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História Hipocentro - Sala de leitura


Escrita por: yugensouls

Capítulo 1 - Sala de leitura


As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade.

Victor Hugo

 

A voz de Úrsula preenche a sala. Estão realizando a primeira leitura do script da quarta temporada, na mesma sala, a mesma mesa redonda, os rostos familiares de outras temporadas. Seu olhar vaga pelos amigos, uma vez que não pode chamá-los de colegas. A essa altura, são todos muito mais do que isto. As pontas de seus dedos suam, e ele nota a marca molhada que isto deixa na borda de suas folhas. É tão estranho estar ali, quase na frente dela, sem poder conversar com ela, sem que possa ser ele mesmo, sem que precise disfarçar.

Lá está ela. Os cabelos escuros, mais escuros do que os cabelos de Raquel Murillo. Um tom marrom de castanho, a maneira rebelde que ela encontrara para desfazer-se da personagem durante as férias. Desvia o olhar rapidamente; mas não rápido o suficiente para que Pedro não perceba. O amigo sorri; balança a cabeça negativamente. Ele sabe o que isso significa. Não pode arriscar ser pego por mais alguém. Não pode ser indiscreto, muito menos expor Itziar ou ele mesmo. Já é errado o suficiente que quatro pessoas naquela sala carreguem um segredo que não poderia existir.

“Álvaro?” Chama Alex. Percebe que todo o elenco lhe olha, esperando que ele continue a leitura.

Na verdade, nem todo o elenco. Itziar não o olha. Seu rosto está virado para baixo, o que ele sabe ser apenas um pretexto. Raquel não tem falas antes da página cinco. De qualquer forma, é hora de entrar na pele de Sérgio Marquina. Atenua seu tom, e começa a leitura, embarca no diálogo entre Palermo e o Professor.

Algum tempo depois, ele passa o lugar para Alba, que traz vida à sala.

 

***


            “Posso falar com você?”

Ela parece incomodada. Não há mais carros no estacionamento. Passa pela sua mente que ela tenha esperado todos irem embora para poder falar com ele em particular. “Você quer conversar aqui ou quer ir a algum lugar?”

“Aqui.”

Sem pedir licença, ela entra em seu carro. Senta-se no banco do passageiro, e ele a segue ao entrar no carro. O estacionamento coberto está escuro, o carro dele estacionado em frente à uma saída de emergência que parece ser pouco usada. Ao menos aqui, não há câmeras em todo lugar. Paparazzis. Curiosos com suas câmeras logadas a contas do twitter. “O que pensa que está fazendo, Álvaro?”

“Como assim?”

“Me encarando daquele jeito. Lá dentro.”

“Itziar.”

Ela morde o lábio inferior, olhando pelo para-brisa para algum ponto distante. Seus dedos brincam com o painel, a ansiedade notável. “Não foi esse o combinado. Não foi...” Ela suspira. “Você sabe que isso não é fácil para mim.”

“Não é fácil para mim também.”

Ela ri, e ele pode sentir a ironia. Ela não acredita nele. Não faz ideia do que ele sente, e do sacrifício que é vê-la tão perto e negar a si mesmo qualquer aproximação. As palmas das suas mãos estão suando novamente. Sua boca está seca. Ele quer falar muitas coisas, mas isso a afastaria.

Por um instante, ela se vira. Os olhos dela estão fixos nos seus.

“Estou cansada de você me olhar assim.” Resmunga ela.

“Assim como?”

“Como se me quisesse.”

Ele ri.

“Você sabe que”

Mas ela não o deixa terminar. Sente os dedos delicados e macios sobre os seus lábios, calando-o. “Não diga as palavras.”

“Por que não?” Resmunga ele, através de seus dedos. O calor faz com que ela o solte.

“Porque você não tem culhões para dar significado a elas.”

E não há mais espaço para conversa. Itziar sai do carro; fecha a porta com uma pancada suave e caminha até o seu carro. Segundos depois, ela está longe. 


Notas Finais


Oi... Eu nunca escrevi nada no universo de La Casa de Papel. Espero fazer jus às expectativas de vocês e farei o melhor para manter essa história o mais próximo real da realidade. O primeiro capítulo tende a ser um pouco mais curto, por ser um aperitivo para começar a história.


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