1. Spirit Fanfics >
  2. Hitchhiker >
  3. Be Alright

História Hitchhiker - Be Alright


Escrita por: vanessamiguel

Notas do Autor


Antes de tudo deixa eu explicar: Cada cap vai levar como título o nome de uma música e essa música sempre vai ter a ver com o que vai se passar no cap. Sendo assim, como tem gente que não gosta de ouvir as músicas, no início e no final vai ter um trecho da música traduzido. Peço que leiam, pelo menos, o que essas estrofes vão falar.
O nome da fic também surgiu de uma música que eu amo muito Hitchhiker da minha nenê Demi Lovato.
A música do cap de hoje é Be Alright da Ariana Grande.
Enfim, é só isso mesmo. Beijinhos!
OBS: Cap revisado, mas se deixei passar algo, me avisem e eu conserto.

Capítulo 1 - Be Alright


Fanfic / Fanfiction Hitchhiker - Be Alright

Regina

"Às sombras da meia-noite,

 Onde encontrar o amor é uma batalha

 Mas a luz do dia está tão perto

 Portanto, não se preocupe com nada."

 

- Droga! - esbravejei ao constatar que o barulho que ouvira enquanto dirigia tinha sido do meu pneu traseiro estourando. Olhei ao redor, para a estrada que ligava Boston à Storybrooke e bufei.  O sol se punha, logo ia escurecer e não passava um ser humano pra me ajudar.

Entrei de volta no carro. Agradeci por ter pelo menos conseguido parar sem maiores transtornos no acostamento, mas isso também não teria feito nenhuma diferença já que se eu tivesse me acidentado estaria sem socorro do mesmo jeito. Pensei em ligar para Zelena, mas quando saí de sua casa a mesma estava se preparando pra ir jantar com nossa mãe. Cora também não era uma opção de ajuda, provavelmente só iria ouvir o quanto ela estava certa e eu errada sobre terminar um relacionamento, me desligar de um bom emprego e vir morar numa cidade pequena e desimportante.

Respirei fundo e apoiei a cabeça no volante, pensando que se conseguisse sair dali a primeira coisa que iria fazer quando chegasse na cidade era conseguir o número de um mecânico. Um sentimento de arrependimento começava a se apossar de mim a cada minuto que passava, tudo que eu queria era chegar em casa e descarregar o resto das tranqueiras que tinha ido buscar, tomar um banho e dormir. Não sei quanto tempo continuei ali, sem saída.

Tomei um susto, quando do nada, alguém bateu no vidro da janela três vezes. 

- Oi! - uma mulher loira disse, sua voz soando baixa pelo vidro que nos separava. - Tá tudo bem? Você precisa de ajuda?

Encarei-a por alguns segundos. Olhei ao redor pela milésima vez naquela hora e não vi mais ninguém. Eu não fazia a mínima ideia de onde ela pudesse ter surgido, mas não aparentava ser perigosa, principalmente porque seus olhos verdes transmitiam uma preocupação verdadeira. Abaixei o vidro e ela se inclinou um pouco mais pra me olhar.

- Meu pneu furou e não passa uma vivalma pra me ajudar. - sorri derrotada.

- Não seja por isso, tem uma vivalma bem na sua frente. - sorriu largamente e percebi que usava trajes apropriados para exercícios. Possivelmente estava correndo. - Posso trocar pra você, sem problemas.

- Sério? 

- Muito sério.

Abri o porta malas e demorei um pouco pra achar as ferramentas no meio daquela bagunça, não sabia que tinha tantas coisas no meu antigo apartamento até me mudar. A mulher começou seu trabalho e eu fiquei de pé ao lado observando, sem saber o que dizer. Definitivamente nem em cem anos eu conseguiria trocar aquele pneu, mas parecia tudo muito fácil pra ela, afinal, tinha músculos levemente definidos e um corpo atlético que invejei internamente.

- Muito obrigada, você salvou minha pele. - agradeci, ajudando-a a ajeitar tudo de volta no lugar. - Cheguei a pensar que minha nova vida fosse começar com o pé esquerdo.

- Fico feliz em ajudar. - sorriu de novo. - Você é nova na cidade? - com a ajuda do reflexo do espelho retrovisor ela esfregou a bochecha que tinha ficado suja.

- É, vai ser minha primeira noite. - forcei um sorriso, tentando parecer animada. - Precisa de uma carona, senhorita...? - arqueei a sobrancelha.

- Swan, Emma Swan. - estendeu a mão, mas a retirou antes que eu tivesse chances de apertá-la. - É melhor eu não sujar você. - riu divertida.

- Precisa de uma carona? Está escuro pra voltar sozinha. - ofereci, sentindo que ia contra todos os meus princípios. Eu não era uma pessoa que me dava bem logo de cara com ninguém, mas a hospitalidade dela merecia o melhor que eu pudesse fazer pra compensar.

- Acho que vou ter que aceitar, eu sempre volto antes de pôr do sol.

Entramos no carro e esperei até que ela terminasse de passar o cinto de segurança para dar partida. Não estava muito longe da cidade, mas eu não ia ir a pé até lá e ainda mais sozinha. No final das contas estar em companhia, mesmo que de uma desconhecida, foi um alívio.

- E então, você tem um nome? - a voz de Swan soou interessada aos meus ouvidos. 

- Me chamo Regina Mills. - olhei para ela por milésimos de segundos e depois me concentrei na estrada. 

- Se mudando de Boston?

- Isso mesmo.

Basicamente essa foi toda a conversa que tivemos durante o caminho. Enquanto o silêncio preenchia o ambiente, sentia que devia pelo menos ser mais simpática com a mulher, afinal ela era um poço de doçura, mas ser sociável era algo que eu tinha certa dificuldade. 

Na verdade, a minha maior dificuldade mesmo era em manter contato. Eu podia ser agradável por minutos ou horas, mas no outro dia nada nem ninguém fazia mais parte da minha vida. Sempre gostei de curtir uma solidão, de estar bem com minha própria companhia.

Fazer amigos nunca foi o meu forte, mas também não posso dizer que eu me esforcei o suficiente. Ter me formado em Jornalismo me ensinou a manter apenas contatos profissionais, ou talvez eu fosse focada demais no meu trabalho pra usar minhas táticas de comunicação em outros quesitos.

De qualquer maneira, quando dobrei uma esquina, avistei o centro da cidade e estava perto de perguntar para Emma para onde deveria seguir para deixá-la em casa, a loira falou:

- Pode me deixar naquele mercado ali, preciso comprar umas coisas antes de ir. - apontou para a vaga mais próxima.

- Eu posso te esperar, se quiser.

- Não vai ser preciso. - tirou o cinto e se virou pra mim. - Vou ficar bem. - sorriu novamente e tive que retribuir. Antes de sair, me beijou na bochecha. Fiquei paralisada com a ousadia, mas algo me fazia gostar daquele jeito descontraído e levemente inocente dela. Mas ainda era estranho. Quem beija desconhecidos na bochecha?

Depois que desceu e deu a volta no carro para atravessar a rua, abaixei o vidro e gritei:

- Obrigada de novo! 

- Até parece! - ela respondeu, caminhando de costas pra poder me observar. - A gente se vê Regina. - mandou um beijo no ar e parou um pouco antes de entrar no estabelecimento. - Ah, e seja bem vinda à Storybrooke.

Não respondi. Esperei que ela entrasse na loja e segui para o meu bairro, que não era longe porque nada naquela cidade parecia ser muito distante. Reuni forças para descarregar o que faltava da mudança para dentro. Os móveis todos já estavam montados e a maioria no lugar, mas as miudezas ainda precisavam ser colocadas em ordem.

Depois que consegui achar um pijama nas inúmeras malas espalhadas pelo quarto recebi uma mensagem de Zelena.

"Sis, consegui trocar o fim de semana do Roland com o Robin e devemos chegar aí pra te ajudar na sexta à tarde, isso é claro, se você já não tiver arrumado tudo com essa sua mania chata de organização. Enfim, seu 'ursinho' está mandando um beijo. Sei que vai morrer de saudades de nós, mas cinco dias passam rapidinho. Bom primeiro dia de trabalho amanhã. Me liga quando não estiver ocupada. Se cuida, chica. Te amo."

Respondi com um simples 'ok' que sabia que iria irritá-la.

Abri um sorriso, mas logo senti meu coração doer. Durante os últimos meses tudo que sonhei foi em estar aqui, delirei por horas a fio sobre como seria maravilhoso terminar a droga do relacionamento de cinco anos em que me meti com Graham e vir viver na casa que fora de meu pai. Torci até para que Zelena e Roland viessem comigo, mas já era demais eu ter conseguido tomar tal atitude, não podia esperar isso deles também, não quando a vida do meu sobrinho girava em torno da cidade grande. Sentiria falta do meu 'ursinho', já que o amei desde que o exame de farmácia de Zelena deu positivo, mas a titia precisava se libertar.

Se ainda estivesse em Boston, mesmo em pleno domingo, estaria resolvendo os últimos detalhes das mátérias de segunda de manhã da Boston Magazine, recebendo ligações intermitentes de um namorado possessivo e sonhando em como seria bom ter amigos que pudessem me salvar daquela realidade dura.

E não para por aí! Chegaria atrasada no jantar sagrado de domingo no apartamento da minha mãe, mesmo toda a família morando no mesmo condomínio e ouviria ela falar sobre como a nova coleção de inverno que ela e Zelena estavam desenhando deveria ser prioridade na pauta da revista em que eu trabalhava.

Eu sentiria falta disso tudo, começava até pensar que já estava sentindo, afinal depois de um banho longo e relaxante a casa toda ficou no mais absoluto silêncio. Morei sozinha desde que terminei a faculdade, mas com a família no mesmo prédio era difícil estar só.

Me aconcheguei na minha cama e desejei que aquela vida nova fosse como eu sempre sonhei. E tinha tudo pra ser, porque até mesmo quando um "pequeno" obstáculo em forma de pneu furado surgiu, uma esperança sorridente chamada Emma brotou do chão. Fiz uma nota mental de tentar ser mais receptiva e aberta a amizades naquela nova fase. Apaguei em seguida.

 

Emma

 

- Eu já estava mandando seu pai ir com soldados atrás de você, Emma Nolan Blanchard Swan! - a voz da minha mãe adentrou os meus ouvidos enquanto eu travava uma batalha pra conseguir segurar uma grande quantidade de sacolas nos braços e fechar a porta ao mesmo tempo.

- Ih, chamou pelo nome inteiro. Parece que alguém está encrencada. - Neal, meu irmão mais novo debochou sem nem mesmo tirar os olhos do celular. Meu pai se dividia entre assistir ao noticiário e fazer palavras cruzadas.

- Trinta e três anos ainda são como trinta e três dias pra ela. - deu de ombros, rindo enquanto me olhava por cima do óculos. Atravessei a sala e segui para cozinha, onde minha mãe terminava de fazer o jantar.

- Mãe, eu sou a Major dessa cidade. - deixei as sacolas em cima do balcão e comecei a guardar tudo em seu devido lugar. - Você não precisa se preocupar tanto. - tranquilizei.

- Você sabe que eu detesto quando sai sem celular. - fez um bico, o que meu pai dizia que eu costumava fazer também.

- Eu fui correr, não achei que tinha necessidade de levar.

- E porque demorou? Você sempre volta antes de escurecer. - me olhou desconfiada, como sempre fazia quando qualquer coisa saísse o mínimo que fosse da nossa rotina.

- Ajudei uma mulher com o pneu furado e depois ela me deu uma carona até o mercado. - sorri, lembrando-me de Regina. Ela parecia ser um pouco séria e contida, mas tinha um brilho bonito no olhar que me deixou encantada. - Parece que é nova na cidade.

- Mas é uma salvadora mesmo essa minha filha. - veio até mim, enxugou as mãos no pano de prato e apertou minhas bochechas de modo que minha boca formasse um bico. - Agora vá tomar um banho e quando voltar chame aqueles dois lá na sala.

Dei um beijo forte em sua bochecha, apertando-a contra mim e corri para meu quarto. Cantarolei desafinada uma música das Spice Girls como sempre fazia e me apressei para descer, sentindo o estômago roncar cada vez mais alto.

Minha mãe tinha feito a carne assada que uma ex namorada adorava, e embora eu já tivesse superado o que quer que fosse que tínhamos vivido, aquele cardápio me fazia lembrar de Indrid imediatamente. Peguei meu celular esquecido no aparador ali perto e sentei-me na mesa com todos que pareciam apenas esperar que eu chegasse para começarem a comer.

- Quantas vezes eu tenho que falar que não quero celular na mesa? - minha mãe retrucou e Neal largou o smartphone no mesmo instante. - Emma! - repreendeu.

- Ruby está tendo um encontro terrível, mãe. - justifiquei, lançando para ela meu olhar mais convincente. Deve ter funcionado, porque seu olhar amoleceu um pouco. Respondi a mensagem e larguei o aparelho. - Eu avisei que o cara era um chato.

- Ah, qualquer cara vai ser um chato pra você Emma. - Neal revirou os olhos. A adolescência estava transformando meu irmão em um revirador de olhos compulsivo.

- Você fala isso porque acha que entende de garotas. - retruquei. Meus pais sorriam com a cena fraternal como se tivéssemos a mesma idade.

- Seu irmão nem tem idade pra entender de garotas. - Mary implicou, ciumenta em nível extremo quando o assunto era seus filhos e namoradas.

- Claro que tenho, não sou mais um bebê. - a mesa toda riu e ele fechou a cara. Aproveitei para me servir com um pouco mais de comida. - Vocês ficam rindo, mas ninguém nunca reclamou das minhas táticas de sedução. As meninas me adoram.

Quase morri engasgada de tanto rir. Além de Neal, a única pessoa séria na mesa era minha mãe. Meus pais me tiveram quando ainda eram muito jovens e mesmo que eu seja a pessoa mais sortuda do mundo por eles serem cabeça aberta e descolados, tinha certos assuntos que faziam com que ficassem de cabelos em pé. No caso, isso se aplicava muito mais a minha mãe, porque meu pai era a pessoa mais tranquila da face da terra.

- Você mal saiu das fraldas garoto, olha o que tá falando. - dei um peteleco na cabeça dele. Minha mãe terminou de comer e agora se limitava a tomar seu suco de beterraba e cenoura com cara de poucos amigos.

- Você fala isso porque não tá pegando ninguém, irmãzinha. - mostrou-me a língua. Passou as mãos pelos cabelos negros que puxou de minha mãe e fez cara de desdém. Esse moleque está cada dia mais abusado.

- Pra você é irmãzona, me respeita.

- Mas ele tem razão, há quanto tempo você não transa Emma? - meu pai entrou na conversa. Às vezes eu preferia quando ele se mantinha mudo e apenas observando.

- Desde a Milah, aposto. 

- Porque a pauta se tornou a minha vida sexual inativa? - perguntei, sentindo as bochechas queimarem. Sempre falamos de tudo e qualquer coisa, mas eu tinha meus limites. Quem é que fica falando da vida sexual com os pais e o irmão de quinze anos como se não fosse nada demais? 

Levantei da mesa assim que meu pai retirou os pratos e começou a lavar. 

- Dois anos? Eu tenho dó da pessoa que conseguir alguma coisa. - a voz da minha mãe soou divertida enquanto se encaminhava para sala. - Se ela conseguir passar pelas teias de aranha, vai morrer de exaustão pra compensar o tempo perdido.

Meu pai e Neal ainda ficaram um bom tempo rindo da minha cara enquanto terminávamos de arrumar a cozinha. Mamãe já tinha ido se deitar quando me lembrei de que amanhã era início de ano letivo, o que significava que a Storybrooke Middle School teria a sua adorada palestra de profissões, o que me fazia tremer de medo porque nesse ano David tinha me escolhido para falar diante de toda uma escola sobre a carreira militar. Eu ainda não sei porque tínhamos que fazer isso, durante todos esses anos ele vai lá e fala sobre a mesma coisa, todo mundo já sabe, porque eu tenho que ir desta vez? 

- Não Emma, você tem que superar essa vergonha que tem de falar em público. - meu pai falou sério e ali eu desisti de tentar convencê-lo de ir no meu lugar. - Boa noite filha.

O Coronel entrou para seu quarto depois de me dar um beijo na testa e eu segui derrotada para o meu. Não era só vergonha de falar em público, eu não tinha vergonha de nada, sempre fui espontânea e extrovertida, mas peguei um certo trauma de falar na frente de muitas pessoas desde que tinha de ouvir piadinhas enquanto apresentava trabalhos na escola.

Não posso reclamar, nunca sofri algum preconceito pesado ou físico, mas piadinhas de colegas de classe me fizeram ter vergonha de ser totalmente eu mesma em lugares lotados. Esse pensamento me fez lembrar de Regina. Partindo de todos os meus princípios, eu ajudaria até mesmo meu pior inimigo se o visse com o pneu estourado numa estrada deserta. Mas eu sentia que mesmo ela tendo um comportamento mais cordial do que o meu, não conseguia ter vergonha dela.

Eu até a beijei na bochecha! Tenho certeza de que se nos encontrarmos mais vezes ela pode ser uma ótima candidata para o clubinho formado por Ruby, Killian e eu. Isso se ela não achar que sou uma maluca que sai beijando bochechas desconhecidas.

 

"Querida, você não sabe

 Que todas as lágrimas vem e vão

 Querida, você só precisa se decidir

 Que tudo vai ficar bem"




Notas Finais


Essa vai ser uma fic leve, com um pouco de comédia e aquele romancinho água com açúcar que a gente fala mal, mas no fundo adora. Me dêem o feedback, quero saber o máximo que puderem me contar sobre esse primeiro cap.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...