Veja
A salvação de todas as quimeras veio por palavras silenciosas
Pontos rígidos e brilhantes na noite retangular
Estrelas reluzentes de verdades tão mentirosas
Cadentes e sedutoras em tantos céus
Escute
Os discursos ecoados de imponência vazia
Realidades de antes tintiladas no agora
Mantras de certezas absolutas
Matam-me na alma, conservam-me no corpo
Fale
As suaves palavras do teu clero tecem belezas em tuas indelicadas crueldades
Homens brutos lançam em teus ombros um manto real
O mal se transveste de dignidade justa
Enquanto pisa em seu próprio reflexo nas poças salgadas e rubras
Toque
Na pobreza concretizada por tua mesquinharia e estupidez
Nas vidas destroçadas por teu coração de pedra e de diamantes
Nos sonhos etéreos dos mortos vivos por ti criados
No futuro que se afundou no passado
Viva
Nos palácios de granito rodeados dos que escravizou
Teus servos pessoais possuem correntes cintilantes e estribos de aço
Teus amantes deitam-se no leito de um deus
Teu estandarte tremula sob um vale de tristeza sem fim
Amordaça-me
Não por eu proferir a verdade, pois nunca teve espírito para vê-la
Mas por aqueles que têm olhos, ainda que vendados
Por aqueles que têm ouvidos, ainda que obstruídos
Por aqueles possuem palavras próprias, ainda que perdidas em mentes embotadas
Por aqueles que guardam compaixão, ainda que obscurecida pelo medo e ilusão
Teu reino se projeta em mil e tantas noites
E, embora tua escuridão tende a engolir vidas que virão,
Não duvide: nada pode deter o novo dia que desponta
Mesmo que aos tropeços em meio às tuas trevas
Mesmo que estarrecido pelo desalento de tuas obras
Eu sei que sempre existirão dias sombrios à espreita no horizonte
Todo dia traz a glória de um sonho e o terror de um pesadelo
Mas toda manhã conclama o herói adormecido
Toda manhã vem me despertar em quem quiser acordar
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