História Home - Capítulo Único

Chanyeol encarava a fachada amarelinha da casa com um semblante cansado, os ombros tensos pelo esforço que o trabalho lhe cobrava e a roupa toda suja de graxa, assim como as mãos grandes e calejadas. No entanto um grande sorriso enfeitava seus lábios, e o brilho saudoso em seu olhar denotava o quanto estava feliz. Finalmente estava em casa depois de um dia puxado na oficina e uma semana que foi capaz de sugar todas as suas energias, agora poderia aproveitar todo o final de semana para descansar e passar um tempo descente com seu ômega e seu filhote.

Entrou a passos mansos e leves dentro da casa, pois não sabia se o filhotinho do casal estava ou não acordado, tirou com cuidado as botinas pesadas e sujas para que estas não sujassem o chão limpo. Sentiu o cheiro bom do jantar que emanava da cozinha da casa, sorrindo ao ouvir a voz doce e bonita do marido cantarolar uma música qualquer, enquanto provavelmente terminava a refeição de ambos. Cruzou o caminho da sala até a cozinha, reparando em alguns brinquedinhos que estavam jogados em cima do tapete no centro do lugar, aquelas imagens preenchiam seu corpo com uma grande sensação de aconchego e felicidade, pois demonstrava que depois de grandes tombos que a vida lhe dera agora possuía uma família linda e amorosa; ter um filhote sempre fora um dos maiores sonhos do casal, mas a situação não era tão fácil para ambos, Baekhyun tinha dificuldades em engravidar, e sempre se sentia imensamente triste depois de perder o feto ainda nas primeiras semanas. Foram cinco anos tentando levar uma gestação para frente, e a cada tentativa falha Baekhyun sentia seu mundo desabar, assim como Chanyeol que já não sabia mais o que fazer para tirar toda aquela tristeza sem fim do marido, queria que ele entendesse que jamais iria largá-lo por não conseguir engravidar, muito menos o culparia de algo, afinal sabia que a culpa não era do ômega, coisas assim simplesmente acontecem e não há nada que possa ser feito para impedir, continuaria amando-o e respeitando-o com filhotes ou sem filhotes, e para isso também não haveria nada a ser feito. Amava-o intensamente e isso jamais poderia ser desfeito. Entretanto, para a felicidade de ambos há exatos um ano e três meses atrás descobriram uma nova gravidez, que para alegria de todos chegou até o final, dando a luz ao pequeno Jaehyun, um ômega de cabelos pretinhos e olhos azuis, iguais aos de Baekhyun.

Encostou-se no batente da porta, admirando o biquinho amável que o mais novo fazia para experimentar o sabor da comida, supôs que ele realmente estivesse concentrado, já que não havia sentido sua presença e muito menos seu cheiro na cozinha.

– Bae? – chamou com a voz um tanto mais grossa e rouca pelas horas em desuso.

– Jagi! – se assustou levemente, desligando o fogo e correndo em direção ao marido, jogando-se nos braços fortes do mais velho. – Você chegou mais tarde hoje meu amor. – selou os lábios grossinhos, sentindo seu lobo interior agitado, choramingando pelas saudades e por finalmente estar sentindo o corpo e a presença de seu alfa.

– Desculpe jagi, acabei ficando um tempo a mais no trabalho hoje, o chefe pediu. – selou a testa do menor, descendo a cabeça até o pescoço sensível do marido, fungando perto das glândulas aromáticas para poder sentir de forma profunda o cheiro doce que ele emanava. – Meu ômega é tão cheiroso... – disse carinhoso, sorrindo com direito a covinhas ao ver o mais novo esfregar a cabeça em seu peito de forma manhosa, buscando um pouco de atenção e carinho.

– Você também é tão cheiroso alfa, senti tanta a sua falta. – choramingou baixinho, feliz por poder sentir o cheiro forte e amadeirado que o mais velho tinha.

– Eu também senti sua falta meu ômega. – espalhou alguns selares carinhosos no rosto meigo. – Mas eu estou todo sujo de graxa vou acabar sujando você desse jeito. – afastou o corpo menor contragosto, mas não gostava de sujá-lo ou permanecer na presença do outro estando sujo daquele jeito.

– Você sabe que eu não ligo para isso meu amor, mas você deve estar cansado... Não gostaria de tomar um banho para que pudéssemos jantar? - perguntou afetuoso, um tanto tristonho por ter tido de se afastar do corpo do mais velho.

– Eu vou sim jagi, não demoro muito. – disse – Nosso filhote está melhor, dormiu? – perguntou um pouco mais preocupado, o filhotinho de ambos acabou ficando gripado na última semana e desde então eles dobraram todo cuidado que já tinham com o pequeno bebê.

– Ele já está melhor alfa, não se preocupe tanto. – buscou acalmar os nervos do outro, aromatizando um pouco o lugar. – Ele dormiu faz quase uma hora, estava cansadinho e o remédio que ele está tomando o deixa com sono, acho que ele vai dormir até amanhã. – riu um poquinho, o filhotinho de ambos era bastante preguiçoso e tendia a dormir bastante, no entanto era um verdadeiro espoleta quando acordado.

Chanyeol sentiu-se relaxar com o cheirinho gostoso de amêndoas e avelã que preencheu o pequeno espaço da cozinha, sorrindo ao perceber que o marido tentava acalmá-lo. Selou a bochecha gordinha antes de sair do cômodo, indo em direção ao único banheiro da casa. O local em si era pequeno, tendo apenas os dois quartos um pouco mais espaçosos, totalizando apenas quatro cômodos e o banheiro do lugar, não possuía luxos, mas era muito bem arrumada pelo casal, estes que ajudaram a construir a própria casa. Tomou um banho relaxante, esfregando o corpo para tirar toda a graxa e suor que ficavam em seu corpo ao trabalhar na oficina de mecânico; trabalhar com carros sempre fora seu sonho, mesmo que este originalmente não tenha sido trabalhar como mecânico, no entanto acabou pegando gosto pela coisa. Vestiu roupas confortáveis, uma calça de moletom fina e uma regata simples e velha, passando os dedos entre os cabelos molhados deixando-os no modo de “bagunça arrumada”.

Antes de ir a cozinha para enfim jantar ao lado do marido se dirigiu ao quartinho que fizeram apenas para o bebê, foi um custo a mais e um tanto difícil de ser pago, no entanto, preferiram gastar um dinheiro a mais a perder a intimidade que possuíam no quarto de casal. Abriu a porta branca que Baekhyun fizera questão de decorar com as tintas que foram usadas na pintura do local, deixando-a decorada com tons clarinhos e formatos de bichinho, seu filhote dormia tranquilamente no berço que ficava no centro do quartinho, suspirando e emitindo barulhinhos típicos de filhotes, mal via à hora de seu pequeno ômega começar a transmutar para a forma lupina, tinha quase certeza de que o lobo de Jaehyun seria parecido com o de Baekhyun, com a pelagem branca e cinza.

Andou a passos lentos, evitando fazer muito barulho para não acordar o filhotinho, parou em frente ao berço branco, admirando a feição fofinha que o pequeno ômega fazia ao dormir, ele estava deitado de bruços, enquanto o bumbum fofinho revestido pela fralda ficava empinadinho no ar, o rostinho fofo ficava em cima das próprias mãozinhas, com uma das bochechas gordas amassadas, formando um biquinho nos lábios idênticos ao de Baekhyun. Como pode um bebê ser tão lindo e amável daquele jeito?! Sentia seu lobo agitado em apenas ver o soninho gostoso que seu pequeno filhote estava.

– Você é tão fofo filhote, tão parecido com seu papai ômega... O bebê mais lindo que eu já vi. – selou a bochechinha que estava amassada, procurando arrumar o corpinho para que ele não ficasse dolorido ao acordar.

– Ele realmente é o filhote mais fofo e lindo que eu já vi... – assustou-se ao ouvir a voz doce e calma do marido no quarto, arrancando uma risada meiga dos lábios rosados do mais novo. – Perdão, não quis te assustar alfa. – disse risonho, caminhando até o marido e abraçando-o de costas.

– Tudo bem ômega. – riu. – Ele é tão parecido com você, tão doce... – trocou as posições, ficando de frente com o menor, selando os lábios rosados. – Eu já te disse o quanto você é cheiroso? – fungou no pescoço imaculado do mais novo, passando o nariz em cima da marca que os ligava, sorriu ao ver o quanto aquilo o deixava arrepiado e sensível.

- J-já sim alfa... – estremeceu ao sentir o beijo molhado que fora deixado em cima da marca. – Mas eu gosto quando você diz isso, é tão bom... – deitou a cabeça no ombro largo do mais velho, lambendo a marca que havia feito no dia em que se casou com o alfa.

Chanyeol sentiu-se estremecer com o músculo molhado em cima da marca que os ligava, sorrindo afetado ao ver o quanto seu ômega parecia estar mais sensível naquele dia em especifico. Circundou a cintura fofinha do menor, distribuindo beijinhos por toda a extensão no pescoço e ombros sensíveis, falhando em conter um arfar pesado ao sentir os dentinhos do outro mordiscar a cicatriz que ficara em seu pescoço.

– Ômega... – chamou rouco, apertando a cintura gordinha do ômega, ouvindo-o choramingar ao pé do seu ouvido.

- A-alfa... – ganiu um pouco mais alto, sentindo o corpo esquentar a medida que sua sensibilidade aumentava.

O clima quente fora totalmente quebrado pelo barulho alto que soou diretamente do estomago do alfa.

– D-desculpa jagi... Mas acho que eu estou com fome. – dissera baixinho, como se estivesse envergonhado, corando ao ouvir a risadinha gostosa do mais novo.

– Está tudo bem jagi, você trabalhou o dia inteiro, deve estar com fome. Não se preocupe com isso ainda temos o final de semana todinho para aproveitarmos... – escondeu a cabeça nos ombros largos do marido, sentindo-se tímido pela sugestão não tão inocente assim.

– Com certeza nós iremos aproveitar esse final de semana ômega. – sussurrou um tanto malicioso, mesmo que ainda o tom carinhoso e risonho estivesse presente em sua voz. – Agora vamos comer, sim? – soltou-se do corpo menor, deixando seu lobo tristonho pelo afastamento.

Baekhyun apenas concordara, sentindo a leve queimação em suas bochechas aumentarem um pouquinho ao imaginar como iriam aproveitar aquele final de semana. Deixaram um beijinho cada no filhotinho que ainda dormia pesado no berço, conferindo se ele estava bem ou se a febre havia voltado, caminharam de mãos dadas até a cozinha da casa, onde Baekhyun pediu para que Chanyeol se sentasse para que pudesse dispor a refeição à mesa.

– Isso ‘tá com um cheiro muito bom jagi! – elogiou sincero, amava tudo que Baekhyun preparava, desde doces a salgados, o mais novo era um verdadeiro chefe de cozinha, tanto que fazia faculdade de gastronomia e sonhava em abrir a própria confeitaria, já que doces sempre fora sua maior paixão, além da facilidade que tinha em manusear todos aqueles ingredientes estranhos que para si eram complexos demais para mexer.

– Obrigado. – agradeceu genuinamente feliz e sincero, cozinhar sempre fora sua paixão e modéstia parte sabia muito bem o quão bom seus pratos eram.

Sentou-se a mesa novamente, sorrindo agradecido ao ver o Park servir ambos, colocando uma quantidade generosa do alimento no próprio prato já que estava com muita fome. Naquele dia havia preparado um jantar diferente para ambos, pois fazia um tempo que não comiam nada diferente dos pratos típicos coreanos, macarronada com almôndegas era algo realmente simples e não muito caro, mas perfeito para si que amava massas desde o dia em que teve de preparar algum prato estrangeiro no estagio.

– Está bom? – perguntou cheio de expectativa, com a boca um tanto sujinha do molho vermelho, o que ocasionou em um risinho do Park ao vê-lo daquele jeitinho, Baekhyun parecia e muito com um verdadeiro filhotinho de lobo.

– Está uma delicia ômega, como tudo o que você faz. – respondeu depois de ter engolido o macarrão junto às almôndegas.

- Obrigado alfa, fazia tempo em que eu não cozinhava nada de diferente aqui em casa. – comentou distraído. – Como foi o seu dia de trabalho, jagi? – perguntou depois de ver a carinha um tanto tristonha que o alfa fizera ao ouvir seu comentário, não havia feito de propósito e muito menos com a intenção de magoá-lo, mas Chanyeol sempre fica para baixo depois de ouvir comentários como aquele, pois sabia que o marido não fazia certas coisas por conta da falta de dinheiro.

– Foi um pouco cansativo, mas o dia rendeu. Consegui terminar meu trabalho desta semana, e agora com a entrada de Jongin na oficina não irei mais trabalhar aos sábados. – disse contente a última parte, já que isso significava passar um tempo a mais com sua família. – E o seu jagi? Como foi a faculdade e o estagio? – perguntou interessado, amava vê-lo feliz ao falar das coisas que aconteceram durante o dia, na verdade amava ouvir Baekhyun falar, por mais que às vezes não entendesse quando ele começava a falar sobre os pratos estranhos e com ingredientes pouco conhecidos por si.

– Foi incrível! – começou animado, mesmo que talvez passar o dia todo na faculdade e no estagio não seja tão empolgantes assim. – Tivemos alguns trabalhos para fazer, mas nada difícil, o dia na verdade foi bastante calmo, e no estagio eu acabei fazendo uma torta de morango para os outros estagiários do lugar. – se referiu ao estagio que fazia em uma grande confeitaria de Seul, que era associada à universidade em que cursava gastronomia, portanto muitos aspirantes a futuros confeiteiros faziam o estagio lá. – Mas eu acabei comendo o pedaço que ia trazer para você... Desculpa. – pediu arrependido, choramingando ao final por ter comido o pedaço da torta que havia reservado para o mais velho.

– Oh, meu ômega é tão gentil, sim? Não precisa ficar triste por ter comido a torta bebê, ela é a sua favorita, não é? Tenho certeza que estava deliciosa. – acariciou o rostinho chateado, sorrindo para demonstrar que realmente não havia ficado triste com o mais novo, e surtando internamente pela fofura que era seu ômega com um biquinho sujo de molho de tomate todo tristonho por ter comido a torta.

– Mas eu te trouxe um bombom! – disse feliz, quase como se não estivesse todo tristonho há alguns segundos atrás, levantando rápido para ir até a bancada da pia, pegando o docinho que estava embrulhado em um papel bonitinho. – ‘Pra você alfa. – entregou o embrulho para o mais velho, sorrindo meigo ao ter presenteado seu alfa, mesmo que com algo simples, sentia seu lobo contente por ter agradado ao mais velho e o deixado feliz.

– Eu fico grato meu ômega. – beijou os lábios macios. – Você e tão bom meu doce, tão lindo... – aromatizou o lugar, sentindo seu lado mais instintivo aflorado por ter sido presenteado pelo mais novo, sorrindo contente ao ver a carinha manhosa que ele havia formando, esfregando o rostinho amável em seu peito. – Mas eu não consegui lhe trazer nada hoje, me perdoe... – disse magoado, sentia-se um péssimo alfa e marido quando não conseguia presentear e agradar o mais novo. Admitia ser algo bastante primitivo de seu lobo, mas ver Baekhyun e seu filhote felizes era sempre satisfatório e enchia seu coração de um calor gostoso de sentir e até mesmo um pouco de orgulho próprio ao vê-los saudáveis e felizes.

– Você chegou bem e saudável em casa, tê-lo assim para mim todos os dias é e sempre será o melhor presente. – apertou o mais velho em um abraço quentinho, procurando acalmar as emoções ruins que ele devia estar sentindo.

Chanyeol sentiu os olhos lacrimejarem, mas não derrubou nenhuma lagrima, céus como Baekhyun podia ser tão amável daquele jeito? Sempre tão doce e compreensível e gentil, apaixonante em cada pedacinho daquele corpo pequenino, mas que guardava em seu âmago uma essência forte e bondosa, capaz de clarear até mesmo os dias mais sombrios e escuros de sua vida. Sentiu-se um bobo por ter ficado tão sensibilizado naquele momento, soltando uma risada envergonhada com sua demonstração insegura.

– Está tudo bem alfa, chorar não faz mal a ninguém, sabia? Meu alfa é tão bom pra mim... – disse carinhoso ao ver os olhos aguados do marido, repetindo as palavras que ele havia lhe dito há alguns minutos atrás.

– Obrigado ômega. – agradeceu tímido, sentindo as bochechas tingirem em um tom rosado pela vergonha. – O jantar está esfriando jagi. – riu um poquinho, aliviando a tensão tímida que havia tomado conta de si.

– Vamos terminar de comer, sim? – compreendeu que o mais velho não estava tão confortável, sorrindo compreensivo ao final e deixando um beijinho tímido na bochecha levemente corado do outro.

Voltaram a comer em um silencio confortável, agraciando-se com o gosto bom que preenchia seus paladares e tomando uma taça de suco de uva, já que Baekhyun ainda estava amamentando e não podia ingerir bebidas alcoólicas daquela maneira e Chanyeol não gostava de beber na presença do mais novo sem que o mesmo o acompanhasse. Terminaram satisfeitos, agradecendo pela refeição e logo o mais novo tirava a mesa, enquanto o mais velho lavava as louças e as secava.

– Hora de você comer seu bombom jagi! – entregou o doce ao maior, sorrindo em expectativa para saber se aquele sabor seria do agrado do alfa.

O maior sorriu agradecido, pegando o bombom das mãos delicadas e bonitas do mais novo, desembrulhando com cuidado para não estragar a embalagem bonitinha que sabia ser obra do marido. Logo o cheiro de chocolate preencheu o recinto, agraciando os olfatos sensíveis com o cheiro doce, mordeu um pedaço, sentindo o gosto de avelã e amêndoas que pertenciam ao recheio do bombom. Gemeu satisfeito com o gosto doce e um tanto forte do chocolate em seu paladar; todo o doce lhe remetia a Baekhyun, o excêntrico gosto de amêndoas e avelã eram os mesmos do cheiro que o mais novo tinha.

– Quer experimentar jagi? – ofereceu, sabendo que seu ômega era um grande amante de chocolates.

– Não quero meu amor, trouxe apenas para você. – mesmo tendo dito que não queria seus olhinhos brilhavam ao mirar o pedacinho do docinho.

Chanyeol gargalhou alto com a carinha desejosa do ômega, mordendo um pedaço novamente e caminhando em direção ao mais novo, esticando a outra metade que havia restado do doce para o mais novo.

– Abre a boca jagi. – disse carinhoso, colocando o pedaço de chocolate dentro da boquinha rosada. – Está gostoso, não está? – perguntou baixo, vendo os olhos pequeninos se fecharem para saborear o bombom.

Apreciou a imagem de seu ômega mastigando o doce de maneira tão lenta, circundando a cintura delgada com os braços fortes, apenas para mante-lo próximo de si. Os pequenos gemidinhos que ele soltava ao se deliciar com o gosto explosivo em sua boca lhe eram atrativos demais, caminhando próximo de um caminho não aconselhável pelo momento.

– Está uma delicia alfa. – respondera no mesmo tom que o alfa, se aproximando cada vez mais os rostos, até ser o suficiente para sentir a respiração pesada que ambos soltavam e os narizes se encostarem levemente, quase como um beijinho de esquimó.

Aquele seria um momento propicio para se beijarem, caso o chorinho baixo do filhote não ecoasse pela pequena casa, despertando-os do momento amoroso em que se encontravam. Ambos riram pelo acontecimento, trocando apenas um beijo rápido, mas ainda sim carinhoso, para logo em seguida irem até o quartinho do bebê.

– Não chore meu filhote, os papais estão aqui, hum? – Baekhyun pegou o pequeno ômega no colo, sussurrando as palavrinhas de modo baixo e doce para acalmar o filhotinho.

– Será que ele não está com fome, jagi? – ajudou o marido mais novo sentar na única poltrona do quartinho, aromatizando o lugar com seu cheiro forte de alfa, tentando deixar o bebezinho mais calminho.

– Deve ser. Ele não está com febre, nem molhado. – passou a mão pela bochechinha gordinha de Jaehyun, vendo-o segurar seu dedo e tentar morde-lo. – Acho que os dentinhos de um certo filhotinho estão começando a crescer. – comentou risonho, deixando o alfa todo bobo por imaginar que seu filhotinho todo banguelinha.

– Ele vai ficar tão fofinho com os primeiros dentinhos! – empolgou-se, mas ainda controlando o tom de voz para não incomodar a audição aguçada do bebê.

Chanyeol ajudou Baekhyun se ajeitar na poltrona ao vê-lo erguer a camiseta que usava. Ele iria alimentar seu filhotinho! Aquilo era, sem sombra de duvida, uma das coisas mais amáveis e bonitas que já havia visto em sua vida, a amamentação seria uma das coisas das quais mais sentiria saudades da época de filhote de seu filho; ela lhe rendera os momentos mais fofos e íntimos de Baekhyun com Jaehyun, além do processo de lactação na gravidez, onde o ex-Byun havia ficado todo sensível e cheio do leite que serviria como alimento ao bebê, tendo sempre sua ajuda para tirar todo aquele leite dos peitos inchados e levemente doloridos.

Sentou-se em forma de borboleta no tapete que ficava aos pés da poltrona, entusiasmado para ver seu ômega alimentando o filhote, era algo mais instintivo de si, admitia isso, mas era praticamente impossível não ficar todo bobo com a cena do doce Jaehyun se alimentando daquela maneira tão bonitinha, além do sorriso lindo que Baekhyun sempre abria ao ver o filho em seu peito.

Baekhyun ajeitou o corpo pequeno no próprio colo, sorrindo ao ver os olhos grandinhos do Park brilhantes, seu alfa era muito bobão e qualquer coisa que envolvia a si e ao filhote o deixava com as pequenas lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos; era absurdamente amável. Viu seu doce Jaehyun procurar faminto por seu mamilo, o abocanhando com força quando ajeitou o biquinho na boca pequenina, formou uma careta dolorida no rosto por conta da mordida, que mesmo sem os dentinhos lhe deixava dolorido, essa parte não era tão agradável e bonita durante a amamentação, as mordidas e sucções fortes que o bebê faziam machucavam seus mamilos, junto à péssima sensação do leite empedrado dentro do peito, esta última tendo lhe feito chorar de dor sempre que acontecia. No entanto, no final não havia satisfação maior para si do que ver seu filhote bem alimentado e saudável, compensando toda a dor que sentia.

Jaehyun mamava empolgado, apertando com a outra mãozinha os dedos de seu papai Baekhyun, era um modo de se sentir seguro e confortável, acalmava-o mesmo que de maneira inconsciente e deixando seu lobo interno, no qual ainda não havia criado conexão, confortável. Filhotes tendiam a ter suas primeiras transformações depois dos dois anos de idade, pois nesta época já começavam a criar uma coordenação motora maior, e tinham seus primeiros contatos com o lobo que vivia dentro de si.

– Dói muito ômega? – sempre perguntava para o mais novo, desde a primeira amamentação, era difícil conter seu lado protetor ao ver a carinha leve de dor que ele fazia quando Jaehyun sugava com muita força.

– Você sabe que não alfa, é apenas um pequeno incomodo, Jaehyun é um filhote forte, não é mesmo meu amor? – perguntou ao filho, que rapidamente voltou à atenção para si, sorrindo banguela para o ômega e resmungando todas aquelas palavrinhas sem sentindo, e que com certeza derretia o coração dos papais bobões.

– Nosso Jaehyun é realmente um bebê forte, igual a você. – sorriu de modo inconsciente ao ver a interação meiga de seu marido com o pequeno filhote.

– Obrigado alfa. – disse já um tanto sonolento, amamentar Jaehyun sempre lhe deixava um tanto letárgico, com os olhinhos piscando cada vez mais devagar, principalmente quando fazia isso durante a parte da noite, como agora.

– Você quer deitar meu ômega? – riu rouquenho ao ver o modo preguiçoso no qual seu marido bocejava, assim como o pequeno filhote, que já estava terminado de se alimentar e com os olhos pequeninos e caidinhos fechados.

– Sim, meu alfa, acho que estou um pouco cansado e só percebi agora... – tentou arrumar os braços já um pouco dormentes por segurar o bebê, sorrindo ao ouvir os suspiros e choramingos fraquinhos que seu pequeno anjo fazia ao dormir, Jaehyun costumava ser muito barulhento durante os primeiros minutos de sono, portanto sempre esperava ele adormecer de modo pesado para ir se deitar.

– Vá se arrumar para se deitar ômega, eu coloco nosso filhote para dormir. – disse carinhoso, pegando o pequeno embrulho de maneia delicada entre os braços fortes e o ninando, cantarolando uma musica baixinha para que ele se sentisse confortável.

Baekhyun sorriu agradecido, selando os lábios do marido antes de sair do quarto. Como já havia tomado banho antes de preparar o jantar, decidiu apenas trocar de roupa, tirando as roupas casuais que vestia para por um robe preto que havia ganhado de presente do marido, o tecido leve e solto lhe vestiu como uma luva, transparecendo toda a delicadeza e beleza de seu corpo, costumava usar essas peças de roupa em suas noites mais quentes com o alfa, contudo, naquela noite apenas visava dormir de maneira confortável nos braços fortes do marido.

Deitou-se na cama de casal, que  servia como ninho para ambos, arrumando os travesseiros e cobertores para que ficasse confortável para ambos, sentindo o corpo cansado e tenso das horas de faculdade e estagio agradecerem em alto e bom som. Aguardou poucos minutos até que visse o corpo grande e visivelmente cansado do marido adentrar o quarto, já retirando as poucas peças de roupa de seu corpo e ficando inteiramente nu a sua frente.

Estarem desprovidos de roupas não significava que iriam consumar algum ato, não era algo pensado com secundas intenções e malicia. Eram casados, tanto fisicamente quanto espiritualmente, e a nudeza física jamais seria algo comparável a nudeza espiritual e emocional que compartilhavam entre si; eram nus de corpo e alma um para o outro. Chanyeol respeitava Baekhyun acima de tudo, assim como Baekhyun o respeitava acima de todas as coisas, haviam prometido diante de todos e de tudo que se amariam e cuidariam um do outro pelo resto da eternidade e além e estavam mais do que dispostos a realizarem este feito, tendo sua concretização em forma de um bebê, já tão amado por ambos.

– Deite-se meu alfa, está cansado e precisa repousar. – Baekhyun o chamou, aconchegando-se no corpo grande e forte e selando o peitoral quente do mesmo, passando um de suas pernas por cima da cintura magra do alfa, feliz por sentir toda a quentura que o corpo do amado o passava.

– Você está lindo meu ômega... – passou os dedos grandes pela bochecha macia do ômega, descendo-a até o pescoço e dedilhando as clavículas marcadas, abrindo um pouco do robe para que pudesse selar o peito quente do marido, subindo o nariz até a marca e fungando no lugar. – Este robe o deixa mais belo do que já é. – puxou o corpo menor um pouco mais para cima, para que ficasse proporcional a si, onde pudera deitar a cabeça em cima da marca que o ômega carregava.

– Obrigado alfa... – deitou a cabeça em cima da marca que havia feito no marido. – Você também está lindo desse jeito. – não houvera malicia, o tom era sério e transmitia em seu olhar uma doce admiração.

Não trocaram mais quaisquer palavras depois de terem se aconchegado um no outro, os lobos internos já muito letárgicos e inebriados pelas sensações e emoções que compartilhavam de maneira singela, perdendo aos poucos os sentidos que os mantinham acordados, os corpos quentes relaxando a cada milésimo que se passava no quarto, assim como as respirações, já sincronizadas e suaves, os suspiros e choramingos baixos saiam de maneira inconsciente da boca de lábios macios e rosados do ômega, em uma velha e adorável característica do mesmo. Não demoraram a cair em um sono profundo, confortáveis no abraço que compartilhavam, e satisfeitos por terem finalizado mais um dia juntos.