Finalmente fechando o notebook, a chefe de polícia levanta, estica o corpo e sente o cansaço tomar conta. Havia trabalhado a noite inteira e depois de duas horas de cochilo, novamente tinha voltado para sua obrigação com a equipe. As 15h em ponto, depois de comer apenas um sanduiche, ela consegue encerrar o expediente.
— Exausta! — Fala consigo mesma, se arrastando para fora do quarto.
Ao passar pela sala, encontra a fiel escudeira assistindo uma novela vespertina.
— Cadê as crianças, Creusa? — Pergunta, beijando a cabeça dela.
— Estão na piscina, Donelô.
— Essa hora? Vão se queimar.
— DotoStenio armou a piscina de plástico na sombra. Agora Miguel e Alice não querem mais sair.
— Inacrê!
— A senhora quer comer alguma coisa? Passou o dia todo trancada naquele quarto.
— Trabalhando! E sobre comida... Não precisa se preocupar. Pode deixar que daqui a pouco passo na cozinha e me viro.
— Se precisar pode me chamar.
— Não se preocupe. Continua aí assistindo tuas coisas.
— A Drica colocou nesse canal que só passa novela antiga, tô é gostando.
— Aproveita, Creusita. Aproveita! — Diz, caminha para fora da casa.
O sol parecia brilhar mais do que em todos os outros dias do ano. O jardim estava verdinho, limpo e as plantas brilhavam. Na piscina principal, Drica e Pepeu estavam as margens com cervejas e batatinhas que serviam de petisco. Na de plástico, do lado da sombra, como Creusa havia falado, estava Miguel e Alice brincando como se fossem melhores amigos. Dentro da água muitos brinquedos flutuavam. Da rede, Stenio estava de olho nos dois.
— Stenio, tu sabe que horas são? — Ela pergunta para o marido, se referindo as crianças.
— Amor?
— Tu não acha que já chega de piscina por hoje?
— Helô, não sabia que tinha encerrado seu expediente.
— Encerrei! Finalmente! — Ela diz manhosa — Posso deitar também.
— Claro que pode, amor. Você comeu o sanduiche que Drica levou?
— Aham, aham! — Ajeitando-se ao entrar na rede, ela relaxa quando os braços do marido a acolhem. — Stenio, eles dois estão nessa piscina desde que horas?
— Desde cedo, amor.
— Vão acabar pegando resfriado.
— Não vão não, Helô. Eles estão se divertindo. O Miguel precisa voltar as aulas de natação, ele já tem noção de mergulho, sabia?
— Ué, não era você que tinha ciuminho da aula de natação, meu querido?
— Aquele pai da Sofia que era o problema, mas podemos retomar.
— Aham, aham. — Ela resmunga, boceja, enfiando o rosto no peito do amado.
— Helô, estava pensando em comprarmos um outro parquinho de porte pequeno para colocar no canto direito do jardim. O que você acha? Seria um atrativo a mais para as crianças sempre que estivermos aqui. Aliás, essa casa é perfeita para todos nós, Helô. Imagina se morássemos em algum condomínio de casas no Rio de Janeiro? Conforto, espaço, segurança e um pouco de luxo não faz mal a ninguém. Talvez devêssemos sim repensar a possibilidade de sairmos do apartamento. Não precisamos vender, podemos manter como um refugio para nós dois? Imagina, um apartamento só para nossos encontros amorosos. O que você acha, Helô?
— (...)
— Helô? Amor?
Um leve roncado faz o advogado entender o que havia acontecido.
— Ela dormiu! — Afirma, beijando a cabeça da esposa, e aconchegando-a melhor entre os braços.
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