História Hold me tight, please! - Valentão

~Dois meses depois~

            Nas primeiras semanas depois de ouvir aquela história, Tae não conseguia sequer olhar na cara da SunHee e muito menos sentar ao lado dela, então faltou por alguns dias usando como desculpas uma doença que com certeza ele não tinha. Voltamos a nos falar como antes e almoçávamos juntos, exceto nos dias que Park Jimin estava com ele, porque o garoto começou a me evitar tanto quanto eu o evitava e parecíamos estranhos sentados lado a lado.

            -Hoje teremos uma atividade em grupo – o professor de biologia falou animado enquanto entrava na sala e meu coração palpitou. Isso significava que eu teria que dialogar com Park Jimin, algo que eu não fazia há muito tempo – Eu vou dividir as duplas duas a duas, oque dará uma média de quatro pessoas por grupo, ok? – não queríamos, mas dissemos “Ok” e as divisões começaram, deixando por fim Jimin e eu junto com o Tae que estava sozinho porque a sanguessuga com quem fazia dupla tinha faltado.

            Recebemos as ordens sobre o que deveríamos fazer e juntamos as mesas fazendo com que o Tae ficasse de frente para mim e para o Jimin que até o momento não tinha dito uma única palavra e continuava com a cabeça apoiada sobre a mesa e envolvida por seus braços, o que dava a impressão de que ele estava dormindo.

            -Jimin-ah, você não vai nos ajudar? – Tae cutucou-o e ele levantou a cabeça lentamente com os olhos entreabertos e vermelhos. O suor corria pelos cantos do seu rosto extremamente pálido e encharcava as pontas do cabelo que estavam coladas em sua testa, seus lábios estavam ressecados e as mãos tremiam à medida que ele tentava secar o rosto – Yah! O que você tem? – Tae perguntou num tom de preocupação ao vê-lo daquele jeito.

            -Na-nada. Eu só preciso lavar o rosto e beber um pouco de água – sua voz estava rouca e o cansaço estava estampado no seu rosto marcado pelas olheiras profundas que circulavam seus olhos. Levantou a mão para que o professor viesse até ele e pediu permissão, levantando-se com dificuldade e saindo sem deixar que perguntássemos mais alguma coisa.

            O resto da aula correu normalmente, mas Tae e eu não conseguimos nos concentrar porque Jimin não tinha voltado e por mais que insistíssemos o professor não nos deixava sair para procura-lo dizendo que precisávamos terminar a atividade e que o Jimin deveria ter ido até a enfermaria. Finalmente o sinal tocou e enquanto todos saiam, organizamos o material do Jimin e Tae saiu carregando a mochila dele em direção a enfermaria enquanto eu o esperava no corredor. Poucos minutos depois ele voltou correndo.

            -Ele não tá lá! – falou parando ao meu lado – E a enfermeira disse que não o viu o dia todo – suspirei fundo.

            -Droga Jimin! Onde você se meteu? – murmurei para mim mesma – Eu vou procura-lo do lado de fora e você procura por aqui – ele assentiu e saímos em direções opostas.

            Dei uma volta pelo pátio externo e pela quadra e não havia ninguém por lá, então rumei para o lugar onde eu costumava sentar durante o intervalo e pouco antes de chegar ouvi vozes exaltadas vindas daquela direção. Nenhuma delas era a do Jimin, mas reconheci todas e uma em específico me assustou. O que aquele garoto estava fazendo ali?

            -Então novato, você vai continuar sem dizer nada? – Kim NamJoon gritou e eu ouvi o som abafado de um soco – Não vai me pedir desculpas? – me aproximei um pouco mais e vi Jung Yi An e Chang TaeMin segurando em cada um dos braços do Jimin, enquanto NamJoon falava com um sorriso sarcástico no rosto e o punho fechado pronto para bater novamente no garoto que já estava com os lábios e a sobrancelha sangrando.

            -Hyung, ele nem sequer tenta se defender, parece que tá disposto a apanhar até ficar inconsciente – Yi An falou confuso – Que idiota!

            -Então eu posso fazer esses favorzinho pra ele – NamJoon puxou-o pela gola da camisa e afastou o punho um pouco mais para trás para que o impacto do soco fosse mais forte – Talvez isso ensine esse pirralho a não correr atrás da namorada dos outros – Jimin apenas fechou os olhos e esperou o golpe.

            -O que você pensa que está fazendo NamJoon? – gritei fazendo-o parar e virar o rosto rapidamente na minha direção – Eu sabia que você era um covarde, mas não achei que fosse capaz bater em alguém que não consegue nem se defender porque está doente – arranquei o Jimin, que ardiam em febre das mãos dos dois abutres e passei seu braço em volta do meu pescoço para ajuda-lo a ficar de pé.

            -Não precisa me ajudar, eu posso me virar sozinho – falou arrastado e tentou se afastar de mim, mas não teve forças para tal.

            -Ah, claro! Eu tô vendo isso pelo seu estado – envolvi sua cintura com um dos meus braços, mas era difícil segurá-lo  – E quanto a vocês dois, o que será que a Diretora Min vai pensar quando souber que deixaram um estranho entra na escola e machucar um aluno? – eles baixaram a cabeça e continuaram em silêncio.

            -Quem é você e o que fizeram com a doce YuMi que quase não tinha coragem de falar quando me via? – NamJoon debochou – Gostava muito mais dela – riu e tentei controlar a raiva que tomava conta do meu corpo.

            -Ela não existe mais e a que está aqui na sua frente não tem medo de você e muito menos desses dois bocós que você acredita que são guarda-costas – ele me olhou irritado e ouvi passos pesado vindos de trás de mim. Rezei para que fosse alguém para me ajudar

            -YuMi, o que tá acontecendo? – Tae parou ao meu lado e segurou o Jimin – O que esse cara tá fazendo aqui? – falou nervoso.

            -Omo! TaeHyung-ah, quanto tempo! – ironizou – Eu vim fazer uma visitinha a esse garotinho aí do seu lado – apontou para o Jimin – Acredita que ele deu e cima da minha namorada? – fez biquinho e começou a gargalhar – Queria saber se ele era homem o suficiente pra assumir que o que fez e me enfrentar, mas pelo visto ele não é, então vou estender um pouco a nossa conversa até que ele diga alguma coisa.

            -Namorada? – perguntei surpresa, será que o Jimin tinha realmente feito isso? Não era possível, ele não parecia o tipo de garoto que faria isso.

            -Choi SunHee, acredito que você deva conhecer – falou sério, mas eu não consegui conter o riso. Devia ser uma piada ou algo do tipo, mas ele continuou me encarando e a raiva ia crescendo em seus olhos.

            -Eu não queria te dar essa noticia tão dolorosa, mas... você é corno – ele ameaçou vir para cima de mim, mas os postes ao seu lado o seguraram – Sua preciosa namorada já deu em cima de praticamente todos os caras da sala, não é verdade Yi An? Você sabe disso melhor do que, afinal já foi um dos que ela não só ela assediou, mas que também fez outras coisinhas – o olhar mortal do NamJoon se direcionou ao garoto e ele empalideceu imediatamente – Tae, tira o Jimin daqui! – falei aproveitando que o mais velho estava distraído e ele negou com a cabeça.

            -Eu não vou deixar você sozinha com esse cara – tentou me segurar pelo braço mais eu me afastei.

            -Eu também não poso deixar você se machucar por minha causa – Jimin falou forçando o corpo a ficar de pé.

            -Ninguém vai me machucar, acho que o Sr. Kim vai querer escutar o que eu tenho para dizer, então por favor, me esperem lá fora, não vou demorar – Jimin se negou, mas Tae entendeu o meu pedido e saiu arrastando-o.

                        Por mais que eu estivesse tentando parecer confiante de que não me machucariam, meu coração se contorceu de medo quando eles se afastaram me deixando sozinha com Kim NamJoon e seus lacaios.

            -Então, o que você vai dizer depois de me chamar de corno – a raiva transbordava através da voz dele – Por que você defendeu aquele garoto? – ignorei a segunda pergunta.

            -Eu só queria te dar um aviso – aumentei o tom da voz – Se você pelo menos chegar perto de alguém que eu gosto de novo, eu vou fazer questão de acabar com você aos poucos, só pra ter o prazer de te ver no chão – os garotos ao lado me olharam surpresos, mas NamJoon permaneceu inabalável.

            -Isso foi uma ameaça garotinha? – chegou mais perto de mim – Você realmente acha que pode me ameaçar? – empurrei-o para trás.

            -Covardes como você fazem ameaças, isso foi um aviso – ele riu.

            -E o que você pensa que pode fazer contra mim? – os outros pararam ao seu lado.

            -Não sei, experimenta machucar mais alguém e eu posso te mostrar. Ou melhor, posso mostrar pra todo mundo quem Kim NamJoon, o famoso Chaebol do Grupo Kim é de verdade – dei as costas e comecei a andar, mas ele me puxou de volta.

            -O que deu em você pra me ameaçar desse jeito. Isso é um blefe – apertou meu braço, mas eu puxei-o com força e me soltei.

            -Porque eu me lembro como era a sensação de ver você batendo no Tae quando éramos crianças e não conseguir fazer nada, isso não vai se repetir com o Jimin – gritei – E se você tem tanta certeza de que eu estou blefando, vá em frente e arrisque, mas aposto que o grande Sr. Kim não vai ficar nenhum pouco feliz em descobrir que seu filho prodigo, herdeiro de todo um império não passa de um garotinho mimando e irresponsável que passa o tempo que deveria dedicar aos negócios da família machucando pessoas inocente – me afastei novamente.

            -Você me surpreendeu YuMi – ignorei-o e continuei andando – O corpo do idiota do JaeHyuk mal esfriou e você já está de caso com outro, não achei que se “apaixonaria” tão rápido – parei – Ou que outro motivo você teria pra defender tanto aquele tal de Park Jimin.

            Voltei caminhando lentamente até ele que me observava com aquele sorriso cínico desenhado nos lábios, parei bem na sua frente e como ele era bem maior que eu, precisei levantar a cabeça para enxergar seu rosto, mas isso não me assustou nem um pouco.

            -Eu te juro que se você falar assim do Jae de novo eu vou arrancar todos esses seus dentes enormes e costura-los um a um pelo lado de fora da sua boca – eu não sabia com faria aquilo, mas tudo na vida tem um jeitinho – Sabe NamJoonnie – ele se irritou ainda mais por me ouvir chamá-lo dessa forma – Você deveria passar mais tempo vigiando a sua namorada ao invés de sair por aí dando uma de valentão. Talvez isso impedisse que a galhada na sua cabeça ficasse tão grande – dei dois tapinhas em seu ombro direito e saí rindo, ou melhor, forçando o riso.

            Meu coração estava a ponto de sair pela boca e minha cabeça parecia uma enorme caixa vazia, acho que é isso que o medo faz com as pessoas. Eu não fazia ideia de como tive coragem para dizer aquilo tudo e muito menos sem tremer nenhum pouco, mas depois de respirar fundo e organizar meus pensamentos lembrei do Jimin e do estado em que ele estava e esqueci as perguntas sobre quando eu tinha ficado tão corajosa e sai correndo a procura dele e do Tae.