Flora realmente gostaria de saber quem diabos teve a ideia de aplicar uma prova oral e surpresa naquela tarde.
Ah, espera, ela sabia sim.
Palladium.
O cara que ela menos esperava.
— Vocês vão se dividir em grupos de cinco. — O professor de Biologia anunciou para a turma inteira do primeiro ano, o que era meio difícil. Ninguém levava-o a sério e agora o anfiteatro se explodia em burburinhos. — QUE JÁ FORAM ESCOLHIDOS!
Stella mordeu o lábio com tanta força que poderia ter arrebentado os beiços facilmente. — Mas que porra é essa?! Ele faz um teste surpresa e simplesmente acha que vamos nos safar assim?
— Pelo menos Aisha se safou dessa. — Flora resmungou. Ela ainda achava que algum câmera iria sair de trás das poltronas e gritar "Haha, você caiu direitinho!". Mas nada aconteceu.
Não a julgue. Flora amava Biologia, mas os acontecimentos recentes em sua vida não a faziam ter ânimo de pensar nas subespécies de papoulas existentes na Europa. Ela só queria sumir.
— Maldita garota inteligente. — Stella murmurou.
— Como eu ia dizendo, vocês sentarão em grupos. Cada um receberá cinco cartões, cada um deles com as letras de A a E. Aqui no telão irão aparecer as perguntas do teste. Você e sua equipe terão um tempo para pensar na resposta. Quando o tempo se esgotar, terão que levantar as placas com as respostas. O número de respostas corretas serão consideradas como pontos.
Timmy levantou a mão. Avalon o acenou com o queixo. — Sim, Timóteo?
Timmy corou. — Só Timmy, senhor. — Ele desviou o olhar momentaneamente quando um grupo de meninas deu uma risadinha. — Err… Não entendi muito bem o critério de avaliação.
Palladium assentiu com a cabeça. — Bem, serão muitos grupos, afinal se são cinco por equipe e vocês são mais de oitenta… — Ele pediu silêncio. — Terei a ajuda de Avalon e Griselda para me ajudarem a orientá-los e a anotar as respostas, além, claro, do nosso famoso árbitro de vídeo!
A turma do primeiro ano soltou um suspiro coletivo.
— Eu odeio essa porra. — Chimera gemeu.
— Árbitro de vídeo? — Roxy pareceu confusa.
— É uma das formas de fiscalizarem a ocorrência de exames. — Helia explicou para a australiana. — Além do olhar dos educadores, eles vêem o vídeo depois para saberem se a nota vai ser realmente digna ou não.
— Caralho. É impossível de colar. — Bloom pareceu assustada. Não que fosse colar, mas era fiscalização demais. Parecia uma prisão de segurança máxima.
— Até que não. Muitos veteranos conhecem os pontos cegos das câmeras. — Icy murmurou, seu grupo de adolescentes frios sentados ao lado do grupo deles.
— Hm… Então…
— Se for colar, sente nas extremidades. — A platinada permaneceu com o olhar no palco, onde Palladium apontava para o telão com uma vara disciplinar de setenta centímetros.
— Ou nas sombras. — Valtor murmurou.
— Espera, aquilo é uma vara? Essas coisas não foram proibidas nos anos noventa? — Tecna arregalou os olhos.
— Eles não batem em ninguém, relaxe. — Riven assegurou. Musa achou muito estranho ele não ter usado algum apelido ridículo para falar com Tecna, como "gatinha" ou "docinho".
Ok, desde que o beijara no Auditório Dourado, Musa tendia a evitá-lo a todo custo. Cortava todas as tentativas de conversa que ele tinha ao terem aula de química juntos, conversava apenas o estritamente necessário e a ver com a aula. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde teria que falar com ele, mas ela queria adiar pelo maior tempo possível.
— Mais perguntas antes de separarmos os grupos? — Palladium perguntou.
Nabu levantou a mão.
— Sim, Kimani.
— E quem tiver faltado? — Ele perguntou. Bloom lhe deu um sorriso discreto de agradecimento. Ela não precisava de detalhes para saber o motivo da pergunta.
— Quem não estiver aqui fará uma prova separada mais tarde. — Ele estreitou os olhos. — Escrita e individual.
Nabu assentiu com a cabeça.
— Então… vamos aos grupos. — Palladium começou a citar nomes.
— Quer apostar quanto que as Nebulosas vão ficar juntas? — Stella murmurou.
— E ainda terão uma vítima. — Tecna respondeu baixo.
— Brooke Evans, Krystal Linphea, Mikos Montez, Diaspro Prince e Adrian Spinovski.
Flora fez um "o" silencioso.
— Cacete, apostam quanto que vai ter surto? — Stella riu.
— Esse Adrian é russo?… — Tecna ponderou.
— M-mas Palladium… — Krystal começou mas o professor ergueu a mão num basta.
— Sem reclamações.
Diaspro rangeu os dentes e fuzilou as Winx, como se isso fosse culpa delas.
— Tecna Årud, Flora Fernández, Stella Gabanna, Bloom Peters e Musa Watanabe.
Stella tentou conter a felicidade e a surpresa, mas não conseguiu. Deu um sorriso e um gritinho.
— Stella Charlotte Gabbana, modos por favor! — Griselda pediu, ajeitando os óculos.
Bloom se forçou a não olhar para as Nebulosas, que provavelmente estavam as banhando em veneno.
Os meninos ficaram juntos. As Trix ficaram com Roxy e Darkar. Valtor, com os Circle Black.
Os grupos foram espalhados no anfiteatro de forma que não ficassem tão próximos para trocarem informações.
— Ok, quiz de biologia. — Flora sorriu.
— Sua área. — Musa riu.
— Vamos ver como isso vai funcionar. São muitos grupos. — Bloom segurava uma das placas.
— No final ou vão dar nota máxima pra todo mundo ou vão anular o teste. — Musa deu de ombros.
— Por que tô sentindo que isso é uma espécie de gincana? — Tecna observou o anfiteatro, olhando para os outros grupos. Viu que Nex estava sentado ao lado de Timmy e se aquilo deveria ser doloroso ou aprazível. Ter alguém que gosta perto é bom ou ruim?
— Pode ser. Brandon me disse que Palladium faz isso direto no terceiro ano. — Disse Stella. — A quantidade de questões e o tempo de raciocínio ajudam em provas como a SAS¹.
— Isso parece ser bom então. — Tecna respirou fundo.
— Vamos acabar logo com isso. — Musa sorriu, determinada.
— Primeira pergunta! — Palladium anunciou. No telão, a expressão 1st Question estava em destaque. — Qual a organela responsável pelo Detox celular?
— Que porra é essa?! — Stella arregalou os olhos.
— São os peroxissomos. Letra B. — Tecna murmurou.
— Saúde? — Musa fez careta, levantando sua placa, que era a letra B.
O tempo se esgotou.
— Gabarito, por favor. — Palladium pediu e o telão expôs apenas a resposta correta. As meninas sorriram e comemoraram. Alguns grupos fizeram o mesmo, outros se mantiveram sérios.
— Você é demais Tecna! — Bloom a abraçou com força.
— Próxima questão. — Palladium chamou atenção e logo leu o enunciado. — Uma herança holândrica é uma herança ligada a qual gene e quem as manifesta?
— Essa coisa é holandesa? — Stella coçou a nuca.
— Não. — Tecna riu. — Gene holândrico é o Y, pois é responsável pela diferenciação de sexos e o único que determina caracteres exclusivos.
— Todos os indivíduos com o gene Y são homens. — Bloom recordou. — É a letra E.
Flora levantou sua placa, correspondente à letra.
E as perguntas seguiram. As Winx estavam indo muito bem, e não só por causa de Tecna. Todas debatiam sobre as questões, inclusive Stella, que foi a única que lembrou e respondeu corretamente acerca da partenogênese das abelhas.
Ao final, Avalon e Griselda entregaram para Palladium três fichas aparentemente extensas, uma para cada uma de suas turmas do primeiro ano.
— Por favor que ele não faça competição de sala. — Stella mordeu o lábio.
— Competição de sala? — Musa questinou.
— Uma vez ele comparou a média das três turmas… foi uma confusão.
— Imagino. Odeio quando ficam querendo mostrar que tem gente melhor que você. — Bloom murmurou.
— Odeio é competição. Abaixo ao capitalismo. — Flora cruzou os braços. As meninas riram.
. . .
— Caramba Aisha… — Flora murmurou.
A jovem brasileira havia acabado de contar a confusão que seu coração estava. De todas ali, apenas Tecna tinha uma ideia do que acontecia, e mesmo ela não tinha havido tantos detalhes assim para levar em consideração.
Após a prova grupal de Palladium, as Winx se encontraram na clássica sala de cinema. Estava vazia – excedendo por um casal jogado num puff, a garota que mais cedo fora identificada como Brooke, flertando e beijando o cara ao seu lado –, o que pela hora e o dia não era tão estranho: quarta-feira à tarde, um dos dias de treino de Educação Física. As Winx não tinham treino de voleibol, pois Mavilla escolhera o dia para ajudar as meninas do futebol.
— Bem, você gosta dos dois e não namora nenhum deles. Eu não vejo problema. — Stella deu de ombros, pintando as unhas com um esmalte rosa-choque. Ela estava sentada sobre uma das pernas numa poltrona individual.
— Mas eles meio que se odeiam… — Musa mordeu o lábio, cutucando a almofadinha de seu headphone pendurado no pescoço. — Não parece muito saudável.
— Eles se odeiam por coisas supérfluas. — Stella interveio.
— Na verdade isso começou com a liderança do time de futebol. — Aisha relembrou. A brasileira estava deitada no sofá, a cabeça no colo de Flora e as pernas no de Bloom. — E depois…
— Você. — Tecna concluiu, desviando a atenção de seu Mario Bros 2.0 do Nintendo DS.
— Isso é demais! Tipo, duas pessoas competindo por você! Você não é pouca coisa e… — Stella parou ao ver a expressão de todas para ela. — O que foi?
— Stella, você sabe a gravidade da situação. — Aisha sentou-se no sofá. — Eles podem… sei lá, se machucar com isso.
— E no final os dois ficarem sem falar com ela. — Flora refletiu.
— Isso é um porre. Mais alguém além de nós sabe disso? — Bloom mordeu o lábio.
— Não. — Aisha murmurou.
— Ótimo. — Musa suspirou e afogou no puff posicionado na frente das meninas. — Nossa vida amorosa é incrível! — Ela ironizou.
— A minha é. — Stella arqueou a sobrancelha.
— Hm… Não sei da minha. — Flora riu, corada. — Mas não se preocupem. As de vocês vão se estabilizar também.
— Veremos. — Bloom suspirou e desviou o olhar.
— Você já… tá bem em relação ao… hm… — Flora se referiu à ruiva.
— Quem? — Ela piscou.
— Acho que ela está se referindo ao Andy. — Aisha concluiu e olhou para a amiga. — Como você tá lidando com isso.
Bloom piscou um pouco e se recostou no sofá, brincando com os pés de Aisha que estavam em seu colo. Não pensava tanto em Andy assim. Em geral, tinha alguns péssimos sonhos a seu respeito, mas desde que se aproximara de Sky, eles passaram a reduzir. — Sei lá. Às vezes sinto algo e às vezes não. Em geral não sinto nada bom quando penso nele.
— Isso é… triste. — Tecna murmurou.
— Você tem interesse em alguém? — Stella perguntou.
— Não. Mas eu não me importo. Prefiro não focar em relacionamentos amorosos agora. — Tecna não demonstrou expressões.
— Bom pra você. — Musa suspirou e encarou o teto.
Ouviram vozes. Quatro meninas nem um pouco simpáticas entraram na sala de cinema, seguindo para as poltronas da frente.
— Parece que o grupinho das fadinhas teve a mesma ideia que nós. — Chimera provocou. Stella revirou os olhos.
— Não comecem com essa porra. Chegamos aqui primeiro! — Flora rangeu os dentes.
— Nossa, Fernández. Que agressividade. — Diaspro zombou. — Não me lembro de você ser estressada assim quando andava com a gente.
As outras três riram.
— Façam-me o favor de irem tomar no cu. — Bloom revirou os olhos.
Mitzi umidificou os lábios. — Você é muito atrevida. — Ela encarou as próprias unhas, como se as bajulasse. — Uma pena que temos provas que você é uma inimiga nossa.
Bloom se enrijeceu. — Inimiga?
— Deixe pra lá. — Mitzi desdenhou.
— Aproveitem a presença uma da outra. — Diaspro sorriu perversamente. — Logo serão apenas um bando de meninas choronas com vergonha de sair em público.
As quatro sentaram nas poltronas da frente, deixando o grupo das Winx um tanto atordoadas.
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