Outro garoto entrou na sala e fez um toquinho com Chandler antes de se sentar ao lado dele.
_Bom, vamos começar a aula. Hoje falaremos sobre... –eu abri meu caderno e comecei a desenhar enquanto Lucas falava sobre a guerra civil. Comecei a ouvir o barulho de alguém batendo o pé no chão, de alguma caneta batendo contra o caderno e de chutes na minha cadeira. _A guerra de secessão foi uma guerra civil travada entre 1861 e 1865 nos Estados Unidos depois de vários estados escravagistas do sul declararem sua secessão e formarem os Estados Confederados da América.
_E os estados que não se rebelaram ficaram conhecidos como o lado “Norte” né? –o amigo do Chandler perguntou.
_Ou “União”. –resmunguei, mas Lucas ouviu.
_Isso mesmo, estão corretos. E a unidade nacional retornou junto com qual garantia?
_A dos direitos civis. –falei.
_Muito bem. Agora eu quero que abram seus livros na pagina 48. –eu abri meu livro e o olhei. _Agora quero que voltem para a pagina 1 e leiam da pagina 1 ate a 48. –a sala reclamou e ele riu. _Coitadinhos. –ele falou e andou pela sala _Bom, a tarefa de casa de hoje será: vocês irão me escrever uma redação de três paginas...
_Isso é uma redação ou um livro? –perguntei e ele me olhou.
_Continuando, sobre qualquer coisa que fortemente lutam por ela. Algo inocente por favor.
_O que quis dizer com isso? –uma garota no final da sala perguntou. Ela usava óculos, tinha um cabelo estranho parecendo dos anos 60 e sorria como uma psicopata. Eu estudava com ela desde a primeira serie, e ela não deixa ninguém encostá-la. É germofóbica. O nome dela é Brendha.
_Qual o oposto do inocente? –Lucas perguntou.
_Bem aqui. –falei levantando a minha mão e ele riu.
_Hey Maya. –Lucas me chamou enquanto alguns começavam a ler as paginas.
_Sim senhor.
_Você estudou nas férias?
_Não senhor.
_Por que não?
_Por que eu não sou obrigada senhor. –falei.
_E por que não?
_Por que eu luto contra isso senhor.
_Ah deus, isso vai continuar por um tempo. –o tal amigo falou e eu o olhei. Ele colocou um tapa olho e colocou os pés na mesa.
_Cory, cory, cory, cory. –ele começou a falar como se estivesse dormindo. Eu revirei os olhos e fiz uma cara estranha enquanto Chandler ria. Qual era o problema dele?
_Sr. Fitz. –a secretária o chamou da porta. _O diretor esta te chamando na sala dele.
_Ok. –Lucas falou e se levantou. _se comportem. –ele saiu da sala e eu voltei a desenhar. Os barulhos voltaram e aquilo começava a me irritar. Eu me virei para trás brava e o olhei.
_Será que dá para parar com esse barulho? –perguntei e ele me olhou.
_Eu to quieto.
_Esta chutando a minha cadeira, esta me irritando.
_Você já é irritada. –ele falou e eu semicerrei os olhos.
_Então para. –eu me virei para frente novamente e voltei a desenhar.
**
O sinal do intervalo bateu e eu juntei minhas coisas na aula de biologia para eu poder ir para o refeitório. Eu as guardei no meu armário e bati a porta. Caminhei ate o bebedouro e me curvei para tomar água. Algo bateu contra a minha bunda e eu me desequilibrei batendo na parede. Eu arregalei meus olhos e quando me dei conta de quem era, me aproximei dele.
_Esta brincando com a minha cara né?
_Eu não te vi ai. –ele respondeu enquanto os outros dois garotos que estavam com ele paravam para nos olhar.
_Então é cego.
_olha aqui garota, eu to falando a verdade. –ele falou perdendo a paciência. Foi ate engraçado ver ele ficando vermelho. _Eu não te vi.
_Eu também não. –falei e joguei água nele, o que molhou sua camiseta cinza.
_Você é uma louca! –ele gritou e se aproximou ficando cara a cara comigo. Eu levantei a cabeça para olhá-lo porque minha cabeça era na altura dos ombros dele.
_Ououou casal de marrentinhos... Vamos quietar né? –um garoto que estava ao lado de Cory falou.
_Deixa eu resolver Sam. –Chandler falou e eu sorri de lado só para deixá-lo mais irritado.
_Não queremos que você seja preso por bater em uma garota. –Sam falou e eu ri me afastando.
_Essa foi boa. –eu disse rindo.
_Galera, paz mundial. –Cory falou. _O conceito de paz mundial refere-se à convivência pacífica entre os povos. É considerada uma das principais metas da humanidade, mas geralmente é vista como um ideal utópic...
_Cory não começa. –Chandler falou.
_Caramba, seu amigo é um dicionário ou o que?
_Cala a boca. –ele disse.
_Não me manda calar a boca pirralho.
_Olha aqui anã, eu estou perdendo a paciência com você.
_Ahwww. Tudo culpa sua.
_Culpa minha?
_E lá vamos nós. –Sam falou desistindo de apartar a “briga” e se encostando na parede para nos olhar.
_Isso, culpa sua. Se você não tivesse me derrubado e me perturbado na aula de historia nada disso estaria acontecendo.
_Ninguém mandou você ficar no meio do caminho. –ele falou colocando nossos corpos. Eu provavelmente estaria vermelha de raiva.
_Viu? É sua culpa!
_hey pessoal, o que esta acontecendo aqui? –Lucas perguntou se aproximando.
_Essa garota...
_Esse garoto... é muito chato!
_Você é chata! –nós voltamos a discutir enquanto Lucas revezava o olhar entre mim e ele. Nós nos calamos e o olhamos enquanto eu cruzava os braços. _Já acabaram?
_Certamente sim, já que não ouve mais nenhum comentário sobre o ocorrido. –Cory falou.
_Ok , agora é a minha vez. Acho que os dois já são maduros o suficiente. Pelo o motivo que estão brigando eu não sei. Mas isso vai acabar agora. Peçam desculpas.
_Eu não vou... –Chandler começou.
_Sorry. –falei tão baixo que eu mal ouvi.
_Chandler.
_Desculpa. –ele disse.
_Certo, podem ir. –eu sai andando assim como eles. _Maya. –eu parei de andar e fechei a cara.
_O que é?
_Cadê suas amigas? –eu dei de ombros.
_Sei lá.
_Eu pensei que estava se enturmando com aquelas do primeiro ano.
_é, eu também. Mas elas são umas chatas. –ele assentiu.
_Olha, pelo que eu sei sempre foi só Maya desde a sexta serie. Um amigo ajuda o outro. Um amigo tira o outro de problemas. Quem tira você dos seus?
_Eu mesma. –falei.
_Mas não é sempre que vai conseguir sair sem ajuda. Olha o que aconteceu hoje. Você estava passando dos limites assim como ele.
_Eu sinto muito. –falei me envergonhando.
_ Eu também. Porque você quase saiu na briga com um garoto. Maya, você tem 16 anos. Todos tem amigos nessa idade. Já conversou com sua mãe sobre isso?
_Esse é o problema. Eu não tenho alguém para falar sobre esses assuntos de garotas. –ele engoliu em seco e eu passei por ele caminhando pelo longo corredor cheio de armários.
**
Eu esperava meu pai na sala dele. Como eu odeio esperar. Me deitei no sofá e levantei as pernas para cima. Patricia entrou na sala e eu a olhei de cabeça para baixo.
_Cadê ele hein Patty?
_Ainda em reunião. –ela disse e eu bufei. Uma moça entrou na sala e eu a olhei me sentando rapidamente.
_Oi. –ela disse sorrindo.
_Oi.
_Lauren. –ela falou estendo a mão.
_Maya. –eu não acreditava que eu estava conhecendo ela. Eu amo ela. Eu a amo a Maggie.
_Aqui. –Patty entregou a bolsa para ela e ela saiu andando calmamente depois de acenar. Patty começou a olhar algumas pastas cheias de papeis e eu sorri.
_Patty! –gritei e ela se assustou.
_Ai menina.
_O que ela veio fazer aqui? –perguntei me levantando.
_As fotos. Da nova coleção. –ela respondeu e meu pai apareceu na porta.
_Ahhhh aleluia senhor! –falei o olhando e colocando a mão na cintura. _Demorou hoje hein.
_Eu estava na reunião. Reuniões demoram Maya.
_Vamos? Estou morrendo de fome, tédio, e a gente vai se atrasar. –meu pai olhou para patrícia revirando os olhos e ela riu. _Pai vamos! –eu sai andando na frente e chamei o elevador. As portas se abriram e eu entrei esperando por ele. Ele entrou e as portas começaram a se fechar.
_Segura a porta pleaassee. –alguém pediu e eu coloquei meu braço no meio antes delas se fecharem por completo. _Obrigada. –Lauren disse. Ahh que linda. Estou amando ela. _Você. –ela falou olhando para meu pai.
_Você. –ele disse a olhando.
_Eu. –falei dando um passo e me colocando entre os dois. O silencio se instalou e eu os via se entreolhando. Comecei a me perguntar o que estava acontecendo e quando pensei na possibilidade dos dois juntos, eu fechei a cara. Estou odiando ela.
Eu entrei no carro enquanto os dois conversavam do lado de fora. Eu cruzei os braços e meu pai entrou.
_O que ela queria? –perguntei.
_Não é as sua conta. –ele falou encostando no meu nariz com o seu dedo.
_Se não fosse da minha conta eu não estaria perguntando. –falei.
_Ô menina atrevida. –eu forcei um sorriso mas o fechei na mesma hora.
_Ela não quer sair com você quer?
_depende. –ele falou ligando o carro. _Por favor Maya, não comece com as suas paranóias.
_Só lamento. –eu disse. Ele revirou os olhos e começou a dirigir para a academia.
**
Eu usava um short de malha preto, um top preto e eu vestia minhas luvas rosas enquanto meu pai acenava para mim da bicicleta. Eu sorri sem mostrar os dentes e fui para o ringue.
_Certo pessoal. Hoje, é treinamentos com cruzados! –o professor disse e uma musica começou a tocar. _Maya venha cá. –ele disse e eu fui ate ele. Ele apertou minhas luvas e eu comecei a praticar os socos com ele.
_Hey Jeff! –Tyler, o que ficava na recepção da academia gritou. _Aluno novo. –ele disse e eu o olhei vendo Chandler entrar.
_Ahh só pode estar de brincadeira. –resmunguei. Jeff pulou o ringue e foi falar com ele.
_Certo pessoal, esse é o Chandler. Ele vai começar as aulas de boxe com a gente. –Chandler me olhou e revirou os olhos. _Sabe de alguma coisa garoto?
_Sei, eu fazia boxe antes, mas eu parei tem um tempo.
_Ok, vá para o ringue, vou ver quem praticará com você. –ele disse e Chandler subiu enquanto eu me sentava perto de alguns outros alunos. _Alguém se oferece? –eu pensei no assunto e sorri.
_Eu. –falei me levantando.
_Venha cá um metro e meio. –Jeff falou e eu fingi uma risada.
_1,53 Jeff. Crescendo a cada cinco anos! –meu pai falou saindo da bicicleta e vindo ate nós. Ele se apoiou no ringue e o olhou. _Acha isso uma boa idéia?
_Lógico né pai. –falei.
_Eu não me responsabilizo por danos. –ele disse abrindo sua garrafinha e começando a beber água.
_Pega leve. –Jeff falou.
_Pode deixar, eu não bato em garotas. –Chandler respondeu.
_Iiiii foi mal cara, mas ele estava falando com ela. –Tyler falou e riu.
_Pega leve Maya. –eu assenti e revirei os olhos. Retirei as luvas e as taquei para meu pai que segurava o riso enquanto olhava a cena. Jeff apitou e Chandler começou a andar no ringue. Nós andávamos em círculos enquanto eu sorria. Dei um passo e ele se afastou. Ele se aproximou e eu o segurei passando uma rasteira nele. Eu o derrubei no chão com tudo e prendi seus braços.
_Quem derrubou quem agora? –perguntei enquanto ele fazia uma careta de dor enquanto os outros riam inclusive meu pai.
_Essa é minha garota. –ele disse.
_Se for para ficar em cima de mim, pode me derrubar quando quiser. –eu fechei o sorriso e o olhei séria.
_Você me irrita.
_Que bom saber disso.
_Sabe, acabou de vir á minha brilhante mente, que te irritar também não deve ser uma má idéia sabia? –eu sorri e me levantei de cima dele. _Nos vemos amanhã Chandelier.
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