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História High School Sucks - A Galeria de Arte


Escrita por: GbMr2 e GbMr

Capítulo 33 - A Galeria de Arte


Fanfic / Fanfiction High School Sucks - A Galeria de Arte

Flora segurou o riso o máximo que pôde, mas aquilo era simplesmente louco demais.

Alguém havia usado papel higiênico e papelão para trazer um novo conceito de arte renascentista para o meio do campus…

Uma Griselda de papelão.

Na base da estátua, havia as iniciais N.G., que ela sabia muito bem a quem perteciam.

— Esse cara se supera sempre. — A garota punk ao lado dela, Mirta, murmurou.

— Sim, ei Flora! — Miele ignorou completamente a estátua. — Vamos logo! Precisamos pegar o ônibus das onze!

— Você é muito apressada.

— Flora!

Ela analisou a irmã por um momento. O feriado coincidira com o dia da exposição de Helia e com o encontro com o pai. A garota usava um belo conjunto de calça e blusa da Louis Vuitton com botinhas pretas. Miele não tinha o mesmo estilo que Flora, mas ela não podia deixar de admirar a irmã por isso.

— Mas o que… — Um burburinho soou pelo campus interditado. Alunos seguravam o riso, outros filmavam com o celular. Griselda aparecera no pátio gramado. Ao invés de usar seu clássico talleur das cores de Manchester Hall, hoje a inspetora usava um belo vestido verde florido, combinando com o raro dia ensolarado de outono. Tirando a peça de roupa elegante, era a mesma inspetora de sempre. — Quem fez isso?! Como ousa?!

Flora recuou um pouco, ignorando os protestos de sua irmã tentando a puxar para o prédio principal.

— Papel higiênico?! Usado?! Quem fez isso precisa ter uma séria aula sobre bons hábitos com Ofelia. — Se Griselda tivesse poderes, com certeza faria churrasquinho com o traseiro de todos. — Quem foi que–

— Não é usado. — Nex surgiu do meio da multidão, um sorriso travesso nos lábios. Seus cabelos estavam espetados como sempre, usava uma blusa cinza simples e uma calça preta com correntes. Alguns acessórios o faziam pertencer ao movimento punk. — Juro que usei os limpos, tudo direitinho.

Griselda bufou de raiva. — Nex Gibbins! Pra sala da Diretora Faragonda agora!

— Ela vai me forçar a ver um vídeo sobre boas maneiras de novo, não vai?

Griselda rangeu os dentes, mas Flora não ficou mais ali para saber como prosseguiria.

— Miele!

— Pare de ser fofoqueira, Flora. Parece que sua vida não é interessante o bastante. — E isso fez Flora fechar a cara.

Sua irmã às vezes era grossa demais.

As duas chegaram no ponto na hora em que o ônibus parou. Subiram e sentaram-se.

Flora viu a garota de cabelos vermelhos, Mirta, se aproximar. Ela era de sua aula de Biologia e Língua Inglesa, e elas trocaram um sorriso. Mirta sentou-se em um dos bancos vagos ao lado das gêmeas.

— Oi meninas! — Ela sorriu.

— Oi Mirta! — Flora respondeu com um sorriso. Miele não disse nada. Estava ocupada demais escutando músicas nos fones de ouvido e observando a estrada. — Me desculpe por ela… ela… hm… é meio difícil.

— Tá tudo bem! Você está indo pra Exposição? — A garota piscou.

Flora analisou Mirta antes de responder. Os cabelos vermelhos pareciam opacos mesmo com a luz do sol pelas janelas, a única coisa se tornando brilhante sendo a mecha azul que pendia na franja. A pele pálida da garota a fazia se passar por uma deficiente de vitamina D. Sem os uniformes de Manchester Hall, usava uma blusa branca com a abóbora da Cinderela e um lema do tipo "Fui eu quem fiz ela perder o sapatinho" e um colete preto repicado por cima. Uma saia jeans preta com correntes e uma meia calça arrastão compunham a parte de baixo, os pés cobertos com coturnos clássicos da Louboutin. Pulseiras de couro pendiam em seus braços e piercings cintilavam na orelha à mostra.

Mirta não tinha cara de que ia para uma Galeria de Arte, mas Flora não podia a julgar. Também não estava tão bem apresentável assim. Diferente de Miele, que pôs um belo conjunto de grife, Flora era contra alimentar grandes empresas e se pôr numa posição de superioridade visual. Usava uma blusa verde de mangas com o logo da Greenpeace, calças jeans rasgadas que ela adquiriu num brechó – que fez Miele discutir com ela sobre comprar coisas usadas, mas ela argumentava que assim ela era mais sustentável –, clássicos Converses brancos e os brinquinhos de ouro em forma de flores. Era tudo o que ela exibia de si mesma.

— Bem… eu não sabia que você gostava de arte. — Ela deu um pequeno sorriso.

— Ah, meu irmão está expondo hoje. — Disse Mirta. — Não é porque ele é meu irmão, mas ele tem um talento extraordinário. Fico feliz que possa ser reconhecido hoje. Eu soube que alguns artistas de renome iriam brotar por lá.

— Artistas de renome? — Flora piscou. Seria uma excelente oportunidade para Helia.

— Sim! — Ela sorriu. — Vêm pessoas de vários países.

A conversa cessou quando o ônibus parou no ponto que elas desciam. As três seguiram para o endereço da Casa de Arte.

— Então, Mirta né? — Miele arqueou a sobrancelha.

— Sim. — A menina punk olhou para ela.

— Ok. — Ela murmurou.

— Que merda é essa, Miele? — Flora arqueou a sobrancelha.

— Larga de ser ridícula, Flora.

— Ridícula? Você é ridícula!

— Hm… Acho que vou seguindo na frente. — Mirta se afastou com relutância. As gêmeas não notaram o afastamento dela.

— Você parece uma criança! — Flora revirou os olhos.

— Ah, agora eu quem pareço a criança?! — Miele arqueou a sobrancelha. — Por favor, Flora. Quem vem ver as artes do namorado vestida desse jeito?

Flora cerrou os punhos com força. Miele manteve o olhar duro.

Mi hijas! — As duas desviaram o olhar para o pai.

Rhodos era um cara bem humorado. A pele era alva com um leve bronzeado dos trópicos, os cabelos castanhos claros bagunçados no topo da cabeça e a barba castanha contornando seu rosto. Seus olhos verdes exaltavam alegria e outra coisa, saudade de suas meninas. Não usava nada muito formal, uma calça jeans preta e uma camisa polo branca.

— Pai. — As duas disseram em uníssono. Miele olhou de relance para Flora, com um rosnado engasgado.

Rhodos as puxou para um abraço. Flora apreciou o perfume amadeirado do pai, a lembrando das estufas que visitavam em Porto Rico.

— E então, como estão as minhas filhas favoritas? — Ele sorriu.

Miele bufou. — Bem. Por que não estaríamos bem?

Rhodos riu como se fosse uma grande piada. — Ok, ok. Eu fiz nossa reserva no Arnero. Então temos um local para almoçar. — Ele olhou diretamente para Miele.

A garota corou por seu pai lembrar de seu estilo favorito de cozinha: a culinária indiana. Imediatamente, se sentiu horrível por estar sendo ignorante daquele jeito e desviou o olhar. — Você lembra.

— É claro que lembro! Nunca esqueço de como cultivar minhas melhores flores!

Flora sorriu e eles entraram na Galeria. Imediatamente se lembrou do motivo de ter combinado ali e engoliu em seco.

— Hm… Pai… eu pedi pra virmos aqui porque… — Ela parou por um momento quando Rhodos lançou um olhar penetrante para ela. — Err…

— Quer que eu fale? Vai ser bem mais fácil. — Miele cruzou os braços. — Flora tá namorando. O namorado dela é artista e quer te apresentar a ele.

Rhodos piscou, um pouco atordoado. Flora lançou um olhar de agradecimento para a irmã. — Isso. Eu gostaria de te apresentar a ele.

O porto-riquenho limpou a garganta. — E desde quando vocês estão namorando?

— Hm… faz quase dois meses. — Ela coçou a nuca. Rhodos assentiu levemente com a cabeça.

— Ele te faz feliz?

Flora sorriu. — Sim, papai.

— Quero conhecê-lo então. Só pra ver se ele é tão talentoso para estar aqui. — Rhodos analisou uma obra um tanto abstrata.

— Oi! Vocês de novo! — Mirta sorriu. — Estão olhando para uma obra do meu irmão.

Rhodos olhou para a garota. — Seu irmão? Ele é bem talentoso.

E, de repente, um menino saiu de trás da pilastra. Ele se parecia e não se parecia com Mirta. Ele tinha a pele mais bronzeada, os cabelos pretos coloridos nas pontas com um azul esverdeado. Os olhos eram surpreendentemente azuis, num tom como se estivesse olhando para o céu estrelado. Ele usava uma roupa um pouco parecida com a irmã, uma blusa da Rolling Stones, uma camisa azul e preta em xadrez aberta e calças pretas com uma corrente pendurada. Ele também tinha um alargador na orelha e algumas pulseiras de pano no braço. Ele deu um sorriso encantador, e Miele sentiu o coração parar.

— Meninas, este é Lucca¹, meu irmão. — Ela sorriu. — Ele parece durão, mas é um amorzinho.

Lucca revirou os olhos e sorriu. — Senhor, fico feliz que tenha gostado de minhas obras. — Ele estendeu a mão para Rhodos, que a apertou. — Senhoritas… — Ele cumprimentou Flora e em seguida Miele. Ele parou por um momento, encarando seus olhos verde oliva, o que a fez corar.

— Quantos anos você tem, Lucca? — Rhodos analisou as aquarelas dispostas.

— Dezoito. — Ele finalmente soltou a mão de Miele, mas seu olhar não desviou do dela. — Sou melhor com arte acústica.

— O que você toca? — Rhodos olhou para outra obra.

— Piano, teclado, guitarra…

Mirta cutucou Flora. — Parece que nossos irmãos estão interessados.

A latina deu uma risadinha. — Sim, quero montar um encontro para eles.

— Me passa o número dela. Tenho certeza que meu irmão adoraria recebê-lo.

Ela assentiu. Rhodos se afastou um pouco.

— Interessante. Você tem talento, meu jovem. — E ele seguiu para outras áreas da galeria.

As gêmeas se despediram dos irmãos, Miele um pouco mais calorosa que antes.

— Alguém se apaixonou. — Flora provocou.

— Cala a boca.

— Nossa! — Rhodos parou subitamente. Ele analisou a série de pinturas de flores. Flora reconheceu algumas e sabia muito bem de quem eram.

Ela engoliu em seco. Era agora.

— Quem fez essas obras fascinantes?! — Ele correu os olhos até pairar num retrato de Flora, como se ela fizesse uma flor flutuar. — Essa… essa se parece…

— Senhor. — A voz de Helia o distraiu. Flora lançou-lhe um sorriso cativante e orgulhoso, e ele sentiu as bochechas corarem. Se conheciam o suficiente para interpretar os olhares de cada um. — Sou o Helia.

— Helia. — Rhodos ainda não olhava para ele. Parecia querer interpretar a obra em que a modelo seria supostamente sua filha.

Ele limpou a garganta. — É a Flora…

— Pai, esse é meu namorado.

Foi aí que Rhodos desviou o olhar e analisou o menino à sua frente. Com certeza tinha menos de vinte anos, mas os olhos escuros pareciam denotar uma sabedoria anciã. Ele usava uma camisa verde clara com algumas linhas de amarração no peito, uma calça branca e seus longos cabelos negros presos num rabo de cavalo frouxo.

O porto-riquenho piscou um pouco e estendeu a mão para ele. — O namorado de minha filha.

— Sim senhor. — Helia engoliu em seco e apertou sua mão.

— Ótimo. Você tem talento. Já vi que valoriza bem as plantas e minha filha. — Rhodos sorriu com um olhar de aprovação.

Miele murmurou para Flora que ia dar uma volta pela galeria, e Flora sabia exatamente que ela estava indo para a seção de Lucca.

— Então… como foi a viagem? — Flora pegou a mão de Helia e percebeu o quanto ele estava nervoso. Ela apertou-a suavemente e sussurrou palavras de conforto.

— Interessante. — Rhodos seguiu andando. — Essas obras estão à venda?

Helia olhou para Flora. — Podemos negociar, senhor.

— Ótimo. Nossa villa em Porto Rico está muito sem cor. — Ele olhou para os dois. — Belo rapaz esse que você escolheu, mi hija.

Flora corou e sorriu como agradecimento.

— Obrigado, senhor.

— Pode me mostrar as coisas legais dessa galeria? — Rhodos fez um gesto que abrangia tudo em volta.

— Posso sim, senhor.

— Pare de me chamar de senhor.

— Desculpe, senhor. Quero dizer…

— Rhodos.

— Sim, sen… Rhodos.

.    .    .

Flora e Miele sentaram de frente para o pai. O sol permanecia no céu durante a tarde, apesar do clima um pouco mais ameno. O restaurante indiano tinha um aroma aprazível no ar.

Rhodos franziu os lábios e pôs as mãos sobre a mesa. Imediatamente Flora percebeu que era o momento da conversa.

— Então, meninas. Vocês sabem que faço de tudo por vocês. — Ele encarou as duas. — Inclusive, entrei num acordo com sua mãe de deixar vocês estudarem em Manchester.

As duas assentiram.

— Eu vou… ter uma palavrinha com a mãe de vocês essa semana. — Rhodos não conseguiu mais sustentar o olhar. — Não sei exatamente como vai se suceder, mas espero que seja agradável.

— Sobre o que vocês vão conversar? — Miele cutucava freneticamente a cutícula do polegar direito.

— Sobre… nossa família. — Ele franziu os lábios, temendo estar revelando demais.

— Como assim? — Flora piscou.

Antes que Rhodos pudesse responder, um garçom simpático apareceu e perguntou sobre os pedidos de cada um.

— Quero um chutney de tamarindo e um bhaji brindil. — Disse Rhodos.

— Uma meia porção de chutney de manga e caril vegano pra mim. — Flora pediu.

— Só temos caril vegetariano. — O garçom respondeu.

Flora suspirou. — Só peça para não colocarem nada de origem animal, por favor.

— E eu quero um Palak Paneer. — Miele entregou o cardápio para o garçom. Ele fez uma reverência respeitosa antes de se afastar.

Rhodos e Flora olharam para ela. 

— O que foi?

— Sabe, você bem que podia ser vegana… — O pai dela sugeriu.

Miele revirou os olhos. — Vá direto ao assunto. Meu apetite não diz respeito a vocês.

Rhodos suspirou e voltou a levar as mãos à mesa. — Então… a mãe de vocês e eu vamos conversar.

— Vocês vão voltar? — Flora perguntou com falsa esperança.

— Não sei, Flora. Estou para realizar uma pesquisa sobre o Rio Tâmisa. — Flora suou frio, lembrando-se dos segredos da mãe, que seu pai não sabia. — Irei trabalhar em conjunto com ela por um tempo e…

— Isso não quer dizer que ela vai olhar pra você romanticamente. — Miele olhou para a mesa.

— Miele!

— Não, Flora. Sua irmã está certa. — Rhodos suspirou. — Não sei como isso vai se suceder. Espero que não briguemos nem nada. — Ele pousou a mão sobre a mesa.

— Então você está na Inglaterra temporariamente e vai ficar com a mamãe. — Miele parou de cutucar as unhas e olhou para elas, as mãos dispostas sobre a mesa. — Por que sinto que não é só isso?

Flora não discutiu. Ela olhou para o pai, suspeitando da mesma coisa. Às vezes era bom ter essa conexão telepática com alguém.

— Também estou aqui para uma… pesquisa secreta. Uma outra pesquisa. — Rhodos desviou o olhar.

— Primeiramente não foi pela gente, não é? — Miele arqueou a sobrancelha

Mi hija, você sabe que eu viria sempre se eu pudesse, mas o trabalho…

— A gente entende. — Flora acrescentou rapidamente e lançou um olhar repreensivo para Miele.

— Então… vamos conversar sobre seu namorado. — Rhodos olhou para Flora. — Me conte mais sobre ele.

.    .    .

Logo Rhodos levou Miele e Flora para Manchester Hall. Beijou cada uma de suas filhas e prometeu almoçar com elas todos os domingos.

Assim que o táxi de seu pai sumiu, Miele olhou para irmã. — Você acha que tem a esperança de voltar com a mamãe?

Flora piscou. Em geral, quem fazia esse tipo de pergunta era ela, mas se Miele estava considerando…

— Não sei. É melhor não falarmos sobre isso agora, certo? — Flora forçou um sorriso. — E aquele olhar que você lançou ao Lucca?

Flora fez um "ai" inaudível quando Miele socou seu braço. — Quem é Lucca?

— Você é muito cínica.

Miele corou. — Cala a boca. Parece que vai chover. Vamos entrar.

E as gêmeas adentraram no internato, finalizando seu dia de feriado. 


Notas Finais


¹) Sim, ele é o Luka de Miraculous e sim, eu sei que o nome dele é com "k".

Muito obrigada por sua audiência, por sua paciência e por ser essa pessoa maravilhosa!!!

Beijos, GbMr ~


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