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História High School Sucks - Um Grupinho "Trevoso"


Escrita por: GbMr2 e GbMr

Capítulo 31 - Um Grupinho "Trevoso"


A vontade de gritar com Avalon era grande.

Stella não podia ser mais agradecida por ter um psicólogo educacional tão paciente e calmo, e isso a irritava às vezes. Como ele podia manter a expressão serena quando ela explicitava os planos assassinos que tinha para sua futura madrasta?

Futura Madrasta. Não era algo que Stella gostava de imaginar. Liliss não era nada além de um rostinho bonito. Ela já encarara aqueles olhos uma vez, e não eram nem um pouco encantadores como ela os fazia ser.

"Sua nova mamãe".

Ela dizia aquilo como se cuspisse veneno. Como seu pai não podia enxergar o que ela tentava fazer? Estava claro que ela só estava interessada por fama e fortuna, não por um amor de verdade.

Ao contar sobre sua fuga da Mansão Moola, ela esperou no mínimo uma repreensão de Avalon. Um sermão, um flashback oral, qualquer coisa. Mas tudo o que ele fez foi cruzar as pernas e respirar fundo.

— Jovens são imprevisíveis. Isso é completamente compreensivo. — Ele a analisou.

— Você não consegue ver?! — Stella se pôs de pé, andando pela sala. — Estou surtando! Minha mãe tá sofrendo em Londres, meu pai de certo está prestes a selar um destino horrível e uma mulher dois anos mais velha que eu quer ser tratada como minha madrasta! Como pode ficar tão calmo?!

Avalon deu um sorriso doce. — É meu trabalho, Senhorita Gabbana. Além disso, você quer atenção. Queria que eu puxasse sua orelha por quase ter explodido um carro em Milão, mas estou apenas te ouvindo e bolando o melhor conselho que posso dar.

O rosto de Stella ferveu de raiva. Não era fã de pessoas inteligentes e calculistas. Ok, amava Tecna, mas isso era uma excessão.

— Tanto faz! — Ela pegou sua mochila de couro do divã.

— Hm… Stella…

— Até semana que vem. — Ela rangeu os dentes e saiu de sua sala, batendo a porta.

Bloom, que era a próxima, estava de pé na frente da porta. Viu a expressão de Stella e piscou confusa.

— Err… ami…

Ela parou de falar quando o olhar de Stella a penetrou na alma. A loira seguiu caminho pelos corredores, sumindo escada abaixo.

— Próximo! — Ouviu a voz de Avalon a chamar. Bloom respirou fundo e entrou.

.             .             .

— Então você está preocupada com seu namorado? — Avalon questionou.

— Amigo. — Bloom corrigiu, as bochechas corando. — Eu… eu acho que o ajudei mas…

— Não sabe se ele estava mesmo tentando suicídio. — Ele acariciou o queixo definido. — Já tentou conversar com ele?

— Hm… eu não sei se ele gostaria de falar sobre isso.

— Mas você ainda não abriu uma brecha pra tentar.

Bloom cerrou os punhos. Como chegaria nele sem o ofender perguntando se ele tinha intenção de pular?

Ela não sabia se teria coragem para tal, porque tinha pesadelos todas as noites depois de ter um sonho quente com o loiro.

O pior havia acontecido nessa madrugada, quando havia chegado no terraço tarde demais. Estava vazio, o vento frio congelando seu corpo desprovido de agasalhos. Correu até a beira da amurada e viu o corpo desfalecido de Sky no chão metros abaixo, seus membros numa posição não natural. Ela se afastou da borda, o rosto verde com ânsia de vômito e a respiração pesada.

— Como é que eu chego nele pra falar algo assim?

— Ele confia em você, não confia?

Bloom esperava que sim.

— Então comece uma conversa do tipo. Naturalmente, você vai chegar onde quer. Está se consumindo com essas possibilidades, Bloom. Tem medo que aconteça e você não possa impedir.

Os olhos azuis da ruiva se desviaram para o chão.

— Mudando de assunto. — Avalon limpou a garganta e mudou de posição. — Como está a sua relação com seus pais?

Bloom parou de pensar em seu possível amante. O rosto jovial de seu pai invadiu sua mente. — Estou bem com meu pai.

— E sua mãe?

Bloom suspirou. — Não nos falamos muito.

— Hm…

— Olha, eu tenho aula agora. Preciso ir, ok? — Bloom se pôs de pé.

Sim, a chame de covarde. Ela não queria encarar a mãe.

— Você sabe que pode receber uma justificativa estando aqui, certo?

— Eu preciso ir. — Ela respondeu rapidamente, saindo da sala.

No corredor para a sala de Física, encontrou Diaspro em seu caminho. A loira não disse absolutamente nada, mas seu olhar já dizia tudo o que ela precisava saber.

•     •     •

Valtor soprou a fumaça do cigarro de seu rosto. Darkar tossiu e abanou a nuvem.

— Puta que pariu cara! Eu já falei pra você não fazer isso!

— Problema seu. — Valtor resmungou.

Gantlos também fumava, mais afastado num canto. Algo dizia que ele não curtia a presença de pessoas.

Ogron pegou o cigarro da mão de Valtor e o tragou. — Uma escola que deixa você fumar…

— Na verdade não deixam. — Stormy estreitou os olhos, observando os meninos. — Só fazem vista grossa.

— Dá no mesmo. — Ogron deu de ombros, devolvendo o fumo.

— O que aqueles dois tanto conversam? — Anagan apontou com o queixo para Darcy e Duman, sentados num banco, conversando sobre algo super empolgados.

— Ela deve ter falado com ele como que matou o hamster. — Darkar riu e logo recebeu um tapa forte de Icy. Ele reclamou.

— Matou um hamster, é? — Ogron arqueou uma sobrancelha e observou a hippie de longe.

— Ela parece mais interessante do que pensei. — Anagan sorriu maliciosamente.

— Não. — Icy endureceu o tom. — Nem pense em tentar recordá-la de algo dessa época. Ela provavelmente vai surtar.

— E te matar. — Ogron brincou. Icy fez uma cara de desgosto. Aquele cara brincava com coisas sérias demais.

Maldita boca de Darkar. Darcy havia deixado bem claro que queria por um fim nessa época e que essa história não deveria ser repassada para mais ninguém.

— De qualquer jeito, temos as melhores companhias. — Darkar, sentado no chão, gravou palavras árabes na lama, a terra úmida por causa da chuva de manhã.

— E aquela tal de Bloom Peters? — Ogron analisou a ponta do cigarro. — Ela pode?

Valtor estreitou os olhos para ele. — Como assim?

— Ela é toda sua. — Icy fez uma careta. — Aquela garota é… sei lá.

— Estranha. — Stormy observou o horizonte, o pirulito sapateando na boca. — Americana demais.

— Egocêntrica? — Anagan questionou. — Posso dar um jeito nisso.

— Não sei. Nunca conversei com ela. — Stormy deu de ombros.

— O fato é: não interessa com quem você queira conversar. Tenha cuidado com essas garotas. — Icy mostrou uma foto das quatro Nebulosas. Ogron riu ironicamente.

— Eu? Ter medo de quatro menininhas? Ah me poupe.

— Você diz isso porque não as viu em ação. — Valtor murmurou.

— E o que deveríamos temer? — Anagan franziu a testa.

Icy contou a história.

— Puta merda. Que vadias. — Anagan fez careta.

— Achei interessante. — Ogron observou o céu nublado. — Gosto de um pouco de suspense.

Icy encarou-o, os olhos incrédulos. — Você tem noção do que elas representam nessa escola?!

— Não. E também não ligo.

Darkar segurou Icy antes que ela pudesse avançar e fazer Ogron se reduzir em uma poça vermelha de sangue. — Calma alteza, isso não vale a pena.

Ogron deu de ombros. — Deixe-a me bater, se isso a fazer sentir melhor.

— Cara, você gosta de parecer durão assim ou só é um idiota? — Stormy arqueou a sobrancelha.

Eles pararam quando ouviram uma risada alta de Duman e Darcy.

— Inacreditável! — Darcy riu.

— Mas é verdade! Eu juro!

Ela parou quando percebeu que chamava bastante atenção de quem estava em volta. Ela baixou o olhar, as bochechas vermelhas.

— Você tem vergonha de rir? — Duman questionou.

— Não é isso. É que… é falta de educação.

— Mostrar felicidade? Me poupe!

— Você é tão diferente dos seus irmãos. — Darcy franziu a testa. — Por quê?

— Acho que vim de um orfanato melhor, não sei. — Ele deu de ombros. — Meus pais são gente boa, assim como eles, mas são iguaizinhos. Alguém precisa ter ânimo em casa, não?

Darcy assentiu levemente. — Meus pais são góticos e hippies. Eu sou mais hippie que gótica e amante da ciência, diferente deles.

— Uh! Teremos aqui uma cientista? — Ele arqueou a sobrancelha. Darcy riu.

— Se eu quiser ser morta por eles, sim.

— Não entendi. Por quê?

Darcy respirou fundo. Era um assunto completamente difícil e surreal, mas não deixava de ser verdade. — Meus pais odeiam ciência. Acham que tudo pode ser resolvido pela natureza.

Ele estreitou os olhos. — Por favor me diz que seus pais não são antivacina…

— São.

— Puta merda… me diz que eles–

— Não sei se acreditam ou não na Terra plana, mas eles dizem que a Terra é o centro do Universo porque é o berço da Mãe Natureza. São contra a Medicina Moderna e tudo relacionado à alteração genética de alguma forma.

— Como você não tem esse pensamento?!

Darcy desviou o olhar. Não ia dizer sobre a experiência que fizera aos doze anos. Poderia assustá-lo, ou fazê-lo se afastar dela, mas acima de tudo, ainda não confiava nele o suficiente. — Sei lá, talvez porque me puseram em Manchester bem cedo.

— Mas na lógica, eles te educariam em casa…

Ela assentiu com a cabeça.

— E o que você tá fazendo aqui?

— É meio que imoral educar em casa em Gasgl. Fora isso, eles passaram a fazer missões pro-nature, e não confiavam em ninguém para me dar aulas. E eu não podia ficar sozinha, e eles sabiam que eu ia precisar de um diploma, então…

— E você não acredita na filosofia deles?

— Eu gosto de ser hippie. — Darcy suspirou. — É um movimento a favor da natureza e tudo mais. Acredito na Mãe Natureza como minha mãe, mas não abdico da ciência. Acho que Ela criou a ciência para fazer-nos mais sábios, para salvá-la.

— Uau… — Duman parecia encantado. — Que filosofia…

Darcy corou. — Tanto faz.

Duman achou melhor não prosseguir com aquele assunto. Imaginava que ter pais como os dela deveria ser difícil o bastante para pessoas a questionarem sobre eles.

— Então, o que vocês comem à tarde por aqui?

•       •       •

Aisha observava Nabu e Nex discutirem sobre quanto peso aguentariam levantar.

Ok, ela ainda não havia se decidido em qual manter o foco.

E isso estava lhe matando.

Era óbvio que eles não se suportavam. Seu grupo de amigos era o mesmo, e desde que se sabia por gente, eles nunca se deram muito bem.

E eram muito diferentes.

Nabu era do rap, Nex do alternativo. Nabu era mais introvertido, Nex mais extrovertido. Nabu era mais racional e Nex, passional. E claro que essas nem são as diferenças mais gritantes entre eles. Também não tinham nada a ver fisicamente.

Nabu era um nobre queniano lindo de morrer. Sua pele parecia cappuccino de chocolate, seu cabelo longo sempre preso numa trança que carregava sua cultura. Seus olhos escuros eram aprazíveis como duas azeitonas roxas e seu corpo era bem definido como o de um guerreiro. Nex, por outro lado, era um jovem rebelde que usava piercings na orelha pálida e coloria direto seus cabelos com uma tinta em um tom entre o azul e o cinza, em contraste com a pele cor de papel. Também tinha alguns músculos, apesar de magricela, mas sempre se ostentava mais do que tinha (e Aisha odiava isso). Contudo, era um cara divertido, carinhoso e com um excelente gosto musical.

— Meninos… — Aisha tentou chamar a atenção deles.

— Você não pode simplesmente levantar um de setenta e outro de quarenta! Vai fazer você ficar torto! — Nabu rosnou.

— Isso não faz mal! Um lado do meu corpo tá mais malhado que o outro! — Nex respondeu.

"Por quê?! Por que ela tinha que passar por isso?!"

Aisha desviou o olhar quando viu o visor do celular aceso e o telefone se movendo suavemente. Pegou-o sem ler o visor da chamada. Tudo o que queria era fugir do epicentro da briga ridícula.

Era agora.

— Alô? — Ela se afastou dos meninos.

Querida! Como vai?! — Ouviu uma voz feminina falando português brasileiro. Ela sorriu.

Oi mãe. — Aisha olhou de relance para as outras pessoas. Mesmo que fosse normal o convívio de nacionalidades diferentes, ela tinha um ódio pelo estereótipo de "brasileira" que lhe deram. Era diferente a forma que olhavam para alguém que viera da América do Sul para alguém que viera da Oceania ou da América do Norte.

Aisha gostava de esportes, mas isso não a fazia ser fanática por futebol e nem a melhor… ok, ela era a melhor, mas não por que era brasileira. Também tinha o estereótipo racista da "mulata", alguém que sempre almejaram que ela fosse. Ela odiava, e sofria com os olhares dos homens, mas depois passou a andar com uma cara um pouco mais brava e começou a ver uma diminuição nos assédios.

Também tinha o fato de como a estrutura socioeconômica do Brasil era. Tinha um cara completamente louco e despreparado no poder, e isso já era motivo de piada em si. Claro, o pai de Diaspro também era meio doido, mas nem se comparava ao presidente de seu país. Estava o ajudando a afundar em seus próprios problemas. E como se não bastasse, havia os incêndios na Amazônia, o óleo nas praias ilustres, a brutalidade policial contra os jovens negros e moradores das favelas, as pérolas de políticos e enfim, se o Brasil fosse bem visto lá fora, com certeza não era por causa desses motivos.

O Brasil, afinal, era bem visto?

Como você tá? Quanto tempo não nos falamos, menina! Você está comendo bem? Tem ganhado peso? Seria bom você pôr um pouco de gordura nesse seu quadril! Parece desnutrida!

Aisha riu baixinho. Niobe era um amor. — Estou bem. mãe. Estou comendo direito e não, não sei se ganhei peso.

Pare de fazer tantos exercícios! Ganhe um pouco de gordura.

Aisha revirou os olhos com um sorriso nos lábios. — Eu ganho massa muscular, mãe.

Mas te deixa troncuda! Não fofinha! Não vai gerar crianças saudáveis sendo magricela assim.

Mãe…

Tá. Tanto faz. Estou enviando uma foto do seu novo presente.

Ela franziu a testa. — Presente?

Exatamente! Quando você vier nas férias você verá!

Por que não o trás aqui quando vier me visitar?

Niobe deu uma risada sem graça. — Eu não sei se o avião deixa transportar coisas assim.

Coisas assim?

Do que você tá falando? É algo vivo? — Os olhos de Aisha brilharam. — Um peixinho? Uma tartaruga?!

Niobe pareceu tensa do outro lado da linha, como se temesse a decepção iminente da filha. — Hm… Não. É surpresa. E prometo que logo você vai poder tocá-lo. Ou tocá-la.

Então é mesmo um bicho.

E ainda não descobrimos ao certo o sexo.

Ela piscou. O que diabos sua mãe estava lhe dando que era difícil de distinguir o sexo biológico?!

Vou desligar para que você possa ver a foto, ok, filha? Vê se come direito e pare de ficar malhando até cansar.

Também te amo mãe. — Aisha revirou os olhos e desligou.

Abriu a conversa no WhatsApp e franziu a testa sem entender quando abriu a foto da mãe.

Ok, a casa de Aisha no Rio de Janeiro tinha muitos bichos, sobretudo com seu pai sendo um Oficial da Marinha de alta patente e responsável por várias missões de combate ao tráfico de animais. Por essa razão, havia vários animais em sua casa: um aquário cheio de peixes resgatados de clandestinos, um filhote de tubarão branco em tratamento, cinco cachorros dóceis se recuperando de rinhas ilegais, araras coloridas, um tourão norte-americano, e agora mais um animal exótico vinha para somar na lista.

Aisha precisava começar a bolar planos para nomear um bicho-preguiça. 


Notas Finais


Prometo que o próximo capítulo vai ser mais gostosinho… ou melhor, competitivo ;)

Muito obrigada por sua audiência, por sua paciência e por ser essa pessoa maravilhosa!

Beijos, GbMr ~


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