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História Hiatus 2 - Planos


Escrita por: Nevertheless

Notas do Autor


Happy Birthday, Veve♥ i love u

(Era pra ser postado no dia do Natal mas ... enfim.
Antes tarde do que nunca)

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• Narração: Terceira Pessoa
• Se havia uma coisa na vida do Luhan que era tão intensa quanto as más memórias, era suas mais profundas e incômodas associadas ao Natal.
Até que Sehun resolveu mudar tudo, mais uma vez.

Capítulo 14 - Planos


Fanfic / Fanfiction Hiatus 2 - Planos

 

Quando Sehun ouviu aquela proposta de Luhan, o mais novo não foi capaz de esconder a sua surpresa. O intervalo mal havia começado e muitos alunos – incluindo Kyungsoo e seus outros colegas - ainda estavam presos em seus últimos minutos angustiantes de aula. Luhan estava com os cabelos bem arrumados e o corpo completamente apoiado na parede ao seu lado. O loiro demonstrava indiferença com o pedido como alguém que pergunta sobre o tempo, mas Sehun não conseguiu o mesmo. Ele mal podia acreditar em seus ouvidos.

“Pera, você quer o quê?” Sehun só poderia estar ouvindo mal. Muito mal.

Luhan riu alto e sonoro, dando um soco de leve no ombro do mais novo.

“Você entendeu. Não me faça repetir”.

Sehun ouvira bem, mas queria mais uma vez a confirmação de uma nova mudança imprevisível no que Luhan acreditava. Mais uma mudança.

Luhan, com seu tom de voz manhoso e suave, aproximou-se de Sehun assim que o sinal havia tocado e, de forma desconversada, falou sobre como ele queria ajuda para montar uma árvore de Natal em sua casa. A primeira árvore de Natal que Luhan teria na vida.

“Achei que você odiasse o Natal” Sehun disse, sem deixar que seus olhos estudassem qualquer reação vinda do outro. Luhan parecia envergonhado pelo pedido ou pela mudança de comportamento que um dia foi familiar a Sehun. No último ano, Luhan afirmou que se havia uma data que não deveria existir era o Natal. Presentes, renas – incluindo piadas com seu nome - peru e árvore de Natal: nem pensar! Uma inutilidade gigantesca diante de qualquer outra data comemorativa, dizia. “Jesus nem nasceu nesse dia, Sehun!” argumentava. Sehun chegou a desistir de presentear Luhan por conta daquele discurso de ódio, o que o mais velho agradeceu como ninguém.

O mais novo ainda guardava o presente de Luhan na esperança que pudesse usá-lo em outra ocasião.

Porém ele não imaginou que seria o tão famoso e odiado Natal.

“Exagero seu” Luhan disse, coçando a nuca enquanto desviada dos olhos de Sehun, que claramente o examinava com uma perplexidade indisfarçável.

Não era nenhum exagero de Sehun. Luhan apenas não conseguia explicar direito a súbita vontade que as cenas na televisão, os cartazes espalhados pela cidade e as conversas entre os colegas de sala estavam causando em si. Parte de todo o seu ódio havia saído pela porta da frente da casa com uma mala nas mãos e uma carta de “Até logo, filho”. Aquela foi realmente a deixa para eu passasse a sentir desejo de saber o que era o tão falado “espírito natalino” que ninguém fora capaz de alimentar dentro de si.

Só estragar e pisotear como objetos velhos e antiquados.

Antes que os sentimentos relacionados aos Natais que tivera voltassem à tona, Sehun tocou em seu ombro e o despertou de seus devaneios, depositando o peso de seu braço ao redor do mais velho.

“Amanhã, às 20h” disse.

Luhan iria questionar o horário, mas sua mente ficou em branco com o beijo roubado que Sehun lhe deu alguns segundos depois daquela frase. Independente do pátio vazio que se encontravam no intervalo, Luhan sabia que um deslize como aquele era inaceitável e um perigo desnecessário de sofrer depois de tanto tempo em torno de um disfarce ideal. Porém, assim que os lábios de Sehun se afastaram dos seus, e seus olhos se encontraram mais uma vez em uma troca silenciosa de carinho, Luhan só conseguiu permanecer calado.

Apenas o coração permanecia batendo fora de compasso.

Assistindo enquanto o mais novo caminhava para longe, Luhan percebeu seu estômago dançar com a brisa que bagunçou seus cabelos loiros e as folhas secas do pátio coberto das árvores desnudas. Sem saber, grande parte do espirito natalino que sentiria ao longo do mês de Dezembro – ou talvez por muitos anos – iria aflorar entre as camadas de gelo de seu coração.

Era a união das pequenas atitudes que vinha de Sehun que criou a coragem inicial de Luhan de mudar tudo aquilo que ele sentia sobre o Natal.

Nem a mudança brusca do tempo tirou o calor do rosto de Luhan quando voltava sozinho para casa.

 

 

Dois toques fortes na porta quase foram abafados pelos ruídos do gelo contra as janelas de vidro. Quando Sehun chegou à casa de Luhan com seu ar desinteressado e o coração acelerado, a correria dos últimos dias já havia feito Luhan esquecer-se brevemente daquele compromisso firmado no colégio. Ainda usando o seu pijama preferido – por que era para isso que os finais de semana serviam - atendeu a porta com um bocejo preguiçoso e recebeu em troca um olhar carinhoso da figura a sua porta. Depois de perceber a roupa que o mais velho vestia, o olhar se tornou ainda mais carinhoso.

“Bom dia babylu”

Mal sabia Luhan que aquele era só o inicio do apelido que duraria por muitos anos.

“Bom dia palhaço” Luhan sempre ria quando Sehun o chamava assim, com uma raiva disfarçada e debochada. “O que faz aqui tão cedo?”

O semblante de Sehun pareceu desmanchar-se como seu sorriso.

“A árvore de Natal ... lembra?”

“Oh...” foi o que Luhan conseguiu responder antes de que tudo voltasse a fazer sentido. Sehun vestia suas botinas pretas e um casaco longo, que o deixava pronto para enfrentar o frio que o mês proporcionava. Luhan estremeceu com a brisa gélida que ultrapassou os limites do tecido do pijama, mas parte daquela sensação vinha do olhar um tanto quanto chateado do mais novo.

Luhan sabia mais do que ninguém o que aquilo significava, e aos poucos cresceu a sua sensação de pânico pelo que havia prometido ao mais novo. Antes que pudesse conter ou filtrar suas próprias palavras, soltou.

“Acho que mudei de ideia. Você pode ir embora”.

Sehun sabia que se tivesse ouvido a mesma frase há alguns meses, provavelmente sentiria mágoa de Luhan, questionando-se por que o mais velho continuava a brincar de desfazer da sua ajuda e da sua companhia. Porém, o menino inseguro e cheio de receios deu lugar gradualmente a alguém capaz de compreender Luhan muito aquém de suas palavras. E se havia uma coisa que não mudara desde o primeiro suspiro apaixonado fora o impulso natural de não desistir de nada do que desejava.

No fundo, ele sabia que era isso que Luhan passou a esperar dele.

“Não seja bobo hyung. Se troque, vamos às compras”.

“Eu falo sério Sehun, deixa isso pra lá porq-“ disse, mas logo foi interrompido pelos braços de Sehun, que seguravam com firmeza o seu ombro e giraram seu corpo em direção à escada no final do corredor. Quando já havia conduzido o corpo do mais velho há pelo menos meio metro, fechou a porta atrás de si e sorriu vitorioso.  

“Se troque, vou te esperar aqui embaixo”.

Luhan suspirou alto, afastando-se de Sehun já munido de um olhar cheio de malícia e más intenções.

“Estou sozinho em casa. Não acha que podemos fazer algo infinitamente mais interessante?”

 “Não”

“Sehunnie, você sabe o quanto eu adoro essa sua calça jeans?”

“10 minutos, hyung”

“Sério, eu adoro ela. E realmente acho que deveríamos tirá-la”

Sehun levou a mão ao rosto e Luhan quase se convenceu de que havia vencido aquela disputa. Entretanto, minutos depois Sehun cruzou os braços e passou a fazer caretas fofas para o mais velho, já calejado daquela maneira suja de fazê-lo mudar de ideia. Sehun não era de todo imune àquele olhar e aquela malícia, e seu rosto esquentou apenas com o pensamento do que poderiam fazer naquele tempo livre que lhes era tão precioso. Porém, pensou mais com uma das cabeças e repetiu para si mesmo que havia algo maior a ser feito.

Nós últimos dias, analisou o pedido anterior de Luhan e sentiu que sua missão e seu papel para o namorado seria muito importante.  

Encontrando dentro de si o melhor tom de voz autoritário que conseguiu encontrar, murmurou.

“Não. Minha calça fica aqui. Te espero aqui embaixo”

Luhan rolou os olhos e suspirou profundamente. Antigamente, tudo era bem simples quando conseguia usar seu encantamento contra Sehun. Porém, ou a convivência teria tornado Sehun imune ou o mais novo aprendera com o mestre a arte de convencer o outro. Os olhos de Sehun estavam caidos e seus lábios faziam um bico que tornava a sua expressão a mais ridiculamente fofa possível.

Luhan sentia saudades de quando tinha algum tipo de poder sobre Sehun. Dando-se por vencido, deu as costas ao mais novo e foi em busca do seu casaco mais quente.

 

 

Lugares lotados de pessoas, cores, música e luzes que dançavam ao redor de árvores gigantes. Esses elementos aparentemente nunca foram um dos favoritos de Luhan, mas deixava Sehun com os olhos brilhando. Com um dos braços do mais novo apoiados em seu ombro, Luhan passou a sentir-se cada segundo menos tenso diante da alegria palpável que aquela data comemorativa trazia a cidade. Depois de alguns minutos de caminhada no centro urbanos enfeitado e pronto para a data comemorativa mais colorida do ano, ambos pareciam entrar em sintonia: estavam relaxados e fascinados com os enfeites surpreendentes. As ruas estavam repletas de pessoas, crianças e turistas que tiravam fotos ao lado dos prédios e lojas. Havia obviamente uma disputa velada para saber quem era o dono da melhor decoração natalina da região, mas, no final das contas, quem ganhava o grande prêmio da noite eram os olhos do público que se fazia presente.

Diante daquela pequena multidão, Sehun se conteve para não segurar na mão de Luhan, preferindo em determinado momento caminhar ao seu lado segurando a ponta do cachecol azul que Luhan usava.

Era apenas naqueles segundos de proximidade e caminhada em silêncio que Sehun percebia o quanto havia crescido em comparação ao mais velho. Quando ambos se conheceram e se aproximaram por conta do show de talentos que apresentaram juntos, quase todo o colégio passou a comentar como os dois eram parecidos em rosto, tamanho e expressão. Sehun ainda se lembra como seu estômago enjoava diante da palavra “irmãos” quando jamais conseguiu enxergar Luhan diante do espelho de um amor fraternal. Porém, já chegaram a ser confundidos com irmãos.

O tempo não fez apenas com que a fraternidade se desfizesse em sentimentos novos e proibidos como também fizeram os rapazes crescerem e se tornarem diferentes entre si. Os caminhos se guiaram de formas opostas e totalmente obscuras para Luhan, que carregava consigo uma grande marca. Foi apenas depois que deixou que seu coração descongelasse diante do amor de Sehun que, mesmo opostos, passaram a sentir que eram um só.

A sintonia se fez ainda mais presente quando Luhan passou a relaxar diante do brilho das ruas natalinas.

Escolher os enfeites e a árvore de Natal de Luhan não foi uma tarefa difícil. Ambos concordavam com uma caixa de bolas prateadas e vermelhas. Não acharam uma estrela que ficaria na ponta – sendo que Luhan nem sabia que isso era necessário – então optaram por um ursinho que Luhan achava fofo o suficiente para ficar no topo. As luzes de natal que piscavam em velocidades e maneiras diversas dependendo da vontade de seu dono foram o toque final dos planos de natal.

Assim que chegaram à casa de Luhan, o mais velho deixou que Sehun ficasse a cargo das caixas que estavam no carro enquanto preparava um café quente para os dois. Sehun nunca gostou do sabor do café – preferia o chocolate quente que tinha gosto do inicio de seus sentimentos ocultos por Luhan - e seu cheiro não era algo que lhe despertava nenhum tipo de prazer. Porém, isso mudou radicalmente com as circunstâncias e seus sentimentos.

O café passou a ser uma forte recordação de sua primeira vez. Lembrava Luhan e como confessou na cama que um dia sonhou em ser o maior degustador de café do mundo. Sehun só pensava em degustar outras coisas. O cheiro penetrante e a bebida escura tornaram-se fácil de associar a Luhan.

Diante de uma tempestade de mudanças, a preferência de seu paladar não conseguia surpreendê-lo mais.

Café se tornou uma lembrança mais agradável e doce que o seu verdadeiro sabor, e por isso às vezes ele se esforçava a bebê-lo. O café tornar ia-se símbolo de suas lembranças e nostalgias, mas isso Sehun só saberia anos mais tarde.

Dois goles da bebida, presos em uma caneca de porcelana, não esquentaram as bochechas de Sehun tanto como o sorriso de Luhan quando viu a árvore natural em um canto da sala e as caixas de enfeites esperando pelos dois.

“Vamos?” Sehun convidou o mais velho. Sem esperar por mais nenhuma insistência ou convite, o mais velho se aproximou das caixas e as vasculhou com o cuidado e a admiração de quem encontrou um baú do tesouro.

Luhan tirou as bolas coloridas uma de cada vez e as ajeitou em fileiras a sua frente. Sehun abria e mexia nas caixas com os festões e as luzes que dariam o toque final ao maior símbolo do Natal. Quando observou que Luhan permanecia com os olhos colados nos enfeites alinhados no chão, tocou o seu ombro de leve e o encarou.

Luhan apenas acenou com a cabeça.

“Gosto dos detalhes desses enfeites” murmurou em um tom mais baixo do que o normal, voltando a olhar a árvore como se pensasse muito aquém do que dissera.

Eram nesses instantes que Sehun gostaria de saber ler pensamentos.

Sehun queria ser capaz de mergulhar no olhar perdido e misterioso de Luhan, navegando por suas memórias e descobrindo o por que de tanta ... tristeza em seu olhar. Sehun nunca tivera certeza de nenhuma das amarguras quase ébrias daquele feriado para Luhan. Só saberia que desejava que Luhan amasse o Natal tanto quanto ele o amava.  

Sehun sempre associara o Natal com o ápice da felicidade que um ano poderia atingir e a época que ele poderia reunir-se com a família toda em torno de alguma coisa. Não era somente a troca de presentes, mas o clima festivo e o período de reflexão sobre o ano que se passou que animavam Sehun. Seus amigos que estudavam longe também voltavam às suas casas e visitavam Sehun com mais frequência. A neve era a cereja do bolo, deixando toda a região coberta com a sua mais intensa brancura.

Por mais que quisesse perguntar, já havia aprendido a ficar em silêncio. Ele então colocou-se a arrumar os enfeites em formato de soldadinhos de madeira. Luhan demorou a acompanha-lo mas quando o fez, suas feições já haviam mudado.

Os olhos amargos de Luhan refletiam as bolas coloridas e ganhavam um pouco mais de brilho.

Luhan escolhia cuidadosamente cada canto vazio da árvore, preenchendo-a de maneira uniforme e cuidadosa. Se aquela árvore fosse uma pessoa, aquele seria Luhan escolhendo carinhosamente o conjunto de roupas e sapatos que a deixaria perfeita e estonteante.

Sabendo que o silêncio não era sua música favorita, Sehun começou a brincar.

“Estou quase sentindo ciúmes dessa árvore”

Luhan voltou sua atenção ao namorado no mesmo segundo.

“Ãh? Por que?”

“Você está me traindo com ela, não é? Você está olhando pra tudo como se estivesse apaixonado”.

O mais velho riu alto e continuou buscando o melhor espaço para a última bola vermelha. Encontrou um espaço vazio e olhou para Sehun.

“Quantas árvores de Natal montaremos juntos?”

O mais novo não conseguiu conter a surpresa com aquela pergunta.

“Muitas, espero” disse sem muito pensar.

“Eu espero que 4”

“Por que 4?”

“É o meu número da sorte. Passei por 4 bairros antes de vir pra cá. Claro que isso quer dizer que passei por 4 escolas diferentes. Tive 4 grandes problemas na minha vida e minha mãe teve 4 namorados diferentes nos últimos 4 anos”.

“Ok, essa coisa de número da sorte parece real” Sehun disse, puxando as luzes coloridas da caixa e tentando desprende-las umas das outras. Luhan aproximou-se do mais novo e puxou um dos cantos e com velocidade, desatou um ou talvez dois nós. Sehun sorriu com a ajuda e soltou.

“Podemos ter 4 crianças no futuro então”

Sehun normalmente dizia as coisas e depois parava para pensar nos efeitos dela. Aquela era mais uma ocasião onde sua afeição se mostrava de forma intensa demais para alguém como Luhan. Por mais que o mais velho já estivesse acostumado com esse tipo de comentário, não conseguiu disfarçar sua timidez. Fingiu que procurava alguma coisa no chão quando na verdade respirava fundo para não entregar o seu rosto corado e sua respiração falha. Seria uma piada extra para Sehun saber que deixava Luhan tão fora do lugar como quando falava aquele tipo de coisa.

Foi o impulso que normalmente mantinha guardado dentro de si que deixou com que ele entrasse na brincadeira.

“Prefiro que adotemos 4 cachorros” Comentou.

“Eu gosto de cachorros, mas acho que 4 é muito”

“E 4 crianças não são muito?”

“Fato. Desisti das crianças então. Como nós vamos chamar os cachorros”

Luhan engoliu em seco quando a palavra nós causou um rebuliço em seu estômago.

“Kai, Chen, Lay, Kris” respondeu, ajudando Sehun a colocar a primeira fileira de luzes na árvore de Natal. O mais novo não olhava para Luhan, mas conseguia sentir que ele estava rindo dele.

“Os quatro nomes me soam muito estranhos” Sehun esticou as luzes ainda no chão e Luhan foi o responsável por coloca-las uniformemente em torno da árvore. Em menos de um minuto, tudo estava pronto.

“Pensem em um nome decente então e depois sorteamos” Luhan riu. O mais novo trocou olhares entre Luhan e a árvore já pronta para então pegar o último elemento entre as caixas espalhadas pelo chão.

“Não conseguimos achar nenhuma estrela decente, mas acho que esse ursinho na ponta da árvore vai ficar bem legal” Sehun disse, estendendo o ursinho vestido de papai noel para Luhan. O loiro encarou o pequeno enfeite por um tempo até entender o que deveria ser feito.

“Mas antes, faça um pedido” Sehun soltou, recebendo um olhar de estranhamento de Luhan.

“Mas por que?”

“Por que se você faz isso ao colocar alguma coisa na ponta da árvore, um sonho seu se realiza”

“Ah, para de mentir” Luhan disse, ficando nas pontas dos pés para ajeitar o enfeite, mesmo que Sehun estivesse puxando seus braços para baixo.

“É sério hyung” Sehun ria, o que lhe tirava qualquer credibilidade quanto ao que era sério ou não.

“O que eu ganharia?”

“Papai Noel ficaria responsável por entregar esse pedido”.

“Isso é muito estúpido, eu já tenho o que quero” Luhan respondeu, rindo sozinho enquanto encarava o ursinho de pelúcia.

“Você pode me chamar de Papai Noel e eu faço o que você quiser”

Luhan rolou os olhos com a malícia implícita. Ele havia definitivamente criado um monstro.  

“Ok garanhão, vou fazer um pedido”

“Aos nossos 4 cachorros?”

“Sehun, achei que o pedido era meu” Disse rindo e Sehun deu um soco leve no estômago do mais velho como forma de demonstrar a vergonha que sentia com aquele pedido. Quando parou de sorrir, não conseguiu evitar que seu semblante ganhasse ar de seriedade. Ficou entre ser totalmente sincero ou simplesmente continuar brincando.

Mas e se o pedido realmente se realizasse? Foi o que pensou e compartilhou com Sehun ao imaginar o que desejava naquele momento.

“Não posso pedir pelos cachorros” começou dizendo, e Sehun sabia que o que viesse a seguir estava carregando da mais pura sinceridade. “Desculpa Sehun ... não posso fazer planos porque só eu sei o quanto dói não vê-los se realizar. Não posso nem ao menos saber se 4 continuará a ser meu número da sorte mas... mas eu posso pedir por um ótimo Natal. Um Natal de verdade com você”.

Sem esperar nenhuma réplica, Luhan ficou nas pontas dos pés e colocou o pequeno ursinho-noel na ponta do galho mais alto. Agachou-se mais rápido do que o reflexo de Sehun e ligou as luzes que circundavam o mar de enfeites vermelhos e festões prateados.

 

Um arrepio percorreu o corpo de Sehun quando percebeu que Luhan encarava a árvore com um misto de orgulho e coração partido. Ao mesmo tempo, tanta coisa se passava pela mente de Luhan que fora incapaz de vestir qualquer tipo de máscara da indiferença. Fingir felicidade plena estava fora de questão quando um símbolo já representou o pior dos seus dias, o pior das suas memórias e tudo aquilo que jamais desejaria que ninguém passasse.

Porém, algo estava mudando tanto quanto as luzes que piscavam de diferentes formas.

Sem perceber, seus olhos se encheram de lágrimas silenciosas que jamais cairiam. Elas jamais caiam, independente das circunstâncias. Os dois sabiam disso.

Sehun manteve-se firme e com o coração apertado ao seu lado, sem emitir nenhum som ou comentário que abalasse a maré de lembranças que Luhan passava. Com o mesmo silêncio que compartilhavam nos momentos em que existia apenas Luhan e o seu mundo impenetrável, Sehun escorregou suas mãos pelo braço direito de Luhan e fez com que sua palma encontrasse a do outro. Luhan tinha os dedos gelados, mas que se encheram de vida quando Sehun entrelaçou seus dedos aos dele.

“Ficou linda” Sehun comentou mais para si do que para Luhan, mas o mais velho balançou a cabeça ao seu lado.

“Agora entendo um pouco porque você gosta tanto do Natal”.

Infelizmente Sehun sabia que Luhan não entendia completamente, mas apertou sua mão com mais firmeza como se concordasse. Sehun sentia que sua maior missão seria mostrar a Luhan o que aquela data representava a ele e ao mundo. Queria que Luhan sorrisse ao abrir um presente, comece até explodir na ceia de Natal e fizesse bonecos de neve com as camadas mais grossas de gelo que o dia 25 de dezembro poderia proporcionar.

Sehun, porém, jamais saberia por que Luhan jamais gostara do Natal.

Foi então que percebeu algo que só o brilho da árvore conseguiu trazer para si. Por muitas vezes Sehun se perguntou por que insistia em cobrar de Luhan o apoio a planos que eram somente e exclusivamente seus. Foi com as mãos coladas ao outro que percebeu que mais um ano estava chegando ao fim e ele ainda esperava muito de Luhan. Muito. Uma quantidade infinita de “sims” que provavelmente não viriam com a mesma velocidade que ele ansiava.

Ou talvez jamais viriam.

Sehun viveu um ano desejando por muito mais do que 4 natais e 4 cachorros, mas jamais perguntara a Luhan se era aquilo que o mais velho queria. Tinha medo de descobrir que Luhan não havia planos, então incumbiu-se de todos. Sehun abrira um mapa e o desenhara a mão sem seguir a sua própria bússola. Seus planos eram feitos da mesma neve que caia do lado de fora da janela no início daquele inverno. Da mesma maneira com que se fortaleciam em camadas grossas com as nevascas, também eram frágeis ao inicio da primavera.

E a primavera estava próxima.

O dia cheio trouxe cansaço aos dois. Logo se sentaram diante da árvore e permaneceram observando a mudança de ritmo que as luzes de Natal traziam.

Luhan ansiava por um pouco mais de café, mas Sehun estava confortável demais ao redor de seus braços para que ele pudesse – e quisesse - se movimentar. O mais velho olhava a forma com que as cores vermelhas brincavam com o verde das folhas artificiais e se enchia de novas memórias, guardando as negativas uma a uma em um baú que estava pronto para dizer adeus assim que o ano rompesse.

Sehun se enchia de reflexões sobre os planos que teve e as tentativas falhas de um ano que pareceu durar um século. Ou talvez muito mais, já que o tempo parara de seguir as ordens do relógio quando conheceu Luhan. Sehun refletia sobre um ano montanha-russa, onde havia dias onde tudo acontecia e dias onde tudo não passava de uma estrada vazia e silenciosa. Uma descida brusca com uma grande subida. Definitivamente, um looping.

Sehun podia jurar que nenhuma palavra seria suficiente para descrever a forma com que sua mente reviu seus planos e lhe alertou sobre tudo aquilo que deveria mudar dali pra frente. Sehun fazia novos planos.

Luhan podia dizer que teve suas memórias preenchidas por cores novas e cheias de um amor que se tornava cada segundo mais doce. Porém, nenhum plano se fazia presente em sua mente nos últimos dias, e assim permaneceria até o inicio da primavera. Luhan só tinha desejos.

Um de seus novos desejos era agradecer Sehun por estar mudando pouco a pouco o que ele conhecia por Natal, porém seu único gesto foi roubar um beijo longo e prolongado do mais novo. A árvore de natal ainda piscava incansavelmente quando Sehun sussurrou 3 palavras para Luhan.

Afinal, Sehun pensava que o novo ano poderia trazer consigo não apenas uma nova cor, como também um novo número da sorte.

 

 


Notas Finais


(1/3)
@filemyeon


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