História Híbrido (Bakudeku - Katsudeku) - Pesadelos

     2 dias depois~

 Deslizou a mão carinhosamente pelos fios loiros e arrepiados do seu híbrido, o mesmo está tirando um cochilo em suas coxas, enquanto assiste a um desenho novo da Disney, Luca, até que é legal! Mas, não está conseguindo se concentrar muito. Desde do dia que aquela maluca tentou invadir sua casa, anda muito preocupado com tudo, no dia seguinte a esse acontecimento faltou na faculdade, para ficar aqui e cuidar do maior. 

 Teve sorte em ter Todoroki para lhe mandar o conteúdo que perdeu, também teve sorte de ser sexta-feira, porém amanhã já é segunda e vai ter que ir, esse fim de semana não foi até a floricultura do senhor Torino. Explicou ao mesmo o que tivera acontecido, para sua surpresa o mais velho foi muito doce e compreensivo, o mesmo é muito ignorante as vezes então confessa que ficou bem surpreso, às vezes acha que o senhor Torino lhe trata como um filho.

 O mesmo sempre se preocupa consigo, com a sua saúde e bem estar, confessa que isso lhe deixa bem feliz, nunca teve amor paternal, bem, pelo menos não que se lembre… Sua mãe lhe contou que seu pai faleceu em um acidente de carro, quando tinha só 3 aninhos, depois disso o irmão do mesmo, ou seja, seu tio, apareceu para ajudar a sua mãe e a si. Em uma certa época o considerou como pai, mas… Depois que o mesmo começou a abusar de si, tudo mudou totalmente, o pior de tudo é que realmente amava seu tio, como se fosse seu pai, sempre brincava com o mesmo, recebia suas ajudas com as tarefinhas da escolinha…

 Sentiu seus olhos marejarem, prontamente passou a manga de sua blusa em seus olhos, não! Já está cansado de chorar por aquele homem! Escutou um resmungo por parte do maior, imediatamente o fitou um tanto quanto preocupado, mas ficou aliviado em seguida ao ver o mesmo dormindo tranquilamente. Sem que percebesse um sorriso largo e bobo surgiu em seus lábios, Jesus, como esse ser consegue ser tão lindo e maravilhoso até dormindo? Não sabe o que houve, mas Kacchan anda um tanto quanto diferente ultimamente.

 Não é de uma maneira ruim, porém… Está estranhando um pouco, desde do dia da tentativa de invasão da loira, que por sinal a mesma destruiu a fechadura da sua porta de correr, talvez arrombamento não seja um ponto forte dessa mulher, teve que chamar um chaveiro para trocar. Enfim, não sabe se a mesma falou algo para o mais alto, o mesmo anda bem mais apegado a si, não daquela forma manhosa de antes e é isso que está estranhando, o loiro parece… Como pode dizer?... Meio que o seu guarda-costas.

 Qualquer barulho que o mesmo escuta, automaticamente o maior lhe agarra e começa a rosnar, sabe que isso quer dizer que o mesmo quer lhe proteger e tudo mais, é grato por isso! De verdade! Mas… Sente falta daquele Kacchan manhoso, que vivia lhe abraçando pela cintura, apenas por abraçar e não como se tivesse alguém querendo lhe machucar toda hora, talvez a aparição da loira fez algo subir pela cabeça do mesmo.

  -DEKU! - deu um sobressalto ao ver o loiro se levantar às pressas, será que o mesmo teve um pesadelo?! Observou o outro olhar ao redor preocupado, como se estivesse lhe procurando, prontamente segurou o rosto alheio com ambas as mãos da forma mais gentil que conseguiu.

  -Calma! Calma! Eu estou aqui, Kacchan!... Eu estou bem aqui… - disse docemente, foi só aí que o outro fixou os olhos em si atento, para sua surpresa o mesmo lhe puxou para um abraço apertado, só agora que percebeu que ele está tremendo e… Suando? Ah, Deus tem que cuidar muito bem do mesmo agora! 

  -D-Deku… - a voz do maior está trêmula agora, ok, sem dúvidas o mesmo teve um pesadelo, coitadinho! Levou a mão esquerda até a nuca alheia, fazendo um carinho ali, também passou a fazer um carinho nas costas do outro com a mão livre, sentindo o mais alto se acalmar um pouco.

  -Shh...Está tudo bem, Kacchan… Eu estou aqui com você, grandão! - falou em um sussurro, sentindo a tremedeira dele diminuir, agora está com mais medo ainda da loira ter dito ou feito algo com o seu Kacchan.

 Logo depois do policial ter vistoriado sua casa, aproveitou para fazer a denúncia de maus tratos que aquela mulher cometeu com o maior, explicou toda sua história com o mesmo para o policial. Obviamente não falou do fato do loiro ser um híbrido, e nem da parte que o masturbou e chupou, claro, contou sobre Kirishima também, óbvio que o policial ligou para o ruivo questionando sobre isso.

 No fim si e Kirishima foram até a delegacia para fazer a denúncia e comprovar a história toda, o policial foi até o veterinário que tinha levado Kacchan quando ele estava com a perna cortada, o policial quis saber se realmente passaram lá, olhando as fichas de consulta e fazendo perguntas ao veterinário que cuidou do loiro.

 Quando tudo foi comprovado, finalmente a denúncia foi feita, o senhor policial também contou que aquela não era a primeira denúncia, feita sobre a loira. O mesmo disse que ela já foi denunciada por maus tratos umas 3 vezes antes de si, assim como outra tentativa de invasão domiciliar e uso de drogas, o histórico da loira não está nem um pouco bom.  

  -O que houve, Kacchan?! - perguntou preocupado após alguns minutos tentando acalmar o outro, o mesmo se afastou um pouco de si para lhe fitar, ele está com uma carinha bem abatida agora, está ficando cada vez mais preocupado!

  -Eu tive um sonho ruim… - disse o mesmo abaixando o olhar cabisbaixo, prontamente levou sua mão direita até a bochecha esquerda dele, fazendo um carinho ali com o seu polegar, em seguida o deu um selinho beem demorado, o sentindo sorrir ínfimo pelo seu ato.

  -Quer me contar o que sonhou? - questionou curioso, porém de forma doce, para não deixar o outro desconfortável e talvez assim consiga arrancar algo do mesmo, ele soltou o ar cansado, isso nunca é bom sinal.

  -Nesse sonho… Aquela mulher te machucava, e-eu não conseguia me mexer pra ir te ajudar… E-Ela… - sem pensar duas vezes voltou a abraçar o loiro, o mesmo não precisa continuar para si entender o que aconteceu, sentiu o outro rodear os braços musculosos em volta da sua cintura, lhe apertando firmemente.

 Sentiu seu coração partir em mil pedacinhos ao escutar ele fungar, passou a sussurrar coisas como: “está tudo bem”, “eu estou aqui”, da forma mais doce e mansa que conseguiu, não sabe por que, mas passou a cantarolar baixinho no ouvido alheio. Talvez esteja passando vergonha agora, mas isso não importa agora, só quer ver seu híbrido bem outra vez, apenas isso! No fim acabou ficando 1 hora cantarolando para o maior.

     (...)

  -Kacchan? - sua voz ecoou pela imensidão negra ao seu redor, tudo o que escutou de volta foi o silêncio, olhou em volta a procura de algo, ou melhor, a procura de Kacchan.

 Não sabe por que, porém está com um péssimo pressentimento, começou a andar hesitante em linha reta, o tempo todo olhando ao redor a procura do mais alto, ou alguma luz, não sabe ao certo. 

  -Tolo… - disse uma voz feminina vindo da escuridão, prontamente procurou ao redor, mas não encontrou ninguém… Espera… Já ouviu essa voz antes!

  -Quem está aí?! - perguntou para o nada, sendo respondido com uma risada perturbadora e sinistra, uma estranha dor surgiu em seu peito, o mal pressentimento que estava tendo piorou gradativamente, não, não, não, não está gostando nem um pouco disso…

  -De..Ku… - arregalou os olhos diante a cena… P-Por que Kacchan está caído no chão… Todo machucado e sangrando?! Tentou correr até o mesmo, porém as suas pernas não lhe obedeceram, o que?!

  -Tolo… - sentiu uma gota de suor gelado escorrer pela suas costas, ao ver a loira sair da escuridão com um sorriso largo e macabro nos lábios, o rosto da mesma está com manchas de sangue, FOI ESSA DESGRAÇADA QUE MACHUCOU SEU KACCHAN?!

  -O QUE VOCÊ FEZ?! - questionou esbravejando toda sua raiva, já está de saco cheio dessa mulher! Só quer ficar em paz com o seu loiro! Será que é pedir muito?! 

  -...Deku… De..Ku… - sua atenção foi até ele, imediatamente seu coração se partiu em mil pedaços de novo, o olhar do outro está tão vazio, sua respiração está falhando, está sentindo… Que está o perdendo…

  -Kacchan! Kacchan! Aguenta! - mais uma vez tentou correr até o outro, só que de novo suas pernas não lhe obedeceram, é como se seus pés estivessem colados no chão, viu os olhos alheios se fecharem lentamente, não, não, não, NÃO! -KACCHAN! KACCHAN! POR FAVOR! - tudo o que consegue escutar é a risada da loira de fundo, enquanto lágrimas quentes e grossas escorrem pelas suas bochechas sardentas… Sente seu peito tão… Vazio… -KACCHAN! KACCHAAN!- 

  -KACCHAN! - levantou bruscamente da cama sentindo lágrimas escorrerem pelo canto dos seus olhos, também sente alguns fios de seu cabelo colados em sua testa, assim como sua respiração ofegante, deu um leve sobressalto ao sentir uma mão tocar em suas costas, olhou para seu lado se deparando com o maior lhe fitando preocupado… Ele está aqui e está vivo… O mesmo está vivo! 

  -Deku, o que acont- sem pensar duas vezes se jogou em cima do loiro, o abraçando fortemente pela cintura, enfiando o rosto no peitoral alheio sentindo seu calor delicioso, o mesmo está bem aqui… Respirando… Vivo… Sentiu lágrimas de felicidade escorrerem dos seus olhos de forma desenfreada, nunca sentiu um alívio tão grande em seu peito como sentiu agora.

  -... Kacchan… - sussurrou pelo outro ainda não acreditando que ele realmente está bem aqui, foi tudo um mero pesadelo maldito! Sentiu os braços alheios rodearem sua cintura firmemente mais uma vez hoje, aconchegou-se no corpo do mais alto, sentindo melhor o seu calor aliviando a dor do pesadelo que acabou de ter, maldita seja essa tal Himiko! 

  -Sonho ruim também? - questionou ele baixinho lhe deixando todo arrepiado, a voz do mesmo é bem rouca às vezes, tudo o que fez foi assentir vagarosamente -Temos que ficar longe daqui, Deku… Não estou me sentindo seguro aqui - o mesmo disse cabisbaixo, o maior está certo, sair dessa casa um pouco, mas pra onde iria?

 Primeiro pensou em Kirishima, porém a loira mora bem ao lado, isso é pior ainda! Tem Todoroki também, só que o mesmo é apenas seu colega da faculdade, não tem tanta intimidade com o bicolor para pedir ficar na casa dele por alguns dias, só lhe resta uma última opção…

  -O que acha de irmos até a minha mãe? - propôs um tanto quanto incerto, conhece sua mãe muito bem, sabe que a mesma deixaria sem pensar duas vezes, na verdade ela deixaria sem sequer pensar, mesmo estando acompanhado por um cachorro, só que esse não é o real problema.

  -E toda aquela história com o seu tio..? Sei lá, eles devem ser próximos não? - engoliu seco sentindo sua garganta travar, sim, o loiro está certo, sua mãe continua muito próxima ao seu tio, afinal, ambos moram na mesma cidade.

 Nunca contou para sua mãe os abusos que tivera sofrido com o seu tio, a mesma já reparou uma vez a sua estranheza diante a ele, só que mentiu para a mais velha dizendo que estava tendo uma semana ruim e desde de então passou a fingir melhor. A única saída que teve foi a faculdade, escolheu uma em outra cidade, pra sair daquele inferno, disse a sua mãe que era seu sonho estudar na faculdade na qual estuda hoje, mas mentiu na cara dura, só falou aquilo para a convencer de lhe deixar partir.

  -Sim… Você está certo… Ele mora na mesma cidade que ela… Só que… Estamos sem opções, Kacchan… - falou triste, poderia ficar em um hotel, mas é difícil encontrar hotéis que aceitam animais e também não tem dinheiro pra isso, pelo menos não pra ficar uma semana, só pra no máximo 2 dias, isso não adiantaria nada! Porcaria. 

 Sentiu os braços do outro saírem de si, lhe deixando desprotegido, quando ia se afastar para fitar o loiro, o mesmo lhe segurou pelos ombros e lhe afastou um pouco por conta própria. O fitou nos olhos confuso e um tanto quanto desesperado, fez algo de errado?! Jesus, que não tenha sido isso, tudo o que menos precisa é uma briga agora, só quer ficar agarradinho com o mesmo, apenas isso!

  -Eu te protejo! - ele disse firme e confiante, piscou estático confuso, o que..? -Se aquele filho da puta encostar um dedo sequer em você, eu mordo ele até sair um pedaço! - o mais alto falou firme outra vez, piscou estático de novo, só que dessa vez surpreso, ao perceber que o mesmo está falando sério -Eu não vou deixar ninguém te machucar! Nem aquela mulher e nem esse seu tio! Eu vou te proteger com garras e dentes! - o outro continuou lhe dando um sorriso confiante, que lhe fez ficar todo molinho, tão lindo…

 Sem que percebesse um sorriso largo de mostrar os dentes surgiu em seus lábios, era tudo o que precisava ouvir, saber que tem alguém para lhe proteger, pra cuidar de si, traz um sentimento único para o seu coração. Quando ia tomar os lábios de Kacchan, o mesmo fez isso antes de si, adentrando a língua em sua boca sem pedir permissão, adora esse lado dele!

 Estava tão preocupado e receoso com a tentativa de invasão da loira, que nem sequer beijou o mais alto de forma decente, ou o mesmo fez isso, essa está sendo a primeira vez depois daquela confusão toda. Levou as mãos até a nuca alheia, adentrando os dedos nos fios arrepiados e loiros que tem em tal lugar, irá apenas curtir o momento, vai pensar sobre a sua a decisão que teve com o outro depois.