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História Hino ao Amor - Idealizações de um amor


Escrita por: makkachin

Capítulo 38 - Idealizações de um amor


“Eu jamais iria pedir para vocês desistirem da final, Otabek. Jamais. Eu não consigo nem imaginar o que significa para um atleta perder uma competição assim importante,” disse Yuuri. Mais do que ninguém ele sabia a importância de cada competição, e das que ele perdeu também.

“Eu sei, Yuuri. Não é só por você que nós desistimos. É todo o sistema. Como se fosse mágica nós ganhamos a chance de ir disputar uma competição importante porque outro atleta foi jogado fora por escolha dos juízes? As vagas para a final tem que ser decididas no gelo, e não fora dele. Além do que, eu não me sentiria bem sabendo que fui para a final quando outro atleta que merecia mais ficou em casa.”

Para aquilo Yuuri nem tinha muito o que dizer. Tudo que Otabek fez até agora, ajudar ele na entrevista, fazer Yuuri se sentir confortável, e agora permitir que ele tivesse a chance de ir para a final do Grand Prix, aquilo parecia muito importante.

“Muito obrigado, Otabek. Eu nem sei o que dizer. Você me ajudou muito, várias vezes nesta temporada, e não que eu esteja reclamando, mas eu estou surpreso, porém incrivelmente honrado.”

Yuuri conseguiu ouvir o sorriso de Otabek do outro lado da linha.

“Olha, mesmo que a gente não seja tão próximo ainda, Yuuri, eu sei que nós temos que nos proteger. Temos que nos ajudar, principalmente quando existe um mundo de coisas tentando nos destruir. E se nós que somos parecidos não estivermos do mesmo lado, ninguém vai estar por nós. Por isso a única coisa que eu te peço é que você vá competir com todo seu coração, vá competir como se fosse a sua última chance, porque eu quero ver você no pódio, Yuuri. E eu acho que você pode conseguir.”

Com aquelas palavras, Yuuri se sentiu emocionado. Ele queria sim fazer todas as pessoas que estavam colocando fé nele se orgulhar. Ele queria dar seu melhor, e ainda que fosse complicado encontrar as forças depois que Victor se cortou de sua vida, Yuuri queria mostrar que ele era forte, que ele iria conseguir.

“Ah,” Otabek falou. “Eu quase esqueci de dizer a coisa mais importante para você. Eu sei que tudo ainda deve estar complicado, mas eu queria que você soubesse que Victor ama você, Yuuri. Mais do que tudo.”

E agora sim, as lágrimas vieram. “Não, eu não quero ouvir isso.”

“Eu sei, Yuuri, mas é importante você prestar atenção no que eu vou te dizer. Victor fez o que fez pra te proteger, mas ele te ama. Ele é um boboca pra algumas coisas, só que o que ele fez foi apenas pensando em você. E sim, eu sei que deve doer, eu sei que deve ser complicado, ainda que eu não saiba o quanto, Victor só se separou de você porque ele tem medo que você continue sendo prejudicado pelos juízes.”

“Como assim?” Yuuri pediu, franzindo a testa.

Otabek suspirou do outro lado da linha, como se tivesse dito mais do que queria, e por alguns segundos ele ficou pensando no que iria dizer, mas agora Yuuri queria saber o que estava acontecendo.

“É por causa do relacionamento de vocês dois que algumas pessoas estão fazendo pressão para que os juízes deem notas baixas a você, para machucar Victor, então ele decidiu que se não houvesse um relacionamento, não haveria como alguém prejudicar você, ainda mais agora que você tem a chance de ir a final.” Yuuri ficou em silêncio enquanto ele explicava as coisas, mas a sua mente ia a mil por hora. “E eu e Yuri falamos com ele para conversar com você, só que ele disse que seria muito arriscado, porque ele não queria fazer você perder a sua chance de competir, por isso ele fez o que fez.”

“Mas ele podia ter conversado comigo?” Yuuri disse, sentindo o seu coração apertado.

“Sim, Yuuri, nós dissemos isso para ele. Só que tente ver as coisas pelo lado de Victor, ele não tinha como te ajudar, e se viesse a público sem provas nem nada, ficaria ainda pior para você, por isso ele fez aquilo que achou que era melhor.”

Yuuri sacudiu a cabeça para si mesmo. Tudo bem que Victor tinha feito a escolha que podia ter feito no momento, mas ainda assim os dois poderia ter se falado, poderiam ter combinado alguma coisa, esconder que eles estavam juntos de novo. Se bem que, da primeira vez já não tinha dado muito certo, então de um jeito ou de outro, Victor tinha feito a escolha mais sensata, ainda que sem pensar muito.

Porém tinha doído em Yuuri. Ele tinha chorado e sofrido, e claro, eles ainda estavam separados, mas como ele iria saber que Victor o amava? Por um segundo ele pensou em dizer adeus para sua carreira, esquecer da patinação e simplesmente correr para os braços de Victor, que era a pessoa que tinha colocado a luz de volta na vida de Yuuri. Porém ele não queria jogar fora a chance que recebeu de Otabek e de Yuri, não era justo com eles.

Yuuri teria que ir a final do Grand Prix, ele tinha que mostrar os seus programas e honrar a todos os patinadores que haviam sofrido para colocar ele lá, honrar os seus fãs, mas mais do que isso, ele tinha que honrar Victor.

Só que ele tinha que fazer algo especial também.

“Otabek?” Yuuri pediu.

“Sim?”

“Eu acho que vou precisa da sua ajuda então, para uma coisa.”

“O que precisar.”

Yuuri ainda não disse nada para ele, mas havia um plano se formando na cabeça dele, e teria que ser muito bem pensado. Porque não, ele não tinha como desvendar se alguém estava ajustando as notas de Yuuri, se alguém estava chutando ele para outro lado, mas ele poderia fazer com que Victor entendesse que o que existia entre os dois era maior do que o esporte.

E sim, patinação não era apenas um esporte para Yuuri, mas se ele poderia escolher entre um e outro, ainda que ele não quisesse, seu coração pedia por apenas uma coisa. E não era o gelo.

~*~

“Está cada vez mais complicado de encontrar apenas uma raíz para o problema,” disse a secretária. Apenas ela e o Presidente da Federação Internacional estavam na sala, e eles já tinham passado por um milhão de protocolos e folhas diferentes para encontrar onde estava o erro, mas até agora não tinha apenas uma fonte de ajuste nas notas, estava tudo espalhado.

“Nós talvez tenhamos que olhar para a grande figura. Não adianta de nada nós apenas buscarmos um problema se todo o sistema é falho. O que nós temos que fazer é mudar a mentalidade dos juízes, a mentalidade de quem comanda o esporte, porque de nada adianta a gente tentar fazer as mudanças daqui se ao redor do mundo todas as pessoas que comandam a patinação não a fizerem também.”

A moça assentiu. “Eu sei que o sistema já permite que as notas não sejam mais anônimas, eu os dirigentes da patinação estão trabalhando em um novo sistema de notas que vá denunciar quando elas estão muito longe da média, quando existe uma mudança de curso na pontuação, se tem como descobrir que os árbitros estão se conversando a respeito das notas, mas existem ainda outras coisas que eu acho que podem ser feitas.”

O presidente olhou para ela. “Eu sou todo ouvidos.”

“Ainda que algumas federações possam influenciar os resultados, seria interessante colocar mais juízes de países diferentes aos que competem para julgar as notas. Não que seja possível encontrar juízes apenas dos países que não competem, mas quem sabe colocar aqueles juízes de países com menos atletas no topo, ou quem sabe menos atletas no topo em determinada disciplina. E criar também uma rotação de juízes nas competições, a mesma bancada não vai julgar a mesma disciplina. Quem julgar o programa curto dos homens, vai julgar o programa longo dos pares, por exemplo. Seria possível até mudar o painel técnico. E eu sei que isso cria mais problemas para serem resolvidos a nível organizacional, mas até que as pessoas entendam que os sistema está aí por um motivo, para garantir que todos os atletas sejam julgados da melhor forma, eu não vejo como a gente pode mudar isso.”

O presidente ficou olhando para a moça por mais um momento. Desde que ela tinha entrado para resolver as questões sobre a corrupção no esporte, ele não tinha imaginado que ela teria tantas ideias interessantes e inovadoras. Claro que isso mostrava problemas a serem resolvidos, mas era muito melhor encontrar complicadores organizacionais do que não achar uma solução para esse problema.

Ele assentiu. “Eu acho que para o resto do Grand Prix seria complicado mudar tudo isso, mas para a final eu quero algumas coisas sejam diferentes. Além de uma banca de arbitragem que mude entre o programa curto e o longo, quero que mude o painel técnico também, e mais, quero que todas essas notas sejam postas para análise, e que sirvam de parâmetro para as competições do futuro. Ainda vai ser impossível mudar todas as competições em todos os lugares, mas nós precisamos começar de algum lugar.”

A secretária sorriu, e se levantou para começar a fazer alguns telefonemas. Contudo, ela foi parada na porta quando o presidente chamou o nome dela. “E faça mais uma coisa para mim. Eu quero dois ingressos para a final do Grand Prix no Canadá, especialmente para a final masculina. E pode pegar dois bons lugares.”

“Um para você e outro para sua… mulher?”

O homem sorriu. “Não, um para mim e um para você.”

A secretária arregalou os olhos.

“E se você puder fazer um cartaz para Yuuri Katsuki, melhor ainda. Já tenho um atleta para torcer.”

A moça ficou um segundo ou dois sem reação, mas depois ela sorriu. Dentro do peito um sentimento estranho se movimentou, mas ela não queria pensar muito no que poderia ser.

~*~

Depois da conversa com Otabek, Yuuri tinha que trabalhar. Ele não só tinha perdido metade de uma semana de treinos, mas ele não tinha feito nada depois de Moscou, e agora ele tinha que correr atrás do tempo perdido. Mas não só aquilo, a ideia que ele começou a ter enquanto falava com Otabek precisava de muito pensamento para ser realizada.

Yuuri queria mostrar a Victor que eles tinham que ficar juntos, e ele queria fazer aquilo de uma forma explosiva, de uma forma que fosse levantar o mundo todo, só que para isso ele precisava de ajuda. A primeira pessoa que se manifestou para ajudar ele foi Minako, obviamente.

“Eu quero novos programas, Minako. Quero algo que vá tocar o coração das pessoas, algo que mostre o meu amor para Victor. E eu sei que é impossível de compor alguma coisa assim de última hora, mas eu quero.”

Ela olhou para ele com os olhos arregalados, mas logo assentiu.

“Eu tenho um milhão de músicas para sugerir, sem falar em ideias que eu já tenho para você. Quem sabe a gente poderia até convocar uns cavalos para ficar na porta da arena quando as pessoas entrarem? Ou quem sabe esconder pombas na sua roupa de competição para você soltar elas no final? Ou será que a gente poderia fazer um strip-tease na frente dos juízes? Se bem que essa última ideia fica meio complicada porque nem todo mundo iria avaliar você bem, a não ser que eles fossem Victor.”

Yuuri apenas riu das ideias malucas, mas ofereceu as suas também. Eles passaram horas procurando por músicas que fossem expressar aquilo que Yuuri queria dizer, músicas que fossem mostrar o quanto ele amava Victor, e o quanto ele queria que os dois ficassem juntos. Ele iria se arriscar, quem sabe, mas a melhor coisa que ele poderia fazer era dizer para Victor que não precisava sofrer, que ele podia confiar em Yuuri, que ele podia amar Yuuri.

No gelo, Yuuri queria fazer algo que fosse tocar no coração de todo mundo, mas principalmente o de Victor. Ele queria patinar um hino ao amor.



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