História High School Love (Imagine Yoongi - BTS) - Primeiro passo: agir discretamente

Eu já deveria saber antecipadamente que eu estava me metendo em uma grande furada, na verdade eu sabia muito bem, o que era ainda pior. Eu não sei era a minha falta de responsabilidade  ou o desespero de beijar Yoongi agindo sobre mim e nublando o meu raciocínio, mas quer saber? Foda-se. 

Se apaixonar só trás dor de cabeça. Não indico. 

—  Eu não vou fazer nada constrangedor, já basta as vergonhas que passei! — estendi a mão como um policial que adverte um criminoso, no caso três criminosos atentando contra minha dignidade, antes que Seo inventasse um plano mirabolante de me arremessar contra Yoongi, por exemplo.  Eu não descartava a menor das possibilidades. — Chega de passar vergonha! Chega. 

— Qual o grande problema nisso, hein? Todos nós passamos vergonha nessa vida, faz parte cara, faz parte. Mas se você quer aquele branquelo, você tem que se manifestar, caralho! Ele, até onde eu sei não tem bola de cristal, ele tem Nam? — O maior negou com a cabeça, estranho seria se ele concordasse. — Então pronto, deixa com a gente que tá tudo resolvido. Confia, porra. 

Neguei, com medo. Qualquer pessoa em suas faculdades mentais saudáveis negaria, qual é. Não que eu não confie em meus amigos, mas os métodos usados para eu alcançar meu almejado crush, é o que me deixa com o pé atrás. Os dois pés, aliás. 

— Vamos fazer assim. Não vamos forçar a barra demais, porque aí a gente pode até distanciar ele, e isso a gente não quer, né? Vamos apenas atrair ele até você. Coisa simples. Namjoon vai pedir ele para te dar aulas adicionais de física. Você conversa com ele, vai desenrolando seu lado com seu charme. Uma mãozinha na mecha do cabelo, essas coisas que eu não entendo bem.  — deu de ombros, gesticulando. — Você fala que sempre teve admiração em basquete, porque esse é o ponto fraco dele. — o máximo que sei de basquete é que pra marcar ponto tem que acertar a bola laranja na cesta,  já começa ruim. —  Quando você vê, já vai estar sentando nele igual uma louca. Fazendo essa escola toda ouvir vocês dois! 

— Seohy! — Jimin caiu na gargalhada, achando graça. Eu só escondi meu rosto no meu travesseiro. Tá, eu queria muito mesmo realizar aquilo tudo, com direito a vários rounds.  — Pelo amor de deus!

— Eu vou tentar aproximar o Yoon do nosso grupo. Ele é um pouco fechado, mas super gente boa. — Namjoon falou, sério, realmente concentrado. Parecia até que estava tentando resolver uma equação matemática. 

— Isso vai ser ótimo, porque eu vou tentar entrar pro time de futebol, de novo. Ele  próximo pode ajudar, ele é amigo de todos os atletas, tem bastante moral. 

Ficamos em silêncio por uns segundos, olhando Seo com sua expressão sonhadora, enquanto em nossos rosto estava estampado o medo da certeza de uma grande enrascada. Que se dane, a gente já estava predestinado a se meter em merda mesmo. 

— Lá vem mais confusão. — Jimin espalmou a mão na testa, cansado de compartilhar dias na sala de detenção, olhando pro alto e escrevendo no seu caderno coisas sem muito nexo.

 A ordem do professor kang é sempre de pensar sobre nossas  “malcriações” como ele mesmo diz, com aquele seu cabelo que parece um ninho de pássaro, mas fala sério, a gente dorme, conversa, desenha nas carteiras. A última coisa que a gente faz é pensar em alguma coisa. 

 — Não é brincadeira, um dia ela mata o senhor Choi, sério. — Jimin estava mesmo preocupado, eu só achava graça do seu senso de responsabilidade meio falho. 

— De duas uma, ou ele infarta ou me deixa em paz. — Ela deu de ombros, não muito preocupada.

                        (...) 

O corredor estava vazio, eu andava sozinha com livros nos braços, era intervalo e eu estava indo encontrar os malucos que chamo de amigos na mesma mesa de sempre no pátio. Tínhamos o nosso canto reservado desde quando nos tornamos amigos, de uma forma bem estranha, diga-se de passagem. Parece que foi ontem que Seo chegou na escola e em dois minutos ameaçou cair na porrada com um garoto que criticou seu cabelo curto e seu estilo de roupa. Por um grande acaso da vida, eu estava perto, Namjoon também. Jimin puxou a gente pra tentar ajudar a apartar a briga, mas o que deu foi uma confusão ainda maior. Cara eu só fui separar o caralho da confusão e levei um soco no pé do ouvido. Namjoon ficou apavorado com o ocorrido e tomou minhas dores, se jogou com tudo pra cima do menino. Foi bem louco, mas no fim, engraçado.

 Terminamos os quatro sentados na mesa do pátio, rindo e sentindo dores. O importante é que o desgraçado preconceituoso foi levado desmaiado pra enfermaria e a gente ficou ali, esperando o esporro do diretor. Suas palavras não fizeram muita diferença, se quer saber.

  Enfim, depois daquele dia receptivo, alegre e cheio de novidades, nunca mais nos deixamos. Acho que com a certeza que nós ali, estávamos já ligados a qualquer linha do destino. Eu, sem muita experiência de convívio social, Jimin, sempre gentil e pacífico, Seohy, a grande causadora de caos e Namjoon, o cérebro  funcional da equipe. 

 Estamos nessa a cinco anos. Talvez a gente fosse mesmo o quarteto fantástico como dizem por aí. Destinados a ficarem juntos e causar uma e outra confusão, pra não perder o costume. 

 O internato era subdivido entre os graus escolares. Fundamental e Ensino Médio. Nos conhecemos quando estávamos ainda no fundamental, bem pirralhos. E desde então aquele espaço tem sido nomeado nosso, e obviamente que ninguém ia contra Seohy. 

Suspirei, olhando a fila de armários no corredor e o espaço do intervalo a vista. Nossas aulas anteriores foram diferentes, o que nos separou. Eu era biologia, Jimin culinária, Nam artes e Seo geografia. Mas éramos todos da mesma sala, terceiro ano. Inclusive, Yoongi era da mesma turma que eu, mas dificilmente tínhamos horários iguais, inferno.

O Min era famoso entre as meninas, era bem raro encontrar  uma que não quisesse dar uns beijos nele. O que era totalmente compreensível. E confesso que isso me desanimava um pouco, na verdade, muito. Haviam muitas  e eu já o flagrei conversando animadamente com uma colega da sala, eles pareciam bem íntimos pra distribuir sorrisos como estavam. Ele sorria tão lindo, queria eu ter sido o motivo de tanta alegria. 

— Caramba, veio pisando em ovos? — Mal cheguei e Seo pulou do mármore da mesa para me recepcionar. A calça masculina em seu corpo atraia olhares, mas ela não se importava. A maior pegou os livros dos meus braços, me ajudando a colocá-los na mesa. 

Olhei ao redor, procurando o último integrante que faltava ali. Jimin estava jogado, com a cabeça em cima de uns livros, sem muita vontade de falar. Ele me deu um tapa fraco no braço, como forma de dizer "oi". 

— Cadê o Nam? — perguntei, estranhando sua ausência. Ele geralmente é o primeiro a chegar. 

— Serve aquele nerd ali? — Jimin apontou para trás de mim, sorrindo.

Virei meu rosto e por muito pouco não desmaiei naquela grama, minhas pernas falharam. 

Vinha ele com Yoongi ao seu lado. 

Era possível ver o seu cabelo molhado de suor, seu pescoço brilhante de gotículas concentradas na área, seu uniforme deixando sua pele evidenciada. Ah, pouco me custava para desfalecer ali mesmo. Aquele garoto era um deus! Estava óbvio que havia acabado de sair do treino. Tão sexy.

— Forças nas pernas! forças nas pernas porque o seu homem vem ali. — Seo sussurrou no meu ouvido, sei lá se aquilo era pra me acalmar, voltando a se sentar em cima da mesa, dando um belo foda-se pra placa logo ao lado que proíbe os alunos de sentarem nas mesas. 

Yoongi trocou um olhar rápido comigo, acho que desconfiando que eu o olhava de mais. Porra. Tesão de menino.

— Isso vai ser divertido. — Ouvi a voz da minha amiga novamente. Jimin concordou, sorrindo. 

Respirei fundo e tentei controlar os batimentos eufóricos do meu coração. 

— Não cara, o foda é que eles são lerdos. — Ele falou, entretido em seu assunto com o Nam. — Ah, e aí? — Seu olhar novamente encontrou com o meu, e ele sorriu rápido cumprimentando todos nós. Seo e jimin deram com a mão, sincronizados. Eu apenas proferi um quase inaudível  “ei".

— Hm, você é quem tá precisando de aulas particulares? Namj comentou. — Ele apontou para mim, olhando bem firme nos meus olhos. Ali eu me decretei morta, incapaz de falar. A despeito da minha condição, eu apenas concordei. Desejei esfolar o dito cujo do meu amigo, mas o máximo que fiz foi o encarar com um olhar que dizia muita coisa, muita coisa ruim que eu faria com ele! Agir assim tão rápido? Sem me avisar? Nem pra me preparar psicologicamente! 

— Sim, ela mesmo, diz pra ele o que você tá precisando. — Seo me deu um cutucão no braço, mais discreta impossível. Eu não sei se seu tom de malícia podia ser percebido, mas eu desejei ter o poder do noturno, do xman e sumir dali em um estalo, deixando só a minha poeira pra trás.

Eu tô precisando de uns bons beijos seus, Yoongi. Nada de mais não. 

— Eu sou péssima em física. Namjoon até tentou me ensinar, mas com ele eu não entendi nada. Então… se você puder me dar aulas particulares às quartas… — ele me ouvia atentamente, intercalando seus olhos entre os meus e minha boca. Sua concentração em mim estava me deixando sem ar. — Eu tenho medo de reprovar com as minhas notas, elas estão péssimas.  

— Tudo bem. Quarta a noite, depois do treino no meu dormitório e do Nam, pode ser?  Mas não conte a ninguém, vamos deixar isso só entre nós aqui ou vão fazer fila lá no quarto. — Eu concordei, tentando conter um sorrisão e gritar um “Wow só eu vou ficar com ele, porra, só eu!” e depois subir naquela mesa e fazer uma dancinha da vitória digna de aplausos.  — Namjoon, cara, mete o pé de lá às quartas. 

— Pra onde eu vou? — Perguntou quase ofendido. 

Foda-se o pra onde Nam, o importante é eu e ele ficarmos a sós. Tudo pela concentração, claro. 

— Hm, sei lá. Ficar com seus amigos? — apontou para os Parks atrás de mim. — ler um livro. 

— Ah… obrigado, Yoongi.  — Me pronunciei. Ele jogou o cabelo para o lado, espantando o suor de seu rosto. Ele sorriu, ainda que bem tímido e sutil, ele sorriu pra mim! 

— Agradece depois. — quase arregalei meus olhos, meu coração bateu tão acelerado que meu corpo batucava junto. Aquilo era um flerte? Aí meu deus. — com boas notas. 

Murchei, concordando e sorrindo amarelo, sem graça. 

Mas os avanços vem aos poucos, né? Calma, tudo no seu tempo. Será que ir pelada pro seu quarto era exagero? Queria ser ousada o suficiente, mas eu certamente morreria de vergonha.

— Vou te esperar na quarta. — Ele avisou, antes de falar algo com Namjoon e se despedir de nós, alegando que precisava tomar banho e ir fazer algum trabalho. 

Suspirei afetada, admirando suas costas. Ele é todo lindo, ai meu deus. 

— E aí, quer ir pro banheiro fazer a dancinha da vitória ou vai ser aqui mesmo? — Seo ergueu uma sobrancelha, sorrindo. — O macho vai ser seu.