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História Herdeira da Luz e da Escuridão - Mistérios revelados


Escrita por: Hera_Bitch

Notas do Autor


Olá, olá meus amores!
Como estão?
Bem, como devem ter percebido, ontem não consegui trazer outro capítulo kkkk então o de hoje está aqui e sendo um bem maior que o normal – vocês estão merecendo depois de tanto sofrimento kkkkk
Peço que deem uma olhada nas notas finais, preciso ressaltar alguns pontos relacionados a história
Então antes que alguém me cace, vamos ao capítulo!


☆ ☆ ☆ Glossário da Hera ☆ ☆ ☆
Saury – Espécie de peixe característico da cozinha do leste asiático.

Capítulo 48 - Mistérios revelados


Fanfic / Fanfiction Herdeira da Luz e da Escuridão - Mistérios revelados

“Oh, por que você parece tão triste?

Há lágrimas nos seus olhos

Venha aqui e venha comigo agora

Não tenha vergonha de chorar

Deixe-me ver você por inteiro

Porque eu já vi o lado escuro também

Quando a noite caí sobre você

Você não sabe o que fazer

Nada do que você confesse

Pode me fazer te amar menos

Então

Se você está triste, fique triste

Não guarde isso dentro de você

Venha aqui e fale comigo agora”

– I’ll stand by you – The Pretenders

 

POV Kakashi Hatake

Alguns genins haviam sido chamados a Academia Ninja para auxiliar os senseis a fazerem a manutenção de alguns espaços. Era uma missão no fim de semana, então ao término dela estaríamos imediatamente liberados.

Pouco antes que as equipes fossem organizadas, notei a Amaya chegando correndo com o Shisui acompanhando-a. A garota parecia repreender o Uchiha e pela primeira vez a vi com uma expressão levemente irritada.

Já tinham mais ou menos dois meses que não falava com a Uzumaki. Havia dito muitas coisas que ela não merecia ouvir, e graças ao meu maldito orgulho não sabia como pedir desculpas – para começo de conversa, nem mesmo sabia se ela me desculparia.

– Ótimo, todos vocês já chegaram – Um jounin sensei dissera e levamos nossa atenção para ele – Vou anunciar os locais em que cada dupla trabalhará.

Alguns genins começaram a reclamar, afinal, ninguém havia avisado antes que os trabalhos seriam realizados em duplas. O esperado era que fossem realizadas as tarefas com suas equipes.

– O pátio da Academia ficará aos cuidados da Keiko e da Sayuri. As salas de aula do primeiro andar com o Riki e a Shion – O jounin começou a anunciar os locais e as duplas – Shisui e Akira, o segundo andar é de vocês dois...

Enquanto o jounin anunciava as duplas, outro sensei entregava os materiais para os alunos para que eles se dirigissem a seus locais.

Bem, independente de quem for, considerei, preciso focar apenas em terminar o mais rápido possível. Só espero que não forme dupla com a...

– O ginásio de treinamento ficará sob os cuidados da Amaya e do Kakashi – O anúncio do sensei interrompeu imediatamente meu pensamento.

Justamente com quem não queria formar dupla. O motivo? Eu não sabia como conseguiria trabalhar com ela sem conversar ou como agir depois do que havia lhe dito.

A Amaya se aproximou do jounin e fiz o mesmo, mas me mantendo alguns passos atrás dela. Ela pegou os materiais de limpeza que o sensei lhe estendera e eu peguei os meus em seguida.

Nós dois seguimos em silêncio até a área do ginásio da Academia. Nossos passos ecoando pelos corredores vazios eram as únicas coisas audíveis naquele momento.

Mil pensamentos me torturavam, procurando por qualquer coisa ou brecha para que pudesse falar com a Uzumaki, mas simplesmente não encontrava.

Logo chegamos em instantes no ginásio. A ruiva deixou a bolsa que tinha consigo num dos bancos da arquibancada.

Em seguida, como se estivéssemos numa espécie de modo automático, começamos com a limpeza do ginásio. Enchemos os baldes que tínhamos com água e começamos limpado as janelas daquele lugar.

Pelo reflexo das janelas que limpava, tentava ver como a expressão da Amaya estava. Se pelo menos pudesse ler sua expressão..., ponderei. Eu poderia tentar falar com ela, talvez...

Com esses pensamentos rondando minha cabeça, olhei novamente para a Uzumaki pelo reflexo da janela que limpava. Mas dessa vez ela também me encarava pelo reflexo da janela que a própria limpava.

Seu semblante era sério. E, sendo sincero, aquela expressão me deixara um pouco acuado. Não estava acostumado a vê-la sem ser com uma expressão serena ou mesmo sorrindo, então vê-la daquela maneira era sinistro.

E o pior, sua expressão parecia direcionada para mim.

Tratei de parar de encará-la e tentar focar completamente minha atenção em qualquer outra coisa.

Quando estava terminando de limpar a última janela do meu lado no ginásio, levei meu olhar novamente para a Amaya, notando que ela já tinha terminado de limpar as janelas do seu lado.

Ela trocou a água do seu balde sem pressa e tomou o seu esfregão em mãos. E foi nesse momento que algo me veio à mente. É isso! Esse é o jeito que posso tentar conversar com a Amaya!

Terminei rapidamente a janela a minha frente e segui até onde havia deixado o esfregão que o jounin tinha me entregado. Peguei meu balde e o enchi de água novamente, e segui até a área de treino do ginásio, onde o piso precisava ser limpo.

A Amaya estava limpando o chão no lado oposto ao que eu me encontrava. Comecei a tentar compensar no meu lado o que a Amaya já havia limpado no seu.

Notei que a Uzumaki tinha sua atenção, mesmo que discretamente, focada em mim. Pelo que conhecia dela, sabia que a ruiva não resistiria a uma competição – nós dois éramos iguais nesse quesito: Odiávamos perder.

Vi-a desviar os seus olhos de mim. Ela começou a acompanhar o ritmo em que eu limpava o piso do meu lado, adiantando sua limpeza. Comemorei internamente. Ela já entendeu, pensei animado, e parece ter topado...

Comecei a correr no meu lado enquanto passava o esfregão pelo piso. Assim tomei a dianteira da competição. A Amaya não perdeu tempo e fizera o mesmo. Seguíamos de uma extremidade do ginásio a outra limpando o chão e tentando nos mantermos um na frente do outro.

– Não consegue ficar sem competir com os outros? – A Amaya perguntou de repente e levei meus olhos a ela, vendo-a com um sorriso.

– Pelo que me lembro, foi você quem disse que continuaríamos nossa competição quando voltasse da sua missão... – Ela riu e sorri fraco.

Havíamos chegado os dois ao mesmo tempo ao centro do ginásio. Era a reta final. Paramos lado a lado e encarei a garota por um momento.

– Vamos usar esse como o quinto desafio? – Ela perguntou e assenti.

– Quem chegar até o outro lado primeiro vence – Falei e ela concordou.

Peguei um ryo em meu bolso e o mostrei brevemente para a Amaya. A ruiva assentiu e se preparou. Joguei a moeda para cima e me preparei também.

Não estava realmente interessado em ganhar ou não aquela competição. Só o fato da Amaya ter aceitado participar já havia aliviado minha ansiedade em relação a ela. Parecia que não estava guardando rancor de mim – ou então ela sabia disfarçar muito bem...

Quando a moeda tocou o chão do ginásio, emitindo o bate metálico da mesma, eu e a ruiva nos colocamos a correr com os esfregões em mãos.

Como já esperava, a Amaya tinha vantagem na corrida. Aquela estranha era rápida, muito rápida. Tentara buscá-la, mas era difícil. Ouvi a Amaya rir e ela olhou brevemente na minha direção.

– Parece que vou ganhar essa fácil... – Ela anunciou convencida, mas ofegando baixo.

– Pessoas normais não correm tão rápido – Reclamei também com meu fôlego começando a me sinalizar o cansaço.

– Acabou de me chamar de anormal ao dizer que não sou como as pessoas normais, baka? – A Amaya perguntou com uma de suas sobrancelhas levemente arqueadas.

– Só percebeu agora, estranha? – Devolvi a pergunta retórica e ri da cara de indignação da Uzumaki.

E nesse mesmo momento, sem que eu pudesse entender, ela parou sua corrida subitamente. Eu só fui parar quando esbarrei em algo, ou deveria dizer, alguém. Olhei para frente, vendo um dos senseis que haviam nos recepcionado mais cedo.

– Desculpe... – Pedi rapidamente e me afastei um pouco dele.

– Tudo bem – Ele falou e riu fraco – Só estava checando se precisavam de ajuda, mas pelo jeito vocês já estão terminando.

– Sim – A Amaya afirmou se aproximando de nós e levamos nossa atenção a ela – Ainda precisarão de ajuda em outro lugares?

– Não, não... Assim que terminarem, deixem os materiais no lado de fora que outro jounin virá recolhê-los – Assentimos – Então agora vou deixá-los terminarem.

O sensei saiu do ginásio e olhei para a Amaya ao meu lado, encarando-a por um instante. Tentamos manter nossas expressões sérias, mas no instante seguinte começamos a rir. Quando conseguimos recuperar o fôlego e nos mantermos sem rir, voltei minha atenção a ruiva.

– Como vamos fazer com a competição agora? – Perguntei e ela me encarou – O sensei nos atrapalhou.

– Bem, tecnicamente você chegou ao final do ginásio primeiro – A Amaya comentou e deu de ombros – Então posso relevar dessa vez e considerar como sua vitória – A encarei e tentei manter uma expressão mais séria por um momento.

– Quem é você e o que fez com a estranha da Amaya?

Como uma clara punição, ela bateu com o esfregão que tinha em mãos nas minhas pernas – embora não tivesse empregado sequer força exagerada alguma.

– Ei! – Reclamei e a garota riu.

– Estou sendo legal e você vem tirar sarro comigo? Você mereceu isso – Ri fraco.

– Certo, certo... – Admiti, desistindo de tentar contrariá-la.

– Então... O que vai querer pela vitória? – Ela perguntou – Desde que não seja uma luta ou qualquer coisa que me obrigue a me esforçar, eu topo.

– Na verdade eu queria que fosse me respondesse algo com sinceridade... – A encarei e suspirei pesadamente – Você ainda está com raiva de mim? – Ela me olhou por um momento.

– Quer dizer por conta do que aconteceu depois que seu pai... – A ruiva parou o próprio questionamento e assenti fraco.

A Amaya não disse nada, mas manteve seu olhar na minha direção por alguns instantes. Estava com minha ansiedade nas nuvens. Embora houvesse aceitado o desafio, aquilo não significava que ela tinha desculpado o que eu tinha lhe feito.

Ninguém sensato me desculparia depois do que havia dito sem pensar, ainda mais por eu ter passado tanto tempo sem me desculpar.

A Uzumaki suspirou pesadamente e fechou seus olhos por um momento, parecendo de alguma forma frustrada e a encarei confuso. O que isso quer dizer?, me perguntei.

– Tudo bem se eu responder depois? – Ela perguntou e tornou a abrir seus olhos, me encarando mais séria que antes.

– Sim... Claro, tudo bem – Concordei meio sem jeito.

A Amaya se afastou de mim e foi até suas coisas, pegando sua bolsa e juntando os materiais que usara na limpeza. Fiz o mesmo e deixamos nossos materiais do lado de fora do ginásio como o sensei havia nos instruído.

Seguimos para o lado de fora da Academia. A Uzumaki tomou seu caminho rapidamente em direção à área de vendas da aldeia. Embora soubesse que não deveria fazer aquilo, segui ao longe a ruiva.

Algo na mudança súbita no comportamento dela me deixou inquieto, então decidi segui-la por um tempo.

A primeira parada da Amaya se deu em uma barraca que vendia comidas prontas. Ela falou com um sorriso fraco algo rapidamente a jovem atendente, e a mulher assentiu prontamente.

Aquela barraca vendia alguns tipos variados de comidas, e a que mais estava acostumado era o saury grelhado deles, já que era um dos meus pratos favoritos.

Minutos depois a vendedora entregou uma pequena caixa embrulhada com um tecido simples a Amaya. A Uzumaki lhe entregou alguns ryos e tomou seu caminho novamente, e continuei a acompanhando ao longe.

A segunda parada se deu em uma das floriculturas, de onde ela saiu com apenas uma flor em mãos: Um lírio branco. Minha confusão se tornava ainda mais forte a cada minuto.

E minha confusão chegou ao extremo quando vi para onde a Amaya seguia por fim: O cemitério de Konoha. Ela andava calmamente e seu semblante era também sereno.

Tentei me manter o mais próximo possível de onde ela estava, mas sem revelar que estava ali. Graças à vegetação que havia naquela área de periferia da aldeia, podia manter minha presença oculta, assim como suprimir meu chakra.

E me intriguei quando percebi em frente a qual lápide ela parou.

A Uzumaki primeiro largou o lírio que comprara antes sobre a pedra de mármore a sua frente. Em seguida, largou a sua bolsa no chão, assim como o pequeno embrulho, e se sentou em frente à lápide.

– Desculpe pela demora, Sakumo – A ruiva desculpou-se sinceramente e não menos calma – Acabei demorando mais do que o esperado na missão, e ainda precisei parar para buscar algumas coisas antes de vir. Pelo menos consegui comprar sua flor favorita, não é? – Ela esboçou um fraco sorriso – Hoje finalmente voltei a falar com o Kakashi. Nós até continuamos com nossa competição e ele acabou ganhando... – A Uzumaki riu fracamente – Foi a primeira vez nesses dois meses que o vi sorrir... – Ela baixou seus olhos – Finalmente consegui cumprir de fato com a nossa promessa.

“Foi a primeira vez nesses dois meses que o vi sorrir”?, pensei sobre suas palavras. Nós não nos vimos, como ela... Parei meus pensamentos. Assim como estou fazendo agora, ela também me observou nesse meio tempo?

E o que ela quis dizer com “finalmente consegui cumprir de fato com a nossa promessa”?, me perguntei confuso. Do que ela está falando? Ela fez uma promessa ao meu... Pai?

– Você consegue acreditar que ele perguntou se eu ainda estava com raiva dele? – Ela riu sem humor – Como ele pode ser assim? – Ela levou seus olhos à lápide a sua frente – Eu não soube responder. Como... Como eu poderia dizer ao Kakashi que não tive raiva dele em momento algum, mesmo quando ele agiu como um idiota?

Aquelas palavras da Amaya me pegaram desprevenido. Ela... Não teve raiva de mim? Ela não tivera raiva de mim em momento algum?, me questionei internamente, extremamente confuso. Como assim...?

A ruiva se virou brevemente para o lado em que largara sua bolsa e abriu a mesma, tomando em mãos algo com o qual estava familiarizado em vê-la: Seu misterioso bloco.

Ela o abriu e folheou algumas páginas, até parar em uma específica. Sorrindo tristemente, a Uzumaki apoiou uma das mãos sobre a página. Da distância em que estava não conseguia ver o que havia no bloco.

– Eu terminei... – Ela falou logo depois e esboçou um fraco sorriso – Tentei deixá-lo o mais aproximado do que você tinha me contado, mas... Não vou ter como saber se está certo – Ela levantou seus olhos até a lápide – Só me resta ganhar as competições com o Kakashi e confirmar eu mesma – Ela riu fraco, largando o bloco ao seu lado – Queria entender como você sabia como o Kakashi agiria quando você... – Ela parou abruptamente suas palavras e notei a oscilação seu tom tivera – Seu pedido foi injusto... – A voz da Amaya estava cada vez mais embargada – Você disse que era um pedido, não uma combinação – Ela passou a mão sob seus olhos – Cuidar, ajudá-lo a encontrar a felicidade, ter paciência e não desistir do Kakashi... Foram quatro pedidos em um – Ela rira sem qualquer traço de emoção – Mas mesmo assim você acreditou que eu conseguiria. Por que justamente eu? Não conheço o Kakashi há tanto tempo, então por que...

POV Amaya Uzumaki

– Por que você o confiou a mim? – Fizera finalmente a pergunta que vinha me angustiando há meses, sentindo as lágrimas trilhando meu rosto sem que pudesse impedi-las – E-Eu... Não mereço essa confiança que você teve comigo... E-Eu não... – Mas não conseguia mais falar.

Tentei respirar fundo para me reestruturar. Ouvi de repente alguns passos se aproximando de onde eu estava e levei meus olhos a quem fosse, vendo ali quem menos esperava naquele momento.

– K-Kakashi...? – Chamei por ele e tentei secar as lágrimas que ainda caiam – O-O que você...

Mas antes que terminasse de falar ou sequer me colocasse de pé, o Hatake se aproximou de mim, se deixando ficar de joelhos a minha frente e me puxando para perto dele, me abraçando fortemente contra si.

– Me desculpe... – Ele pediu com sua voz baixa, quase como que implorando, e notei as lágrimas que o platinado tentava segurar – Por favor, me desculpe por tudo...

Eu e o Kakashi nunca havíamos tido nenhum tipo de contato como aquele. Nenhum. Aquela era a primeira vez que ele me abraçava – e também se mostrava tão vulnerável na minha presença.

O Hatake baixou sua cabeça e apoiou sua testa contra meu pescoço, soluçando baixo. Ainda que estivesse um pouco receosa de fazer algo e acabar fazendo-o se afastar, levantei minhas mãos e o envolvi, retribuindo seu abraço.

☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆ ☆

Não disse nada por muito tempo e nem o Kakashi. Nós apenas ficamos ali, em silêncio e abraçados. E só após alguns bons minutos notei que tinha um fraco sorriso em minha expressão.

– Acho que sua pergunta está respondida... – Levantei o assunto de maneira calma, arrancando uma risada nasalada do Hatake.

– Não poderia ter apenas respondido como uma pessoa normal? – Ele perguntara baixo.

– Sou estranha, lembra? Se respondesse como uma pessoa normal sairia do meu papel – O Kakashi riu fraco novamente.

Dessa vez o platinado se afastou de mim e virou seu rosto em uma direção contrária a onde eu estava, no intuito de não me deixar ver seus olhos vermelhos pelo seu anterior choro e não pude evitar ri fraco com isso. Kakashi sendo Kakashi...

– Não ouse contar para alguém sobre isso – Ele advertiu tentando parecer sério.

– Não se preocupe, não vou contar para ninguém que Kakashi Hatake sabe chorar como os demais seres humanos – Ele me encarou levemente emburrado, fazendo-me rir.

– Você é impossível... – O Hatake reclamou e sorri.

– Eu sei. Agora, quer me explicar por que me seguiu?

– Então já entendeu isso... – Assenti – Você estava estranha – O encarei um pouco mais séria – Certo, você estava um pouco mais estranha que o normal. Além disso, eu tinha agido como um... – Ele parou.

– Como...? – Sugeri para que continuasse e platinado suspirou.

– Como um idiota com você – Ri fraco – Então queria saber como estava. Você agiu de maneira esquisita depois que perguntei se ainda estava com raiva de mim, então... – O interrompi porque já tinha o suficiente para entender tudo.

– Decidiu me seguir? – O encarei – Depois eu sou a estranha... – Ele riu fraco.

– Você não pode falar nada, você também me observou sem que eu soubesse nesses últimos meses – O Hatake apontou o que havia dito há pouco.

– Touché – Comentei e nós dois rimos.

– Então meu pai te pediu algo? – O Kakashi perguntou pouco depois e o encarei – Que promessa você fez?

“Não posso fazer exatamente o mesmo pedido que minha esposa me fez – Comecei a recitar as palavras do Sakumo, já que havia decorado-as e cada uma me marcara profundamente – Ela me pedira para proteger o nosso filho, e não posso pedir que você faça o mesmo. Conhecendo-a como conheço, não duvido que você trocaria sua vida por alguém da nossa aldeia – Baixei meus olhos por um instante – E acredito firmemente que em relação ao Kakashi você nem pensaria duas vezes para fazê-lo. Mas imaginá-la arriscando sua vida por meu filho me dói. Por isso queria mudar o meu pedido a você: Por favor, cuide do Kakashi e o ajude a encontrar a felicidade nos momentos de desamparo – Levei meus olhos à lápide do Sakumo –Sei que você é paciente, mais do que quase todas as pessoas que já conheci, então tenho certeza de que terá tolerância suficiente para aturá-lo nos seus piores dias. Quando esses momentos chegarem, dê tempo a ele. Meu filho é forte, habilidoso e inteligente, mas tem grandes problemas para lidar com suas emoções. Sei que em muitos momentos ele agirá como um cabeça-dura e parecerá indiferente a tudo e todos, mas, por favor, nunca desista dele” – Ri fraco – Seu pai sabia bem como você agiria... – Levei meu olhar ao Hatake ao meu lado.

Sua expressão era um misto de confusão e surpresa. Ele tentou falar algo, mas acabou por desistir. Certamente não esperava por algo assim, conclui. Ninguém esperaria...

– Por que não me disse antes...? – O Kakashi conseguiu perguntar apenas depois de alguns instantes e o encarei.

– Eu tentei, mas você não quis me ouvir – Apontei calmamente – Então optei por esperar para quando estivesse pronto para entender.

Ele baixou seus olhos, pensativo. Pelo que conhecia dele, mil e uma coisas deveriam estar se passando por sua mente naquele momento.

E só então me lembrei de algo que tinha que entregar ao Kakashi.

Peguei a caixinha enrolada ao fino tecido que havia comprado mais cedo e a estendi na direção do Hatake. Ele me encarou confuso, mas tomou a caixa em mãos.

– É para você – Expliquei logo – Saury grelhado, certo? É o seu favorito – Ele voltou seus olhos a mim.

– Como você... – Ele parou sua pergunta e parecera reformular o que queria saber – Por que você o comprou?

– Pelo que li, presentear as pessoas em seus aniversários é algo importante, não é?

O Kakashi esboçara imediatamente um ar completamente surpreso em sua expressão. 15 de setembro..., pensei. É, tenho certeza de que é seu aniversário.

– Você foi mesmo comprar meu prato favorito para me dar de presente de aniversário? – O Hatake perguntou com seus olhos ainda na caixa em suas mãos.

– Sim... – Dissera – Não é normal dar algo às pessoas nos seus aniversários? – Ele riu fraco.

– Não, não é isso, você escolheu bem. É só que... – O platinado me encarou – Você foi a primeira a fazer algo assim para mim. A única, além do meu pai... – Notei que o Kakashi tinha um sorriso fraco em sua expressão sob a máscara – Obrigado – E acabei sorrindo também.

O Hatake começou a desembrulhar a caixa e o cheiro do peixe recém-cozido invadiu o ar. Diferente do normal, aquele peixe tinha cheiro agradável e convidativo. Antes que o Kakashi abrisse a caixa, ele parou e trouxe seu olhar a mim.

– Você estava com seu bloco, não é? – Ele perguntou e assenti – Te ouvi dizendo que havia terminado algo... E que precisava ganhar as competições contra mim para confirmar alguma coisa.

– Sim. O Sakumo tinha me pedido uma coisa, mas não tive a chance de mostrar a ele.

– Era só meu pai quem podia confirmar isso? – O platinado perguntou.

– Bem, tecnicamente você também pode, mas então descobriria o que eu faço andando com esse bloco para cima e para baixo – Ele ponderara por um momento.

– Não me importaria se você quisesse mudar seu prêmio para o caso de ganhar a competição... – O Kakashi comentou um pouco mais baixo e o encarei, rindo fraco.

– Então você está tão curioso – Ele cruzou seus braços tentando fingir desinteresse e ri novamente – Vou precisar pensar em outra coisa no decorrer da nossa competição então...

Notei o Kakashi trazendo seus olhos na minha direção no mesmo momento. Peguei meu bloco que estava ao meu lado e o abri mais uma vez, revelando alguns esboços de desenhos rabiscados.

– Você os fez todos? – O Hatake perguntou e observei seus olhos atentos às páginas.

– Sim. O Sakumo sugeriu que os fizesse para me ajudar na recuperação das minhas memórias, pouco depois que comecei a morar com vocês.

– Eles são bons... – Olhei para o platinado frente ao seu honesto e inesperado elogio, e só então ele mesmo notou que falara aquilo em voz alta – Você não ouviu isso – Ele falou sério e ri fraco.

– Seu pai também me disse isso e então sugeriu que fizesse outros como hobbie – Comentei passando as páginas – E ele me pediu um em especial... – Parei em uma página antes do desenho que havia feito a pedido do Hatake mais velho – Como disse, eu não sei se ele condiz com a realidade, porque fiz seguindo as explicações do Sakumo. Então não tente me matar se eu tiver feito algo muito estranho... – O Kakashi assentiu um pouco confuso, mas com sua curiosidade transparecendo.

Virei a página, revelando o desenho que o Sakumo havia me pedido: Um retrato dele com o Kakashi, mas com o Hatake mais novo sem a máscara.

– Por isso eu precisava ganhar a competição para ter certeza se havia feito o desenho certo – Elucidei ao Hatake – E então... Pelo menos cheguei perto?

Olhei para o Kakashi e encontrei-o surpreso. Isso é algo bom ou ruim?, me questionei preocupada. O platinado me encarou alguns segundos depois.

E quando achei que fosse me dizer algo, ele segurou a beira de sua máscara e sem esperar ou comentar algo, baixou-a revelando seu rosto.

Ele tinha um nariz perfeitamente adequado ao seu rosto, uma mandíbula estreitamente delineada. Sua boca era bem desenhada e seus lábios eram visualmente suaves, acompanhados por uma pinta a esquerda, acima de seu queixo.

Ele tem um rosto bonito..., considerei e senti minhas bochechas levemente quentes. Exatamente como o Sakumo me explicou que era.

– Se eu soubesse disso antes, teria medo de imaginá-la me desenhando, mas parece que você tem talento – O Kakashi me provocou e sorriu – Você conseguiu acertar em cheio.

Seu sorriso era contido como o do Sakumo, dando-lhe um ar bem mais amigável que sua habitual expressão indiferente. Vê-lo me trouxe uma nova imagem àquelas que tinha referente ao Hatake, fazendo-me rir fraco em seguida.

– Fico aliviada em saber que pelo menos você tem o rosto normal – Falei e o Kakashi me olhou desconfiado.

– Tenho até receio de perguntar o que você imaginou que eu escondia sob a máscara... – Ri, sendo acompanhada pelo Hatake logo depois.


Notas Finais


Por hoje era isso!
Agora, ao que eu queria ressaltar, a começar por alguns capítulos atrás...

A primeira coisa que queria apontar era sobre o fato do Shisui despertar seu Mangekyou Sharingan.
É dito que o mesmo o despertou ao testemunhar seu melhor amigo morrer e ele não poder fazer nada para ajudá-lo. Como não tinha nenhuma especificação em relação a quem era esse melhor amigo ou ao tipo de morte que ele levara, acabei por inventar ambos (Takafumi e a missão envolvendo os contrabandistas particularmente para esse propósito). Também é dito que o Shisui fora o membro do clã Uchiha que mais cedo conseguiu acessar tal poder. É registrado que ele tinha 7 anos quando despertou seu mangekyou, e mantive isso (porém, como não especificava se o Shisui havia completado 7 anos ou era no ano que ele completaria 7, decidi deixá-lo com 7 anos já completos e prestes a fazer 8 – o capítulo de hoje é referente ao mês de setembro, um mês antes do aniversário do nosso amado Uchiha).

O segundo ponto é relativo a morte do Sakumo.
Conversando com a Kisara, indiretamente ela acabou me abrindo os olhos em relação a algo:
À quem não é tão fã do Kakashi ou mesmo à quem é fã, mas não conhece a história dele de forma tão ávida, preciso ressaltar que o fato do seu pai se matar e o Kakashi ser quem o encontrou morto não foi uma coisa que inventei para dar uma carga emocional mais dramática. Isso foi algo que o próprio Kishimoto colocou no anime/mangá e eu trouxe para cá, dado ao fato de ser um ponto marcante para a vida do Hatake. Nem havia passado pela minha cabeça de que alguns de vocês poderiam não saber disso (Kisara, obrigada por me lembrar, sem saber, sobre isso ❤ kkkk).

O terceiro ponto, e que possivelmente é um dos menos importantes, é relacionado a flor que a Amaya levou ao túmulo do Sakumo.
Tal floração não foi escolhida aleatoriamente. Num dos fillers do Shippuden (gente, não lembro o número exato, desculpa kkkk) é mostrado o Kakashi visitando o túmulo do pai e colocando sobre o mesmo uma flor parecida. Então em minha mera dedução, acredito que essa flor fosse uma que o Sakumo gostasse.

Acredito que era isso o mais importante que precisava dizer.
Eu falo demais, não é? kkkk
Agora sim, nos vemos no próximo!!


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