História Marca Negra. (Taekook) - ;i hate everything about you;

"Eu odeio tudo sobre você
Por que eu te amo?
Toda vez que ficamos acordados
Após cada golpe que tomamos
Cada sentimento que eu tenho
Mas eu ainda não senti sua falta
Só quando eu paro para pensar sobre isso
Eu odeio tudo sobre você."

— Oi, querido. — cumprimentou — Como foi a escola? 

— Oi, Omma. — Taehyung sorriu, beijando a bochecha da mulher — Foi ótima. Desculpe chegar tarde, fiquei uns minutos na casa do- 

— Jeongguk. – proferiu — Eu imaginei. 

— Não chame ele assim, mamãe. Ele não gosta. — falou — O que tem pro almoço? 

— Kangsu com Kim Chi. — disse — Seu irmão ligou. Disse que está com saudades e mandou um beijo. 

— Estamos no fim do mês, minhas cartas devem chegar amanhã pra ele. — sorriu. 

— Você adora cartas, não é? — a mãe perguntou. 

— Sim! Acho vintage. E é mais íntimo. Posso mandar fotos impressas que tirei na câmera que o Jinnie me deu. — falou — Ele sempre elogia minha fotografia. 

— Seokjin é muito gentil. — ela afirmou. 

— Enviei algumas fotos que tirei com o Goo... Acha que ele vai gostar? 

— Jin ama tudo que faz, querido. Sabe disso. — ela se sentou à mesa — E a namorada de Jungkook? Tem visto ela? 

— Rosé estuda em outras escola. Não nos vemos muito. — ficou emburrado. 

— É um tanto estranho, não é? Jeongguk passa mais tempo com você do que a própria namorada. 

— O que a senhora quer dizer? 

— Ah, querido... Sei que gosta dele. Sei muito bem. Esse brilho em seus olhos... — suspirou — Lamento que não seja recíproco. 

— Eu também. 

Taehyung ficou de cabeça abaixada enquanto colocava os pratos e copos na mesa. A Senhora Kim observou com um sorriso triste. 

— Sabe, querido, seu pai fazia isso comigo. 

— Fazia o que? 

— Ele passava um tempo com outras garotas para eu dar mais atenção a ele. Era um charme. — falou — Pode ser o mesmo com Jungkook. Como você disse, ela estuda em outra escola... Ele deve ficar carente. Se fosse recíproco ele não teria uma namorada, não acha? 

— Está dizendo que Jungkook está me usando? 

— Não, querido. Não! É só para você não ter esperanças... — ela acariciou os cabelos do garoto — E se machucar no final. 

— Eu sei que quer cuidar de mim, mamãe, e te amo por isso. Mas a senhora não conhece ele. — falou servindo seu prato — Jungkookie nunca faria isso. 

— Você vai ficar me olhando ou vai se vestir? 

Jungkook sorriu. O mais novo, após o ato, havia usando a própria jaqueta para limpá-los e limpar a mesa. Foi tão cuidadoso que o Kim havia achado que estava alucinando. Depois a guardou dentro de uma sacola de plástico e começou a se vestir. Taehyung estava estático em cima da mesa, com os cabelos grudados na testa e peito arfante. 

Depois de se vestir o Jeon começou a juntar os papéis que haviam derrubado. Não reclamou ou disse nada, apenas montou as pilhas como estavam na mesa ao lado. Quando foi em direção a porta, uma mão o impediu. 

— Não se preocupe. Vou só pegar purificador de ar. Aqui ainda está com cheiro de... Nós. — sorriu olhando o mais velho — Você devia se vestir, Tae. Vai ficar resfriado com o ar condicionado...

Não sou tão malvado quanto você. 

Taehyung tinha vestido apenas a cueca, sem pensar muito antes de fazer qualquer coisa. Os olhos negros de Jeon o olhavam com uma expressão que o Kim não via há anos. Afeição. 

Não pensou duas vezes antes de beijá-lo. O puxou pelo pescoço para o ósculo, mas não era afoito ou quente como as outras vezes. Era como seu primeiro beijo de novo, com carinho e ânsia. Jungkook acariciou as costas do garoto, que sorriu entre o beijo. 

— Aí está. 

— Aí está o que? — Taehyung perguntou. 

— Seu sorriso. — falou o puxando para mais perto — Não sorri muito quando está comigo. 

Ele abaixou a cabeça com as bochechas coradas, envergonhado. Parecia um adolescente com uma quedinha estúpida. Jungkook riu com a ruga em seu nariz e deu um selinho no canto de sua boca antes de sair. Era assim que era o sentimento de ser usado?

As lágrimas, água do chuveiro e tinta azul de misturavam no chão do box. Taehyung chorava enquanto tirava a nova cor do cabelo, chorava alto. 

Se sentia um tolo. Tinha se entregado completamente a Jungkook. Que tipo de pessoa não supera alguém em oito anos?! Era tempo demais, havia mudado demais, e mesmo assim Jeon ainda tinha a mesma influência sobre si. Seu primeiro melhor amigo, seu primeiro crush, sua primeira desilusão amorosa. Seu primeiro amor. 

Amor. Ele realmente amava Jungkook. Nos dias atuais, preferiria afogar naquele banheiro do que dizer em voz alta, mas no dia de sua formatura, estava pronto para dizer aquelas palavras. 

Eu te amo. 

Mas tinha sido interrompido por um beijo. E a partir daí, tudo ruiu. Mudou de cidade, namorou outras pessoas, fez faculdade, escreveu cartas de que sentia sua falta. Ele nunca havia parado de pensar naquele garoto, o primeiro garoto — e último — a quebrar seu coração. 

Ele tinha sido usado, sua relação havia sido uma mentira, e mesmo assim seu coração recusava a esquecê-lo. Quando sentiu seu coração apertar ao vê-lo na recepção da Yin Hit, quando sentiu a garganta fechar ao ouvir xingamentos, quando sentiu o sangue ferver para rebater, ou quando sentiu o coração pular de felicidade ao vê-lo no show de sua banda favorita. 

Seria aquilo amor? 

Jungkook devia ser um manipulador de primeira para conseguir controlá-lo tão bem. Quando ele estava perto, Taehyung simplesmente parava de pensar e queria ele. Fisicamente, mentalmente... Tudo em si gritava pelo outro. Era um fato que tinha que aceitar. Seu peito doía de tanto chorar, mas era verdade. Amava Jungkook. 

Talvez seja a história de amor mais trágica do século vinte e um. O garoto que amava incondicionalmente o outro que o usou, quebrou seu coração e continuava fazendo o mesmo quase uma década depois. 

O Kim saiu do chuveiro frustrado, vendo que se atrasaria se prolongasse mais seu momento da bad. Já fazia três dias, era sexta-feira.... E Jungkook agia como se nada tivesse acontecido, implicando como sempre. Não pense nisso, se repreendeu. Colocou a roupa escolhida e correu para o carro, arrumando os fios agora azuis piscina. O celular tocou assim que saiu da garagem. 

— Alô? 

— Oi, querido. — a mãe cumprimentou — Estou interrompendo? 

— A senhora nunca interrompe, mamãe. Estou dirigindo. — falou — Está tudo bem? 

— Claro, claro. Queria saber como meu filho favorito está. 

— Eu sei que seu favorito é o Jin Hyung. — ele riu — Estou ótimo. E a senhora? 

— Muito bem. O que vai fazer hoje? 

— Estou indo para a festa de aniversário do Namjoon Hyung. — disse.

— Pergunte a ele se gostou do meu presente! Eu enviei algumas semanas atrás para não ter atraso. Não vou poder atender a festa, mas em duas semanas planejo visitar Seul. — disse animada — Não é ótimo?! 

— É uma notícia adorável, mamãe. Eu e Jinnie vamos adorar ter a senhora por perto. — disse — Só avise antes de vir, não quero que veja meu apartamento bagunçado!

— Taetae, você sempre teve o quarto uma zona. — ela riu — Já vou indo, querido. Diga ao seu irmão e ao seu primo que mandei um beijo. 

— Vou dizer sim. — estacionou o carro — Tchau, omma. Beijos. 

Jungkook acompanhou o amigo para dentro da casa de festas, vendo Jimin saltitar enquanto entravam. O de cabelo rosa sorriu quando finalmente viram o aniversariante. 

— Namjoonie! 

— Minie. — o Kim girou de costas para uma quer que fosse que estava conversando para abraçar o mais novo. — Você veio. 

— Eu não perderia por nada. — segurou as mãos do outro — Abaixe. 

— Que? 

— Só abaixa. — riu. 

Namjoon flexionou os joelhos até ficar na altura do outro. O Park olhou de soslaio para Jungkook por um momento, então beijou o rosto do homem de cabelos prateados. Ele engasgou surpreso. 

— Feliz aniversário. — murmurou — Espero que goste do meu presente. Pedi pro porteiro guardar separado dos outros... 

— Um presente além desse? — perguntou envergonhado — Obrigado. 

— De nada. — disse, também envergonhado. 

— Ah, que lindo. — Jungkook riu. 

— Jungkook-ssi! — Namjoon exclamou — Você também veio! 

— Vim. Feliz aniversário, Hyung. — ele apertou a mão do Kim — Mas não vou beijar sua bochecha, tá bom? 

— Ah! — ele riu com as orelhas vermelhas — Você é uma figura, Jungkook-ah. Aproveitem a festa. 

Passaram por diversos rostos conhecidos. De pessoas da empresa, até a esposa de Jin, que lançou um olhar rápido em sua direção, para depois voltar a conversar com Lisa. 

Cumprimentou de longe Yoongi, Seokjin e Hoseok, que jogavam beer-pong com algumas pessoas que não conhecia. Estava tão entretido vendo as pessoas, quando não notou quem o cumprimentou. 

— Wonho! — falou — Achei que morasse em uma caverna. 

— É. Mas Namjoon é um amigo antigo. — riu — Está bonito. 

— Você também. — ele pegou uma bebida com o garçom e tomou sem saber o que era — Está gostando da festa? 

— Claro! A família Kim sempre faz as melhores festas. — sorriu — Você tem que ver o Seokjin bêbado... Um horror. 

— Sério? — riu — O que ele faz? 

— Sempre dança em cima da mesa junto da esposa. É hilário. — falou — Só tem que esperar cortarem o bolo. 

Continuou conversando com Wonho por vários minutos. Perdeu Jimin de vista quando o mais velho foi ao bar começar a beber. Já estava cansado de ficar ali, até vê-lo. 

Não tinha o notado ali até aquele momento, a mudança de cabelo e as luzes coloridas não ajudavam. Mas estava ali, de cabelo azul, bebendo e conversando com Irene no bar. 

Em um impulso, murmurou algo para Wonho e foi até o bar, sentando-se ai lado de Park. Jimin pediu uma bebida ao amigo e olhou para o resto dos convidados. 

— Convide ele para dançar. 

— O que? — perguntou atordoado — Quem? 

— Namjoon Hyung. — falou — Está estampado na sua cara que quer. 

— Mas... 

— Nada de mas, Chim! Só faz, se der errado, segue pra próxima! — encorajou — Vamos, eu também vou dançar. 

Ao observar a pista de dança, Jeon notou que cada casal estava em seu próprio mundinho, dançando dançando som do Divo Pop, Justin Bieber.  

Jimin e Namjoon — que não eram exatamente um casal, até onde Jungkook sabia — dançavam timidamente, com sorrisos de sumir os olhos. Seokjin e Lee pareciam estar em uma competição de quem rebola melhor e riam alto um do outro. Hoseok liderava a dança com Yoongi, sempre mantendo o mais velho por perto e murmurando algo em seu ouvido, o deixando vermelho. 

Jungkook estava sozinho, dançava sensualmente escutando Boyfriend. Era uma dança diferente dos casais, e não se sentia sozinho. Deixava o ritmo liderar seus movimentos e o álcool em seu cérebro funcionar. Uma mão não muito conhecida começou a dançar tocando em sua cintura, com um sorriso flertativo. Wonho. 

— Não sabia que dançava. — sussurrou em seu ouvido. 

— Não danço. — falou virando para si — Só estava afim de animar... 

Wonho juntou suas cinturas e acompanhou os movimentos do Jeon. Jungkook colocou as mãos em seu pescoço, sem quebrar contato visual. Ele era um gostoso, gentil e com um sorriso lindo. Por que não? 

A razão do porque não se levantou do canto que estava assim que a música acabou, indo para parte aberta da casa de festas. Jungkook o acompanhou com o olhar. 

Ficar ali e ter uma noite de foda com Wonho... Ou ir até o azulado e perguntar se ele estava bem? 

Ele escolheu a segunda opção. Taehyung estava encostado nas grades do muro, observando a cidade movimentada lá embaixo. Estaria mentindo se dissesse que não esperava ver Jungkook ali. Pegou o cigarro de sua jaqueta e acendeu o isqueiro em sua mão. 

— Não acenda isso. 

— E por que não? — perguntou seco. 

— Se acender o cigarro não fico aqui com você. 

Taehyung suspirou e guardou ambos os objetos no bolso da jaqueta. O mais novo se aproximou com cuidado, vendo o outro analisar toda sua figura, da cabeça aos pés. 

— Gostei do cabelo novo. — falou baixo, cercando-o com seus braços. 

— Não pintei por você. 

— Eu sei. — riu baixinho — Quando é que você faz as coisas por mim, Taehyung? 

— O que você quer, Jeongguk? 

— Ah, Tae... — sorriu — Você já me magoou muito nessa vida. Eu não quero conversar com você, não quero me importar com você. Mas eu só não consigo ficar longe. Desde que nos encontramos de novo... Parece que meu corpo age sozinho. — acariciou a bochecha do mais velho — Você sente o mesmo? 

— Não... Não brinque comigo. — gaguejou. Jeon encostou sua testa na dele e fechou seus olhos. 

— Não respondeu minha pergunta. 

— Pergunte ao Wonho. 

Jungkook arregalou os olhos e riu alto. Abraçou o pescoço do Kim, sem deixar de gargalhar. 

— Você está com ciúmes, Hyung? 

— Você só me chama assim quando quer transar. — sussurrou. 

— Está com ciúmes!

— Não estou! 

— Então me beije. 

Taehyung o puxou pelo tronco e selou seus lábios. Jungkook sorriu entre o beijo, pedindo passagem com a língua. Foi concedida com gosto, misturando as bebidas que haviam ingerido com tamanho sentimento que sentiam toda vez que se tocavam. Jeon arranhou a nuca do outro, passando a beijar seu maxilar. 

Ele arfou e apertou a bunda do mais novo, que se sentiu motivado a descer os beijos para seu pescoço. Dessa vez, deixou um chupão. Para mostrar a todos que ele havia estado com alguém. A brisa fresca da noite passou pelos cabelos azuis de Taehyung. 

— Jeongguk... — murmurou. 

— Vamos para o meu carro... — falou entre o beijo. 

— Não me diga que você... 

— Já te disse, Tae. — sorriu ladino — Eu sou um homem prevenido. 

Passaram por entre os amigos, que gritavam bêbados ou se beijavam loucamente. Taehyung teve o vislumbre de ver Jimin sentado nas coxas de Namjoon e acariciando seu rosto antes de ser arrastado até o carro. 

O beijo era afoito e as mãos de Jungkook também. O calor fazia com que as janelas do carro ficassem embaçadas. 

E, de repente, Taehyung não pensava em mais nada. E também não vestia nada.  

No fim, eles não esperaram a corta do bolo.