Um novo dia se iniciava, mas não havia nada de bom nele.
A tirana estava sentada em um trono no qual não lhe pertencia e mandou que chamassem Tom.
— Lorde Thomas Fuchs... – ela falava como se fosse uma piada. – Diga-me...Como será que está sua irmã após receber o corpo do marido?
Tom estava tremendo de raiva. Seus olhos marejados demonstravam o que ele sentia, mas ele conseguiu dizer o que Amina desejava ouvir.
— Da melhor forma possível, majestade. Afinal... – ele engoliu em seco e pediu perdão aos deuses, mentalmente, pelo que iria dizer. – Era o corpo de um traidor. Sua morte purificou essa nação.
— Também acho exatamente isso. – ela levantou e foi em sua direção. – Por causa de suas belas palavras carregadas de verdades, eu o nomearei Guardião da Verdade.
Ele parecia confuso.
— O quê quer dizer, majestade?
— Quero dizer que escolhi a Floresta das Raposas, seu lar, para fazer justiça. E você julgará a verdade. Você escolherá a morte de Melissandre, Arthur e Peter. E não existe misericórdia para eles, saiba disso.
Ele fez sinal com a cabeça de que havia entendido.
— Agora pode se retirar. Quando formos partir, você será avisado.
Tom fez uma breve reverência e saiu do salão.
— Quais seus planos para ele, Amina? – Aaron perguntava.
— Morte.
O dia havia amanhecido para Melissandre, Arthur e Peter também. Que apesar de tudo, estavam felizes de estarem vivos.
— Precisamos treinar você. – disse Peter enquanto comia um pedaço de pão.
— Treinar ela? Tá maluco, Pete. – disse Arthur. – A gente tá aqui para proteger ela. Não tem necessidade.
— Ela tem que saber se defender, Arthur. Quando você largou ela sozinha, você não pensou nisso. Ela poderia ter morrido por imprudência sua.
Arthur suspirou e olhou para o chão.
— O passado já se foi. Vamos esquecer dele. – ela disse. – Eu quero ser treinada. Acho que é bom saber portar uma espada.
— Viu só, Arthur. – disse enquanto apontava para Melissandre. — É uma mulher de garra.
— Está dizendo que sou uma mulher e ainda por cima sem garra? – ele enfatizou os termos.
Peter deu de ombros e levou uma cotovelada, todos riram.
— Quando começamos meu treinamento? – perguntou ela.
— Agora mesmo. – respondeu Peter. — Mas você vai ter que cortar seu cabelo.
— Cortar o cabelo? Por quê?
— Além de atrapalhar, é muito fácil identificar você. Fico surpreso do fato de Arthur não ter cortado ainda. – ele olhou de canto de olho para Arthur.
— Beleza, Peter. Não sou um cavaleiro tão bom quanto você. Era isso que você queria? – seu tom de voz era grave e ele soava ofendido.
— Não, Arthur. Não quis... – antes que pudesse terminar, ele levantou, pegou sua espada e adentrou na mata.
— Ele ainda está sensível por causa do Charles... – Melissandre tentou amenizar a situação.
Peter só suspirou e continuou encarando o chão.
— Você vai cortar meu cabelo ou posso fazer? – ela disse na tentativa de puxar papo.
— Eu corto. – disse meio distante. – Vem aqui. – ele esticou as pernas e deu espaço para Melissandre sentar no meio.
Ela se aproximou e lhe entregou a adaga dourada. Em um momento de nostalgia profunda para os dois, o silêncio vence.
Com os cabelos batendo no ombro, o treinamento inicia.
— Assim que chegarmos ao Vale de Gelo, preciso comprar roupas para você. Esse vestido atrapalha todo o movimento.
— Tem razão. – ela disse enquanto olhava para o próprio vestido.
— Gostava mais de você quando usava vestidos brancos. – ele se aproximou.
— Branco me deixa mais pálida que o normal. Só usei pois era cultura dos convidados.
— Eu gostei. Na verdade...Gosto de você com qualquer cor ou qualquer roupa. – ele já estava em uma distância considerável.
Melissandre estava vermelha dos pés a cabeça. Nesse momento, Arthur volta.
— Arthur! – ela vai em sua direção. – Já estava ficando preocupada.
— Estou bem. Fui esfriar a cabeça um pouco. – ele a observava. – Ficou bonita com o cabelo assim. Bem diferente.
— Obrigada. – ela sorriu.
— Peter – ele começou e parecia preocupado. –, acho melhor partimos agora. Temo que eles estejam próximos.
— Eles quem? Cavaleiros de Amina? – Melissandre questionou.
Arthur concordou com a cabeça.
— Como sabe disso? O que você viu? – Peter questionou.
— Fui andando até aquela taberna. Tem uns cavalos com símbolo da guarda gravados na sela.
— Vamos embora agora. Apague a fogueira.
Arthur caminhou imediatamente até a fogueira e em questão de segundos não havia o menor sinal dela.
— Quer ajuda para subir no cavalo? – Peter ofereceu a Melissandre.
— Não. – ela disse sem olhar em seus olhos. – Preciso aprender isso.
Demorou alguns minutos, mas ela conseguiu subir sem ajuda. Logo após isso, partiram sem olhar para trás. Nem mesmo para longas mechas de cabelo branco deixadas.
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Amina ia com suas tropas até a Florestas das Raposas. Ela estava pronta para o julgamento.
— Feliz, lorde Tom? – ela perguntou enquanto observava pela janela da carruagem.
Ele engoliu em seco antes de responder.
— Com toda certeza, Majestade.
— Eu gosto como fica motivado a fazer justiça. – ela passou o pé em sua perna bem devagar.
— Agradeço, Majestade.
— Não seja tão tímido. – ela foi e sentou em seu colo. – Aqui dentro não sou sua rainha. – ela jogou a coroa no outro banco.
— Majestade, por favor...
— Pare de ser tão barulhento. – ela fechou as janelas da carruagem. – É só eu e você agora.
Ela passava a mão pelos cabelos de Tom e foi descendo por seu peitoral e abrindo sua camisa.
— Você é tão forte. – ela beijava seu peitoral e então subiu para a boca.
— Você não sabe beijar? – ela riu enquanto se afastava.
— Não, Majestade...
— Então eu vou te ensinar.
Ela segurou com força os cabelos da nuca de Tom e forçou um beijo. Ele estava desconfortável.
— Você já teve contato com alguma mulher antes? – ela beijava seu pescoço enquanto falava.
— Não, Majestade.
— Quando estivermos a sós, me chame de Amina. – ela retirava o vestido e a blusa de Tom em seguida. — Vou te mostrar como é estar com uma mulher.
Amina forçava a Tom a fazer algo que ele não desejava. Mas se ele se negasse, ela o mataria, e ele precisava ser o pilar para que Melissandre retornasse.
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Neve já era vista e com ela um lobo branco.
— Parem! – ordenou Peter. – Tem um lobo ali!
— Ele é nosso amigo, vamos dizer assim. – Melissandre disse. – Ele está nos guiando.
Peter hesitou, mas continou indo por aquele caminho.
— Então um lobo tem guiado o caminho? – ele perguntou.
— Sim. A avó de Alina nos disse para confiar nele.
— E conhecendo vocês, acreditaram cegamente.
— Para de ser tão incrédulo, irmão. – repreendeu Arthur.
— Sou realista.
Todos caíram na gargalhada.
O clima começou a ficar mais frio e algumas cabanas eram vistas.
— Acho que estamos chegando. Coloque o capuz, Meli. – ordenou Peter.
Alguns homens do lado de fora afiavam machados, outros conversavam, mas todos notaram a presença de forasteiros de imediato. Um deles, bem alto e forte, na faixa de idade de Peter e Arthur, levantou rapidamente.
— Parados aí. Desde o assassinato do rei e conspiração contra o trono, ninguém entra aqui.
Peter olhou rapidamente para Melissandre.
— Somos fugitivos de White Kingdom. Amina mata todos sem traços de dó e não queremos fazer parte disso. — ele disse.
— E como acreditaremos que você? – o homem disse.
Melissandre tremeu. Arthur sabia o que ela iria fazer e não foi capaz de impedir.
— Eu sou Melissandre Elizabeth Aurich. – ela disse enquanto retirava o capuz. – E vi do que minha tia é capaz.
Peter estava chocado e olhava para Arthur, com cara de como você a deixou fazer isso?
— Alteza? – inúmeras pessoas falaram e bateram palmas, o homem parado a frente deles, sorria.
Melissandre desceu do cavalo axompanhada de Arthur e Peter.
— Alteza! – o homem se curvou. – É tão bom saber que você ainda esta viva.
— Não se curve. Aliás, como você se chama?
— Jake, Alteza. Peço perdão por ter ameaçado vocês. Mas sofremos muitas baixas e o rei era muito importante para nós. – ele percebeu no que havia falado. – Sinto muito por seu pai e mãe, Alteza.
— Obrigada, Sir Jake.
— Não sou um Sir.
— Agora é. – ela disse e complementou com um sorriso.
— Obrigada, Alteza.
— Não há de quê. Esses são Sir Peter e Sir Arthur.
— Jake? Jake Flinker? – perguntou Peter.
— Sim. Você conhece meu irmão? Ele está do lado certo dessa batalha?
— Conheço. Um rapaz cheio de talento. Graças a ele que consegui escapar. E saiba disso, ele está do lado certo.
Jake suspirou aliviado.
— Vamos para um lugar menos frio.
Os três seguiram Jake até uma velha cabana. Ele serviu chá.
— Como ele está? – ele perguntou sentando-se junto a nós.
— Bem. Ele sabe se manter. Fique tranquilo.
Jake concordou com a cabeça.
— Alteza, é tão bom saber que está viva! Como sobreviveu?
— Graças a Arthur. – ela sorri para ele, que retribui. – O resto dos fatos, prefiro não comentar, se me entende.
— Com toda certeza, peço perdão se fui indelicado.
— Está tudo bem.
—Podem passar a noite aqui. Tenho apenas um quarto, mas tem cama para todos.
— Agradecemos sua hospitalidade. – disse Arthur.
— O quarto é o último do corredor de cima. Sintam-se em casa.
Arthur e Melissandre foram em direção até lá, Peter ficou para trás conversando com Jake.
— Finalmente uma cama. – disse Melissandre se jogando na cama perto da janela.
— Eu ia pegar essa. – reclamou Arthur em tom brincalhão.
— Tarde demais, cavaleiro. – ela riu.
Arthur a observava.
— O quê foi? – ela questionou.
— Você é bonita. – ele disse sem pensar e quando percebeu o que disse, parecia envergonhado. – Desculpe, Meli. Falei sem pensar.
— Está tudo bem. Eu também te acho bonito. – ela sorriu meio boba.
— Me sinto honrado.
— Sei que você não perguntou nada, mas além de bonito, te acho forte, sincero e muito corajoso. Me protegeu sem hesitar e vem me protegendo até agora.
Arthur se esgueirou e a beijou. Um beijo romântico e devagar que foi correspondido.
Havia alguém espreitando na porta, e esse alguém não ficou muito feliz.
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