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História Hino ao Amor - Sinais


Escrita por: makkachin

Notas do Autor


Gente, fiquei assistindo a final do Grand Prix de Patinação esse fim de semana e quase fiquei sem tempo de escrever. Mas antes tarde do que mais tarde.

=D

Um beijão - e aproveitem.

Capítulo 7 - Sinais


“Yuuri?” A voz de Victor quase parecia ser de outra pessoa quando ele se ouviu. Era difícil entender o motivo de naquele momento Victor estava se sentindo nervoso, não era a primeira vez que ele via alguém por quem estava interessado ou encontrava uma pessoa que ele queria ter por perto. Sem falar que ele passou por tantos momentos de tensão em sua vida, especialmente nas grandes competições, que se sentir abalado por ver alguém frente a frente pela primeira vez - ou pela primeira vez em plenas capacidades mentais - era algo intrigante.

Mas aqui nós estamos falando de Yuuri, não de qualquer coisa.

“Victor, eu…” Yuuri tentou dizer alguma coisa, mas as palavras ficaram perdidas. Ele percebeu que estava sem camisa ainda, por isso cobriu o peito, como se tivesse motivos para ter que se esconder.

Victor sentiu naquele momento que Yuuri queria ter um pouco de privacidade para poder se vestir. Se ele fosse uma pessoa um pouco mais ruim do que era, Victor teria ficado com seus olhos grudados em Yuuri, mas ele não fez aquilo. Pelo contrário, Victor se virou de costas para Yuuri e pigarreou, querendo disfarçar o momento desajeitado entre os dois.

Mas na verdade ele queria poder ter ficado olhando para Yuuri.

“Seu programa de hoje foi uma interpretação muito interessante do meu,” comentou Victor. Ele ficou escutando para saber se Yuuri começou a se trocar ou não, e por um instante ele não ouviu nada, como se Yuuri estivesse parado sem saber o que fazer. Aquilo fazia Victor sentir algo dentro de si, a sensação de que ele causava desconforto em Yuuri, mas ele esperava que não fosse por um motivo ruim.

No segundo seguinte, contudo, o som de roupa sendo vestida soou pelo ar, e Victor relaxou um pouco. Logo em seguida a resposta de Yuuri veio.

“Eu não sabia exatamente como fazer ele não ser igual do seu, porque é impossível ser Victor Nikiforov, então eu nem tentei.” Com aquelas palavras, Victor se virou para ver a cara de Yuuri, para saber se aquilo era um elogio ou qualquer outra coisa.

Havia um olhar quase de pânico no rosto de Yuuri quando a camiseta passou por sua cabeça, como se ele não quisesse ter dito aquelas palavras. Victor apenas sorriu, vendo no rosto de Yuuri como qualquer sentimento que ele causava não era ruim.

“Eu adorei assim mesmo. Acho que essa música combina com você.”

Yuuri deixou seus olhos se conectarem aos de Victor, e havia alguma coisa difícil de decifrar naquele olhar. Ainda assim, tinha um sentimento de gratidão se chocando com idolatria nos olhos, como se Yuuri não soubesse qual deles era o mais importante.

Por um momento Victor ficou esperando pela explosão, pelo momento em que Yuuri iria começar a se comportar como um de seus fãs, ou o momento em que ele iria ignorar Victor como alguns dos patinadores orgulhosos. Ou pior, Victor ficou esperando que os fãs que estavam procurando por ele invadissem o lugar, já que ele tinha conseguido fugir deles antes, mas agora tudo era diferente, pois Victor não queria que esse momento entre ele e Yuuri fosse interrompido.

“Obrigado,” disse Yuuri, tirando Victor de seus pensamentos. A voz dele era fraca, mas as palavras carregavam uma força própria.

“De nada.”

E então eles ficaram se olhando, sem saber o que dizer. Victor ficou pensando se pela cabeça de Yuuri estavam passando as possíveis memórias do passado, se ele se lembrava da noite em que eles dançaram juntos. Victor, com certeza, não conseguia esquecer. Até hoje ele sente o corpo de Yuuri junto com o seu, como os dois se combinaram naquela dança. Parecia tudo tão surreal agora, mas as memórias eram reais na mente dele.

Naquele olhar em meio ao silêncio, Victor se sentia levemente vazio por dentro, mas não por causa de Yuuri, e sim por causa de si mesmo. Será que ele tinha feito a escolha certa em vir ao Japão, procurar um patinador que ele havia visto apenas uma vez, que mal tinha conversado antes e ir atrás dele? Parecia algo de filme, e não da vida real, porque na vida real o que acontecia era exatamente isso, os dois sem saber o que fazer.

“Você gostaria-”

“Eu quero saber-”

Os dois começaram a falar ao mesmo tempo, e também pararam quando o outro falou. Por um momento o silêncio soou alto demais, mas então o riso voou pelo ar, e os dois abriram seus lábios em sorrisos descontraídos. Victor sentia seu peito mais leve, o nervosismo se esvaindo com calma, ao mesmo tempo em que Yuuri olhou para o chão, lábios curvados para si mesmo, sorriso inocente no rosto. Era algo lindo de se ver.

“Eu só queria saber se você gostaria de ir tomar um café, pra gente conversar?” Victor sugeriu.

Yuuri deixou seu olhar se abrir em pânico outra vez, mas logo aquilo passou, e um novo sentimento tomou conta dele: coragem. Era possível ver aquilo em seu rosto, e ele assentiu uma vez para Victor.

“Tem um café aqui perto, se você quiser. O ponto do táxi é logo ali, então fica bom pra nós dois, não?” A voz de Yuuri ainda parecia meio nervosa, mas ele conseguiu dizer as palavras sem problema.

Para Victor, parecia que a cada momento ele conseguia ver algo novo em Yuuri, mesmo sem perceber. Ele não queria pensar muito no que aquilo significava, pois ele não queria sentir algo muito forte logo assim no começo. Mas Yuuri era uma pessoa tão cativante para Victor que ficava difícil não se interessar por ele.

Como não querer saber sobre o patinador que tinha talento para ser incrível, mas não tinha conseguido aquilo nenhuma vez em sua vida? Sem falar na expressão que ele tinha para interpretar, que fez até Victor perseguir ele com os olhos. E como não lembrar de como ele dançou despreocupado com o mundo naquela noite tantos anos atrás, como ele se libertou e foi lindo de ver. Agora Victor queria poder ter a chance de ver mais daquilo, mas esse Yuuri era tão inseguro de si, mesmo que tivesse momentos de coragem, que parecia impossível de se esperar aquilo dele.

“Você está pronto para ir?” Victor pediu.

“Sim, só tenho que fechar a minha mochila.”

E Victor esperou ele juntar suas coisas. Ele deu uma olhada no corredor, mas não tinha ninguém por ali. Certamente a maior parte das pessoas tinha ido embora, o que o deixava feliz. Não que Victor não estivesse acostumado a pessoas, pelo contrário, elas eram grande parte de sua vida. Mas naquele momento ele queria paz, e Yuuri.

“Tudo pronto,” disse Yuuri, chamando a atenção de Victor de novo.

Algo que ele percebeu desde que começou a pensar em Yuuri era o fato de sua mente começar a passear pelo mundo livremente, se perder dentro de si mesma. Aquilo surpreendeu a Victor.

“Você me guia, então.”

Yuuri olhou para Victor com espanto em seu olhar, mas então ele provavelmente percebeu que Victor não conhecia nada de Hasetsu, e ele teria que ser o guia pelo caminho dos dois. Yuuri fez um pequeno aceno de cabeça para confirmar que ele iria ajudar Victor, e então saiu caminhando. Ele olhou algumas vezes para ver se Victor o seguia pelos corredores.

Parecia até estranho que ele não esperou por Victor para caminhar ao seu lado, mas talvez aquilo fosse só obra do receio de algo novo, afinal de contas tudo isso era inesperado.

E talvez fosse por aquele motivo que Victor sentiu a vontade de fazer uma coisa. Ele não queria andar atrás de Yuuri, não que a visão dele por trás não fosse estimulante, mas Victor poderia pensar naquilo algum outro dia. Agora ele queria ficar ao lado de Yuuri, e foi por aquele motivo que ele deu uns passos mais largos e chegou ao lado de seu guia.

Yuuri olhou para Victor, não esperando ter ele tão perto. Victor apenas sorriu e pegou na mão de Yuuri, entrelaçando os dedos. Uma onda de energia passou de um para o outro, e Yuuri parou de caminhar, olhando com seus olhos arregalados para as mãos conectadas dos dois.

Victor sentia seu coração batendo mais forte.

 

~*~

 

A mão de Victor na sua parecia algo direto das fantasias que Yuuri tinha imaginado durante sua adolescência, mas à beira da verdade qualquer fantasia tinha sido muito sem graça. Aquela mão fria e delicada tocando na sua era excitante, algo que fez Yuuri se arrepiar todo. Ele queria tirar sua mão da de Victor, mas ao mesmo tempo queria agarrar mais forte nela.

“Por… por quê?” As palavras de Yuuri talvez nem faziam sentido naquele segundo, mas ele não tinha palavras para se explicar.

Victor apenas mandou um sorriso como primeira resposta. Então ele deu um passo para perto de Yuuri, deixando os dois bem próximos. Yuuri olhou para cima, querendo ver os olhos de Victor, e ficou difícil de respirar naquele momento, porque Victor estava tão perto dele que Yuuri não sabia nem se era possível o cérebro dele funcionar daquele jeito.

“Eu queria ficar do seu lado, e não atrás de você, simples assim,” Victor falou. A voz dele parecia indicar que ele estava se divertindo com aquilo, mas Yuuri não conseguia sentir nada satírico naquelas palavras. Victor ainda chegou mais perto antes de dizer, “Você fugiu de mim como se estivesse com medo, então eu fui atrás e você e,” Victor apertou de leve mão de Yuuri, “cá estamos.”

Yuuri ficou pensando no que ele poderia dizer, mas nenhuma palavra aparecia em sua mente. Ao invés de falar, então, ele decidiu que seria melhor se eles só caminhassem, por isso ele se virou para frente e começou a andar. Victor estava perto dele, mão na sua mão, mas mesmo assim Yuuri tentou não olhar muito para o lado.

Parecia tentador demais ter aquele homem ali, sem falar que Yuuri tinha medo que ele ia começar a falar com Victor e depois perceber que isso era tudo algo de sua cabeça - se bem que o dedo de Victor acariciando calmamente as costas da mão de Yuuri era bem real.

Quando eles saíram do ginásio poucas pessoas estavam ali, Yuuko e alguns dos pais ainda conversando, e Yuuri tentou se passar despercebido, saindo pelo canto para não deixar ninguém ver que ele estava com Victor. Ele sabia que se alguma pessoa os visse aquela mão segurando na sua iria se ir, e ele não queria aquilo.

Na verdade, Yuuri queria segurar aquela mão para… para sempre, se pudesse. E se dar conta daquilo o assustou um pouco.

Os dois conseguiram caminhar para a rua sem ninguém os ver, o que parecia um milagre, mas assim que eles cruzaram a esquina para chegar ao café onde eles iriam, Yuuri viu que a porta estava fechada e as luzes apagadas.

Eles pararam na esquina.

“Não imaginei que iriam fechar assim cedo,” disse Yuuri, sentindo a esperança de ter um momento com Victor escapando, porque era certo que o homem não iria ficar ali com ele fazendo nada.

Victor suspirou e olhou em volta. Depois de um momento ele virou seu olhar para Yuuri, como se quisesse decifrar alguma coisa nele. Bom, se Victor queria saber qualquer coisa de Yuuri era só ele pedir, pois Yuuri sabia que não conseguiria dizer não para o homem.

“Você gostaria de vir comigo para a pousada que eu estou ficando? Aí a gente pode conversar um pouco, e quem sabe eu consigo um café da dona do lugar. Ela parece ser querida.”

A sugestão de Victor parecia inocente, simples. Yuuri não queria se deixar imaginar mais sobre ela, mas ele tinha que admitir que seguir Victor até a sua pousada só para tomar um café seria mais do que suspeito. Será que Victor tinha outras intenções com ele? Porque Yuuri tinha certeza que não havia aquela química entre eles.

Ou será que havia?

Um sentimento de medo começou a se formar dentro de Yuuri, porque existiam expectativas grandes sobre esse tipo de coisa, à respeito de sair com uma pessoa, e ele não era exatamente o mais experiente. Aliás, ele nunca foi de fazer isso, e naquele momento ele queria poder ser mais livre com as próprias emoções.

“Yuuri?” A voz de Victor soou suave, bem próxima de Yuuri. Foi o bastante para fazer ele abrir os olhos, que ele nem sabia que tinha fechado.

“O que?” O sussurro de Yuuri mal foi ouvido.

“Eu só quero conversar com você, saber mais sobre quem você é. Não tenho segundas intenções nessa conversa,” Victor disse, olhando seriamente para Yuuri.

Por um momento ele não sabia porque se sentiu desapontado ao ouvir as palavras de Victor, mas logo o alívio cobriu qualquer outra emoção. Pelo menos parecia que Victor se importava com o que Yuuri sentia, que por sua vez cimentava a afirmação de que nada de ruim iria acontecer.

Yuuri respirou fundo, e então confirmou com sua cabeça.

“E onde é a sua pousada?”

Victor fez uma cara para pensar. Quando ele chegou a resposta a sua mão apertou a de Yuuri, e outro calafrio correu de onde as mãos dos dois estavam juntas para o resto do corpo.

“É um lugar chamado Yu-topia. O nome não é demais?” Victor disse.

Yuuri arregalou os olhos.

“Yu-topia?”

Victor assentiu. “Sim, você sabe onde é?”

Yuuri ficou um momento sem reação. Então ele falou, “Sei sim. É onde eu vivo. Minha família é dona do onsen.”

E com aquelas palavras, Victor foi o que arregalou os olhos. Ele sorriu.

“Acho que isso é um sinal, não?” Ele falou baixinho, como se quisesse contar um segredo para Yuuri. Quando ele falou aquelas palavras o rosto de Victor chegou perto demais dele, tão perto que era possível ver as várias cores dentro dos olhos de Victor.

Será que aquilo era um sinal? E um sinal do que? Yuuri não fazia ideia. Ele continuou sem fazer ideia durante a viagem de táxi até sua casa, onde, aparentemente, Victor iria morar pelos próximos dias, segundo o que ele contou a Yuuri. Victor já estava até excitado com o fato de poder ficar perto de Yuuri e debater patinação com ele.

Mas Yuuri estava mais preocupado com o fato de que ele teria que esconder qualquer pôster de Victor que ainda estava espalhado pela casa e não tinha sido guardado. Sem falar em rezar para que seus pais não o envergonhassem na frente de Victor, afinal de contas eles sabiam muito bem quem era esse homem pelo qual Yuuri tinha se rendido por anos.

E pelo jeito como as coisas estavam indo, até hoje se rendia.

 

 

 



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