História Herdeira da Luz e da Escuridão - Nova etapa, novas mudanças

 “Perdoe-se pelo que você não é capaz de fazer. Se você quer saber quem você é, você tem que olhar para o seu eu real e reconhecer o que vê.”

– Itachi Uchiha – Naruto

POV Amaya Uzumaki

Depois de recuperarmos um pouco do fôlego e recolhermos os equipamentos espalhados, nos reuniríamos com o sensei para conversar. O Shikaku estava nos esperando onde nos encontramos de manhã cedo.

Estava voltando junto com o Shisui e o Takafumi. Os dois Uchihas discutiam algo aleatório e os seguia em silêncio. Ainda tenho mais uma coisa a fazer, ponderei.

– Shisui, Takafumi-san – Chamei-os.

Quando os dois garotos a minha frente pararam e me encararam, joguei para cada um deles um dos sinos do teste.

– Nossa garantia de permanência como genin! – O Takafumi dissera animado.

– Mas se você está nos entregando... – Meu irmão imediatamente começou a falar preocupado e passei pelos dois – Por que você está dando eles para nós dois? Se quem ficar sem um dos sinos voltar para a Academia, você... – O interrompi com um sorriso fraco.

– Para trabalhar como um time alguém precisaria sacrificar seus próprios interesses – Repeti o que havia falado a eles quando apresentei minha ideia sobre o objetivo do teste de sobrevivência – Já tinha planejado entregá-los para vocês se conseguíssemos pegá-los – Confessei calmamente.

– E não falou porque sabia que eu iria contra – O Shisui comentou levemente emburrado e concordei.

– A experiência já foi ótima para mim – Admiti – Poder lutar junto com vocês foi incrível. Até mesmo com você, Takafumi-san – Levei meu olhar ao Uchiha ao dizer isso.

Ele cruzou seus braços e virou seu rosto. Embora disfarçasse, sabia que parte dele também havia gostado de trabalharmos juntos e termos vencido o teste, porque do contrário teria reclamado. Ri fraco e tornei a seguir até onde o sensei estava.

Nos sentamos a frente do Shikaku, já que o nosso cansaço falava mais alto. Até mesmo o Nara se acomodou no chão. Parece que conseguimos pressioná-lo bastante por termos o pegado de surpresa, pensei e ri mentalmente com esse pensamento.

– Preciso parabenizá-los por terem conseguido a façanha de hoje – O sensei começou falando e o encaramos – Mesmo que eu tenha pegado leve, vocês superaram minhas expectativas.

– Claro, a minha presença já superaria qualquer expectativa prévia – O Shisui disse com certa superioridade em sua voz e com uma expressão convencida.

– De fato, principalmente por sempre conseguir se atrasar – O mais velho o repreendeu imediatamente em seguida e rimos da expressão do meu irmão.

O Shisui sempre consegue descontrair qualquer ambiente, pensei e sorri fraco. Mesmo fazendo comentários que o fazem ficar em situações embaraçosas...

– Além disso, queria saber sobre alguns pontos do teste – O Shikaku comentou em seguida – Como chegaram a um acordo para que resolvessem trabalhar juntos? Pensei que você não tivesse qualquer simpatia pela Amaya – Ele apontou e encarou o Takafumi.

– E não tenho – O Uchiha anunciou rapidamente – Mas tínhamos o mesmo objetivo e com esse idiota me incomodando – Ele indicou o Shisui ao seu lado – Era meio difícil contrariar.

– E o plano para me atrair foi de quem? – O Nara continuou suas perguntas.

– Da Amaya – Meu irmão falou rapidamente e com um sorriso orgulho – A inteligência parece ser de família.

– Ela deve ter puxado pela descendência Uzumaki então – O Takafumi comentou mais baixo.

O Shisui jogou uma das pinhas que tinha perto dele no outro Uchiha que rira da expressão emburrada do amigo. O Shikaku apoiou uma das mãos na frente de seu rosto, podendo apenas suspirar pesadamente.

– Quanta maturidade de vocês... – O mais velho comentou assistindo os dois garotos se acalmando aos poucos.

– Mesmo que eu tenha formulado parte do plano, o Shisui e o Takafumi-san também me ajudaram muito – Disse, ganhando a atenção dos três – Como não conhecia seu modo de luta, Shikaku-sensei, pedi que os dois me explicassem seu estilo.

– Então foi assim que você formulou a estratégia de acabar com a luminosidade ao meu redor para que eu não pudesse usar minha Manipulação das Sombras – Ele expôs e concordei.

– E também para que criássemos um plano sem o uso de genjutsu e que também não nos colocasse em desvantagem pela falta de visão criada pelas nuvens de névoa e fumaça.

– Esse é outro ponto que queria discutir com vocês – O Shikaku falou – Entendo como vocês dois se localizavam e me atacavam mesmo em meio às nuvens de névoa e fumaça – Ele dissera ao Shisui e o Takafumi – Mas e quanto a você, Amaya? – O Nara me encarou – Como conseguiu se aproximar e sem acabar atacando um dos seus colegas?

– Isso foi algo que consideramos ao formular a estratégia – Meu irmão foi quem falou antes que o fizesse – O sharingan daria a mim e o Takafumi uma vantagem pela falta de visibilidade, e mesmo que a Amaya não possa usá-lo, ela tem outros pontos a seu favor – O sensei tornou a me olhar.

– Minha visão já é prejudicada para longe sem os óculos – Expliquei – Por isso minha audição é bem mais desenvolvida. Então eu segui o som dos sinos para encontrá-lo, sensei.

– Interessante... – O Shikaku falou com uma das mãos apoiadas sob o queixo – E vocês conseguiram pensar em tudo isso em tão pouco tempo – Ele nos encarou por um momento – Parece que eu poderia começar a gostar de vocês – Rimos fraco.

– Sobre isso, Shikaku-sensei, queria fazer um pedido – O Shisui disse de repente e o Nara o encarou.

– Desde que não envolva uma nova luta hoje ou treino, vá em frente.

– Queria pedir para que não tire a Amaya do time – O encarei, assim como Takafumi e o Shikaku.

– Por que está fazendo esse pedido? – O sensei perguntou com seus olhos ainda no meu irmão.

– Porque você disse que se alguém ficasse sem os sinos, automaticamente voltaria para a Academia – O Shisui mostrou o sino que tinha consigo – A Amaya foi quem tomou os sinos de você, mas ela nos entregou eles sem pensar duas vezes. Queria então que reconsiderasse a situação dela – O Shikaku parecera pensar por um momento e voltou-se para o Takafumi.

– Você concorda com isso?

– Não – O garoto respondera rispidamente – Mas ela foi crucial para conseguirmos esses sinos, então... – O Uchiha deixou sua frase no ar.

Mesmo não admitindo, nós todos entendemos seu posicionamento – positivo – pela minha permanência na equipe. Olhei para o Nara, que mantinha uma expressão impassível. Ele então trouxe seu olhar a mim e me encarou.

– Parece que você tem o dom para conquistar as pessoas – Ele comentou apenas e tornou seus olhos ao Shisui – É um pedido tentador a aceitar – O jounin admitiu – Mas não posso atendê-lo.

– Por que não? – Meu irmão perguntou rapidamente.

– Porque parece que vocês entenderam o que eu disse errado – O encaramos realmente sem entender – Havia dito que alguém ficaria sem os sinos, e falharia caso não conseguisse completar a missão, e então automaticamente voltaria para a Academia.

– Mas isso... – O Shisui começou a falar mais uma vez, mas logo parou ao entender, assim como eu, o sentido da frase.

– A missão que você estava falando era sobre conseguirmos trabalhar como uma equipe – Elucidei e o Shikaku concordou.

– Missões são completadas com um time. É verdade que os talentos individuais de um ninja são importantes, mas o mais importante é o trabalho em equipe – O jounin explicou – Ações egoístas destroem o trabalho em equipe, trazem perigo para seus companheiros e então eles podem acabar sendo mortos – Ele nos encarou mais seriamente – As missões são todas trabalhos de risco de vida. Se não estiverem prontos para confiar sua vida a seus companheiros, vocês estarão fadados ao fracasso – O Nara encarou o Takafumi por um momento e logo tornou sua atenção para todos – Por isso dificilmente uma garota aguenta trabalhar com minha equipe – Ele comentou e me encarou – Mas parece que não preciso me preocupar com relação a você.

– Ainda mais porque a Amaya está mais para um garoto que uma garota – O Shisui disse baixo e lhe encarei – Estou brincando, estou brincando... – Ele parou por um momento e falou ainda mais baixo em seguida – Em parte.

Dei um soco no braço do Uchiha e ele resmungou, fazendo com que o Takafumi e o Shikaku rissem da reação do meu irmão.

– Então é oficial – O Nara continuou e voltamos nossas atenções a sua pessoa – O teste de sobrevivência acabou – Ele sorriu – Todos passaram e a Amaya está ingressando oficialmente a equipe – Sorri fraco – O time 7 começa suas missões amanhã. Nos encontraremos antes de pegarmos a missão, então não se atrasem – Assentimos – Ouviu bem, Shisui? – Meu irmão assentiu rapidamente.

– Duvido que ele chegue na hora... – O Takafumi comentou com os braços cruzados e meu irmão o encarou.

– Você está muito arriado hoje – Ele falou com um sorrisinho cínico ao amigo.

Os dois Uchihas ficaram discutindo de maneira infantil e eu apenas rira de seus argumentos. Uma amizade assim..., pensei. Me lembra um pouco da minha amizade com o Kakashi. Sorri fracamente com esse pensamento.

– Aqui – A voz do sensei fez com que saísse dos meus pensamentos e me voltasse a ele – Agora que você é oficialmente genin, pode usá-la.

Ele tinha uma pequena placa de metal entalhada presa a uma faixa de tecido escura consigo, estendida em minha direção. Tomei-a em minhas mãos e a olhei por um momento.

A bandana da aldeia, constatei. O símbolo que mostra às pessoas que o portador dela é classificado como um ninja, independente de ser um genin, chunnin ou mesmo jounin.

– Obrigada – Agradeci ao Shikaku e sorri fraco.

– Use-a como achar mais apropriado, e não se esqueça do peso que vem com ela – O Nara ressaltou e assenti em entendimento.

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Fomos dispensados depois da conversa e o Takafumi me deixou e ao Shisui voltando sozinhos. O meu irmão me explicou que o garoto era seu melhor amigo e que já sabia sobre nossa relação real, sobre sermos irmãos e tudo mais envolvido.

Me preocupei por alguns momentos pelo que isso poderia vir a acarretar no clã Uchiha por minha causa. Não se preocupe, o Shisui insistiu, ele não contará a ninguém sobre isso. Confiava na palavra do meu irmão, então pude relaxar um pouco.

Ele também ressaltou que não tinha contado nada sobre o fato de eu já ter despertado o sharingan, mesmo não podendo usá-lo. Se os Uchihas souberem sobre isso, uma pessoa que tem acesso ao doujutsu sendo, tecnicamente, de fora do clã e podendo usá-lo a seu favor... Não consigo imaginar que problemas viriam para mim, e até mesmo ao Shisui por não ter contado.

Porém, não me martirizei por muito tempo, afinal, não havia conseguido reativar meu sharingan, então aquele não era um problema a se considerar naquele momento.

O Shisui também insistiu que eu mantivesse meu cabelo como ele havia arrumado antes.

Antes de irmos lutar contra o sensei, meu irmão decidiu por prender meu cabelo. Se deixá-lo solto pode acabar a vir a te atrapalhar, ele explicara e teimei consigo um pouco sobre manter escondida minha mecha escura.

Por que você deveria escondê-la?, ele perguntou com uma expressão séria. Você também é uma Uchiha e, acima disso, minha irmã. Não tem motivos para esconder quem você é por causa dos outros.

O Shisui geralmente sabia exatamente o que me incomodava nesse tipo de assunto. Ele conseguia me ler com uma facilidade incrível e o admirava muito por isso. Decidi ceder ao seu pedido e aceitei parar de me esconder.

Sabia que era inevitável. Em algum momento teria que mostrar quem eu era e parecia melhor que fosse agora, no momento em que tinha tantas pessoas me apoiando: Meu irmão, o Minato, a Kushina, o Sakumo, o Kakashi e todos os meus amigos da Academia...

Estava começando uma nova fase, um período de transformações na minha vida. Sorri ao divagar sobre isso tudo. Não haveria momento mais propício que esse para me descobrir.

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O Shisui ficou na entrada do distrito do clã Uchiha e segui para casa também. Preciso comprar meus equipamentos agora que sou oficialmente genin, ponderei e olhei minha bandana em mãos. Vou passar em casa e usar parte das minhas economias para pegar o que preciso.

– Estou em casa – Avisei assim que entrei e deixei meu calçado na entrada.

Segui o pequeno corredor da entrada e logo estava na sala de estar. O Minato e a Kushina estavam ali. O loiro dormia sobre as pernas da ruiva e ela me fizera um gesto para que não falasse.

Assenti fraco e ela se levantou cuidadosamente para não acordar o loiro do seu descaso. Ela o deixou dormindo no sofá e me indicou para que fossemos até meu quarto para que pudéssemos conversar.

Assim que fechei a porta e levei meus olhos novamente para a ruiva, ela deixou transparecer toda a sua preocupação de uma única vez.

– Como foi o teste? Eu estava tão preocupada, dattebane! – Ela anunciou rapidamente – O Minato havia dito que era um teste difícil, e com o emburrado do seu sensei deve ter sido ainda mais complicado – A ruiva me encarou – Como foi? Você se machucou? – Ela me olhou de cima a baixo rapidamente – Você e suas roupas estão tão sujas, dattebane! – Ri fraco com sua fala apressada.

– Foi complicado, mas não impossível – Lhe mostrei minha bandana, agora o símbolo de que eu era oficialmente uma kunoichi – Vou levar um tempo até me acostumar a trabalhar com meu time e a lidar com a leve indisposição do Shikaku-sensei, mas estou ansiosa para lutar ao lado deles.

A Kushina riu com meu comentário sobre o Nara e me encarou profundamente em seguida, com um sorriso tão terno que me aqueceu imediatamente por dentro.

– Tenho certeza que você será uma kunoichi espetacular – A ruiva dissera sincera e sorri fraco – E vejo que resolveu mostrar suas características femininas – Ela indicou meu cabelo preso.

– Foi ideia do Shisui – Comentei e me senti corar levemente.

– Combinou muito com você, Amaya – A Kushina elogiou e a encarei.

– Vou tomar um banho rápido e vou até o centro da aldeia comprar alguns equipamentos para usar durante as missões – Avisei-a, já que ainda era o início da tarde.

– Vou com você – A Uzumaki anunciou – Você não deve ter tido nenhum conselho feminino desde que chegou na aldeia, não é? – Neguei fraco – Bem, já que resolveu mudar o estilo do seu cabelo, precisa mudar seu visual também – A ruiva explicou e a encarei sem entender.

– Há alguma razão particular para isso?

– Você precisa de roupas novas, dattebane! – Ela disse animadamente – Com a primavera chegando, você vai precisar mudar seu guarda-roupa. Além, é claro, de comprar roupas que sejam mais certas para a sua altura – A Kushina colocou a mão no alto da minha cabeça – E você será bem alta pelo jeito...

– Não sei se tenho dinheiro para comprar meus equipamentos e também as roupas – Avisei a Uzumaki, que sorriu mais animada em seguida.

– Não se preocupe com isso, eu pagarei suas roupas! – Quis falar, mas ela continuou rapidamente – E não aceito ser contrariada, dattebane! Considere como meu presente pela sua graduação na Academia e promoção a genin – Não tendo margem para argumento, sorri fraco.

– Obrigada, Kushina – A ruiva sorrira.