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História Hinokami Kagura - A primeira luta no trem


Escrita por: Vagabundomaster

Notas do Autor


Opa, espero que gostem, padawans.
tenho lido Franz Kafka, recomendo muito.
desculpa qualquer erro aí.

Capítulo 52 - A primeira luta no trem


Sons de passos fortes e velozes ecoaram mais atrás, a brisa potente da locomotiva em movimento fazendo seus cabelos balançarem furiosamente. Então algum dos caçadores conseguiu acordar do sonho tão único que eles estavam compartilhando? Que pena, que pena… E pensar que tal pessoa agora terá de sofrer um destino tão terrível ao contrário do fechar de cortinas tão simplórias e intercorrentes de murchar em um sonho. Lentamente, Enmu virou-se com um sorriso de escárnio e indiferença, visando—

Enbu!

O fio da espada arrancou um maço de seu cabelo, olhos arregalados enquanto o calor intenso queimava sua pele de demônio. Reagindo com velocidade, Enmu pulou para trás a modo de fugir do vulto de vermelho e fogo vindo em sua direção—

Shi no Kata: Seien no Uneri! – as chamas antes colossais e enlouquecidas afiaram-se em outras poderosas e velozes, uma roda de fogo no encalço de Tanjiro quando ele cruzou o ar em direção do oni, Nichrin-do pronta para pulverizar seu pescoço. Enmu, ainda chocado pelo súbito ataque, fugiu por muito pouco da lâmina enferrujada do Tsuguko das chamas, ambos pousando no metal do trem meio momento depois, Tanjiro virando-se para o demônio com a pose neutra da Respiração das Chamas e totalmente atencioso, preparado.

Entretanto, antes que ele pudesse mover-se, o demônio de costas para ele lá do outro lado falou com uma voz um pouco… estranha; divertida? Qualquer cheiro de emoções era destruído pelo cheiro de sangue do Muzan que perpetuava em todo seu personagem, apenas diferenciando-se das outras dezenas de onis no sentido de quantidade do sangue do monstro milenar correndo em suas veias e a palavra gravada em um dos seus olhos; Lua Inferior, a 2°.

Essa luta não seria nenhum tipo de brincadeira…

Não que ele estivesse esperando isso, de qualquer modo.

– Você é bem animado, partindo tão rápido para a ação… Eu gosto de uma boa conversa, talvez um jantar. – virando-se para o jovem de cabelos vermelhos, o oni curvou-se elegantemente, qual Tanjiro respondeu trocando sua espada da posição reta para a de lado, defensivo e focado. – Eu sou Enmu Róbinson Wright, aquele que traz o melhor dos confins da mente humana na forma dos mais lindos sonhos e dos mais aterrorizantes pesadelos. Um prazer, Sr…?

O cenho de Tanjiro abaixou-se. Sonho? Ele só se lembra vagamente do que aconteceu enquanto ele dormia; alguns flashes, alguns rostos borrados e então luz forte, prosseguindo de acordar.

É melhor ele ficar atento, considerando as pistas que ele recebeu do poder do oni.

– Humpf. Da terra de onde eu venho, não apresentar-se seria considerado extremt olämpligt.Tanjiro não faz ideia do que aquilo significava, preferindo apenas por abrir as pernas e firmar sua postura. Enmu rolou os olhos e murmurou. – Japoneses, nenhum gosto pela cortesia. Sem mais delongas, eu adoraria falar sobre o sonho que você teve com seus amigos. É de uma singularidade que eu dificilmente tenho contato na ralé: energias refinadas em aço e brasa, das mais distintas conotações. Todos fortes sentimentos se amalgamam para criar um mundo ideal para suas mentes, praticamente prevendo o futuro ao mesmo tempo! Tão impressionante, magnífico! É o tipo de sonho em que eu gostaria de viver dentro!

Antes ele não estava entendo. Agora, ele estava ficando consternado. O que tudo isso significa? Prever o futuro, sonhos fundidos? O que era esse oni…

– Enfim, tenho que me livrar daquelas crianças para a próxima vez; elas não são exatamente tão úteis quanto eu esperava. – essa última frase trouxe, primeiramente, curiosidade e estranheza para Tanjiro, e então ele lembrou-se das cordas que ligavam ele e os outros às crianças…

E então ele estava experimentando ondas de fúria branca.

Ele sentiu no próprio ar a dor e a miséria daquelas pobres crianças encapsuladas pelo odor demoníaco pungente, crianças que estavam sendo usadas em seus estados fracos e sensíveis por esse demônio! Como ele pôde?! De olhos arregalados, apertando a sua Espada do Salgueiro e fazendo o ar esfumaçar com as chamas que engolfavam os seus pés e braços, Tanjiro falou sem o uso de palavras sobre centenas de ameaças.

E o oni sentiu a verdade em uma única troca de olhares com o caçador, calafrios subindo pelo seu corpo… E ele abraçou-se, sorrindo alto e aproveitando essa centelha de emoção agonizante que o cruzava, a tragédia chegando ao seu ato de clímax! A luta intensa, no topo do castelo em nome da honra e do mais carnal dos desejos, o “bem contra o mau”.

Oh, ele amava a sensação. Era como viver um sonho!

– Sim, venha a mim! Vamos duelar, Caçador de Demônios-san~!!

A resposta do avermelhado foi apontar a espada para cima, as chamas crescendo.

Hinokami Kagura: Yokatotsu!

E então ele estava avançando, um rastro de fogo deixando o ferro fundido abaixo dos seus pés em um estado vermelho frio, a distância entre ele e o oni sendo cruzada quase instantaneamente—

– Mas primeiro… tenha um bom sono.

Essa foi a vez de Tanjiro ter calafrios.

Ele piscou, algo tão simples, e o mundo a frente dele era um panorama florestal cheio de teias de aranha, o ar rarefeito ao seu redor… Esse era o Mt. Natagumo, os cheiros eram devidamente reconhecíveis—!! Onde estava aquele oni?! Puxando sua Nichirin ao discernir o que estava acontecendo, Tanjiro olhou freneticamente os seus arredores em busca da resposta, nada além de: seda fina, folhagem morta e tocos sinuosos na noite de Lua cheia o recebendo.

Ele estava dentro de um sonho, só podia ser, foi tudo que o oni comentou sobre anteriormente! Então o Kekkijutsu do oni é colocá-lo dentro de um no momento que ele quiser, do nada?…!!

Isso significa que seu corpo está lá fora, indefeso!

O mundo real ainda está acontecendo em paralelo com o mundo dos sonhos… E ele está inconsciente! Ele tem que escapar daqui, todos estarão em perigo se ele não o fizer!

Sua respiração tornou-se descompassada, olhos selvagens e suor ameaçando escorrer de sua testa demarcou ao mundo frio e vazio a sua pressa intensa e a pura agonia que seguia desconfortavelmente próxima por saber de algo que ele não poderia mudar; “Como, como eu saio daqui?! Como eu volto ao mundo real?!”

Sua mente repetiu a mil e uma vezes as palavras, seus pés tentaram responder correndo ao redor sem rumo, mal buscando cheiros para se guiar propriamente. O terror continuou crescendo, a pressão mental sussurrou sobre fracassos e dores e sangue e morte e—

Concentre-se.

De repente, havia um dedo fantasmagórico pressionando o ponto central exato de sua grossa testa, seu objetivo notavelmente cumprido diante da quase instantânea, até instintiva resposta do ex-queimador de carvão—buscando o máximo de oxigênio que ele pudesse guardar em seus pulmões, mente centrada na leve pressão criada pela ponta do dedo, demorando nada além de três momentos para ele focar-se inteiramente, como ele aprendeu durante o seu treino.

O fantasma acenou satisfeito.

Ótimo. Segure sua respiração assim, faça-a assim a todo momento, esqueça a antiga; caso você consiga viver com esse novo normal, então você estará outro passo mais próximo de me superar, Tanjiro. – a vivacidade daquela voz, a energia até nas tonalidades mais baixas que sempre aquecia seu coração exasperou com solicitude. – Use esse foco que você tanto trabalhou para conquistar agora… pois, o que você fará, apenas os mais fortes conseguem: – sua voz perdeu a suavidade, palavras tamborilando em ouvidos atenciosos.

Lute até o final.

E então a pressão estalou para fora da existência, uma lágrima fantasma deixando o olho de Tanjiro ao mover as pupilas de vermelho pulsante para a lâmina enferrujada de sua arma de Caçador. A Nichirin que ele usou por tanto tempo para purgar o mau e fazer o bem incondicionalmente, a que carregava talvez a última coisa que seu pai biológico deixou para trás…

Com movimentos suaves ele a sentou contra seu pescoço, o fio quente não o assustando. Ali, naquela floresta escura e pronto para executar esse ato de sacrifício, Tanjiro ponderou aquele medo congelante que ele sentiu mais cedo antes de entrar no trem… Aqui estava ele novamente, mãos hesitantes impedindo que a Nichirin cortasse todo seu caminho, a natureza animal lutando contra a natureza do ser humano sobre o ato de desonra que ele estava prestes a cometer.

Lutar até o final.

Lutar até não haver mais inimigos, mais ameaças…

Fazer todo o possível para matar qualquer demônio.

Ir até o inferno buscá-los, caso fosse necessário.

… Só que ele estava com tanto, tanto medo…

E se essa não for a resposta certa? E se ele o fizer em vão, morrer como um inútil; então como os outros que, provavelmente, estão em uma situação parecida ficarão?

Suas mãos estavam tremendo, suas pernas também.

Lutar até o final…

Não cair pelas mãos deles, ser a parede—

—essas palavras sussurradas foram acompanhadas de imagens dos sorrisos mais brilhantes, de lábios cor de cerejeira que mexiam-se com natural suavidade para soletrar a melodia que seu nome se tornava quando vinha da boca dela. Ir até o final é perder aquilo, é jogar isso ao vento e se afastar…

Do bolso mais seguro de seu uniforme, braços delgado o seguraram fortemente, um cheiro de flores enrijecendo seus músculos… Eles precisam dele! Eles precisam dele!! Ela precisa dele…

FRAQUEJAR NÃO É UMA OPÇÃO!

AAAAAAAAAH— houve um jato de sangue…!! E então um turbilhão de fogo! De olhos arregalados e com a Respiração de Concentração Total em seu máximo, Tanjiro bateu a Lâmina do Salgueiro contra o chão de terra e fez um pilar de chamas eclodir, toda a pressão da onda de choque enviando-o de volta para o topo do trem e para longe de uma morte dolorosa, um mar de chamas seguindo as costas da sua lâmina.

Abalado até seu núcleo em complexidade, Enmu observou o garoto vindo em sua direção quase como se fosse uma ilusão, parte de um sonho caótico, ação em favor do instinto ao apontar novamente a mão para a parede de chamas que vinha matá-lo.

Vá dormir.

Ele rolou pelo metal como um saco de batatas, em direção aos trilhos onde seria triturado—

Shyakkotsu!! – uma roda de fogo seguiu-o, o metal do trem derretendo com o calor cada vez mais forte do inferno que se fazia ao redor; brasas voavam com o vento e pegavam-se nas árvores úmidas da estação quase invernal, dando apenas espaço suficiente para um incêndio florestal iniciar e seguir com ferocidade o trem desgovernado como um espectador VIP de uma corrida de cavalos enlouquecidos, a imagem de fundo cada vez mais válida de pesadelos para o caçador e o oni.

Vá dormir!

De joelhos, tão perto da morte—

ENBU!!

E, no outro segundo, pulando em sua direção com os olhos arregalados e veias de tensão espalhadas por todo seu rosto enfurecido, três cortes seguidos por um vendaval intenso passando muito perto para o gosto do demônio.

Vá dormir! Vá dormir! DURMA!

Ele caia, rolava, inconsciente em um momento, erguendo-se como uma criatura das profundezas com um estige de labaredas em seu encalço para então tentar cortá-lo de 101 trejeitos no outro, cada tentativa mais próxima do que a anterior, e a próxima ainda mais perto, não parando nem quando o pior dos pesadelos, aquele onde seus queridos amigos, mestre e amada o julgavam com palavras e suas armas, o feitor de um milhão de crimes não cometidos, sangue pingando de seus corpos miseráveis e—!! De repente… parou de funcionar. Alguma coisa mudou no garoto, seu peito desinflando e músculos rangendo como portas velhas, olhos fechados e opressão mental o suficiente para estourar o coração de qualquer ser humano comum apenas no que florescia em seu rosto, sua excepcional resposta para o que exatamente esse garoto estava fazendo vindo na forma de uma única palavra sussurrada; tsukisensa…

!!

Rápido…

Muito, muito rápido.

O que estava acontecendo?! Como ele era tão rápido, como ele conseguia segui-lo com tanta maestria mesmo estando de olhos fechados—era esse o monstro debaixo de sua cama do qual sua mãe, uma mulher que ele esqueceu do rosto, falava tanto?! Oh, que pesadelo!! Tal era esse Hanafuda, inimigo digno de ser o bicho-papão no pior dos contos kafkianos—

E então ele abriu os olhos, o vermelho ensurdecedor rasgando o véu da realidade com as chamas que seguiam o trem, a espada que até então perdera as chamas entrando em instantânea combustão, o Caçador de Demônios próximo demais, o calor intenso queimando o fio fino de suas roupas e doendo em sua pele odiada pelo Sol.

VOCÊ NÃO VAI ME QUEBRAR, ONI!! – seu grito carregava a mais justa das fúrias. – Eu jamais… vou fraquejar de novo! – por eles, por ela, até as imagens mais brutalizadas e horrendas ele ia aguentar. A parede alta e poderosa; aquele que jurou proteger a vida, reverter a maldição! Ele nem mesmo viu fragmentos de pó de ferrugem voando para fora da Espada do Salgueiro, concentrado totalmente no tártaro furioso de sua espada. – Ku no kata… – pousando um pouco longe do demônio bem engomado, a espada de Tanjiro acendeu como um farol na escuridão da noite que rapidamente se tornava o palco da aliteração mais aceitada de “inferno”, o oni que desviou por pouco antes tendo pousando desesperadamente há dois vagões de distância dele… mas nenhum pouco fora do seu alcance!

Suas pernas enrijeceram, o corpo dolorido pela rápida mudança de Urotora para a Respiração das Chamas protestando altivamente, a máquina contra o condutor; tudo silenciado pelo grito do seu coração pegando fogo! – Rengoku!!

A verdadeira Pompeia o abraçou com um espetáculo explosivo da técnica do purgatório, o metal derretendo e tornando-se incandescente embaixo dos seus pés além do próprio trem pulando dos trilhos momentaneamente pela força estrondosa que o ataque mais poderoso da Respiração das Chamas continha, a conexão do aço mítico da espada com o pescoço da 2° Lua Inferior sendo quase instantânea, pulverizando tudo até metade do peito do oni, os ossos negros como a noite enquanto a cabeça em chamas voava para longe. Faíscas na casa das milhares espalharam-se, a produção de chamas refletindo o estado mental quase catatônico do avermelhado.

Aguentar o nível de pressão da mudança entre Urotora e a Respiração Concentrada Total é uma coisa que ele lida há algum tempo já, não seria grande coisa por si só, mas tudo isso enquanto ele tem que se suicidar continuadamente no mundo dos sonhos diante dos olhos cheios de preconceito daqueles que ele tanto ama, daquelas mentiras enfadonhas?! A raiva havia subido à cabeça, a única graça salvadora que o manteve de pé sendo as palavras de Rengoku e aquela minúscula chama de certeza e resolução sempre tão presente no bolso mais seguro de seu uniforme… E, usufruindo desse poder benevolente, ele derrotou o oni.

Com certo cuidado, ele controlou seu deslize pelo chão e, antes de cair de joelhos no metal, fincou a ponta da espada para ganhar suporte, parando com um suspiro baforante.

… Ele matou o oni, não matou? Ele cortou-lhe a cabeça, afinal de contas.

Mas o cheiro…

Em comparação com a luta contra Rui, essa foi até, ele ousa dizer, fácil. Sua respiração compassada rapidamente o trouxe de volta foco e poder, olfato latejante pela pressão exercida nos vasos sanguíneos penosamente conseguindo filtrar o carvão queimando, metal derretendo, fumaça enegrecida subindo tanto da chaminé quanto das árvores que queimavam, um incêndio florestal que resolveria a si mesmo, muito úmido para queimar sem combustível… Ele ainda rezaria pelas criaturas da floresta que tiveram de morrer para que os humanos dentro desse trem sobrevivam. Ainda sim, com tudo isso fora do seu sistema, não demorou para ele notar que o cheiro intricado de oni não era apenas residual, a Espada do Salgueiro seguindo o ritmo de seus pés para a pose neutra da Respiração das Chamas mais uma vez esta noite, olhos trabalhando em conjunto perfeito com o nariz para buscar qualquer sinal de outro oni…

Mas não havia nada. A fonte era todo lugar e, ao mesmo tempo, lugar nenhum. Onde estava esse maldito oni?!

E estava ficando mais forte, mais presente—!!

Minha nossa, você realmente é poderoso, garoto—o que seus pequenos amigos teriam dito caso soubessem que você matou uma Lua inferior? – a voz do oni, daquele oni que ele acabara de matar ao cortar a cabeça, reverberou de todos os lados, um sentimento ruim nascendo nos confins do peito do ex-queimador de carvão…

Um ponto focal!

Rolando pelo chão e escapando do… pilar enorme de carne que explodiu para fora do metal, sobrepondo camadas e mais camadas de nojeira fibrosa encima da outra a modo de estruturar-se nessa total abominação cartilaginosa que lembrava-o um tentáculo de lula podre, perfurando os céus de tão alto que se erguia e fazendo o avermelhado lacrimejar, rosto todo contorcido enquanto ele engolia a vontade agonizante de vomitar ali mesmo e firmava sua posição, olhos arregalados observando a criatura que desafiava qualquer lei da realidade—mesmo para os padrões onis—, pequenas brasas subindo de sua Nichirin em resposta ao sentimento ameaçador que tomava conta dele. Mesmo cortando sua cabeça, ele ainda vivia… O que era essa coisa?!

O tentáculo balançou de um lado para o outro, zoando com sua cara ou apenas reagindo naturalmente, ele não sabia dizer—!! Mas lá estava, a cabeça decapitada do oni, toda sorridente.

Odeio acabar com esse seu sonho… Pois eu já me fundi totalmente com esse trem! Imagino se os Caçadores de Oni já conseguiram desenvolver um modo de matar máquina, fufufu… – o próprio metal onde ele pisava, os arredores, as janelas… Todo o maldito trem começou a produzir essa secreção avermelhada repulsiva, exalando o cheiro de oni constantemente. – Eu crescerei em poder ao comer todas as duzentas pessoas dentro desse trem, e você, Hanafuda-san, não vai me parar—afinal, como você vai proteger nove vagões ao mesmo tempo? Você deve estar sentindo-se desesperado agora, não? Como se estivesse em um… pesadelo acordado? – de olhos arregalados encarando no epítome de sua incredulidade aquela cabeça no final do tentáculo, Tanjiro bateu os dentes e, segurando obstinadamente o punho da espada, avançou com asas de fogo atrás de si, errando o oni que, rindo de sua inabilidade clara de responder, fundiu-se e desapareceu dentro do metal.

… Todo trem é um oni. Nove vagões gigantes, 200 pessoas.

Um clique mental lembrou-o da imagem dos Hashiras e Kanao dormindo, os pés movendo-se antes que a mente pudesse compreender completamente.. Nezuko não ia conseguir protegê-los sozinha!

O oni, entretanto, não tornaria nada fácil. Seu caminho teve empecilhos na forma de dezenas de tentáculos mirando matá-lo, pouca resistência entre cada um… A quantidade, todavia, impedia-o de tomar um mísero gole de ar entre ataques e desvios, uma batalha em que ele teve que prezar fugir acima de matar, desesperado para garantir o bem-estar daquelas pessoas que ele tanto estima.

Era como lutar contra uma colônia de insetos sem mente.

Eles só avançam e morrem, mas haverá mais dois atrás para substituir o que caiu.

Seus avanços eram cortados por mais deles aparecendo ativos, principalmente, em destruir seu equilíbrio já dificultado pelo trem em alta velocidade, os movimentos constantes de respiração exigindo do seu corpo ainda em recuperação mais e mais a cada momento, carbono tornando-se abundante e aniquilando as moléculas de oxigênio lentamente. Ele praticamente não tinha espaço para respirar, a agonia mesclada à frustração colocando-o em situações onde um pequeno erro ou não tanto esforço seria sua perdição… E, com braços doloridos e superestimando o poder por trás de seus ataques depois de quase três minutos inteiros sem parar de mover-se, Tanjiro cometeu seu primeiro erro.

Tropeçando em um amontoado nojento de carne e já pronto para rolar e recuperar o balanço, apenas lento o suficiente para estar na mira fatal de um dos tentáculos, Tanjiro calculou que, caso acertasse, ele ia ganhar um corte semiprofundo no quadril esquerdo—nada horrível ou incapacitante, mas interferiria no fluxo de batalha, o que o levaria a mais erros.

Merda…

Entretanto, não houve dor ou sangue. Um vento forte bateu, um cheiro adocicado banhou sua língua suavemente e o seu centro de gravidade também tinha mudado.

– Olá! Desculpa a demora, Tanjiro-kun! – a velocidade assustadora da Hashira do Inseto, assim como seus braços finos segurando-o, foram uma surpresa… uma bem-vinda, de fato. – Dou-lhe meus parabéns por ter aguentado sozinho até agora. Poderia me inteirar na situação? – nem mesmo virando-se para olhar, Shinobu pulou apenas o suficiente para que o tentáculo passasse voando por debaixo dos pés dela, cabeça virando pro lado e esquivando de mais um. Antes que o Tsuguko pudesse até mesmo entender o que estava acontecendo, a mulher desviava da carne desforme com graça, usufruindo de uma elegância e tenacidade em cada movimento que o lembrava das mais imprevisíveis moscas, sempre fugindo de golpes que pareciam certeiros. Mesmerizado com sua habilidade, ele não a respondeu, o que trouxe um grau de irritação à Hashira. – Então, o oni comeu sua língua?

– Ah! E-Eu… Me desculpa! Esse oni tem um Kekkijutsu que te coloca para dormir, o ataque vem de um olho na mão dele! E ele também se fundiu ao trem e está ameaçando comer todo mundo!

– Uau, um oni trem! Que raro… Hmmm… – tão rápido quanto uma picada, ela puxou a espada fina e tentou cortar um tentáculo qualquer, não chegando nem a um terço do monte herético de carne. Em outra sequência tão célere quanto, desviando em doze passos subsequentes de vários tentáculos, Shinobu estocou cada um com sua lâmina, esperando curiosamente enquanto focava-se no músculo nojento, Tanjiro muito mais centrado em como o cheiro dela tinha mudado completamente. Não havia a fria indiferença, o veneno que empeçonhava a si mesma… Era pura força e foco, uma determinação dançando com a resiliência numa valsa assassina, o palco aquela espada única, tudo embaixo do Sol do desejo de matar demônios…

Essa é a força de um Hashira realmente em ação…

Ele não conseguiu não se perguntar como seria o cheiro de Rengoku-san nesse estado.

Lutando contra oponentes capazes de igualá-lo. O pensamento de algo equiparando-o em força quase o fez rir, seu foco voltando ao aqui e agora diante das palavras não muito animadas dela.

– Eu não consigo cortar os tentáculos, meu veneno não funciona. Nossa, estou tão envergonhada, nenhum dos meus truques vai triunfar hoje, pena de mim… Vamos ter que deixar a defesa dos passageiros para os outros três, certo? Certo! Que bom que concordamos! – ela riu cheia de doçura, nem precisando estar de olhos abertos para desviar de tentáculos que ele teria de pôr toda sua mente para fugir. – Muito bem: o cordão cervical e o osso hioide, seguindo o meu melhor achismo, devem ficar onde a concentração de massa dá a entender o maior coeficiente de proteção; na locomotiva. Eu vou abrir uma brecha para você, e você vai testar minha teoria. Caso eu esteja correta, forçaremos um caminho comigo te dando apoio nos dezesseis lados, cima e baixo—foque-se em cortar o pescoço… Confie em mim para lidar com o resto. – tanta certeza de cada palavra, como se ela soubesse que podia e faria tudo que citou com a mais afiada das eficiências… Tudo isso trouxe admiração para essas qualidades que ele não teria imaginado ela tendo antes!

Recuperado por todo o tempo que ele ficou parado nos braços dela, Tanjiro saiu de lá com uma explosão de fogo inofensiva, a verdadeira ofensa estando na sua lâmina que partiu um tentáculo completamente, faca quente contra manteiga, pondo-se de pé depois de um rolo.

– HAI! – Com o coração pegando fogo e um sorriso determinado, ele saiu correndo na direção do “pescoço” desse oni.

Enquanto isso—

Nezuko odiava tentáculos. Ela realmente odiava eles.

Não só eram nojentos, mas como eles também ameaçavam sua família que apenas tentava tirar uma sonequinha.

Com o preconceito de 100 americanos juntos e sem nenhuma piedade, as palavras simples de seu irmão ecoando na sua mente, Nezuko destruiu essas coisas o melhor que ela pôde, chutando com vigor e brutalidade todo tentáculo otário que aparecia diante dela.

Ainda sim, ela era apenas uma só.

Um grito abafado pelo bambu em sua boca definiu esse fato explicativamente bem: um dos tentáculos agarrou seu braço e impetuosamente rasgou-o do seu torso, o osso estilhaçado espalhando-se pelo chão juntamente de jorros do seu sangue e carne fibrosa, cartilagem e tecido epitelial balançando sem propósito no cotoco que ainda não regenerava-se. Pulando para trás e chutando outros vários, perdendo um no meio de dezenas que atravessou sua garganta como uma flecha, osso e a traqueia destruída. O bambu impediu o sangue de seguir seu curso natural e vazar pela sua boca, terminando com explosões do líquido vermelho de suas narinas e ouvidos.

Ela odeia tentáculos…

Nezuko debateu-se em desespero, tentando fugir e ir proteger sua família o quanto mais cedo possível, falhando continuadamente—seu sangue pintando telas inquisitivas como testemunha—, acorrentada nessa grande caixona de madeira e metal que se movia rápido demais para seu gosto pessoal, sua mente simples desesperando-se ao ver os tentáculos já regenerados e chegando mais e mais perto dos seus irmãos indefesos. Flashes de algo que aconteceu uma vez trovejaram em sua mente, algo terrível que ela não aguentaria ter que suportar novamente.

… Mas a Primavera chegou, e tudo mudou.

Cheiros dos mais diversos, cores das mais bonitas e formas e tamanhos das mais interessantes, tudo seguindo a barra de metal afiadíssima que assemelhava-se a de seu irmão, o tom rosa entrando em puro contraste com o vulto branco que tudo isso seguia—!! E, de repente, nenhum tentáculo a segurava mais, todos ao seu redor tendo virado picadinhos que desapareciam em poeira. Curiosa e mesmerizada, Nezuko encarou o vulto branco, sua espada apontada para o chão e os cabelos curtos e negros chegando até o fim das omoplatas.

– Nezuko-san… – ao redor das duas, os tentáculos renasciam, aproximando-se das pessoas e fazendo os pelos de Nezuko arrepiarem-se em agonia. Ela queria matá-los, mas as palavras dessa garota que o lembrava de seu irmão a pararam. – Eu… Quero que você observe-me, você e Rengoku-san. Eu gostaria de provar que, mesmo sendo… estranha como sou… Eu sou válida de ter a mão de alguém como seu irmão! – e, com um show de agilidade graciosa e um sorriso sem foco nos lábios, cabelos esvoaçando ao ar, Kanao destruiu qualquer tentáculo a vista com poderosos golpes rápidos e precisos, nenhum desperdício na cissura de navalha que cada movimento da Nichirin produzia.

Mesmo não tendo entendido nada do que ela falou, Nezuko ainda entendeu o espírito. Ela acha.

Já esquecendo isso no próximo momento, a oni foi ajudar a proteger os passageiros, ignorando seu braço mal recuperado… Mas elas eram apenas duas para nove vagões. Sozinhas, a Tsuguko e a primeira oni a virar Caçadora não podiam fazer muito.

Até agora.

Com uma criança inconsciente sendo colocada solenemente num banco qualquer, Rengoku virou-se exibindo um grande sorriso aberto e olhos arregalados para a extensão do vagão a frente, um “hmm…” ao ver os amontoados de carne nascendo em todos os cantos visíveis do trem. Ele não entendeu toda a situação, mas ele soube de uma coisa muito simples enquanto puxava rapidamente a espada de sua bainha—!! Os vidros quebraram, o calor das chamas e a fumaça cinza de sua espada mudando completamente a atmosfera ao seu redor.

Havia oni para matar.

– Enquanto eu dormia, um oni atacou! Que vergonha para um Hashira, não, um homem como eu! Isso não pode ficar assim, eu tenho que me redimir ou a vergonha vai me matar! Ouça, oni! – e, com esse grito reverberante e poderoso, um véu de fogo nasceu na sua Lâmina Vulcânica, iluminando ainda mais os seus olhos que queimavam como fogo grego em palha. – Rengoku Kyojuro, pai orgulhoso de duas lindas crianças, vai te destruir!

E o verdadeiro inferno caótico explodiu.


 


Notas Finais


é só porrada mané, próximo tmb vai ser só porrada loca. Mais 6 capítulos pra terminar esse arco!
até dps
== comentários ajudam o véio a escrever mais :3 ==


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