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História Histórico dos Toques - Nas sombras


Escrita por: holydodo

Notas do Autor


Plot doado pela Isabela Correa no EXO Fanfics;
Escrevi com Björk - History of Touches (o que explica a sinopse ~ ai como tenho criatividade), uma obra prima COM APENAS 3 FUCKING MINUTES;
Boa leitura! <3

Capítulo 1 - Nas sombras


 

 

O belo rapaz sorria singelo diante de sua câmera, sentado sob a cerejeira mais bonita do parque enquanto afagava seu adorável shiba inu ofegante, deixando o rosto deitado sobre a pelugem alva deste. Diante daquela pose de quem consentia a uma boa foto, com o jovem a mirar sua máquina com certa receptividade, Chanyeol se ajoelhou e focou em sua faceta serena, cujos lábios se abriram de modo a exibir os dentes brancos, e capturou tanto o garoto quanto o seu cachorro.

Ao abaixar a câmera, o garoto jogou a cabeça para trás num riso gracioso; o fotógrafo acabou por ser contagiado por sua aura límpida e coçou a nuca, acanhado diante daquela doçura. Caminhou até o seu modelo, que parecia ignorar a sua proximidade e ajoelhou-se diante dele. Quando soltou um suspiro, ele enviesou os lábios, ainda a evitar fitá-lo diretamente como se sua presença o incomodasse.

De fato, aquele moço era muito bonito.

 

– Olá.

– Olá. – sorria cortês, erguendo minimamente olhar sem alcançar o do outro.

 

– Quer ver como ficou? – e o jovem franziu o cenho.

– Ficou o quê? – levantou o rosto exageradamente. Seus olhos estavam desfocados. – Me desculpe, eu sou cego.

 

Chanyeol gelou; tivera a audácia de fotografar um cego! Não sabia se o revelava que tirou fotos dele ou deixava para lá, mas, argh!, esconder esse tipo de coisa de um cego era tão baixo-nível que não tinha nem onde esconder a sua cara de pau, a não ser na escuridão da visão alheia.

 

– Estava tirando fotos? – perguntou e o fotógrafo começou a tartamudear, sem dizer nada. – Eu gostaria de ver. – riu. – Mas não posso, não é mesmo? – e o cão se deitou, pousando o focinho na coxa de seu dono. – Como é o seu nome?

– Ch-Chanyeol e o seu? – apresentou-se um pouco mais tranquilo.

 

– Baekhyun. – estendeu a mão – Tirou alguma foto minha?

– M-Me desculpe. Se quiser, eu ap-

 

– E eu fiquei bonito?

 

O fotógrafo corou no mesmo instante, surpreso por não ter recebido uma bronca ou algo do tipo.

 

– Ficou, ficou. – coçava a nuca mais uma vez.

– Você é um fotógrafo?

 

– Sim.

– Formado?

 

– Isso mesmo.

 

E Baekhyun — agora sabia o seu nome — jogou os cabelos para trás num sorriso acanhado.

 

– Então confio em você. – pendeu a cabeça para o lado. – Quer fazer carinho no Nini?

– Ouvi dizer que não pode mimar cães-guia.

 

– Agora estou deixando, oras! – riu amistoso.

 

Chanyeol arriscou fazer cafuné na orelha do cachorro, que balançava a cabeça em direção às suas mãos, mas nem sequer prestava atenção no animal, e sim em seu adorável dono; o que será que ele pensaria se visse a forma de como era contemplado naquele momento? Com certeza, ficaria assustado, pois a admiração daquele fotógrafo quanto ao seu rosto era imensa. Que rapaz bonito!

 

– Essa raça é fácil de ser treinada?

– Não é. – respondeu. – Nós já tínhamos o Nini quando fiquei cego. – contava com naturalidade.

 

Talvez a cegueira nem o fosse um grande incômodo na sua vida como Chanyeol e muitos imaginavam. O incômodo, na verdade, era a sociedade nada inclusiva ou receptiva. Até se dava bem com o escuro, menos com motorista de ônibus que se negava em parar fora do ponto.

 

– Posso tocar a sua câmera? – pediu, com a mão a pairar no ar.

 

Sem ver um porquê de recusá-lo, deixou-o pegar sua câmera com ambas as mãos curiosas. Ele nem sequer abaixava a cabeça para, pelo menos, fazer de conta que a via. Sentia certa estranheza, e ainda não havia se acostumado com a ideia de poder admirá-lo o quanto quisesse sem assustá-lo.

Logo, o rapaz voltou a sorrir, com a mão a rosquear o zoom da lente. Era como uma criança a descobrir um novo universo ou a tocar um brinquedo que nunca tivera a chance de estar em suas mãos. Daria numa bela foto, pensou, pois não era qualquer adulto que dava um sorriso açucarado como aquele, que parecia preencher lacunas que nem sequer sabia que existiam dentro de si.

 

– Posso tirar outra foto de você? Com o celular? – timidamente, seus dedos tocaram o antebraço do garoto, que pendeu a cabeça para o lado, mantendo os lábios entreabertos antes de voltar a sorrir.

– Não fica ruim na sombra? – indagou.

 

Chanyeol demorou alguns segundos para processar aquela pergunta, visto que o rapaz era cego, mas logo deu de ombros:

 

– Não faz diferença. – para quem queria apenas gravar aquela faceta bonita...

 

E demorou a pegar o celular porque não queria afastar sua mão do pulso alheio. E ainda descobriu estar trêmulo, intimidado pela aura singular de Baekhyun.

 

– Quer que eu sorria?

– Pode ser.

 

Ainda sorridente, manteve a câmera próxima ao rosto numa pose ameninada. Chanyeol não tirou apenas uma foto, e sim várias porque aquele rapaz merecia; aquela beleza merecia. Será que ele se achava bonito? Seria muito estranho usar um desconhecido como papel de parede?

 

– Pronto.

– Você me achou bonito? – perguntou inocente e o maior riu corou violentamente.

 

E era lindo!

O rapaz se via como um garoto pré-púbere diante do cara mais bonito da escola: se Baekhyun pudesse vê-lo, com certeza não o acharia tão bonito assim e o dispensaria de primeira. De fato, era coisa de fotógrafo sentir certa atração que alimentava uns desejos de gravar o mesmo sorriso em milhares de fotos, e era assim que Chanyeol estava; tomado pela vontade de registrar a beleza daquele moço e, talvez, de seu cão também.

Logo descobriu que Baekhyun era menor, mais velho, morava perto do parque, costumava ser fotogênico, sabia cozinhar sozinho — fazia um café delicioso, diga-se de passagem! —, tocava piano, dentre outras coisas que se pode saber de uma pessoa depois que a conhece. Sempre quis ser um fotógrafo, e daqueles mais alternativos, que usam polaroid para capturar imagens de xícaras em pedaços, no entanto, a meningite agira como fogo e acabou por corroer todos os seus sonhos, então se transformou no vento que soprou as cinzas para longe, e do rapaz não sobrara mais tanta coisa além do próprio corpo.

Estar com Chanyeol, de certa forma, era acalentador: era fotografado aqui e ali, e confiava quando este dizia que saiu bonito na foto. Só de ouvir o som das engrenagens da máquina ou de sentir o flash no rosto, enchia-se de saudades de ser aquele garoto que valorizava o mundo com os olhos.

Às vezes, gostaria de capturar seu novo amigo também. Pegava-se imaginando sua aparência, de semblante um tanto robusto como a sua voz rouquenha sugeria. Um dia, ficaram em silêncios, e tateou o rosto dele: para a sua surpresa, cada traço parecia suave na ponta de seus dedos; a faceta era ameninada, angelical. Chanyeol possuía leves bolsas sob os olhos, pálpebras longas de cantos acentuados e lábios macios como pétalas de lírios-da-paz, além de um queixo pontudo e nariz longo, de ápice baixo, numa distância saudável à boca.

 

– Você é lindo. – sussurrou cuidadosamente naquele dia, apreciando o rapaz pelas sombras dos seus traços.

 

Em seguida, as pontas de seus dedos foram agraciadas por um sorriso semiaberto. O mais novo, embora tímido, levou as mãos trêmulas às maçãs de seu rosto.

 

– Você também é lindo.

 

E aquela fora a primeira troca de emoções e sensações, guardada em lacunas no âmago de ambos.

 

 


Notas Finais




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