tornamos quem somos hoje, em razão a tudo que aconteceu um dia. Então, deixamos a parte ruim no cantinho escondido e agradecemos as coisas que valeram a pena. Eu te amo, Helô.
– Também te amo.
– Vinte seis anos depois vamos passar uma tarde exatamente como aquela primeira, isso é um privilegio imenso. Sou um homem muito feliz ao seu lado, minha eterna marrenta. Se tem uma coisa que não mudou foi essa sua parte da personalidade, continua a minha bravinha preferida.
– E tu continua o meu chato preferido. – os dois entrelaçam os dedos e caminham de mãos dadas até um local onde pudessem ficar sossegados.
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