Após o jantar, Helô e Stênio brincam um pouco com o filho, logo depois o carregam para o banho e, se divertem vestindo o pijama do pequeno. A rotina da casa havia voltado e Miguel não demorou a adormecer, após tomar sua mamadeira e deixar a mãe escovar seus dentes.
Stênio admira a esposa beijando e cobrindo o menino, só então deixam o quarto de mãos dadas.
– Uffa! Agora vamos deitar, amor – ele sussurra, beijando a amada.
– Stênio, preciso trabalhar um pouco. Vai deitar você, eu sei que está cansado. Te vi bocejando enquanto jantávamos.
– Helô, trabalhar essa hora?
– Desde quando meu trabalho tem hora, Stênio?
– Poxa, amor.
– Não faz essa cara de carente, meu querido.
– Você viajou para Brasília, chegou ontem a noite, trabalhou o dia inteiro hoje e agora só queria ficar pertinho. Te dar muitos beijos, carinhos, uhm?
– Não tenha ideias. – ela alerta.
– Não estou tendo ideias, não nesse sentido que você está me julgando, doutora. Eu sei que deve estar cansada. Também estou. Podemos só ficar de conchinha. O que você acha?
– Eu acho a ideia maravilhosa, mas realmente preciso fechar um relatório.
– Helô, pow.
– Vai para a caminha, meu querido. Prometo terminar rapidinho e quem sabe ainda te pego acordado.
– Eu tenho outra sugestão, amor.
– Fala Stenio.
– Você pega seu computador e trabalha na cama?
– Até parece que tu me deixaria trabalha, meu querido.
– Deixo sim.
– Péssima ideia se tu quer saber.
– Faço até massagem nos seus pés enquanto você termina seu relatório. Ah, te darei incentivos também.
– Que tipo de incentivo, meu filho, posso saber?
– Coisas que te farão querer terminar logo para ficar de conchinha comigo. – ele sussurra, beijando o pescoço da esposa.
– Mantenha a distância. – fala quando ele a encurrala contra a parede do corredor.
– Helôooo, por favor.
– Ste... – a delegada enfraquece quando o marido abraça-a pela cintura, esfregando o nariz pelo pescoço, colo, ombros.
– Amanhã você levanta mais cedo e faz seu relatório. – ele insiste, fazendo carinho dela.
– Tu sabe que não consigo levantar mais cedo e... ain Stênio, assim fica difícil dizer não.
– Saudades de você, amor. Esses dias que fiquei sozinho me deixaram todo carente.
– Estava em Brasília, mas só pensava em voltar pra casa, sabia?
– Não era o que parecia. Vi suas fotos toda animada com seus amigos de Brasília, seus colegas de lá.
– Fico feliz em estar lá, mas triste por ficar longe dos meus meninos. – ela confessa, correspondendo ao selinho que ganha.
De repente, os dois se encaram e as testas colam uma na outra.
– Amor, queria conversar um pouco com você. – ele fala enquanto faz carinho terno no rosto dela.
– Ih! Conversar sobre o que, Stênio?
– Vamos pra cama. Deitadinhos conversamos melhor, vem.
– Tá bom. Tu venceu! Sei que me arrependerei muito porque esse relatório já deveria ter sido concluído, mas tudo o que mais quero e preciso é ficar deita contigo na nossa caminha.
– Então, vem amor, vem Helô.
Entre selinhos, beijos carinhosos, os dois se deitam. A delegada aconchegada ao peito do amado, ganhando selinhos ao erguer a cabeça e responder a alguma pergunta dele.
– Helô, você têm certeza que está tudo certo sobre o batizado e aniversário?
– Tudo certo. Maitê me ajudou com alguns detalhes que fiquei em dúvida e agora fica tudo por conta das meninas que contratamos. Essa empresa é impecável nos eventos e podemos respirar, como elas mesmas falaram. Só precisamos marcar presença nos dias dos eventos.
– Uma preocupação a menos.
– Aham, aham.
– Amor, mudando de assunto... você chegou a mandar mensagem para a Drica hoje?
– Amanhã almoço com ela, Stênio. Você poderia ir junto. Nós dois precisamos saber que tanto mal-estar é esse que a Drica vem sentindo. Se não é gravidez, como ela disse que não é, do que se trata então?
– Nossa Drica cresceu, mas continua sendo aquela menina birreta. Fica tentando esconder doença, mas certeza que tem algo errado.
– Às vezes, tenho a impressão que mesmo amadurecendo a Drica continua criança, Stenio.
– Também acho. – ele sorrir ao confirmar.
– Agora me diz o que você quer falar e não tá com coragem, meu querido.
– Eu?
– Stênio, te conheço. Fica rodando de assunto em assunto, dando voltas e não diz o que quer dizer. Primeiro tu me ajudou a colocar o Miguel para dormir porque estava ansioso para ficarmos sozinhos. Depois me fez desistir de trabalhar. Deitamos aqui e tu não tentou fazer sexo ainda. Ou seja, você quer dizer algo e não sabe como.
– Helô, eu não penso em sexo o tempo todo.
– Não? Claro que não. – ela brinca.
– Até penso em sexo, penso muito, mas queria ficar agarradinho com você. Pra mim esse aconchego aqui é melhor que qualquer coisa.
– E?
– E...
– Para de bobagem, Stenio. Tu esqueceu que é casado com uma delegada? Sei muito bem quando quer falar e não fala. Te conheço perfeitamente bem, meu queridinho.
– O que quero falar é que...eu quero viajar com você e as crianças logo depois do aniversário do Miguel.
– Viajar, Stênio?
– Helô, nós dois passamos por tanta coisa. Essas férias foram estranhas, foram tensas e agora com aquele deputado e a corja dele toda presa... a Vanessa que foi solta mas sumiu do país... acho que podemos respirar. Eu sei que têm uns dias programados para suas folgas, não tem?
– Tem! – ela confirma.
– Então, pensei em Disney.
– Disney, Stenio?
– Por que não? Na volta, deixamos as crianças em casa e ficamos uns cinco dias em uma praia qualquer do nordeste.
– Muito tentador, mas impossível no momento.
– Por que impossível, Helô? Sempre que você viaja a PF costuma te devolver em folgas. Você voltaria de Brasília na sexta-feira e eles te fizeram ficar lá até o domingo. Ou seja, mais horas acumuladas. E os dias que você chega mais cedo la, volta tarde... fiz os cálculos e cheguei a conclusão que o tanto de hora extra que você tem, dá pra ficar uns vinte dias em casa.
– Você calculou minhas horas extras, Stênio?
– Sim! Ah, Creusa, Pepeu, Alice e Drica já toparam. Miguel também topou. Só estou te comunicando que vamos a Disney, juntos.
– Isso é loucura, tu sabe.
– Helô, se esforça só um pouquinho e diz sim. Viajamos no dia seguinte a festa do Miguel, amor. Quero muito estar com minha família em uma viagem que promete ser inesquecível.
– Stênio...
– Diz que sim, amor.
– Não posso dizer sim para uma viagem internacional que precisa de organização, planejamento e...
– Você não quer, é isso?
– Stenio, não é questão de querer. Só acho muita loucura... as aulas do Miguel começaram hoje, Alice também... as crianças faltariam na escola. Época de viajar é janeiro, o ano aqui no Brasil já começou.
– Concordo que essa viagem deveria ter sido em janeiro, mas você estava trabalhando... aconteceu tudo aquilo e refletindo, percebi que nunca fizemos uma viagem assim, todo mundo. A vida é muito curta para não termos esses momentos com nossos filhos, neta, genro e nossa fiel escudeira.
– Entendo que seria incrível, entendo de verdade... sei que estou fazendo o papel de chata em dizer não, mas não posso concordar com uma viagem tão precipitada. Desculpa Stenio.
– Isso é um não definitivo, Helô?
– Sinto muito. Quem sabe nas férias de julho podemos ir para Disney com as crianças...agora não.
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