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História Hey, Professora - Catradora - The best lawyer in the city


Escrita por: MrsLaviolette

Notas do Autor


Hey you!
Aproveitei a semana sem muita crise e trago + um tikin de acontecimentos xD

Glossariozin: Money Slave: É ê escrave que sente prazer em presentear ou ajudar financeiramente ê Dom. Também pode ser alguém que goste de ser controlado financeiramente.

Social Slave: É tomado como uma espécie de acompanhante dê Dom.

Sexual Slave: Tem o papel de entreter sexualmente seu dom.

24/7: De forma genérica, é a relação no padrão D/s que faz referência à vivência 24hrs por dia 7 dias na semana.

OBS. Tô ciente de que existem muito mais coisas a citar, mas só coloquei os termos que entraram na fic e os quais me competem explicar da maneira mais simples possível. Referência nas notas finais.


Boa leitura!

Capítulo 41 - The best lawyer in the city


 

Um novo dia, uma nova manhã onde os sentimentos de ambas partes pareciam renovados como o desabrochar de uma flor em botão após o orvalho da madrugada atingi-la em cheio. Assim se sentiam aquelas duas que agora espreguiçavam na mesma cama em um certo condomínio conhecido por ter os jardins mais bonitos de Etheria. As conversas reveladoras e o sexo de reconciliação de ontem à tarde foram suficientes para criar a atmosfera de bom humor em Catra que mesmo o fato de ela ter de deixar a casa da namorada para ir retomar seu trabalho em Horde não seria capaz de estragar o momento. E como pensado, Adora a tinha deixado na frente da boate a apenas poucos minutos antes de ela começar seu expediente. Catra mal queria sair do carro azul da professora...

 

*Flashback*

 

— Se você não parar de me beijar assim, vou acabar perdendo boas gorjetas além de levar uma bela bronca dê senhore meu chefe. – sorria com a mordida molhada que acabara de levar no lábio inferior.

— O que posso fazer se minha Mestra é tão gostosa? – Adora a provocou, mordendo seu lábio.

— Okay... devo dizer que essa minha escrava loira e sexy anda muito libertina pro meu gosto! E a sorte ou azar é todo dela que não posso castiga-la agora. – puxou-a pela coleira, ainda dentro do carro. — Gotta go, babe. (Tenho que ir, amor.).

E antes de sequer ousar dar aquela ordem, sua escrava já tinha saído e abria a porta do lado do passageiro para que ela saísse, como uma boa chofer. Catra sorria largamente com a atitude e antes de enfim despedir-se, provocou mais uma vez:

— Quando eu sair daqui, não pense que vou deixar barato o fato de você quase me fazer perder meu horário, ok, Grayskull? – lhe deu tapinhas no rosto e um beijo forte.

Can’t hardly wait, Mistress... (Mal posso esperar, Mestra). – Adora curvou a fronte em um gesto de reverência ao deixa-la.

— PASSA JÁ PRA DENTRO, SENHORA ATRASADA! – falava DT ligeiramente nervose, colocando sua funcionária para dentro das portas de Horde com tapas em sua bunda com uma palmatória.

 

Um par de minutos depois já com a boate aberta naquela noite pouco movimentada de sexta-feira, eles conversavam. Catra até já estava sentindo saudades do trabalho, afinal de contas as últimas semanas haviam sido um verdadeiro turbilhão de acontecimentos. E como bons amigues, ela e DT também tinham muito papo a pôr em dia, entre uma parada e outra.

 

— Desculpa, DT, não vai acontecer de novo. Juro! – ela limpava o balcão e punha as garrafas em ordem alfabética dos drinks.

DT lhe observava atentamente com as sobrancelhas loiras arqueadas e o lábio enrugado.

— É bom mesmo porque a criatura que coloquei pra te substituir, aiai... – suspirou mexendo no coque loiro. — ... enfim, gatinha....

— Ela/elu...não deu certo? – perguntou preocupada.

— Tá brincando? – DT corou um pouco. — Não... ela foi ótima. Só era muda que nem um túmulo. Até parecia que eu estava lidando com um robô, vixe. – suspirou novamente.

Catra levantou a sobrancelha esquerda, sacudindo o paninho que limpava a poeira das prateleiras.

— Ê viade tava sentindo falta de mim, né? ADMITE, VAI?!

Ê jovem acabou por lhe estalar com a palmatória em cima do balcão, quase acertando a mão direita da bartender. — Convencida!! – riu em seguida.

— Da onde tu tirou essa...? – ela apontou.

— Gostou né, safada?

— Não vou mentir que gostei sim... Posso ver mais de perto?

— Claro... – elu a entregou em mãos e a garota analisou toda pela estrutura, passando as mãos desde o cabo flexível até a tira única e grossa  em formato retangular.

Elu observava ela parecer analisar meticulosamente o aparato.

— Tu parece saber muito dessas coisas agora, né? – perguntou interessade.

— Sabe usar, viade? – ela provocou.

DT arqueou o cenho. — E não é só "slap", não…? Pfff. - tentou imitar o som do estalo dando um tapa no ar.

— É claro, mas é bom ter uma técnica e uns limites né, acima de qualquer coisa. Não é só sair estalando no lombo de ninguém, não, tá?. – riu.

— Putz...tô vendo que namorar a dominatrix tá te deixando uma verdadeira entendida das coisas né, dona Catra? – provocou a garota.

— Bdsm é uma arte, DT. – entregou-a na mão dê chefe, fechando suas mãos enquanto olhava dentro de seus olhos. — Se a maioria das pessoas se prestasse a pesquisar antes de sair falando e fazendo merda sobre o que não conhecem, não teríamos tanto preconceito contra quem gosta, não é? – suspirou. — Bom, se quiser, uma outra hora posso te ensinar umas coisas. – piscou, e olhou de soslaio para alguém que parecia ser o primeiro cliente da noite chegando.

DT desencostou o cotovelo do balcão recompondo-se para ir até seu escritório e deixa-la voltar ao trabalho.

Em um intervalo e outro, já que aquela sexta não estava tão corrida quanto das últimas vezes, Catra, além de compartilhar boa parte de suas últimas vivências, dava pequenas aulinhas à DT a como utilizar aquela palmatória preta de silicone que ê garote dissera ter comprado na curiosidade quando navegava na Internet. Ela estava amando descobrir que ê colegue de trabalho demonstrava interesse em seu estilo de vida.

 

— …e é muito mais do que as pessoas vagamente falam por aí, chefinhe. – gesticulava com o item nas mãos, repetindo os gestos e a postura de Scarlet.

DT apoiava o queixo com o polegar e o indicador sobre os lábios e na parte inferior da bochecha direita, seus olhos brilhavam, elu parecia extremamente interessade.

— Mas gata, me tira uma dúvida aqui... – interviu.

— Sou toda ouvidos...

— Como é que agora tu sabe tudo isso de dominar e as porras, se antes tu era...digamos, brinquedinho da tua namorada dominatrix? Da Adora...a Senhora Grayskull lá... – levantava a sobrancelha, parecendo curiose.

Catra pigarreou com uma feição de orgulho no olhar híbrido.

— Acredite, DT, para ser ume bom dominadore, primeiro precisa entender o que é ser ume subordinade. Ela não estava descartando seu “talento natural” que Scarlet lhe reconhecera por mérito, porém dando atenção ao fato de que, como em qualquer coisa na vida, era de bom tom passar por um estágio inferior antes de galgar os degraus à próxima etapa. Não sendo via de regra, mas em termos gerais, por ser o dominador o responsável pelos sentimentos e estado físico e psicológico de um submisso, era interessante e empático provar da posição oposta; compartilhar sensações em ordem de entender a psique de quem viria a ser dominado por si. 

  

— VIADA! – DT deu um gritinho batendo palminhas, surprese.

— O que? Que foi? Falei alguma coisa demais? – perguntou assustada.

— A SENHORA CHAMOU PELOS TERMOS CERTOS! – girou ao redor dela.

Catra revirou os olhos. AVÁ QUE É NISSO QUE ELU FOI PRESTAR ATENÇÂO!

— E de tudo que eu falei, essa foi a única coisa que tu prestou atenção, Praga Lôra do Egito? – bufou.

— Nananinanão! – elu brincou, reavendo o coque desfeito pelos pulinhos de alegria. — Tô muito atente, anotei tudo no meu caderninho mental! A senhora a-r-r-a-s-a! Já pode até ter tua própria casa de bdsm, sei lá...é assim que fala, né?

E Catra deixou o pensamento viajar por um instante, lembrou-se de Scarlet e do pedido da amiga para que ela viesse a ser sua sucessora. No calor do momento ela até chegou a considerar e tinha desistido logo em seguida porque, em primeiro lugar, não dispunha de recursos financeiros, mas agora aquela ideia tornava-se fixa em sua mente mais uma vez e talvez fosse mesmo algo que valesse a pena tentar. Algo a se conversar com Adora, ou muito mais provável, na gerência do banco mais próximo.

 

....

 

Ainda naquela noite, na cidade grande, Scarlet pesquisava em seu computador por referências dos melhores advogados de First Ones. Com as pesquisas, acabou indo parar em uma página de artigos jurídicos, vendo-se interessada por uma peça assinada por Mara Hope Grayskull. Chegou ao arquear a coluna para trás na cadeira com um breve sorriso entre as maçãs do rosto alvo. — Esse mundo é mesmo pequeno. ­ – levantou a sobrancelha com a surpresa, e clicou para ler o texto.

Após gastar dezoito minutos de seu precioso tempo naquela leitura técnica a qual embora ela não fosse uma grande fã, havia compreendido a maior parte do processo, e mesmo ela já tendo decidido mentalmente por aquela advogada tão logo lera seu nome no site; anotou tudo o que precisava em um bloquinho colocando-o no bolso do sobretudo. Ora, mas parece que o nome Grayskull me persegue. Ria cínica terminando a cigarrilha agridoce, tragando a fumaça para dentro de seus pulmões de quarenta e dois anos de idade.

 

.....

 

Plumeria,

 

“How to be a good slave”. (Como ser um bom escravo.). Esta era a pesquisa que Adora, ironicamente, procurava experimentando um pouquinho de vergonha e receio nas páginas da Internet. Não que aquilo fosse demais para ela, mas sua garota, agora sua Mestra, dentro dos padrões da mais nova brincadeira acordada entre ela e Catra passara a desempenhar o papel dominante quase sempre por escolha da própria Adora; e para a Senhora Grayskull era estranho sentir-se não só submissa, mas como uma propriedade de sua namorada. Era um iceberg entre os tantos que ainda tinha a quebrar com ela.

Conforme olhava atentamente para a pesquisa na tela do notebook, sua mente parecia que iria entrar em pane. Olhava arregaladamente para cada termo que se mostrava: Money Slave, Social Slave, Sexual Slave.

O susto era presente em suas duas sobrancelhas levantadas simultaneamente e um pouco de suor frio. Sim, como Scarlet lhe falara, havia uma série de protocolos a conhecer e, acima de qualquer coisa, respeitar. E agora ela se via confusa sobre que tipo de servidão sua Senhora Felina desejaria de si.

Holy fuck... I guess...sexual slave type? (Puta merda...Acho que tipo...escrava sexual?) Tinha as mãos trêmulas.

Catra não parecia querer ser o tipo de dominadora a querer controlar sua vida financeira, tampouco social já que a maior conexão entre elas se dava entre quatro paredes. Também ela já sabia da perversão da namorada em ser meio sádica, então provavelmente seria isso o que exigiria de si naquela espécie de contrato. Quando ela chegasse, portanto, mais uma conversa sobre limites. No fundo, apesar dos protocolos e regras diversos, continuava a ser interessante ter para si um relacionamento fora dos padrões.

Hum, maybe I also should look for some new toys. (Hum, talvez eu também deva procurar alguns brinquedos novos.). – segurava na ponta do queixo brincando com o anel em “O” da coleira em seu pescoço.

Passara agora a um site específico à procura de novos brinquedinhos. Quase chegou a perder a hora e já tinha adicionado várias coisas no carrinho pessoal de compra no site. OH FUCK, CATRA! (Porra, a Catra!). Levantou-se correndo dali para o banheiro. Uma das coisas que tinha lido em sua pesquisa que levara quase a noite inteira era de que uma boa escrava deveria sempre estar pronta e higienizada para ser objeto de uso de sua domme. Ok, este já era um pensamento genérico por mera higiene pessoal e vontade de estar em sua melhor forma para receber a amada, no entanto, agora fazia parte de algo ainda maior na relação.

 

A professora parou o carro em frente à Horde, olhava no relógio dourado: 01:47. Digitava algumas coisas no celular. De dentro do bar gay, Catra trocava sua irritante farda verde-musgo e conversava com DT já à beira de ir fechar as portas do estabelecimento. Ela estava feliz por vários motivos, distraída e sentiu o celular vibrar por dentro do bolso direito da calça. “ADORA”. Visualizou a mensagem que dizia: “Waiting for my Mistress” (Esperando pela minha Mestra.) e um emoji de joelhos. Sorriu satisfeita e um tanto quanto cheia de si.

 

— Até amanhã, DT. – terminou de ajuda-le a baixar as portas de enrolar de aço

.— Hey, blonde slave (Hey, escrava loira.). – falou ao entrar no carro.

May I....have permission to kiss my Mistress? (Tenho permissão para beijar minha Mestra?) – Adora lhe perguntou, de olhar baixo, já entrando na personagem.

Yeah, you have it. (Sim, você tem.). – a morena respondeu-lhe seriamente e a loura aproximou-se de seus lábios lentamente, parecia um pouco tensa, mas não negava que a nova dinâmica era muito interessante. Olhou-a demoradamente e apenas tocou a ponta de seus lábios rosados nos dela. Catra em súbito agarrou-lhe por trás dos cabelos tornando o beijo real e forte, fazendo-se a ela própria incendiar-se por dentro. — Now, take us home. (Agora nos leve pra casa.). – gesticulou para que Adora tomasse o volante novamente.   

 

Ao chegarem em Plumeria de novo, por volta das 02:00, Adora se perguntava se era a cada ação sua que deveria pedir permissão, e isso já estava lhe deixando com uma certa dor de cabeça. Respirou fundo, tomando para si a coragem de quebrar a estranheza do clima entre as duas. — Okay, Mestra... eu...ahn, gostaria de ter permissão para falarmos sobre termos. – pigarreou. Para ela, ainda era um tanto quanto difícil assumir que agora não estava nada sobre seu controle.

A mais nova lhe mirou com o olhar superior, arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços e pernas.

— Permissão concedida, Grayskull. Sobre o que quer falar?

 Adora suspirou profundo, tentando ao máximo não olhar nos olhos dela. Protocolo.

— E-eu estive pesquisando mais cedo, okay... eu acho mesmo que precisamos decidir que tipo de... é.... – limpava a garganta continuamente. — …slave você...digo...a Senhora quer que eu seja. Parecia que iria morrer falando aquelas coisas.

Catra por um instante pareceu sair do papel, descruzou os braços movendo o olhar para seu rosto, notando que Adora o desviava constantemente. PUTZ, ELA TÁ NERVOSA....

— Não sei, Adora... estou sendo honesta com você agora, temos mesmo que escolher até isso?

A loura não parava de reproduzir os comportamentos que aprendera em suas breves leituras naquele fim de noite em casa.

— Hey, por que não tá me olhando nos olhos? – Catra interviu.

— “Um escravo jamais deve olhar diretamente nos olhos de seu mestre”. –respondeu imediatamente.

A jovem enrugou o cenho, boquiaberta.

— Uau, você tá mesmo se jogando de cabeça nisso. – olhou para todos os lados, meio incrédula. Logo a arrogante Senhora Grayskull, dona da verdade e que controlava tudo, tão facilmente submissa. Um sorrisinho cínico se formou em uma covinha em seu rosto.

— Não é o que quer, Senhora Felina? E me perdoe a.... audácia de falar desta maneira. – coçou um pouco o queixo e tornou a abaixar a cabeça.

— Eu não pretendo controlar a sua vida, Adora... – Catra segurou o cenho, com as pálpebras contraídas, ligeiramente confusa. Ela também não sabia muito bem como proceder.

— E temos de ter limites, certo? - a loura insistiu.

LIMITES....  — Sim... limites. O que você propõe?

Honestly, I don’t know, Catra. You were the one who suggested it.... (Sinceramente, não sei, Catra. Foi você que sugeriu isso.). – deu de ombros, com a face agora um pouco elevada.

A garota precisou de alguns segundos até perceber que realmente a melhor forma de resolver a própria arapuca onde se colocara era, de fato, conversar e estudar junto com a amada como seria aquela e as outras posteriores inúmeras brincadeiras a que se submeteriam conforme explorassem mais territórios. Suspirou e ajeitou os cabelos jogando as mechas mais longas do lado esquerdo para trás da orelha.

We’ll find out together, then. (Vamos descobrir juntas, então.). — You coming? (Você vem?) – estendeu-lhe a mão direita, e lançou um olhar que parecia exigi-la em cima de seu colo naquela hora exata.

A mais velha observou atentamente o gesto. “We’ll find out together, then”. – caminhou lentamente em direção à Mestra que já mantinha sobre si um olhar sério, sobrancelhas arqueadas e descruzara as pernas no sofá.

— Pois não, Mestra? – perguntou aos seus pés, ainda sem olha-la diretamente.

— Venha aqui e me beije. — Catra ordenou e ela montou em seu colo, obedecendo piamente à cada ordem que vinha de sua sedenta mestra, a Senhora Felina em pessoa.

 

*End of Flashback*

 

E agora de manhã cedo após mais uma noite maravilhosa com sua namorada que mantinha o papel de sua mestra, a jovem professora brigava um pouco consigo mesma se era possível ainda se sentir no controle da própria vida, tendo que, de maneira ligeiramente desajeitada, acatar ordens daquela maneira. Praticamente tudo pelo o que brigara a vida inteira para tomar para si parecia se esvair com a decisão de entregar parte do controle de suas decisões e gestos para outra pessoa, ainda que esta fosse Catra, sua namorada. Quase chegou a ter um prelúdio de crise de ansiedade ao sentir a garganta fechar por meros segundos naquele momento, mas olhou para a parceira ainda dormindo ao seu lado na cama. Aquilo a acalmava.

Breathe it, Adora... 1...2...3.... (Respira, Adora.... 1... 2...3....). – inalou o ar nos pulmões, segurando no anel da coleira. Now, I’m ok, I’m alright... (Agora sim, eu estou bem, estou bem...). – tornou a olhar para ela que estava parecendo um boneco de pano largado toda aberta na cama. A liberdade de poder vê-la daquela maneira, tê-la e ser dela a ajudava a aceitar melhor os novos termos.

Brincadeiras eram apenas o “quê” a mais que compartilhavam como gosto particular, porque o amor já era uma certeza. Levantou da cama tomando a direção da cozinha. Tinha em mente que um de seus papéis esperados como uma “escrava” era servir e agradar à sua mestra então, nada como um café-na-cama com direito a tudo o que ela merecia. Com a pitada erótica da condição de agora se sentir e agir como sendo propriedade da amada. Fazia parte dos desejos dela.

 

— O-o que é isso? – a Mestra acordava, ainda coçando os olhos remelentos. E já notou Adora ajoelhada em cima da cama, com as mãos juntas em cima das coxas. A loura incitava calada, apenas com o olhar fixamente à mesinha móvel preenchida de uma ponta a outra com várias guloseimas que ela sabia serem as preferidas da namorada. — Wow! Venha comer comigo. – Catra ergueu-se sob o tronco ainda deitada entre os lençóis. Adora veio se deslizando comportadamente até sua direção.

 — Fez tudo isso pra mim, foi? - a olhava orgulhosa.

A loura gesticulou que sim. — Pretty much, I wanted to please my Mistress.... (Basicamente. Eu queria agradar à minha Senhora…)

A morena deu um sorrisinho ao morder uma fatia de pão francês com geleia de cranberry. — Come please your Mistress a little more... (Venha agradar a sua Senhora um pouco mais...). – bateu de leve na cama ao lado de onde estava.

Compartilharam o café da manhã juntas mantendo certo protocolo de comportamento. Iriam aprender juntas a desfrutar de tudo o que fosse novo e excitante naquela experiência ao modelo 24/7 que se iniciava.

 

.....

 

First Ones,

 

Sábado de manhã....

 

Scarlet dedilhava por cima das anotações que havia feito em um bloco de papel contendo o contato da melhor advogada de First Ones. No fundo, o sobrenome que vira já ecoava no fundo de sua mente quase como um refrão de uma música chiclete, e ela se perguntava se não era um erro envolver-se mais uma vez com uma Grayskull, não obstante daquela vez fosse um envolvimento meramente profissional. Sabia da fama de Mara Hope Grayskull e para o que ela tinha em mente, teria de ser um profissional extremamente confiável e competente. Scarlet havia tido as melhores referencias possíveis.

— Albert. – chamou automaticamente pelo funcionário e acabou por sorrir desconcertada para si mesma logo em seguida. Lembrou-se de que havia dado folga ao slave. Retomou o bloco, pegando seu próprio celular para fazer ela mesma a ligação para o escritório da advogada.

No prédio, como esperado, lá estava Mara trabalhando, assinava documentos e recebeu uma ligação de sua secretária informando que havia um novo contato de cliente. “Scarlet Laviolette”.

— Sim, tenho disponibilidade para as 16h. Pode confirmar com a Senhora Laviolette. Okay... – anotava na agenda profissional. Nice surname. (Belo sobrenome.). – pensou enquanto terminava de anotar as informações de sua futura nova cliente.

 

 

.....

 

Às 16h em ponto a advogada estava à porta daquele prédio azul.

Wow, that one is big. (Uau, este aqui é grande.). – olhou por cima dos óculos escuros, dado o sol atordoante daquela tarde em First Ones. Alcançou a recepção do grande salão. — Boa tarde. Tenho um horário marcado com a Senhora, ahn.... Scarlet Laviolette? – falou gentilmente e em sua postura profissional destacável.

Mara trajava um blazer azul com tons esverdeados e uma gravata branca sutilmente escondida pelas abotoaduras do terno feminino, o longo cabelo castanho em um rabo de cavalo trançado preso por uma fivela dourada e carregava uma pequena maleta. A recepcionista a mirou detalhadamente em sua beleza e indicou o andar inferior da estrutura. Mara olhava um pouco desconfiada, mas acabou tomando a direção indicada descendo a pequena escadaria. Deparou-se com a porta dupla e o slogan que também causara à sua irmã o estranhamento que ela agora experimentava ao ler: “Eternia.” “On your knees”. Curvou o cenho, olhando para a convidativa entrada de Etérnia. Interesting... continuou a andar e passou pelas cortinas rubras, enfim deparando-se com a visão do clube completamente vazio. Que raios de lugar é este?

Andava pelo piso avermelhado e logo viu as barras de pole dance, em seguida as poltronas acolchoadas ao redor, mesas e cadeiras, as lâmpadas no teto e na parede e uma estranha decoração que lhe fez por um momento ter calafrios. O que quer que fosse aquele lugar, ela tinha negócios a tratar ali, e dentro de si mesma, já estava deveras curiosa para saber quem encontraria pela frente. Como seria a tal Sra. Scarlet Laviolette? Até que seu olhar deparou-se com a figura de uma mulher atrás do que parecia ser uma bancada de bebidas, um bar característico.

Scarlet acenou de leve para a mulher que parecia perdida dentro de seu clube. Mara correspondeu com o olhar e seguiu agora com um pouco menos de desconfiança até a cliente que a aguardava. Primeiro contato visual. 

— Senhora Laviolette? – encostou-se ao balcão.

— Boa tarde, Dra. Mara Grayskull. – a cacheada a cumprimentou sem muita formalidade. — Por favor, ao meu escritório. – cedeu a passagem lateral, gesticulando o convite com ambas mãos em direção da porta de sua sala particular.

Outro susto para Mara. Adentrar aquele cômodo recheado de apetrechos os quais ela não conhecia bem, mas por mero senso comum sabia do que se tratava e aquela tremenda pintura quase ao nível de uma fotografia de tão realista que era, da mesma mulher que estava à sua frente roubara seu foco por meros segundos.

 

— Dra. Mara? – Scarlet a tirou da distração por olhar para seu quadro na parede cor de vinho.

— Ahn...pois não?

— Permita-me me apresentar devidamente. Scarlet Laviolette. – estendeu a mão direita com a palma virada para baixo.

Mara estendeu a sua própria mão direita, atendendo ao cumprimento formal.

— Que aperto de mão forte. – comentou ao sentir a mão dela quase abocanhar a sua.

— Fique à vontade. – Scarlet sentou-se em sua cadeira-trono, vendo a advogada acomodar-se em uma cadeira acolchoada do outro lado de sua mesa.

— Obrigada... então como posso prestar meus serviços à senhora?

— Me chame de você. – a mulher a olhava nos olhos azuis. Azuis como o de sua amiga Adora.

— Como quiser.

— O que exatamente preciso fazer para deixar um imóvel sob responsabilidade de terceiros? - a dama perguntou, interessada em iniciar o acordo profissional.

Mara arqueou o cenho, pôs-se a olhar interessada para a então cliente.

— Depende. Estamos tratando de uma doação, transferência, venda?

— São todas as possibilidades? – Scarlet sorriu ironicamente com os dedos sobre o cenho enrugado. — Achava eu ter algum conhecimento, mas pelo visto não passo de uma néscia em termos jurídicos. - comentou surpresa com a própria ignorância.

Mara correu o olhar ligeiramente à fronte da mulher, achando interessante a escolha da palavra e voltou a olhar na sequência de folhas do documento que Scarlet lhe passara para analisar.

— Precisarei de mais algum tempo para verificar toda a documentação em seus pormenores. – ela folheava e não deixava de sorrateiramente com os olhos percorrer o ambiente do escritório da proprietária de Etérnia. Aquela decoração era estranhamente peculiar.

— O tempo que for preciso, Dra. Mara. – Scarlet passara a observar seus traços mesmo Mara com a feição curvada a olhar os papéis por entre as mãos erguidas.

— Então Etérnia é uma espécie de clube, certo? – dedilhava por cima dos lábios ligeiramente enrugados, em sinal de análise.

— Exato. – a lady a respondeu fixando o olhar vinho nos lábios amorenados da advogada.

— …cujas atividades são voltadas para o “puro entretenimento do público adulto em período noturno e com exclusividade aos finais de semana” ... – Mara lia nas linhas contratuais.

— Parece confusa, Dra. Mara. – Scarlet gracejou em um tom debochado.

A morena limpou a garganta por um breve segundo, pondo novamente os papéis em cima da mesa.

— Não me leve a mal, Scarlet... eu posso chama-la assim, correto? - arriscou.

— Deve.

— Okay…as atividades para...o puro entretenimento do público adulto referem-se à atividades... – olhou novamente para os objetos característicos que compunham a decoração do escritório de Scarlet e de toda a Etérnia. — …sexuais, presumo. - completou, com ar tenso.

— Temos um problema quanto a isso, Dra. Mara? – Scarlet levantava uma sobrancelha, agora séria e com a fala mais endurecida.

— Problema algum. Só preciso me inteirar sobre que tipo de atividade temos aqui. É para o processo. – sorriu seriamente sem parecer se intimidar com a postura provocante da mulher.

— Ótimo. Não suporto falsos moralismos. – Scarlet mirou novamente dentro das orbes azuis oceânicas de Mara, parecendo procurar em seu rosto por uma expressão específica.

— Falso moralismo não faz um bom advogado, Scarlet. – defendeu-se falando pausadamente com os lábios quase fechados, ajeitando a gravata por dentro do blazer.

— Não pretendia ofender... – seus olhares se cruzaram sérios porém sem nenhuma ruga de emoção adversa, mesmo Scarlet tendo parecido se arrepender brevemente do que dissera.

— Não ofendeu. – a morena de blazer rebateu automaticamente. — Precisarei de uma cópia da escritura do imóvel além de mais algumas informações. Entrarei em contato brevemente. Mais alguma pauta para discussão hoje? – perguntou incisivamente, ignorando completamente o insulto despropositado da outra.

— Não. Por hora, estamos conversadas. – Scarlet levantou-se da mesa, guiando-a polidamente até a porta. — Foi um prazer, Dra. Mara. Peço desculpas se fui infeliz em meu comentário. - completou sem se deixar abalar.

— Não se preocupe. É o ônus da profissão. Todos temos os nossos, não é mesmo? O prazer foi meu, Madame Laviolette. Até breve. –seguiu de volta pelo mesmo caminho traçado, agora de volta ao piso superior de Etérnia.

 

Logo após Mara deixar o escritório de Scarlet, a dama voltava ao vício que não conseguira se libertar desde que tinha dezoito anos de idade. Fumava em sua cigarrilha típica.

— É, sem dúvida nenhuma, ela é uma Grayskull. Grayskulls e sua empáfia. – riu balançando a cabeça, tratando de guardar os pertences que estavam em cima da mesa quando por um breve momento seu olfato captou a essência amadeirada do perfume que a advogada deixara em sua sala.

 

No carro, Mara dirigia de volta à Grayskull Advogados. O trânsito louco do grande centro urbano era capaz de enlouquecer qualquer um, mas ela se mantinha calma. Mais uma de suas qualidades a exaltar como uma boa advogada: sua tranquilidade em situações de extrema tensão. O fato de ser calculista, analisar metódica e friamente o ambiente ao redor à procura do mais ínfimo detalhe ou abertura para, maquiavelicamente, criar uma estratégia de contra-ataque, e assim, ela enxergou a abertura por entre os carros que brigavam por uma vaga de ultrapassagem, sendo perfeitamente capaz de fazer a sua própria habilidosamente calculada pela esquerda, conseguindo escapar de maneira magistral de um projeto de engarrafamento que se fazia devido ao horário do rush em um sábado à tarde na movimentada First Ones.

Hum. Olhava no relógio de ouro no pulso direito enquanto aguardava o sinal verde. I think I’ll take a closer look at the Laviolette case at home... (Acho que vou dar uma olhada no caso Laviolette em casa com mais calma...). Acabou tomando a direção contrária do prédio da família, dirigindo com trajeto a mansão Grayskull e agora intrigada com o que exatamente a estranha senhora de olhos cor de vinho pretendia com a sua contratação.

 

 


Notas Finais




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