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História Hierarquia (HIATOS) - Palavras...


Escrita por: Mascaradak e girlseries

Capítulo 34 - Palavras...


Fanfic / Fanfiction Hierarquia (HIATOS) - Palavras...

Respiração acelerada, batimentos acelerados, suor, náusea, dores no peito, sensação de medo e pavor.

Sintomas típicos de um ataque de pânico. Que poderiam ocorrer em situações especificas como a de uma tentativa de homicídio, estupro ou coisa do tipo. Esse era o caso de Lily.

Três enfermeiras estavam à sua volta, uma ajustava seus travesseiros e as outras ajustavam o soro e verificavam a pressão de Lily, estava normal, elas constataram, coisa que as fizeram franzir o cenho, mas não comentaram nada. Marjorie, a enfermeira severa e gentil que estava cuidando dela desde de chegara em estado de choque na emergência, lhe dirigiu um sorriso compreensivo, o que fez Lily temer que ela soubesse, mas como saberia? Só se pudesse ler seus pensamentos.

Elas lhe deram as devidas recomendações que se acaso precisasse de algo era só apertar o botão que estava ao lado de sua cama, e uma delas apareceria para atende-la. Querendo ficar sozinha com seus pensamentos, Lily às tranquilizou dizendo que estava bem e que não iria necessitar de nada, mas que se precisa-se iria solicitar ajuda com certeza.

Quando ouviu a porta se fechar, Lily soltou um suspiro e recostou sua cabeça no travesseiro. Por mais que fossem atenciosas, aquelas enfermeiras estavam deixando ela sufocada.

Lily já tinha fingido muitos atos, claro, ela odiava isso e na maior parte das vezes tinha certa dificuldade nisso, mas quase sempre era necessário. De certa forma era boa em fingir, pois ninguém nunca acreditaria que ela seria capaz de ser falsa com alguém, e na maioria das vezes sempre preferia a verdade, mas como dissera, era preciso. Porém, dessa vez ela teve que usar esses métodos para com ela mesma. Contudo, fingir um ataque de pânico fora mais fácil do que ela imaginava.

Já havia presenciado alguns, pela primeira vez quando tinha dezessete anos e estava com um cliente em um quarto de hotel, ele devia ser uns três anos mais novo que Lily, e acabou tendo um ataque de pânico pelo nervosismo, seria a primeira vez dele, e o pai estava no quarto ao lado, pronto para ouvir o que esperava ouvir. O garoto estava mais branco que a parede do quarto que era num tom cristalino de branco, e seu semblante era de pura angustia e medo, suas mãos tremiam ao tentarem tocar Lily, o suor escorria em sua testa sempre que tentava se acalmar ou respirar fundo. A segunda vez tinha sido mais recente, fora no meio da rua, quando estava saindo da faculdade viu uma mulher de uns cinquenta e oito anos encostada no muro de uma casa, ela aparentava estar meio desorientada, mas assim que Lily se aproximou, a senhora agarrou em seu braço e lhe pediu ajuda, com a voz ofegante ela lhe disse que tinha acabado de ser assaltada. Foram as últimas palavras que balbuciou antes que os sintomas do ataque de pânico se apoderassem de seu corpo. Mais tarde, quando chegou em casa, Lily decidiu pesquisar algo que a intrigou, os sintomas da mulher tinham sido um pouco diferentes das do menino, será que era por causa da diferença de idade? Em um de seus livros, em um capítulo mais avançado do que o que estavam estudando no momento, ela leu os sintomas, as diferenças, as características de cada ataques de pânico e as possíveis distinções.

Em sua mente, aquele pequeno estudo que fizera só seria útil futuramente, quando estivesse estudando sobre o assunto, ou até mesmo quando começasse a se aproximar dos pacientes. Poderia sim ajudar, os outros, não a ela, que nunca pensou passar pela àquela situação.

Fingir um ataque de pânico tinha sido sua única saída para permanecer mais algumas horas no hospital. Já tinha passado pelo delito, alguns exames superficiais tinham sido realizados, as enfermeiras tinham lhe dado alguns medicamentos para prevenir qualquer ocorrência no período de 48hs, e seu depoimento tinha sido colido. Não tinha mais nada que a prendesse ali.

Soubera por Marjorie que Scorpius tinha ido visita-la e que tinha tido um certo embate com o policial que a tinha salvado. Os dois certamente se estranharam por causa de você, disse a enfermeira quando Lily questionou o motivo do embate. Lily teve vontade de soltar uma gargalhada alta, mas aí se lembrou que estava se recuperando de um ataque e que não poderia se exaltar. Como aquele homem que a tinha conhecido há poucas horas poderia estar brigando por cauda dela junto de Scorpius? Seria impossível de se pensar uma coisa dessas!

Em parte, ou melhor, com noventa e nove por cento de certeza, o motivo de Lily querer ficar mais algumas horas no hospital era Scorpius querer falar com ela. De algum modo ele iria querer uma explicação, mesmo que que não houvesse, a situação era simples e clara. Dylan à tinha encurralado e abusado de seu corpo sem nenhum pingo de consentimento. Não tinham mais o que falar, à essa altura, pelo o que ela imaginava, a discussão que eles haviam tido no escritório do pai dele tinha sido o suficiente para dar um fim na relação possesiva e conturbada que eles tinham, Lily se lembrava das palavras dele, “você é toxica”, palavras saídas de sua boca com um soar estranho, que não era raiva nem ódio, mas que a afetou mais do que se fosse.

Ela não era um medicamento para ser toxica, muito menos uma planta desconhecida para lhe causar uma intoxicação. Ela era apenas à mulher que ele tinha tirado de um bordel e que agora estava morando em um apartamento que ele mesmo fizera questão que ela morasse.

Nunca tinha exigido nada de Scorpius, em relação a isso tinha sua consciência limpa. Ele dera tudo a ela porque quis, independente dela ter pedido ou até mesmo implorado por ajuda. Nunca faria isso, perante ninguém.

Mas tinha que admitir, infelizmente, que ficara feliz com a visita que Scorpius tinha feito a ela. Marjorie, que adorava uma especulação, lhe afirmou que ele segurava sua mão e a olhava “apaixonadamente”. Ao ouvir isso, Lily logo estranhou, Scorpius a olhava de todas as formas, inclusive com carinho, mas nunca de maneira apaixonada, pela menos ela nunca tinha prestado atenção. Lily balançou a cabeça tentando desviar aqueles devaneios que seriam quase impossíveis de serem realizados, por parte de Scorpius, é claro, pois ela já o olhava apaixonadamente há muito tempo.

Ela ergueu seu corpo, se acomodando um pouco para que ficasse sentada na cama e pudesse alcançar a mesinha que havia ao lado de sua cama, Lily esticou seu braço e apanhou o livro que uma enfermeira baixinha tinha lhe emprestado para que pudesse se distrair enquanto os exames ficavam prontos. Já tinha lidos mais da metade e estava quase terminando, a autora tinha uma escrita bem fluida, mas o que mais deixou Lily fascinada foi a história da mocinha, que era surpreendente do início ao fim.

A Lady de Lyon, contava a história de uma criança inglesa, que por destino foi parar em uma tribo de índios, lá ela foi criada por Alegria e Lobo Negro, seus pais adotivos que, junto do filho biológico deles, Águia Branca, a quem a pequena Christina se apegou muito, foram felizes. Só que o destino de Christina estava fadado a bailes e festas na sociedade londrina, tendo que retornar antes que completasse 18 anos, mas a mesma prometeu a si mesma que voltaria para sua família, aqueles que amava. Só que para sua surpresa, além de uma tia ambiciosa ao seu lado, Christina tombou com o marquês mais sedutor e mais temido da Inglaterra, muitos diziam que até mais temido do mundo. Christina não estava pronta para isso, mas ao conhece-lo o suficiente, ela percebe que ele poderia lhe ser útil, casando-se com ela. Lily ao ler a cena em que ela lhe fazia uma pequena proposta de casamento, quase não acreditou, o que aflorou ainda mais sua vontade de continuar lendo.

Lily, quando iniciou sua leitura, tinha certeza de que ela e a protagonista tinham muitas coisas incomum, exceto pelo final feliz que estava previsto ao chegar nas últimas páginas. Ao contraio de Lily, que se fosse ter um final feliz, seria por si mesma, já Christina teria seu final feliz ao lado do homem que amava. Era uma ironia, pois, ela fora criada por índios, mas não porquê seus pais a abandonaram. A mãe de Christina estava fugindo do pai de seu bebê, e no final acabou conhecendo Alegria, ambas fizeram um juramento que cuidariam do filho uma da outra caso alguma coisa acontecesse, e Alegria cumpriu o seu prometido, criou a filha de sua irmã do coração com todo o amor do mundo.

Estando naquele quarto que Scorpius fizera questão que ela fosse transferida, com o livro que contava uma história emocionante e encantadora em suas mãos, ela refletiu, apenas por um instante imaculado, como seria se casar com o homem que amava e ser acompanhada até o altar, pelo pai que ela nunca tinha tido a oportunidade de conhecer, sua mãe estando de braços dados com ele, encarando-a com um sorriso de puro orgulho, segurava o buque de lírios brancos que a filha lhe entregara. Seu futuro marido, fitando-a com amor nos olhos, enquanto declarava seus votos matrimonias a ela.

Um sonho imaculado, como jamais idealizado em sua mente. Lily gostava de fantasiar, não era algo bom, e ela sabia disso, mas às vezes era útil para continuar a ter esperança que em uma noite de tempestade, o sol raiaria reluzente no dia seguinte, pronto para sorrir e lhe incentivar a continuar sua jornada por um caminho desconhecido, e se conhecido, desafiador.

O que havia acontecido com ela, a tão fadada violação, de certa forma não doía tanto quanto ela queria. A primeiro momento, doeu, e muito, foi como se seu mundo tivesse rachado, e se se mexesse um milímetro, iria desabar. Mas por uma estranha compatibilidade emocional, Lily se apegou ao policial, James, aquele que tinha impedido que Dylan a matasse. No fundo sabia que ele tinha sido responsável por sua dor, em relação ao estupro, ter se dissipado de maneira rápida. Cuidado. Precaução. Afeto. Tudo isso demostrando por um desconhecido, era demais, não só para ela, mas para qualquer um que tivesse sempre que estar em alerta.

Inquieta, Lily abaixou o livro e ergueu seu pescoço, levando tremulamente sua mão até ele. Ela não podia ver, pois no momento não possuía nenhum espelho por perto, mas, mesmo não podendo senti-las, ela sabia que às marcas que Dylan deixara em seu pescoço ainda estavam presentes. Ainda vermelhas pela pouca quantidade de tempo que haviam sido realizadas. O legista, o Dr. Montgomery, que tinha sido muito gentil com Lily, assim como todos no hospital, lhe receitara uma pomada, para que às marcas saíssem um pouco mais depressa, já que a quantidade que o mesmo havia aplicado no momento não seria o suficiente.

Em menos de duas horas, Lily tinha certeza que alguém entraria pela porta do quarto onde estava e diria que ela estava pronta para ir para casa. Mas quê casa? Se se lembrava bem, ela mesma tinha dito a Scorpius que deixaria às chaves do apartamento dele na portaria. E como voltaria lá para pegar suas coisa? Não possuía nenhum dinheiro, sua bolça permanecia no carro de Scorpius. E provavelmente o hospital cobraria os gastos a mais que haviam tido com ela, como pagaria? Teria que dar um jeito, mas que jeito? Oh! Estava mais perdida do que uma agulha em um palheiro.

Bom, não importava, não seria ela se não encontrasse uma maneira de ajustar as coisas. Lily não sabia como, mas iria. Suspirando, ela voltou sua atenção para o livro, sua única e melhor distração que possuía no momento. Do lado de fora, ela podia ouvir os burburinhos dos médicos e dos enfermeiros, então pensou que um dia ela seria assim, batalharia para ajudar a curar os outros, iria sorrir para cada paciente que encontrasse a sua cura, ou talvez, o seu destino.

[...]

Palavras, palavras de amor, carinho, apoio, consolo. Muitas vezes, palavras como essas, com essa intenção direta, são capazes de mudar qualquer ato, qualquer pensamento, qualquer julgamento, qualquer pessoa e, dependendo do momento até mesmo um país inteiro. O poder das palavras era inquebrável, principalmente quando saídas da boca de um ser com vida, uma vez ditas, jamais poderiam ser desditas.

Sua cabeça pulsava, assim como cada palavra escutada, não estava conseguindo crer nelas, ou melhor, não queria. Alvo sempre se orgulhou de seu temperamento calmo e tranquilo, puxado da família de seu pai, pois se tivesse puxado a família de sua mãe no temperamento explosivo, teria ignorado todos os seus princípios e avançado no irmão mais velho.

James estava encarando-o atônito, como se jamais, em seus piores pesadelos, ele fosse aparecer naquele instante ali, no momento em que ele dizia para a ex-noiva do irmão que ele era o homem que estava dormindo com ela há mais de duas semanas. Dormindo com ela. Essas eram as palavras que pulsavam em sua cabeça. Ele, seu próprio irmão, havia dormido com sua ex-noiva.

Rose, que até então estava inerte a presença de Alvo, acompanhou o olhar de James que estava fixo no irmão. Ela engoliu em seco a vontade de dizer que o que ele havia escutado era um tremendo engano, coisa que ela tinha plena certeza que tinha acontecido, pois o olhar perdido e um tanto enfurecido de Alvo, dizia tudo o que ela não queria imaginar. Sim, de fato tinha pensado em contar a ele o que havia acontecido entre ela e o irmão dele. Queria ter o prazer de contar e explicar, não que ele descobrisse dessa maneira tão importuna, e de certa forma por culpa dela. Se não tivesse se desesperado e se atirado em James pensando ser Alvo, nada disso teria acontecido. E pela primeira vez, desde que descobrira a traição de Alvo, estava se sentindo culpada. Teria que fazer algo, se não o mesmo a odiaria para sempre e sabia que não conseguiria viver com ele sentindo ódio dela. Então, cautelosamente, Rose deu dois passos em direção ele, que continuava fitando James. Olhando-o atentamente, ela pôde notar uma lágrima brotar em seus olhos. Só que antes que ela balbuciasse suas explicações, Alvo deu um passo para trás, de um modo que pudesse encarar James e Rose.

- Como vocês tiveram coragem? Como vocês tiveram estômago para fazer uma coisa dessas comigo? – ele vociferou para os dois, fazendo enfim James sair de seu pequeno transe.

- Alvo, eu,...nós, podemos lhe explicar claramente o que aconteceu. Isso tudo não se passa de um tremendo mal-entendido. – retrucou Rose quando Alvo desviou seu olhar acusador do irmão para ela. – Não é, James?

Alvo cruzou seus braços esperando a resposta do irmão. No fundo, ele queria que ele mentisse e tentasse reverter a situação assim como Rose estava tentando fazer, mas sabia que James nunca faria isso, principalmente em uma circunstância em que ele sabia que não deveria ser revertida e que nem teria como.

Pelo outro lado, James não desejava isso, nunca quis trair o irmão, muito menos com a ex-namorada que ele sabia que, apesar de tê-la traído com a prima, ela ainda despertava sentimentos em Alvo.

- Alvo... – James começou, mas se perdeu no que iria dizer ao irmão. Que mesmo não sabendo o que ele falaria, pelo tão de voz dele entendeu o que seria.

- Não, eu não quero que você – ele disse a James e depois se virou para dizer a Rose – nem você me explique nada, porque eu já entendi! Vocês dois estão juntos, ou estão dormindo juntos. Eu não sei o que é realmente, mas isso não importa, eu só quero me digam uma coisa, para eu me sentir mais ultrajado do que já estou. Há quanto tempo vocês têm esse caso? Há quanto tempo você está transando com o meu irmão, Rose?! Há anos? Desde antes de ele ir para Nova York?

A voz de Alvo se alterou e Paul, o amigo de James que estava junto dele antes de tudo ocorrer, se desencostou da parede onde estava visualizando a discussão, que nesse instante já havia atraído olhares, e caminhou até eles com os olhos levemente arregalados, aparentemente James não havia contado a ele que estava se relacionando com Rose, pensou Alvo endurecido.

- Acho melhor vocês terem esta conversa em outro lugar, estamos em um hospital, precisamos respeitar os pacientes que estão internados aqui, muitos em estado grave. – Paul entreviu entre eles olhando por hora um e por hora outro. James assentiu em concordância, seu amigo estava certo, aquele não era o lugar adequado para se ter uma conversa como aquela. E Alvo também concordaria com ele se não estivesse com às veias saltando de raiva e indignação.

- Quem é você? Isso é um assunto de irmãos, não se intrometa onde não é chamado! – Alvo esbravejou e Paul, sabendo que não poderia tentar entrevir novamente, lançou a James um olhar de repreensão e cautela e caminhou até mais a frente em direção à sala de espera.

- Ele só estava tentando ajudar, Alvo. Paul está certo, estamos em um hospital e aqui não é lugar para isso, se você quiser podemos ir lá para fora, aí você poderá me espraguejar o quanto quiser, pois jamais irei tirar a sua razão. – disse James pela primeira vez com a voz firme. Podia ver que além da raiva, possuía tristeza e decepção nos olhos do irmão.

- Alvo, por favor, nossa família está logo ali. Eles podem escutar. Pare de fazer escândalo! – replicou Rose com a voz suplicante. Sua situação com os pais já não estava nada fácil e apesar de eles não estarem ali, basicamente sua família toda estava para saber se Dominique e o bebê passavam bem. James, que já estava no hospital há algum tempo para saber notícias de Lily, olhou-a de forma interrogativa, ele ainda não sabia do acidente que Alvo e Dominique tinham sofrido. Apesar de ter notado o curativo na sobrancelha do irmão.

- Eu quero que todo mundo saiba o canalha, e a vadia que vocês dois são. Eu amava você, Rose, eu sei que errei com você e eu vou me culpar por isso por um bom tempo ainda. Também sei que não tenho o direto de te cobrar nada, não estamos mais juntos desde aquele fatídico dia. Mas você foi cínica comigo, me beijou naquela cafeteria, depois foi até meu apartamento e fez aquele escarcéu com a Lily, a quem você chama de vadia, mas primeiro você deveria olhar para você.

- Não me compare àquela...garota de programa, nunca você ouviu bem? Nunca. E não me chame de vadia, eu não admito, Alvo. Esse tipo de insulto não combina com você. Eu não sou uma vadia! – Rose bradou em um tom insultado e carregado de desdém na menção a Lily, lágrimas desciam de seus olhos, mas ela tentava se manter firme assim como James, que parecia estar em qualquer lugar menos ali na presença de seu irmão, isso após ele ter falado para quem quisesse ouvir que ele era o homem que Rose estava dormindo.

Todavia, não podia deixar que Alvo agisse daquela maneira com Rose, ele também havia errado, porque o irmão não dirigia seus indultos a ele também? Ela não o tinha traído sozinha. James tinha tanta culpa em suas costas quanto ela. Afinal eles eram irmãos, e ele tinha plena consciência disso.

- Não tem necessidade de falar assim com ela, Alvo. Isso é infantilidade sua! – disse James encarando o irmão olho no olho.

- Infantilidade? Eu sou o infantil? Então como eu devo chamar uma pessoa que um dia me dá esperanças de que poderemos ficar juntos de novo e no outro vai e transa com o meu irmão? – Alvo levou sua mão até sua testa e enxugou com às costas da mão o suor frio que escorria de sua testa. No fundo queria apenas se sentar em algum canto e chorar, contudo, a sensação ultrajante que estava sentindo o impedia de derramar lágrimas.

Ele ergueu sua cabeça e fitou James com atenção, sem demostrar nenhuma reação nos olhos, apenas atenção. Alvo e o irmão possuíam algumas semelhanças se os encarassem bem, tinham o mesmo cabelo um tanto rebelde que era herdado de família, a mesma altura, o mesmo nariz um tanto proeminente, entre outras semelhanças que eles mesmos não notavam. Alvo havia puxado mais a família do pai, que ao contrario de James, que tinha basicamente quase todas às características da mãe e de seus familiares. Entretanto, algo familiar entre eles era a determinação. Ambos tinham a determinação de fazer de tudo para alcançar os seus objetivos.

Apesar de suas semelhanças psicológicas e internas não fossem tão parecidas, eles eram irmãos, foram criados juntos e possuíam o mesmo sangue. Doeu em James quando se deu conta de que tinha traído o irmão. Doeu em Alvo quando ouviu da boca do irmão que ele tinha se envolvido com Rose. A dor fora igual. Independente que um demostre ter sofrido mais que o outro.

- A sua traição foi pior que a dela. – Alvo sussurrou baixo para ele mesmo, mas foi alto o bastante para que James, que estava à sua frente ouvisse e levasse suas mãos até seus cabelos, os desarrumando em seu típico ato exasperado. – Como você pôde ir para cama com a mulher que eu amava dessa maneira tão branda? Só me diz, porque eu não consigo entender. Você já gostava dela antes de ir para Nova York? Antes de eu me envolver com ela? Como vocês dormiram juntos? James, pelo amor de Deus me responde!

Exasperado, Alvo agarrou a gola da camisa de James e o sacudiu para que lhe desse uma explicação. Eles tinham tamanhos iguais, o que facilitava o gesto. Ele não queria que Rose lhe explicasse, afinal ela não lhe devia nenhuma satisfação, não tinham mais nada já havia quase três meses inteiros. Já James, ele era seu irmão e mesmo ambos não sendo muito próximos, ele sim tinha o dever de lhe explicar o que realmente havia acontecido.

- Não, Alvo, eu não gostava dela antes de ir para Nova York, muito menos antes de você se envolver com ela. Eu estou investigando um caso no qual ela podia saber algumas coisas e... no...no dia em que rolou pela primeira vez, Fred tinha me convidado para uma festa para relembrarmos os velhos tempos, eu fui, estava tão estressado que precisava espairecer, Rose estava lá, passando drogas e as usando também – James deu uma pausa para engolir a bile que estava presa em sua garganta há algum tempo. Alvo, que desconhecia o uso de drogas da ex-noiva, afrouxou o aperto no colarinho de James e ergueu o queixo para incentiva-lo a continuar.

Rose estava encostada em uma pilastra fitando o pequeno embate entre os irmãos. Sua maquiagem perfeitamente preparada estava um desastre, seu rímel escorrido por causa das lágrimas, seu gloss de pêssego borrado por conta das muitas vezes em que umedeceu seus lábios. Ela não conseguia mais chorar, nem queria, pois nesse instante não conseguia reconhecer seus sentimentos. Teria que parar, e acomoda-los muito para poder distingui-los. Ainda restando resquícios de que havia chorado, Rose fungou o nariz e depositou sua atenção no que James falaria para Alvo. Seu medo era que ele dissesse que ela que o havia beijado e feito a proposta para que ambos fossem para outro lugar.

- Eu...eu admito, fui até ela, pois estava indignado que ela estivesse usando e compactuando com algo tão sujo quanto traficar. Pedi que parasse porque aquilo a arruinaria, mas ela não me deu ouvidos, você sabe, Rose não escuta ninguém além dela mesma. Nós discutimos e aí, eu a beijei para que se calasse. – disse James, e ele pôde jurar que ouviu Rose suspirar de alivio. Seu irmão por outro lado, o encostou na parede e abaixou a cabeça sob os olhos de James, que teve imensa vontade de bagunçar seus cabelos, assim como fazia quando eles crianças e o irmão estava triste ou chateado. Normalmente isso acontecia quando ele brigava com um dos pais, ou com alguma namoradinha de escola.

Seu designo não era mentir, em momento algum foi, mas se dissesse a verdade tudo continuaria do mesmo jeito, a única diferença era que Alvo transmitiria uma mínima quantidade de sua fúria pelo irmão, para Rose. Ela sofreria com isso, e James saber que ela sofreria o deixava ressentido. Alvo ergueu sua cabeça e o fitou com uma imagem afetada.

- Fred também me convidou para essa festa, eu me lembro que não pude ir porque estava com minha parceira ensaiando. E isso foi no mesmo dia em que ela – ele olhou Rose por cima de seu ombro e depois se voltou para James. –, foi para minha casa e me disse que estava disposta a aceitar o meu filho com a Dominique, isso depois de ter um ataque por eu estar com a Lily. Eu te contei isso, quando te liguei para lhe convidar para almoçar comigo e com os nossos pais. Eu te perguntei o que você achava e você disse que não sabia, porque provavelmente estava na cama com ela, rindo da minha cara. Eu podia esperar uma traição dessa de qualquer um, menos de você, James. O irmão que eu amei e tive orgulho a minha vida inteira, não teve um pingo de consideração comigo.

Para tentar conter sua vontade de derramar lágrimas, Alvo pressionou seus olhos e soltou um longo e demorado suspiro, tentando conter não só a vontade de chorar, mas sim a fúria que estava se despertando dentro de si. Ele passou a passou a lateral do dedo indicador pela parte inferior do olho esquerdo e voltou a fitar o irmão.

- Quando foi a última vez? – perguntou Alvo com o tom de voz distante. Ele queria saber o quanto o irmão o tinha traído. Mas ele não o respondeu, apenas grunhiu mais para si mesmo do que para Alvo. Tanto James quanto ele sabiam que se algum dia no futuro pudessem se perdoar, a sinceridade seria a primeira pauta que levantariam. – Quando foi a última vez que vocês ficaram juntos? – Alvo repetiu a pergunta entre os dentes, engolido em seco a vontade de gritar aquilo.

- Depois que eu saí da sua casa, no dia do almoço, ela me ligou lá mesmo e... ela me disse que tinha pistas sobre um caso que estou investigando, só que chegando lá...não era nada disso. – disse James fitando os olhos do irmão, somente os olhos, pois não conseguiria encarar a feição que o irmão demostrou assim que ele murmurou as seguintes palavras.

- Ela o seduziu – não era uma pergunta e sim um afirmação, James tinha certeza disso, sobretudo pela risada seca e sem humor que Alvo havia soltado. – É bem típico dela, já caí muitas vezes nesses joguinhos, ela diz que precisa conversar algo importante e depois o seduz, e no final você só percebe que caiu quando constata que está em seus braços. Sei exatamente como é, Rose sabe ser convincente quando quer.

- O que quer dizer com isso? – indagou James, sabendo que aquelas palavras tinham um significado oculto.

- Rose não considerou que você era meu irmão quando se deitaram, ela não se importou comigo um minuto sequer. Mas não pense que ela se importa com você, que você é especial para ela, pois isso não é verdade, ela só transa com você, James, por ela mesma. Não pense que por você tê-la beijado a culpa é totalmente sua, porque não é, Rose não beijaria ninguém contra vontade dela, ela teria desferido um tapa ou o mordido, mas nunca se deixaria ser agarrada.

- Eu não entendo.

James não estava compreendendo as palavras de Alvo, ele estava dizendo que ele não tinha culpa por ter dormido com Rose? Não. Ele tinha sim culpa, Rose não o forçara a ir para cama com ela, tinha ido de livre e espontânea vontade e, por Deus, tinha se deleitado com os beijos, com às caricias, com o toque. E com exatidão, o irmão tinha razão ao afirmar que Rose não se importava com qualquer sentimento que ele pudesse vir a ter por ela. Ela mesma tinha lhe afirmado, entre as linhas, isso.

- Se você acha realmente que não estou com ódio de você, está muito enganado. Você traiu a nossa mínima relação de irmãos, e isso é o que me deixa com mais raiva. Mas além do ódio e da raiva, você me magoou imensamente. Saiba que eu não vou te perdoar por isso, você dormiu com a mulher que eu amava, contudo não posso nunca, por mais que nesse momento eu queria, negar o nosso laço sanguíneo. Por isso me sinto na obrigação de dizer que ela nunca vai te amar, porque ela é incapaz de amar qualquer um. – disse Alvo soltando a gola da camisa de James, que se endireitou e, por cima do ombro do irmão, deu uma olhadela em Rose, que permanecia encarando-os. Ela não havia escutado o que Alvo tinha dito, se não teria se retrucado, isso era um fato.

Alvo caminhava de um lado para o outro com as mãos na nuca e com os olhos fechados, processando suas decisões.

James, por outro lado, agora estava pendido em uma das paredes do hospital. A essa altura os membros que estavam ali presentes tinham tirado o foco do pequeno atrito que tinha se formado entre eles. Mas o clima penitenciário permanecia no ar, como se para se dispersar fosse preciso mais do que um simples perdão, que por razões lógicas, não seria dado a ninguém naquele dia. Sinceridade. Talvez aquele fosse o momento ideal para ser sincero com o irmão, do modo que nunca tinha sido antes. Alvo era um homem de bom coração, apesar da pouca idade, tinha construído um imenso caráter que era constatado por qualquer um que o conhecesse bem, era capaz de sorrir e ser solidário com qualquer estranho que cruzasse o seu caminho. Ele possuía momentos em que ele mesmo não se reconhecia, assim como todos, porém além de seus erros assumidos; Ele tinha o poder de compreender e perdoar, e essa era a esperança que continha dentro de James para que um dia o irmão o perdoasse. Não seria por agora, nem daqui duas semanas, dois meses, principalmente após a confissão que diria ele.

- Eu tinha inveja de você. – confessou James em um tom de voz baixo e abafado, mas pela proximidade fora o suficiente alto para que Alvo o ouvisse.

- O quê? – perguntou Alvo espantado pela declaração que acabara de ouvir.

- Nós fomos criados da mesma maneira, mas no fundo eu sabia que no futuro com você seria diferente. Depois que a nossa irmã desapareceu, o papai ficou distante, principalmente de mim, nós estávamos juntos quando tudo aconteceu. Eu vi o desespero dele quando recebeu a ligação da mamãe, a princípio eu não entendia o que estava acontecendo e, diabos eu só tinha cinco anos, nem poderia entender. Eu só via que a Lily não estava no berço. Depois de um tempo eu notei que o Harry estava distante de mim e mais próximo de você, eu perguntei a mamãe e ela não soube o que me dizer, mas com o tempo eu entendi que ele não fazia por querer e que ele nunca tinha deixado de me amar, no entanto ele só queria compensar com você o erro que ele pensa ter cometido com a Lily. Os anos foram se passando, eu cresci, entrei na adolescência e as brigas começaram.

Alvo se lembrava dessa época, em que o pai e o irmão viviam em pé de guerra, normalmente eles se trancavam no escritório de Harry e a briga começava. Alvo ficava preocupado com James, já que o mesmo conseguia enfrentar o pai assim como à mãe, de frente e sem nenhum pudor. Gina dizia que ele não devia se preocupar, pois aquilo não daria em nada e que era apenas mais uma. Mas com o passar dos anos e com a intensidade das brigas se aprimorando, ela foi contra suas próprias palavras.

- Quando decidi que queria entrar na polícia, você foi o primeiro a saber, me deu a maior força e até hoje eu lhe sou grato por isso. Harry, comigo, teve um ataque, disse que a minha obrigação era seguir o legado da família e trabalhar na construtora que um dia eu herdaria, só que eu nunca quis isso, então fui para os Estados Unidos estudar direito e depois entrei para polícia, isso sempre foi a minha meta. E eu consegui. – James suspirou e enfim se virou para fitar Alvo, que o ouvia com o cenho franzido, sem entender o que aquele assunto tinha a ver com a inveja que o irmão disse sentir dele e com o assunto relacionado a Rose. – Com você foi diferente, talvez porque esperavam mais de você do que de mim, mas...só sei que foi diferente. Quando me ligou dizendo que queria cursar medicina, eu fiquei surpreso, e no momento temi por você, porque eu tinha certeza que nosso pai iria contra a sua decisão. Assim como foi comigo. Só que com você, Alvo, não foi assim, ele disse que sabia que a construtora não era o seu destino, e que você estava livre para tomar suas próprias decisões. Na ocasião em que você me disse isso, eu me perguntei o porquê. Por que comigo não foi assim?

James abaixou os olhos para mirar seu olhar na pequena embalagem vazia de seringa que provavelmente havia voado do carinho de algum faxineiro, deixando a pergunta no ar.

Rose agora tentava se aproximar de Alvo, para assim toca-lo, mas antes que seus dedos pudessem alcançar o ombro rígido dele, ele deu alguns passos na direção de James, que permanecia com o olhar vago ao chão.

- Porque eu era o filho que ia dar errado. – declarou Alvo com a voz firme, porém em um tom baixo e contido, o que chamou mais ainda a atenção de James, que ergueu o seu olhar para ele enquanto balança a cabeça, negando e sem entender as palavras do irmão. A primeiro instante, ele riu com secura na voz e na garganta, que era causa das muitas vezes em que teve que controlar suas lágrimas pela acarretada traição de James e Rose. – Ora, francamente! Eu é que deveria ter inveja de você. Nossos pais apostaram todas às cartas deles em você e nenhuma em mim, porque eles sempre souberam que o meu destino não seria o mesmo que eles estavam traçando. Agora o seu...

- O meu deveria ser. Mas não foi. – completou o que Alvo diria, e o mesmo balançou a cabeça, afirmando.

- Isso que disse não é verdade, eles sempre esperaram mais de você do que de mim. Até eu esperava, sempre me orgulhei do meu irmão mais velho temperamental, que a todo momento enfrentava tudo e a todos de frente e sem ter medo das consequências. Você sempre foi justo com todos, por isso não consigo reconhecer o canalha que está aqui na minha frente. – disse Alvo com um tom de repulsa ao mencionar o acontecido.

Com as últimas palavras ditas por Alvo, um silencio se formou entre eles, sendo quebrado apenas pelos afazeres dos funcionários do hospital.

Rose voltou a se aproximar de Alvo, ficando à sua frente com um olhar suplicante.

- Al, por favor, me escuta. – ela pediu empenhando-se a tocar a mão dele, que de imediato foi esquivada de seu toque.

- Não tenho nada para escutar, eu ouvi o suficiente, tanto que você não teve brecha alguma para negar. Se fosse em outra ocasião teria ao menos tentado se defender.

- O seu irmão me agarrou, eu não tive chance para escapar dele. Só você importa para mim, vim aqui para ter certeza de que estava bem. Fiquei sabendo do acidente e fiquei preocupada com você, nem por um segundo hesitei em vir. Acredite, foi ele!

- Vou dizer a você o mesmo que disse a ele, você, Rose, nunca se deixaria ser agarrada por ninguém. Você quis, assim como ele, duas pessoas não dorme juntas sem querer. E pelo o que vejo você não possui nenhum arranhão. Então não foi forçado. – ele desceu seus olhos pelo corpo de Rose, voltando-os rapidamente para os olhos dela, que estavam marejados. – Você e ele – Alvo indicou James com o queixo -, vocês dois se merecem. O que mais me deixa frustrado é não ter percebido antes, e ter perdido meu tempo tentando voltar com você.

Ele saiu da frente de Rose com o pensamento de sair daquele hospital a todo custo, mais cedo tinha tido uma das melhores noticias de sua vida, que seu filho seria um menino, mesmo não tendo preferência alguma pelo gênero da criança, ele se sentiu maravilhado em poder ensinar tudo o que sabia para ele. Em seus pensamentos anteriores convidaria James para ser padrinho de seu filho, se Dominique concordasse, é claro. Mas depois daquele ocorrido drástico, tinha reconsiderando completamente aquela ideia. Dirigiu um último olhar ao irmão e caminhou à passos duros na mesma direção em que Paul havia seguido, minutos antes. Quando estava próximo à sala de espera, Alvo sentiu alguém agarrar seu braço. Pensando ser James ou Rose, ele estava prestes a se virar para dizer-lhes tudo o que não havia dito antes, quando ouviu a voz de seu pai atrás de si.

- Pai! O que faz aqui? – exclamou Alvo no instante em que girou os calcanhares para olhar Harry, que o encarava com rugas de preocupação na testa.

- Gui ligou para sua mãe e nos contou sobre o acidente, ficamos preocupados com você, Dominique e o bebê, corremos para cá assim que recebemos a ligação. Estava na sala de espera conversando com Fleur quando o amigo de James chegou e disse que você e ele estavam brigando, e que a Rose estava envolvida. – Harry acrescentou tendo certeza de que a informação no final de seu questionamento seria útil. – O que aconteceu? E não minta para mim. – ele indagou em um tom autoritário cruzando os braços na altura do tórax.

- Não quero falar sobre isso. – protestou Alvo, mesmo sabendo que não seria o bastante para fazer o pai desistir.

- Paul disse que vocês estavam quase rolando no chão. – disse Harry, horrorizado com a possibilidade de os filhos terem brigado dessa maneira – Vai sim me dizer o que aconteceu e o porquê de Rose estar envolvida. Eu jurava que você tinha esquecido essa garota, e estava tentando dar um tempo para si próprio, para depois pensar nas suas inconsequências. Só que aí eu descubro que os meus dois filhos estavam em um hospital, – ele frisou a palavra em um tom de inclemência e repreensão – brigando e com a sua ex-noiva no meio, aquela que você traiu nas vésperas do casamento...

Harry ia continuar, mas se interrompeu ao notar que suas palavras poderiam afetar Alvo. Ele suspirou, e com calma, deu alguns passos até o mais novo, que possuía uma feição indecifrável. Com um meio sorriso de incentivo, ele falou:

- Só me diga o que aconteceu, sabe que pode me contar tudo filho. Dá para ver no seu rosto que não está bem e que está sofrendo. Por favor, me deixe ajuda-lo. – Harry assentou suas duas mãos nos ombros do filho e fitou o homem à sua frente, que era mais de quinze centímetros mais alto que ele.

- Pai, eu...eu descobri que a Rose e o James, o meu irmão, estão tendo um caso. – Alvo contou a Harry, visto que não conseguiria mais esconder. Por mais que quisesse.

Se sentindo atônito, Harry caminhou vários passos para trás, para assim ter certeza de que havia ouvido direito.

- James e Rose? Tendo um caso? Não. O James não faria isso. Nós temos às nossas diferenças, mas uma coisa que sempre tive certeza de que ele tinha era caráter e lealdade, ele não o trairia desse jeito. Ela sim nunca foi flor que se cheire, Rose faria uma coisa dessas, sinceramente só a Hermione não enxerga quem a filha realmente é. Alvo, você tem certeza de que isso é verdade? – Harry o indagou e ele assentiu com a cabeça baixa.

- Ouvi da boca do próprio James, ele disse que era o homem que estava dormindo com ela há semanas. O que significa que foi mais de uma vez, e para mim isto é um caso, ninguém vai me tirar da cabeça de que não é. Estou com tanta raiva deles, tanta raiva que você nem imagina. Eu queria gritar, dar uma surra nele por ter assumido na maior cara limpa que era verdade, mas no fundo a magoa por ele não ter tido nenhuma consideração comigo foi maior.

- Eu entendo – disse Harry com compreensão – Você nem imagina como eu o entendo. Eu vou falar com James sobre isso. – ele determinou e Alvo o olhou estarrecido.

- Não, Harry, você não tem nada a ver com isso. – ele bufou e balançou a cabeça antes de continuar com a voz mais tranquila: - Pai, é uma questão minha e dele, não quero que James pense que por qualquer coisa eu corro para você ou para mamãe.

O que não era verdade, pois sempre que tinha um problema, por maior que fosse, Alvo tentava revolve-lo sozinho, em parte para provar que já era adulto e em outra para criar experiência para sua vida no futuro. Esse era o pensamento de um rapazote de quatorze anos que queria provar aos pais que já era maduro o suficiente para sair e chegar depois das sete da noite. De certa forma não teve muito efeito, para ele, mas para seus pais sim, que entenderam que o filho estava crescendo e aprendendo a encarar sozinho as próprias pendencias que criava para sua vida.

- Isso não é verdade. Ele sabe que não é. – sibilou Harry entre os dentes. Ele também não estava feliz com a atitude que o filho mais velho tinha tomado, todavia não queria incentivar que Alvo ficasse com mais raiva do que já estava. Portanto, queria passar aquele pepino para ele. Mesmo sabendo que não podia nem devia. – Olha, vá para mansão, você não pode ficar sozinho nesse momento e no fundo nem quer. Vou mandar um torpedo para Gina ir junto de você. Deixe que de James cuido eu.

Sabendo que não teria como persuadi-lo a mudar de ideia, Alvo afirmou em um balançar de cabeça.

- E Dominique? Preciso vê-la, prometi que voltaria. Ela vai ficar mais um dia aqui para fazer alguns exames. – disse ele afobado.

- Dominique está entretida com os pais dela e com os irmãos, mas se vai faze-lo se sentir melhor, eu mesmo passarei no quarto dela para dizer que você não poderá cumprir a promessa que fez a ela, por motivos inteiramente íntimos. – Harry o tranquilizou quando Alvo lhe lançou um olhar suplicante.- Fique tranquilo que não irei tocar nesse assunto com ninguém, cabe a você escolher se quer ou não compartilhar com alguém. – ele deu uma pausa para olhar ao redor de onde estava, e então se afastou de Alvo. – Vá agora. Vou conversar com o seu irmão. – disse ele decidido.

- Pai, eu não quero que você brigue com James por minha causa, isso que aconteceu foi um belo aprendizado para mim.

- Eu quero falar com seu irmão. – Harry afirmou com seriedade – Ajuda se eu disser que já queria falar com ele antes disso acontecer?

- Não, não ajuda em nada.

- Ótimo.

Harry sorriu, mas seu sorriso não foi retribuído por Alvo, que acenou para ele e seguiu o caminho que iria seguir antes de ser abordado pelo pai. Harry que permaneceu onde estava por um tempo, respirou fundo e apanhou seu celular em seu bolso, ele digitou uma mensagem para Gina, dizendo que chegaria um pouco mais tarde em casa. Algo o dizia que sua conversa com James seria mais longa do que gostaria.


Notas Finais


O capítulo não foi revisado, então por favor, perdoem qualquer erro.

Um beijo grande para todos os leitores e até o próximo! ❤❤❤


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