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História Hogwarts lendo Percy Jackson - Eu destruo um ônibus.


Escrita por: nieceofthegods

Capítulo 13 - Eu destruo um ônibus.



DEZ – Eu destruo um ônibus.

A viajante, dessa vez era uma garota de pele morena, cabelos castanhos e olhos dourados. Usava uma camiseta roxa idêntica a de Frank, calça clara e botas de montaria, carregava uma espada, mas todos da quinta mesa sabiam que ela não precisava disso para derrotar ninguém.

- Sou Hazel Levesque, muito prazer- disse a garota,cumprimentou todos que estavam na mesa dos professores e foi a quinta mesa sentando ao lado de seu namorado.

Lupin leu o título em voz alta, depois olhou para a quinta mesa 

- O amigo de vocês é muito azarado né?

- Você não sabe o quanto - Will disse, eles veriam ( ou melhor leriam) toda a historia de Percy até a parte que ele não tinha contado.

Não precisei de muito tempo para fazer as malas. Decidi deixar o cifre do Minotauro no meu chalé, então só restaram uma muda extra de roupas e uma escova de dentes para enfiar numa mochila que Grover encontrara para mim. A loja do acampamento me emprestou cem dólares em dinheiro mortal e vinte dracmas de ouro. Essas moedas eram grandes como um biscoito gigante, tinham imagens de diversos deuses gregos estamapadas de um lado e o Edifício Empire States do outro.

- Tipo os galeões, também tem desenhos na parte de traz - falou Rony.

 Os dracmas dos mortais antigos eram de prata, Quíron nos contou, mas os olimpianos nunca usavam nada menos que ouro puro. 

- Muito orgulhosos - Thalia disse.

Quíron disse que as moedas poderiam vir a calhar para transações não-mortais - o que quer que isso significasse. Ele deu a Annabeth e a mim um cantil de néctar e um saco hermético cheio de quadradinhos de ambrosia, para usar somente em emergências, se fôssemos gravemente feridos. Aquilo era o alimento dos deuses, Quíron lembrou. Iria nos curar de qualquer ferimento, mas era letal para mortais. Em excesso, poderia deixar um meio-sangue com muita, muita febre. Uma overdose nos faria pegar fogo, literalmente.

- Então se o Leo consumisse muito disso não ia acontecer nada com ele ? - comentou Hazel deixando a pergunta em aberto, mas não recebendo resposta.

 Annabeth carregava seu boné mágico dos Yankees, que era, ela me contou, um presente da mãe pelo seu décimo segundo aniversario. Ela levou um livro sobre a famosa arquitetura clássica, escrito em grego antigo, para ler quando estivesse entediada, 

- Ela não devia ter levado esse livro - disse Grover.

e carregava uma comprida faca de bronze escondida na manga da camisa. Eu tinha certeza de que a faca ia nos causar problemas na primeira vez em que passássemos por um detector de metais. 

 Por que que o Percy tinha que ser tão lerdo ? . Pensou Frank.

Grover estava com seus pés falsos e calças para passar por ser humano. Usava uma touca verde estilo rastafári, porque, quando chovia, seu cabelo encaracolado se achatava, deixando aparecer a ponta dos chifres. Sua mochila berrante, alaranjada, estava cheia de sucata de metal e maçãs para o lanche. Em seu bolso havia um conjunto de flautas de bambu que o papai-bode esculpira para ele, muito embora ele só conhecesse duas músicas: o Concerto para Piano n° 12, de Mozart, e So Yesterday, de Hilary Duff, e ambas soassem muito mal em flautas de bambu. 

- Ele devia ter me avisado disso - falou Grover, pensando que naquela época ele era muito ruim mesmo.

Acenamos em despedida para os outros campistas, demos uma última olhada para os campos de morangos, o oceano e a Casa Grande, depois subimos a Colina Meio-Sangue até o alto pinheiro que outrora fora Thalia, filha de Zeus. Quíron nos esperava em sua cadeira de rodas. Ao lado dele estava o surfista que eu tinha visto quando me recuperava no quarto doente. De acordo com Grover, o cara era chefe de segurança do acampamento. Supostamente, tinha olhos espalhados pelo corpo inteiro para jamais ser pego de surpresa. 

- Bizarro, sim ou claro ? - comentou um garoto da ravenclaw 

Naquele dia, no entanto, usava uniforme de chofer, então só pude ver os olhos extras das mãos, do rosto e do pescoço. 
- Este é Argos - disse Quíron. - Vai levar vocês de carro até a cidade e, ahn, bem, ficar de olho em tudo.

- Péssimo trocadilho - exclamou Tonks.

Ouvi passos atrás de nós. Luke veio correndo colina acima, carregando um par de tênis de basquete. 
- Ei! - ofegou ele. - Ainda bem que alcancei vocês.
 Annabeth corou,

- Isso é bizarro - afirmou Leo.
 

como sempre acontecia quando Luke estava por perto. 
- Só queria desejar boa sorte 

- É claro que queria - Grover não tinha muita raiva de Luke, mas se lembrava que quase morreu por causa daqueles tênis.

- disse ele para mim. - E pensei... ahn, quem sabe você poderia usar isso.
 Ele me entregou os tênis, que pareciam bastante normais. Tinham até cheiro de normais.
 Luke disse: - Maia! 
Asas brancas de ave brotaram dos calcanhares, deixando-me tão surpreso que os deixei cair. Os tênis bateram as asas no chão até que estas se dobraram e desapareceram.

- Tênis alados! - exclamou um Slynterin - Que legal.

- Impressionante! - disse Grover. Luke sorriu. -
 Ajudaram muito quando eu estava na minha missão. Presente do papai. É claro, eu não os uso muito hoje em dia... - Sua expressão tornou-se triste. Eu não sabia o que dizer. Já era bem legal o fato de Luke ter ido se despedir. Tinha receio de que ele estivesse magoado comigo por ter ganho tanta atenção nos últimos dias. Mas ali estava ele, com um presente mágico... Aquilo me fez corar quase tanto quanto Annabeth. 

- É um pouco difícil imaginar a Annabeth fazer isso - falou Connor.

- Ei, cara, obrigado.

 - Escute, Percy... - Luke pareceu sem graça. - Todos esperam muito de você. Então, apenas... mate alguns monstros por mim, ok?

- Mas sem pressão - brincou Fred.
 

Trocamos um aperto de mãos. Luke afagou a cabeça de Grover entre os chifres e depois deu um grande abraço em Annabeth, que pareceu que ia desmaiar. 

- Se a Annie estivesse aqui eu já teria zuado muito ela - disse Leo.

- Ia ser muito engraçado? Ia - confirmou Will - Ia ser a última coisa que ia fazer na vida? Provavelmente.

Depois que Luke se foi, eu disse a ela: 
- Você está com a respiração acelerada. 
- Não estou, não. 
- Você o deixou capturar a bandeira em seu lugar, não foi? 
- Ai... por que mesmo eu quero ir a algum lugar com você, Percy?

- Por que você o ama ? - perguntou Piper retoricamente.

 Ela desceu batendo os pés para outro lado da colina, onde um utilitário esportivo branco esperava no acostamento da estrada. Argos a seguiu, balançando as chaves do carro. Peguei os tênis voadores e tive uma súbita sensação ruim. Olhei para Quíron. 
- Eu não vou poder usar isso, não é? 

- Não - disseram todos.

Ele sacudiu a cabeça. 
- A intenção de Luke foi boa, 

- Não tenho certeza - murmurou Avalon, que tinha notado alguns olhares que a quinta mesa lançava ao livro.

Percy. Mas subir para o ar.... não seria muito inteligente de sua parte.
 Eu assenti, desapontado, mas então tive uma idéia. 
- Ei, Grover. Você quer um apetrecho mágico? 

- Foi muito gentiu da parte dele - comentou Neville.

Seus olhos se iluminaram. 
- Eu? - Rapidamente, amarramos os tênis por cima dos seus falsos pés, e o primeiro menino-bode voador do mundo estava pronto para o lançamento. 
- Maia! - bradou. Ele se ergueu do chão muito bem, mas então tombou de lado e sua mochila arrastou-se pela grama. Os tênis alados ficaram corcoveando para o alto e para baixo como minúsculos cavalos selvagens.
- Prática - gritou Quíron para ele. - Você só precisa de prática.
- Aaaaaa! - Grover saiu voando de lado colina baixo, como um cortador de grama ensandecido, em direção à van.

Todos gargalharam deixando o sátiro em questão muito vermelho.

 Antes que eu pudesse segui-lo, Quíron segurou meu braço. 
- Eu devia tê-lo treinado melhor, Percy - disse ele. - Se ao menos tivesse tido mais tempo. Hércules, Jasão... todos receberam mais treinamento. 

- Fico pensando, e se o Percy tivesse recebido treinamento antes dessa missão, o que será que teria acontecido? - Grover pensou um pouco,se o amigo era capaz de derrotar o deus da guerra com 12 anos e sem treinamento, imagina se tivesse recebido treinamento?

- Tudo bem. Só queria.... 
Eu me interrompi pois estava prestes a soar como uma criança mimada. Queria que meu pai tivesse me dado uma coisa mágica legal para ajudar na minha missão, algo tão bom quanto os tênis voadores de Luke ou o boné invisível de Annabeth. 
- Onde estou com a cabeça? - exclamou Quíron. - Não posso deixar você ir sem isso. 
Ele puxou uma caneta do bolso do casaco e me entregou. Era uma esferográfica descartável comum, tinta preta, tampa removível. Custava provavelmente trinta centavos.

- Quando você achar uma dessas de trinta centavos me avisa. - disse Piper.

- É aquela? - indagou um aluno curioso, recebendo aceno de concordância.

 - Puxa - disse eu. - Obrigado. 
- Percy, isto foi um presente de seu pai. Guardei durante anos, sem saber que era você que eu estava esperando. Mas a profecia agora está clara para mim. Você é o escolhido.
 Lembrei-me da excursão ao Metropolitan Museum of Art, quando reduzi a Poá a sra. Dodds. Quíron me jogara uma caneta que se transformou em espada. Será que aquilo era...? Tirei a tampa, e a caneta ficou mais comprida e pesada em minha mão. Em meio segundo eu estava segurando uma reluzente espada de bronze com lâmina de fio duplo, cabo envolvido em couro e uma guarda chata rebitada com pinos de ouro.

- Não vou negar, isso é muito legal - exclamou Tonks.

 Era a primeira arma que realmente parecia equilibrada em minha mão. 

- A espada tem uma história longa e trágica, sobre a qual não precisamos falar - contou-me Quíron. - Seu nome é Anaklusmos.

 - Contracorrente - traduzi, surpreso que o grego antigo me tenha vindo tão fácil. 
- Mas só a use para emergências - disse Quíron, - e apenas contra monstros. Nenhum herói deve ferir mortais, só se for absolutamente necessário, é claro, mas esta espada não os feriria em nenhum caso. 

- Fiquei confuso - disse Rony.

Olhei para a lâmina cruelmente afiada. - Como assim, não feriria mortais? Como ela pode não ferir? 
- A espada é de bronze celestial. Forjada pelos Ciclopes, temperada no coração do monte Etna, resfriada no rio Lete. É mortífera para monstros, para qualquer criatura do Mundo Inferior, desde que não matem você primeiro. Mas a lâmina passará através de mortais como uma ilusão. Eles não são bastante importantes para serem mortos pela lâmina.

- Imagina se a Rachel estivesse aqui. - falou Hazel.

 E devo avisá-lo: como um semideus, você pode ser morto tanto por armas celestiais quanto por armas normais. Você é duas vezes mais vulnerável.

- Que legal - ironizou Draco.

 - Bom saber. - Agora recoloque a tampa na caneta. Encostei a tampa da caneta na ponta da espada e instantaneamente Contracorrente encolheu e se transformou de novo em uma esferográfica. Enfiei-a no bolso um pouco nervoso, porque na escola tinha a fama de perder canetas. 
- Não há riscos - disse Quíron.

- As vezes eu me pergunto se o Quiron pode ler mentes - comentou Thalia.

- De quê?
- De perder a caneta - disse ele. - É encantada. Sempre vai reaparecer no seu bolso. Experimente. 
Eu estava desconfiado, mas atirei a caneta o mais longe que pude colina abaixo e a vi desaparecer na grama. 
- Pode levar alguns instantes - disse Quíron. - Agora verifique o bolso. 
Sem dúvida, a caneta estava lá. 
- Certo, isso é muito legal - admiti. - Mas e se um mortal me vir puxando uma espada? 
Quíron sorriu. - A Névoa é algo poderoso, Percy. 
- A Névoa? 
- Sim. Leia a Ilíada. Está cheia de referências a isso.

- Ele não leu - disse Grover.

 Sempre que elementos divinos ou monstruosos se misturam com o mundo mortal, eles geram a Névoa, que tolda a visão dos seres humanos. Você verá as coisas exatamente como são, sendo um meio-sangue, mas os seres humanos interpretarão tudo de modo muito diferente. É realmente incrível até que ponto os seres humanos podem ir para adaptar as situações à sua concepção de realidade.
 Pus Contracorrente de volta no bolso. Pela primeira vez, senti a missão como algo real. Eu estava de fato deixando a Colina MeioSangue. Estava indo para o oeste sem nenhuma supervisão de adulto, sem um plano B, nem mesmo um telefone celular.

- Nós sempre fazemos isso - falou Frank.

 (Quíron disse que os telefones podiam ser rastreados por monstros; se usasse um, seria pior do que lançar um foguete de sinalização.) Eu não tinha nenhuma arma mais poderosa do que uma espada para combater monstros e chegar à Terra dos Mortos. 
- Quíron... - falei. - Quando você diz que os deuses são imortais... quer dizer, havia um tempo antes deles, certo? 

Muitos dos que estavam ali queriam saber, a maioria deles ou eram Sangues puros ou mestiços.

- Quatro era antes deles, na verdade. O Tempo dos Titãs foi a Quarta Era, às vezes chamada de Era de Ouro, o que sem dúvida é um nome impróprio. Esta época, a época da civilização ocidental e reinado de Zeus, é a Quinta Era. 
- Então como era... antes dos deuses?
 Quíron contraiu os lábios. - Nem mesmo eu sou bastante velho para me lembrar disso, criança, mas sei que era um tempo de trevas e selvageria para os mortais. Cronos, o Senhor dos Titãs, chamou seu reinado de Era de Ouro porque os homens viviam em inocência e livres de todo o conhecimento. Mas isso era mera propaganda. O rei Titã não se importava nada com sua espécie a não ser para servir de aperitivo, ou como fonte de entretenimento. Foi só no início do reinado do Senhor Zeus, quando Prometeu, o bom Titã, trouxe o fogo para a humanidade, que sua espécie começou a evoluir, e mesmo então Prometeu foi estigmatizado como pensador radical. Zeus o castigou severamente, como você deve se lembrar. É claro, por fim os deuses se interessaram pelos seres humanos, e nasceu a civilização ocidental. 
- Mas agora os deuses não podem morrer, certo? 

- Pelo que eu sei até agora, eles são imortais, né? - Astória tinha estudado o assunto, sabia que era um pouco confuso.

Quero dizer, enquanto a civilização ocidental estiver viva, eles estarão vivos. Assim... mesmo se eu fracassar, nada pode acontecer de tão ruim a ponto de estragar tudo, certo? 
Quíron me deu um sorriso melancólico.
- Ninguém sabe quanto tempo a Era do Ocidente irá durar, Percy. Os deuses são imortais, sim. Mas os Titãs também eram imortais. Eles ainda existem, trancados em suas várias prisões, forçados a suportar dores e castigos infinitos,

- Dores e castigos sim, infinitos ai já é outra história - disse Nico. 

 com o poder reduzido, mas ainda muito vivos. Que as Parcas não permitam que os deuses sofram tal maldição, ou que retornemos às trevas e aos caos do passado. Tudo o que podemos fazer, criança, é seguir nosso destino. 
- Nosso destino... presumindo que saibamos qual é. 
- Relaxe - disseme Quíron. - Mantenha as idéias no lugar. E lembre-se, você pode estar a ponto de evitar a maior guerra da história humana. 

- Então relaxe - falaram juntos o gêmeos Weasley, os irmãos Stolls e o Leo.

- Relaxe - disse eu. - Estou muito relaxado. 

Quando cheguei ao pé da colina, olhei para trás. Sob o pinheiro que outrora era Thalia, filha de Zeus, Quíron estava em plena forma de homem-cavalo, segurando no alto seu arco em saudação. Uma típica despedida do acampamento de verão pelo seu típico centauro.

- Muito típico - disse Alguém.
                                                                         ***** 

Argos nos levou para fora da zona rural em direção ao oeste de Long Island. Era esquisito estar novamente em uma auto-estrada, com Annabeth e Grover sentados ao meu lado como se fôssemos caronas normais. Depois de duas semana na Colina Meio-Sangue, o mundo real parecia uma fantasia. Surpreendi-me olhando para cada McDonald’s, cada criança no banco traseiro do carro dos pais, cada cartaz e cada shopping center.
 - Até agora, tudo bem - disse a Annabeth. - Quinze quilômetros e nem um único monstro. 

- Assim você traz má sorte - reclamou Mione.

Ela me lançou um olhar irritado. 
- Falar desse jeito traz má sorte, cabeça de alga. 
- Ajude-me a lembrar: por que você me odeia tanto? 
- Eu não odeio você. 

- Não é o que parece - disse Cho.

- Posso estar enganado. 
Ela dobrou o boné de invisibilidade. - Olhe... é só que não deveríamos nos dar bem, ok? Nossos pais são rivais. 
- Por quê? 
Ela suspirou. - Quantas razões você quer? Uma vez minha mãe pegou Poseidon com a namorada dele no templo de Atena, o que é superdesrespeitoso. Outra vez, Atena e Poseidon competiram para ser o deus patrono da cidade de Atenas. Seu pai criou uma estúpida fonte de água salgada como presente. Minha mãe criou a oliveira. As pessoas viram que o presente dela era melhor, portanto deram à cidade o nome dela.

- Eles realmente gostavam de azeitonas. - falou Rony.

 - Elas realmente devem gostar de azeitonas. 

O garoto ficou momentaneamente vermelho.

- Ah, deixa pra lá. 
- Agora, se ela tivesse inventado a pizza... isso eu poderia entender.

- O Percy pode ser bem irritante quando quer - exclamou Hazel.

 - Eu disse: deixa pra lá.
 No assento dianteiro, Argos sorriu. Ele não disse nada, mas olho azul na sua nuca piscou para mim.

- Se o Argos shippa Percabeth quem sou eu pra não shippar - comentou Piper recebendo concordância de Hazel.

O trânsito ficou lento no Queens. Quando chegamos a Manhattan já era pôr-do-sol e começava a chover. Argos nos largou na Estação Greyhound no Upper East Side, não longe do apartamento de minha mãe e Gabe. Em uma caixa de correio, preso com fita adesiva, havia um folheto encharcado com meu retrato: VOCÊ VIU ESTE MENINO? Eu o arranquei antes que Annabeth e Grover pudessem vê-lo.

- Nós vimos só não dissemos nada.

Argos descarregou nossas malas, certificou-se de que havíamos conseguido as passagens de ônibus e então foi embora, o olho nas costas de sua mão se abrindo para nos observar enquanto tirava o carro do estacionamento. Pensei em como estava perto do meu velho apartamento. Em um dia normal, minha mãe estaria chegando em casa da doceria mais ou menos naquela hora. Gabe Cheiroso provavelmente estava lá, jogando pôquer, sem nem sentir a falta dela. Grover pôs sua mochila nos ombros. Olhou rua abaixo, na direção em que eu estava olhando. 
- Quer saber por que ela se casou com ele, Percy? 
Olhei para ele. - Você está lendo a minha mente ou coisa assim? 

- Só as suas emoções. 

- Isso deve ser bem legal - disse Lupin. 

- Ele encolheu os ombros. - Acho que me esqueci de contar que os sátiros podem fazer isso. Você estava pensando na sua mãe e no seu padrasto, certo? 
Eu assenti, me perguntando o que mais Grover teria esquecido de contar. 
- Sua mãe se casou com gabe por você - Grover me contou. - Você o chama de ―Cheirosoǁ, mas não tem idéia. O cara tem essa aura... Eca, eu posso sentir o cheiro dele daqui. Posso sentir vestígios do cheiro dele em você, e já faz uma semana que você esteve perto dele. 
- Obrigado - falei. - Onde fica o chuveiro mais próximo?

- Eu faria a mesma coisa se fosse eu no lugar dele - falou Justino.

 - Você devia ser grato, Percy. Seu padrasto tem um cheiro tão repulsivamente humano que pode mascarar a presença de qualquer semideus. Assim que inalei o ar dentro do seu Camaro, eu soube: Gabe esteve encobrindo seu cheiro por anos. Se você não tivesse morado com ele durante todos os verões, provavelmente teria sido encontrado por monstros muito tempo atrás. Sua mãe ficou com ele para proteger você. Era uma senhora esperta. Devia amar muito você para aturar aquele cara... se é que isso o faz se sentir melhor.

- Não faz, mas foi uma boa tentativa - Gina sorriu para Grover, e por algum motivo Harry ficou com ciúmes. 

 Não fazia, mas me forcei para não demonstrar. Eu a varei de novo, pensei. Ela não se foi. Fiquei imaginando se Grover ainda podia ler as minhas emoções, confusas como estavam. Estava grato por ele e Annabeth estarem comigo, mas me sentia culpado porque não fora sincero com eles. Não lhes contara a verdadeira razão de ter dito sim para aquela missão maluca. A verdade era que eu não me importava em recuperar o relâmpago de Zeus, em salvar o mundo ou mesmo em ajudar meu pai a sair da encrenca. Quanto mais pensava nisso, mas me ressentia de Poseidon por nunca ter me visitado, nunca ter ajudado a minha mãe, nunca se quer mandado uma droga de cheque de pensão alimentícia. Ele só me reconhecera porque tinha um serviço a ser feito. Eu só me preocupava com minha mãe. Hades a levara injustamente, e Hades iria devolvê-la. Você será traído por aquele que chama de amigo, sussurrou o Oráculo em minha mente. E, no fim, irá fracassar em salvar aquilo que mais importa. Cale a boca, respondi.

- Falar sozinho é o primeiro sinal de loucura - disse Alguém da Ravenclaw.

Avalon sorriu, sempre que estava lendo algum livro ela tinha a mania de falar sozinha.
                                                                          *****
 

A chuva continua caindo. Ficamos impacientes esperando o ônibus e decidimos brincar de footbag com uma das maçãs de Grover. Annabeth foi incrível. Ela era capaz de arremeter a maçã com o joelho, com o cotovelo, com o ombro, ou o que fosse. Eu mesmo não era de todo ruim. O jogo terminou quando arremessei a maçã para Grover e ela chegou perto demais da sua boca. Em uma megamordida de bode, nossa footbag desapareceu - miolo, pedúnculo e tudo.

Todos sorriram deixando novamente o sátiro muito corado.

 Grover enrubesceu. Ele tentou se desculpar, mas Annabeth e eu estávamos muito ocupados dando risada.
Finalmente o ônibus chegou. Enquanto estávamos na fila para embarcar, Grover começou a olhar em volta, farejando o ar do jeito como farejava seu lanche favorito na cantina da escola enchiladas. 
- O que foi isso? - perguntei. 
- Não sei - disse ele, tenso. - Talvez não seja nada. 

- Sempre confie nos seus instintos - falou Kingsley.

Mas podia perceber que era alguma coisa. Também comecei a olhar para trás por cima do ombro. Fiquei aliviado quando afinal embarcamos e encontramos lugar juntos na parte de trás do ônibus. Guardamos nossas mochilas. Annabeth batia nervosamente seu boné dos Yankees na coxa. Quando os últimos passageiros subiram, Annabeth apertou com força o meu joelho. 
―Percy.
 Uma senhora acabava de embarcar no ônibus. Usava vestido de veludo amarrotado, luvas de renda e chapéu laranja, tricotado e disforme, que encobria seu rosto, e carregava uma grande bolsa de lã estampada. Quando ergueu a cabeça seus olhos pretos faiscaram, e meu coração deu um pulo. Era a sra. Dodds.

- Ferrou - disse George.

 Mais velha, mas enrugada, mas sem dúvida a mesma cara maligna. Eu me encolhi no assento. Atrás dela subiram mais duas senhoras: uma de chapéu verde, outra de chapéu roxo. A não ser por isso, eram parecidíssimas com a sra. Dodds - as mesmas mãos encarquilhadas, as mesmas bolsas de lã, os mesmo vestidos de veludo enrugados. Um trio de avós demoníacas.

- Representou direitinho - comentou Hazel recebendo uma confirmação de Nico e Thalia.

 Elas se sentaram na fileira da frente, logo atrás do motorista. As duas no corredor cruzaram as pernas bem na passagem, formando um X. Aquilo era bastante normal, mas enviava uma mensagem clara: ninguém sai. O ônibus partiu da estação e seguimos pelas ruas escorregadias de Manhattan. 
- Ela não ficou morta muito tempo - disse eu, tentando impedir minha voz de tremer. - Achei que você tivesse dito que eles podem ser afastados por toda uma vida.

- Se você tivesse sorte - falou Gui.

 - Eu disse, se você tiver sorte - disse Annabeth. - Você obviamente não tem. 
- Todas as três - choramingou Grover. - Di immortales! 
- Está tudo bem 

- Ta tudo, menos bem - disseram juntos Nico e Will.

- disse Annabeth, obviamente se empenhando em pensar. - As Fúrias. Os três piores monstros do Mundo Inferior. Sem problemas. Sem problemas. Vamos simplesmente saltar pelas janelas. 

- Isso. - disseram alguns alunos.

- Não abrem - gemeu Grover. 

- Mas que droga - falou Dino baixinho.

- Uma saída nos fundos? - sugeriu ela.

- Isso - disseram novamente.

Não havia nenhuma. 

- Vamo começar a queimar sal grosso né meu povo - brincou Tonks.

E, mesmo que houvesse, não teria ajudado. Àquela altura, estávamos na Nona Avenida, em direção ao Túnel Lincoln. 
- Elas não vão nos atacar com testemunhas em volta 

- Não teria tanta certeza - falou Lila.

- disse eu. - Ou vão?
 - Os mortais não têm bons olhos

- O Jason tá aqui de prova - exclamou Leo enquanto apontava o amigo que usava óculos.

 - lembrou-me Annabeth. - Seus cérebros só podem processar o que eles vêem através da Névoa. 
- Eles vão ver três velhas nos matando, não vão? 
Ela pensou a respeito. - Difícil dizer. Mas não podemos contar com a ajuda de mortais. Talvez uma saída de emergência no teto...? 
Chegamos ao Túnel Lincoln, e o ônibus ficou às escuras a não ser pelas luzes do corredor. Estava assustadoramente silencioso sem o ruído da chuva.
A sra. Dodds se levantou. Com uma voz inexpressiva, como se tivesse ensaiado aquilo, ela anunciou para o ônibus inteiro: 
- Preciso usar o toalete. 
- Eu também - disse a segunda irmã. 
- Eu também - disse a terceira irmã.

- Tá bom, isso foi burrice - disse Pansy.

 Todas elas começaram a se aproximar pelo corredor. 
- Já sei - disse Annabeth. - Percy, pegue meu chapéu.
 - O quê? 
- É você que elas querem. Fique invisível e siga pelo corredor. Deixe que elas passem por você. Talvez você possa chegar até a frente e escapar.

- Como se ele fosse abandonar eles - falou Will que segurava a mão do namorado por baixo da mesa.

 - Mas vocês... 
- Há uma pequena possibilidade de que elas não reparem em nós - disse Annabeth. - Você é filho de um dos Três Grandes. Seu cheiro deve encobrir o nosso. 
- Não posso abandonar vocês. 
- Não se preocupe conosco - disse Grover. - Vá! 
Minhas mãos tremiam. Eu me senti um covarde, mas peguei o boné dos Yankees e pus na cabeça. Quando olhei para baixo, meu corpo não estava mais ali. Comecei a me esgueirar pelo corredor. Consegui passar dez fileiras, depois me esquivei para um assento vazio bem quando as Fúrias passaram. A sra. Dodds parou, farejando, e olhou diretamente para mim. Meu coração estava disparado. Parecia não ter visto nada. Ela e as irmãs continuaram andando. Eu estava livre. Cheguei até a frente do ônibus. Já estávamos quase saindo do Túnel Lincoln. Estava a ponto de apertar o botão de parada de emergência quando ouvi lamentos abomináveis vindos da fileira do fundo.

O clima estava tão tenso que era possível cortar com uma faca.

As velhas não eram mais velhas. Os rostos ainda eram os mesmos - acho que seria impossível ficarem mais feios -, mas os corpos haviam murchado e tinham o aspecto de um couro marrom sobre formas de bruxas, com asas de morcego e mãos e pés como garras de gárgulas. As bolsas viraram chicotes chamejantes. As Fúrias cercaram Grover e Annabeth estalando os chicotes e sibilando: 
- Onde está? Onde? 

 

''Onde esta? '' Pensou Avalon.

As outras pessoas no ônibus estavam gritando, escondendo-se em seus bancos. Certo, elas viram alguma coisa. 
- Ele não está aqui! - gritou Annabeth. - Saiu!
 As Fúrias ergueram os chicotes. Annabeth sacou a faca de bronze. Grover agarrou uma lata da sua sacola de lanches e se preparou para jogá-la.

'' Melhor defesa de todas latas '' pensou Draco, mas resolveu não falar nada.
 

O que eu fiz a seguir foi tão impulsivo e perigoso que eu merecia ser o rei do transtorno do déficit de atenção do ano. O motorista do ônibus estava distraído, tentando enxergar o que estava acontecendo pelo espelho retrovisor. Ainda invisível, agarrei o volante e dei um tranco para a esquerda.

- Esse menino é doido - comentou Profª Sprout.

 Todos gritaram ao serem jogados para a direita, e ouvi o que esperava ser o som das três Fúrias esmagadas contra as janelas.

- Melhor som de todos - disse Nico.

 - Ei! - gritou o motorista. - Ei! Oaaa!
 Ele lutou para segurar o volante. O ônibus chocou-se com a lateral do túnel, o metal arrastado pela parede lançando fagulhas um quilômetro atrás de nós. Saímos de lado do túnel, de volta à tempestade, com pessoas e monstros arremessados de um canto a outro do ônibus e carros jogados de lado como se fossem pinos de boliche. De algum modo o motorista achou uma saída. Arremessamo-nos para fora da auto-estrada, passamos méis dúzia de semáforos e acabamos disparando por uma daquelas estradas rurais de New Jersey, nas quais não dá para acreditar que exista tanto nada do outro lado do rio quando se deixa Nova York. Havia bosques à nossa esquerda e o rio Hudson à direita, e o motorista parecia se desviar na direção do rio. Outra grande idéia: aperto o freio de emergência.

- Põe grande ideia nisso ... - começou Fred.

- Ideia de morte. - finalizou George.

 O ônibus gemeu, traçou um circulo completo sobre o asfalto molhado e se chocou contra as árvores. As luzes de emergência se acenderam. A porta se abriu. O motorista foi o primeiro a sair, com os passageiros gritando enquanto fugiam em pânico atrás dele. Subi no assento do motorista e deixei-os passar. As Fúrias retomaram o equilíbrio. Estalaram os chicotes para Annabeth enquanto ela brandia a faca e gritava em grego antigo que recuassem. Grover atirava latas. Olhei para a porta aberta. Eu estava livre para partir, mas não podia abandonar meus amigos. Tirei o boné invisível. 
- Ei!
 As Fúrias se viraram, mostrando as presas amareladas para mim, e a saída de repente me pareceu uma excelente idéia.

- Concordo - disse Molly.

 A sra. Dodds avançou de modo arrogante pelo corredor, como costumava fazer em classe, pronta para entregar meu F na prova de matemática. Cada vez que ela estalava o chicote, chamas vermelhas dançavam pelo couro farpado.
Suas duas irmãs horrorosas pularam para cima dos assentos de ambos os lados e se arrastaram na minha direção como dois lagartos enormes e asquerosos. 
- Perseu Jackson - disse a sra.Dodds com um sotaque que vinha de algum lugar mais distante do que o sul da Geórgia. - Você ofendeu os deuses. Você deve morrer.

- Ele já ofendeu muitos deuses e nunca morreu - falou Frank.

 - Eu gostava mais de você como professora de matemática - falei.

- E ainda provoca - disse Harry.

 Ela rosnou. Annabeth e Grover se aproximaram com cautela por trás das Fúrias, procurando uma passagem. Tirei a esferográfica do bolso e a destampei. Contracorrente se alongou e virou uma reluzente espada de fio duplo. As Fúrias hesitaram. A sra. Dodds já havia sentido a lamina de Contracorrente antes. Obviamente não gostou de vê-la de novo.

- Nenhum monstro gosta - comentou Piper distraidamente.

 - Renda-se agora - sibilou. - E não sofrerá o tormento eterno.
 - Boa tentativa - disse a ela. 
- Percy, cuidado! - gritou Annabeth. A sra. Dodds lançou seu chicote em volta da mão com a qual eu segurava a espada, enquanto as Fúrias em cada lado pularam em cima de mim. Era como se minha mão estivesse envolta em chumbo derretido, mas consegui não soltar Contracorrente. Atingi a Fúria da esquerda com o cabo e a mandei cambaleando de costas para a poltrona. Virei e fiz um corte na Fúria da direita. Assim que a lamina entrou em contato com o pescoço dela, ela gritou e explodiu em pó. Annabeth agarrou a sra. Dodds em um golpe de luta e a atirou para trás, enquanto Grover arrancava o chicote de suas mãos. 
- Ai! - gritou ele. - Ai! Quente! Quente!

Muitos lançaram olhares divertidos para o garoto.
 

A Fúria que eu havia atingido com o cabo da espada veio de novo para cima de mim, garras à mostra, mas desferi um golpe com Contracorrente e ela estourou como um saco cheio de bolinhas de isopor. A sra. Dodds estava tentando tirar Annabeth das costas. Ela esperneou, arranhou, sibilou e mordeu, mas Annabeth se agarrou firme enquanto Grover amarrava suas pernas com seu próprio chicote. Depois os dois a empurraram de costas para o corredor. A sra. Dodds tentou se erguer, mas não havia espaço para ela bater as asas de morcego, portanto continuou caindo.
 - Zeus o destruirá!

Thalia imitou um bocejo.

 - prometeu ela. - Hades terá sua alma! 

- Ele ia ter a alma do Percy de um jeito ou de outro. - disse Mione.

- Braccas meas vescimini! - gritei. Eu não sabia muito bem de onde viera o latim. Acho que queria dizer: ―Coma as minhas calças!ǁ Um trovão sacudiu o ônibus. Os cabelos se eriçaram na minha nuca. 
- Fora! - gritou Annabeth para mim. - Agora!
 Não era necessário. Corremos para fora e encontramos os outros passageiros andando de uma lado para outro, atordoados, discutindo com o motorista ou correndo em círculos e gritando: 
―Nós vamos morrer!ǁ Um turista de camisa com estampa havaiana e uma câmara bateu uma foto minha antes que eu pudesse pôr a tampa na minha espada.
- Nossas malas! - Grover se deu conta. - Nós deixamos nossas... 
BUUUUUUM!! As janelas do ônibus explodiram enquanto os passageiros corriam para se abrigar. Um relâmpago rasgara uma enorme cratera no teto, mas um lamento furioso lá dentro me disse que a sra. Dodds ainda não estava morta. 
- Corram! - disse Annabeth. - Ela está chamando reforços! Temos de sair daqui!
 Mergulhamos para dentro dos bosques enquanto a chuva despencava torrencialmente, com o ônibus em chamas atrás de nós e nada à frente a não ser trevas.

Lupin terminou a leitura e passou para a próxima pessoa que ia ler, que no caso era Tonks.

- Esse final foi bem dramático - falou a mulher. Antes que pudesse ler o nome do capitulo a luz apareceu novamente, agora envolta em um verde com aura mística.  
 


Notas Finais


Qual seu livro preferido da série Percy Jackson e os olimpianos?
O meu é A Batalha do Labirinto.


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