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História Home - Aquela Quase Garota.


Escrita por: SGAutora

Notas do Autor


Voltei e mais rápido do que esperado, obrigada a todos pelos comentários e saber que vocês está se derretendo pelos moments Jonerys me deixa tão animada por tem mias alguns bem fofos deles nesse cap porque a partir do cap que vem as coisas vão mudar um pouco de direção. Espero que curtam e me contem tudo o que acharam

PS: Podem escrever comentários gigantes do tamanho do capitulo, o importante para mim é saber que vocês estão achando.

Capítulo 13 - Aquela Quase Garota.


I see oceans in your eyes
It makes me scared
So if we both drown

Oh, don't be scared
I'm right here
And what is fear
When no one knows
What comes next?
So yeah, I'm scared
But I won't let it get to me

 

 

 

— Você precisa escolher Dany — declarou Jon com seriedade. — Sei que isso é muito difícil para você, mas precisa fazer isso. Nos próximos trinta segundos, você precisa fazer uma escolha.

— Mas... — Mordi o lábio enquanto estava na fila da sorveteria, olhando para o cardápio de sabores. — Eu não sei. Qual você vai escolher?

— Não vou dizer, porque senão você vai escolher o mesmo sabor que eu.

— Que mentira!

Ele arqueou uma das sobrancelhas.

Tudo bem era a mais pura verdade. Ainda que eu tenha descoberto a forma como gostava de ovos, ainda estava aprendendo as outras coisas de que gostava sem a influência dos outros à minha volta.

— Está bem. Eu posso fazer isso. — Respirei fundo e, quando chegamos ao balcão, falei para Jon pedir primeiro, mas ele não caiu na armadilha. Olhei para Lysa, a caixa, e abri um sorriso. — Oi, Melissandre, vou querer um sundae de manteiga de amendoim, por favor.

— Claro. E para você? — perguntou ela para Jon, e vi nos olhos dela que estava babando por ele.

— Vou querer o mesmo — disse ele.

— Como assim?! Você não pode pedir a mesma coisa que eu! — reclamei.

— Mas ele sempre pede isso — contou Lysa, sorrindo para Jon com um olhar cheio de segundas intenções. Que nojo. — É para cobrar junto ou separado?

— Separado — apressei-me a responder.

— Junto — contradisse Jon, entregando o cartão de crédito.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu sei. — Ele abriu um sorriso discreto para mim antes de pegar o cartão de volta. — Vou ao banheiro e já volto.

Fui até uma mesa, mas Lysa me chamou.

— Dany! Dany!

— O quê?

Ela mordeu o lábio inferior e colocou a mão na cintura.

— Não quero ser intrometida nem nada, mas você e Jon estão num encontro?

— O quê? Não. Nós não... Não somos... Nós nãos estamos em um encontro. Nós só estamos... — Minhas palavras morreram. — A gente não está junto.

— Ah, que bom! — exclamou ela, unindo as mãos na frente do peito. — Sei que isso pode parecer estranho, mas acho que você já deve saber que Petyr e eu nos separamos recentemente, e so os deuses sabem quanto estou sofrendo com isso. Então, fiquei pensando se talvez você não pudesse dar uma forcinha para mim. Sinto que se eu tiver uma chance com o solucionador, talvez consiga que Petyr volte para mim.

Que merda de cidade era aquela?

— Hum, eu não sei, Lysa. Acho que talvez isso seja algo que você mesma deva fazer.

— Ah, por favor, Dany! Você sabe como sou tímida. Eu não posso simplesmente olhar para ele e pedir que fique comigo por um tempo.

— Está bem. Vou ver o que posso fazer.

Eu não vou ajudá-la nem a pau.

— Obrigada! Você é um doce de pessoa! Significa muito para mim. E será que você pode manter isso entre a gente? Não quero fazer parte de nenhuma fofoca.

— Pode acreditar que seu segredo está seguro comigo.

Ela me agradeceu de novo e me entregou os sorvetes. Fui até uma mesa e me acomodei. Acho que aquela tinha sido a conversa mais constrangedora que eu tinha tido durante todo o tempo que estava em Winterfell. Sr. Tully que me viu crescer estava me pedindo para armar um encontro entre ela e o homem com quem eu estava dormindo. Porra, eu tinha ido a todos os casamentos dela!

— Que cara é essa? — perguntou Jon quando chegou.

— Lysa Baelish quer transar com você — declarei de forma direta.

— E quem é essa tal de Lysa Baelish?

Fiz um gesto na direção do caixa, e ela estava olhando para nós com um grande sorriso no rosto. Ela deu um tchauzinho para Jon antes de ficar vermelha e se virar. Como uma porra de uma adolescente, pelos Deuses o filho dela que era um adolescente, mesmo que se comportasse como um garotinho mimado.

— E por que ela quer transar comigo?

— Para solucionar os problemas do relacionamento dela.

— Ah — disse ele, enquanto se sentava. Jon começou a comer o sorvete. — Não estou interessado.

Aquela resposta me trouxe mais conforto do que achei que traria.

— Mas por que não? Ela é bonita e, logo, logo, eu vou voltar para Westeros.

— E daí?

— Daí você vai ser livre para fazer o que quiser quando eu for embora.

Fiquei com vontade de vomitar só de falar aquilo. A verdade é que, ultimamente, eu vinha criando situações hipotéticas nas quais Jon e eu descobríamos um modo de fazer as coisas se tornarem reais entre nós. Mas aquilo era só a minha mente idiota provocando meu coração. Havia um milhão de motivos por que Jon e eu não daríamos certo juntos... Mas meu coração ficava me dizendo que só era necessário um bom motivo para se tentar.

Ele fez uma careta.

— Você quer que eu durma com a Lysa Baelish?

— O quê? Não. Só estou dizendo que tem uma fila de mulheres esperando por você quando eu for embora.

Ele franziu o cenho.

— Eu não quero mais fazer isso. Não quero mais ficar com mulheres aleatórias.

Estreitei os olhos.

— Por que não? Não é isso que a gente está fazendo?

Ele baixou a colher.

— Fala sério, princesa... — Ele olhou para mim. — Você não acredita que é isso que a gente está fazendo, não é?

— Eu sei que a gente já tomou sorvete ontem, mas estou com desejo — disse alguém entrando na sorveteria.

Ergui o olhar e avistei Arianne entrando, enquanto Daario segurava a porta para ela passar. No instante em que eles me viram, empalideceram quase como se tivessem visto um fantasma.

— Dany — murmurou Arianne, a voz trêmula.

Meus olhos pousaram na barriga dela, que estava começando a crescer, e senti um forte enjoo. Daario apressou-se em afastar a mão das costas dela. Seus olhos ficaram alternando entre mim e Jon e ele pigarreou, mas não disse nada. Arianne ficou com os olhos marejados.

— Não faça isso — gemi.

— Não fazer o quê?

— Chorar.

— Eu... Eu não vou. Eu só... — Ela começou a chorar e ela era linda.

E isso me fez querer chorar também.

— Eu só vou ao banheiro — avisou ela, afastando-se rapidamente.

Daario ficou parado ali com a mão enfiada no bolso.

— Então, vocês dois agora são... Colegas? — perguntou ele, engrossando a voz, o que foi muito estranho.

— Daario, não faça isso — pedi. — Vá embora.

— É só uma pergunta — retrucou-o, aproximando-se mais. Ele se virou para mim. — Eu tenho ligado para você.

— E eu já avisei que bloqueei seu número.

— A gente precisa conversar.

— Acho melhor você ir embora — insisti com a voz séria.

A onda de alívio que senti quando Jon colocou uma das mãos no meu joelho por baixo da mesa e apertou de leve foi chocante. Eu precisava daquilo. Eu precisava dele ali.

— É, mas... — começou Daario.

— Você deveria ouvir o que ela disse — declarou Jon com dureza.

— E você deveria ficar na sua — retrucou Daario. Ele olhou para mim e, depois, para o meu sorvete. — Desde quando você gosta de sorvete de pasta de amendoim? Você sempre escolheu sorvete de morango.

— Estou experimentando coisas novas.

— É mesmo? — bufou ele, olhando novamente para Jon. — É isso que você está fazendo?

— Tudo bem. Depois disso, nós vamos embora. Aproveite seu encontro com Arianne — falei, me levantando.

— Não é um encontro. É só... Sorvete. Ela tem tido desejos.

— Eu não estou nem aí.

— O que é isso nas suas costas? — perguntou ele, vendo a proteção de plástico filme que cobria minha nova tatuagem. — Meu Deus, você fez uma tatuagem? Sua mãe vai ficar pau da vida.

— Dá para parar com isso, Daario? Nós não vamos mais conversar, está bem? Venha, Jon. Vamos embora.

Quando comecei a me afastar, Daario rapidamente agarrou meu punho e me puxou para ele.

— Você não é assim, Dany. Seja lá o que estiver acontecendo entre você e esse... Cara, você não é assim.

— Você não faz ideia de quem eu sou — respondi.

— Talvez não, mas você não faz ideia de quem ele é.

— Eu quero que você me solte agora, Daario.

— Não, eu não posso deixar você ir embora com esse cara — insistiu ele, enquanto eu tentava fazê-lo soltar o meu punho.

Jon deu um passo à frente e baixou a voz enquanto fulminava Daario com o olhar.

— Você tem cinco segundos para soltá-la antes que eu arranque o seu braço do corpo.

Por um instante, Daario relutou incerto se deveria levar a ameaça a sério ou não.

— É melhor você fazer o que ele está falando — avisei. — Da última vez que um cara o irritou, ele partiu o celular dele ao meio.

Daario me soltou e deu um passo atrás.

— É só uma questão de tempo até ele te magoar, Daenerys. Gente como ele sempre se descontrola.

— E gente como você sempre decepciona pessoas como eu.

— Você está agindo de maneira irracional — gritou ele, mas não respondi mais.

Peguei a mão de Jon e saí, sentindo um nó no estômago e a mente girando. Eu odiava como Daario ainda tinha esse efeito sobre mim, como ele ainda fazia com que eu me sentisse pequena e ingênua. Aquela era a maior diferença entre os dois homens diante de mim. Daario sempre me enjaulou. Jon permitia que eu voasse.

 

 

Jon

 

 

 

Depois do encontro com Daario e Arianne, voltamos para minha casa para uma maratona de The Walking Dead como tínhamos planejado. Eu já estava com tudo pronto — pipoca, refrigerante e o doce favorito dela: copinhos de manteiga de amendoim. Era incrível que eu já soubesse o doce favorito dela. Eu nunca tinha permitido que ninguém se aproximasse o suficiente para descobrir suas preferências.

Eu esperava que a distração ajudasse Dany a esquecer daquela interação com as duas pessoas que mais a magoaram na vida. Depois de arrumar tudo na mesinha de centro, fui pegar o refrigerante na geladeira e, quando voltei, vi Dany olhando para a tatuagem no espelho. Havia um sorriso triste em seu rosto.

— Tudo bem?

— Tudo. É só... — Ela se virou para mim e encolheu os ombros. — Hoje é o aniversário.

— Ah, eu não sabia...

Senti um nó no estômago ao pensar naquilo. Eu vinha agindo de maneira estúpida... Permitindo que meus sentimentos por ela crescessem. Mas aquilo não adiantaria nada. Ela ainda era uma mulher casada, e acabaria voltando para o marido quando cansasse do que eu e ela estávamos fazendo. Além disso, nosso caso de verão logo terminaria e ela voltaria para sua vida real em Westeros. Nós tínhamos feito um trato, e ele terminaria no final de agosto; ela seguiria o seu caminho e eu, o meu.

Daenerys não me devia nada. Mesmo assim... Eu queria que ela tivesse tudo.

— Então, ver Daario na cidade com Arianne deve ter sido difícil para você — comentei.

— Não, Jon. — Ela negou com a cabeça, colocando a mão no meu braço.

— Não é o aniversário de casamento. É o aniversário do primeiro bebê que perdi.

— Ah, meu Deus. Sinto muito. — Eu me senti um idiota.

— Não. Está tudo bem. Na verdade, não está, mas está, sabe? É por isso que eu quis fazer a tatuagem hoje, para honrá-los. Mas não vou mentir: ver Arianne hoje e sua barriga crescendo, especialmente hoje, me atingiu em cheio.

— Não consigo acreditar que aquilo aconteceu — sussurrei, colocando uma mecha do cabelo dela para trás da orelha. — Eu não consigo compreender como eles dois tiveram a coragem de fazer aquilo com você.

— Ela deu a ele a única coisa que eu não consegui — comentou Dany. — Aquilo era tudo o que eu queria ter feito por ele, sabe? Por mim. Tudo que eu sempre quis foi ter uma família, ser mãe e, por algum motivo, eu não consegui fazer a coisa que todas as mulheres deveriam ser capazes de fazer. Eu não consegui... — Ela respirou fundo e fechou os olhos. — Tudo que eu queria era dar uma família para Daario e, em vez disso, ele saiu de casa e criou uma para ele.

— Sinto muito, Dany.

Ela abriu o sorriso mais triste e deu de ombros.

— Às vezes, a vida é tão injusta, mas acho que as coisas são como são. Acho que sou só a quase garota, sabe?

— Quase garota?

— Sabe... — Ela respirou fundo. — A garota que quase consegue realizar todos os sonhos. Que quase consegue o amor eterno. Que quase teve um casamento eterno e foi uma quase mãe. Mas, depois de sete perdas, eu finalmente percebi que aquilo não era para mim. Os médicos disseram que se eu continuasse tentando, o meu corpo não ia aguentar, mas, na verdade, eu estava mais preocupada com a minha mente. Eu sentia que estava enlouquecendo a cada dia que passava. E não tive tempo de resolver isso antes de Daario me abandonar. Minha mente estava tão frágil. Meu coração, partido. Eu estava farta de quase ser alguém, isso é tudo.

— Isso não existe — falei para ela, pegando sua mão. — Ser uma quase mãe, não existe. Você teve sete filhos, tenham eles chegado aqui ou não, e isso não apaga o fato de que eles existiram. Eles eram seus filhos e tiveram o seu amor incondicional, mesmo que apenas por um pequeno tempo. Você é mãe, Dany. E sinto muito por você nunca ter podido segurar seus filhos no colo, mas você é e sempre será mãe.

O corpo dela começou a tremer, e eu a puxei para mim, esforçando-me ao máximo para que ela soubesse que não estava sozinha naquela noite.

— Às vezes, eu finjo que sei o sexo de cada um deles e escolhi um nome para cada um — confessou ela.

— E qual é o nome deles?

— Emerson, Jamie, Karla, Michael, Jaxon, Phillip e Steven — listou ela, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.

— São lindos nomes.

A dor de Dany vinha em ondas. Por alguns momentos, ela ficava bem, mas, então, era como se a verdade a atingisse, a verdade de todas aquelas perdas que ela enfrentou durante anos. Não havia palavras que pudessem consolá-la. Nada que eu fizesse apagaria aquela dor, então, fiz a única coisa que poderia fazer naquela noite — eu a abracei. Permiti que ela desmoronasse nos meus braços, e permiti que ela ficasse mal. Eu a abracei tão forte, por tanto tempo que, quando chegou a hora de seus olhos se fecharem, ela adormeceu no meu peito. Partiu meu coração ver que, mesmo durante o sono, as lágrimas continuaram escorrendo de seus olhos. Até mesmo no sono, onde deveria encontrar um pouco de paz, ela ainda sofria.

Dany merecia mais, muito mais do que o mundo tinha lhe dado. Ela merecia a felicidade mais do que qualquer um naquela cidade. Eu odiava o fato de a vida ter sido tão dura para alguém tão bom. Eu odiava que coisas ruins engolissem o coração da mulher mais graciosa que eu já tinha conhecido. Eu odiava não conseguir aliviar o sofrimento dela naquela noite. Ela simplesmente merecia mais, tão mais. Ficamos mais na cama do que deveríamos, e eu a abracei por mais tempo do que tinha planejado. Ela ainda estava dormindo, a respiração suave enquanto seu peito subia e descia contra o meu corpo. Eu nem notei quando aconteceu, meus lábios tocando sua testa. Ela havia sofrido tanto na noite anterior, me contando sobre os seus dias mais sombrios, e, enquanto ela falava, eu sabia que estava revivendo cada um dos momentos.

Emerson, Jamie, Karla, Steven...

Os filhos que ela nunca conseguiu segurar, as vidas que ela tanto desejou as almas das quais teve que se despedir antes de poder dizer oi. Eu não conseguia imaginar seu sofrimento. Eu não conseguia imaginar sua dor. Tudo que eu podia fazer era abraçá-la e esperar que meu toque fosse o suficiente para ajudá-la a passar por aquelas lembranças. Se eu já tinha conhecido uma mulher que merecia ser mãe, essa mulher era Daenerys.

O mundo era egoísta, injusto. Como tanta gente que não merecia tinha a chance de ter filhos que nem queria enquanto tantas pessoas tão dignas e merecedoras não tinham a mesma chance? Dany  se virou um pouco e se aconchegou mais a mim, enquanto um bocejo escapava pelos seus lábios.

— Eu dormi aqui — sussurrou ela.

— Dormiu — respondi.

— Desculpe. Eu conheço as regras. — Ela se sentou e se espreguiçou. — É melhor eu ir.

— Ou...

— O quê? — ela quis saber, olhando por sobre o ombro.

Seu cabelo estava despenteado e eu não sabia como ela conseguia parecer ainda mais linda.

— Você está bem? Depois de tudo o que aconteceu ontem?

Ela se virou para mim e deu um sorriso cansado.

— Eu sempre estou bem.

— É eu sei... Mas se você não estiver você pode... — Ficar. Você pode ficar comigo. — Tipo, se você precisar de alguém com quem conversar, estou aqui.

O olhar dela se suavizou e desviou de mim.

— Cuidado, Jon Stark — sussurrou ela, passando os dedos pelo cabelo. — O verão está quase acabando e você não deveria fazer meu coração palpitar dessa maneira. — Ela se sentou na beira da cama. — Agora você vai ter que falar alguma coisa bem cruel para mim.

— Eu não quero falar nada cruel para você.

— Eu sei, mas se nós vamos manter isso, eu preciso equilibrar os bons momentos com alguns momentos de crueldade. Diga algo. Pense em algo bom que você gostaria de dizer e diga o contrário.

— Tudo bem. Você é a mulher mais feia que já vi na vida. Seu rosto parece um repolho estragado e quando você vai embora eu fico feliz.

Ela se aconchegou mais e encostou a testa na minha.

— Ah — disse ela, suavemente. — Então, a verdade é o oposto disso?

Concordei com a cabeça devagar.

— O oposto é a verdade.

— Jon Stark? — Ela fechou os olhos.

— O quê? — Eu fechei os meus.

— Meu coração está palpitando de novo.

— Bem, talvez não tenha problema, sabe? Às vezes o coração precisa dar uma palpitada para continuar batendo.

— Posso ficar mais um pouquinho? — perguntou ela com voz trêmula e insegura.

— Claro que pode. E, depois, pode ficar um pouco mais.

Eu a abracei e nós nos deitamos na cama. O jeito como ela derreteu contra o meu corpo fez minha mente se anuviar, mas eu não me importei. Eu não me sentia daquele jeito havia tanto tempo — um sentimento de intimidade e proteção. Eu queria protegê-la do resto do mundo, de todas as mágoas e sofrimentos, mesmo assim, egoistamente, eu queria mantê-la perto de mim. Eu queria senti-la contra a minha pele, contra a minha boca, contra o meu peito. Eu queria senti-la no meu coração.

O meu coração...

Maldito coração.

Eu não tinha certeza se ele ainda sabia bater.

 

 

 

Dany

 

 

— Gente, isso é bobagem — reclamou Margaery enquanto Robb e eu estávamos sentados em frente a ela na sala. — Acho que essa ideia não é boa e o momento não poderia pior. Mamãe e papai já estão fazendo tanta coisa e estão mais ocupados do que nunca. Acho isso tudo uma grande bobagem — choramingou ela, puxando a barra do vestido.

—Margaery Tully Targaryen, eu juro pelos deuses que se você der para trás agora, eu vou dar um chute tão forte no seu traseiro que você vai parar em Valiria. Agora, vamos lá, faça de novo — ordenei, recostando-me ao lado de Rob enquanto minha irmã se levantava, segurando alguns papéis.

— Mas... — Ela franziu as sobrancelhas e roeu a unha. Robb se levantou, foi até ela e pegou suas mãos.

— Querida, olhe para mim. Você é a melhor mulher que eu já conheci, e você é a melhor pregadora que eu já tive o prazer de ouvir, está bem? Você merece esta chance, e eu juro que não há como nós deixarmos você desistir agora, certo? Então, concentre-se. Você consegue. Você consegue fazer isso.

— Como você sabe? — perguntou ela com a voz trêmula. — Como você sabe que eu vou conseguir?

— Porque você é você. Você consegue fazer qualquer coisa.

Eu os amava tanto que chegava a enjoar.

— Agora, vamos lá — estimulou Robb, dando um tapinha na bunda dela. — Dê esse sermão para mim e para Dany. — Ele voltou para o sofá e se sentou.

Margaery respirou fundo e começou a falar devagar. Então, deu um dos sermões mais emocionantes que eu já tinha ouvido. Ela sentia as palavras e dava para perceber que acreditava no que estava dizendo. Era lindo de se ver, minha irmã caçula se transformando. Ela fez isso sozinha, aquele era o seu dom, o seu talento e de ninguém mais. Margaery tinha nascido para fazer pregações. Ela havia encontrado a própria luz, o que a fazia feliz, e ninguém poderia tirar isso dela. Eu não poderia estar mais orgulhosa. Quando terminou, enxuguei as lágrimas de emoção que ela havia provocado.

— Foi bom? — perguntou ela, ainda nervosa.

Eu me levantei e a puxei para um abraço bem apertado.

— Foi muito mais do que bom. Foi excelente, Mar. Agora, faça exatamente a mesma coisa no jantar de hoje à noite com papai e mamãe.

Ela respirou fundo e assentiu.

— Tudo bem. Obrigada. Muito obrigada a vocês dois, por acreditarem em mim. Eu não estaria fazendo essa loucura se não fossem vocês dois.

— Sempre e para sempre — declarei para ela, apertando suas mãos e sorrindo. — Agora, é melhor eu pintar o meu cabelo antes do jantar.

— Como é que é? — Margaery estava boquiaberta. — O que você quer dizer com pintar o cabelo? Dany, a mamãe vai ter um treco! Ela já viu sua tatuagem?

— Não, mas ela vai ficar bem.

— Você está falando sobre a nossa mãe? — brincou ela.

Robb estreitou os olhos.

— Parece que esse papo é entre irmãs, então vou assistir à ESPN no quarto.

Ele saiu, deixando Margaery e seu olhar preocupado.

— Dany... — começou ela. — Foi você que decidiu isso? O que quero dizer é que se você sempre quis fazer essas coisas, como se tatuar e pintar o cabelo, eu dou o maior apoio. Os Deuses sabem que se alguém precisa se descobrir, esse alguém é você, mesmo que seu platinado seja tudo o que sempre eu desejei. Eu só quero ter certeza de que isso é uma decisão sua e não por causa de alguma influência de Jon.

— Mar. — Peguei a mão dela. — Essa é uma decisão exclusivamente minha.

— Jura?

— Juro.

Ela assentiu.

— De que cor você vai pintar?

— Quero um castanho igual o seu, talvez um corte, ele é muito grande, vai começar as aulas quero algo pratico para quando voltar.

Ela arregalou os olhos.

— Você quer matar nossa mãe do coração. — Ela deu uma risada.

— Pense desse modo. Se ela não morrer, provavelmente vai viver para sempre.

— Tudo bem, então. Vamos logo. Vamos fazer isso.

— Como assim?

— Eu não vou deixar você fazer isso sozinha. Vou ajudá-la a pintar. Melhor quatro mãos do que só duas.

Eu amava o fato de minha irmã estar sempre ao meu lado, mesmo quando não compreendia minhas escolhas. Ela me amava o suficiente para permitir que eu explorasse um território desconhecido e nunca me deixava ir sozinha.

 

 

~*~

 

 

 

Seguimos para o jantar, e os nervos de Margaery estavam à flor da pele. Mamãe e papai se sentaram à mesa enquanto o chef deles servia o jantar. Robb e eu não conseguíamos esconder o sorriso de animação diante do que estava prestes a acontecer. O jantar já estava acabando e Margaery ainda não tinha dito nada. Então, decidi dar o primeiro passo.

— Acho que Mar tem algo a compartilhar com todos nós — declarei, atraindo a atenção de todos. Margaery me fulminou com o olhar, mas eu respondi com um sorriso.

— É mesmo? — perguntou nosso pai, olhando para minha irmã. — E o que é filha?

— Eu... Hum... Eu — começou ela, com voz trêmula.

— Fale logo, Margaery — ordenou nossa mãe.

— Bem, eu só estava pensando que, talvez, tipo, que talvez um dia eu pudesse dar um sermão na missa de domingo. Eu até... — Antes que ela conseguisse pegar a impressão do sermão que ela havia escrito, nossos pais caíram na risada.

— Você dando um sermão? — perguntou meu pai, achando graça da ideia, o que me deixou mais chateada do que qualquer coisa. Ele deveria ser diferente. Ele deveria apoiar o sonho de Margaery, mas, pensando bem, na cabeça dos meus pais, Margaery era só um rostinho bonito sem nenhum grande sonho.

— Ah, querida — disse minha mãe, rindo. — Essa foi muito boa. Agora o que você queria dizer mesmo?

Meus pais não perceberam o jeito como o espírito da minha irmã se encolheu. Robb abriu a boca para protestar, mas Margaery pousou a mão no joelho dele e meneou a cabeça discretamente.

— Eu só ia dizer que estou muito animada com o desfile do dia dos fundadores — comentou ela, contendo as lágrimas, enquanto se empertigava como uma dama.

— É mesmo, vai ser fantástico, e você vai estar em um dos carros também. Você vai ser a garota mais linda da cidade, Margaery — comentou minha mãe.

— Ela é muito mais do que uma garota bonita, mãe — reclamei cada vez mais irritada.

— Dany — pediu Margaery suavemente, lançando-me um olhar suplicando que eu deixasse para lá.

Por ela, eu deixaria; mesmo assim, eu estava puta da vida.

— Ah, eu me esqueci de que Robb e eu temos uma reunião sobre o desfile e ela começa em quinze minutos. Então, é melhor irmos agora. — Margaery empurrou a cadeira, enquanto mantinha o sorriso fixo no rosto. — Vamos, Robb.

— Mas...

Ela mordeu o lábio inferior para segurar as lágrimas.

— Por favor, Robb. A gente não pode se atrasar.

Ele se levantou relutante, e saiu com ela. Então, meus pais voltaram a conversar casualmente como se nada tivesse acontecido.

— Vocês só podem estar de brincadeira — reclamei, irritada, fazendo os dois olharem para mim.

— O que foi Daenerys? — perguntou minha mãe.

— Como é que vocês foram capazes de fazer aquilo com ela? Como foram capazes de rir da cara dela quando Margaery falou sobre fazer um sermão?

— Ah, Daenerys... — Minha mãe revirou os olhos. — Sua irmã só estava brincando.

— Não, ela não estava. Ela está treinando há semanas, talvez meses, e quando finalmente reuniu coragem para compartilhar isso, vocês riram da cara dela. Como puderam não perceber quanto à risada de vocês a magoou? Ela praticamente saiu correndo daqui.

— Ela não pode estar falando sério — retrucou meu pai, surpreso. — Ela não é uma pregadora.

— E o que você quer dizer com isso? — perguntei, estreitando os olhos, sentindo-me confusa.

— Bem, você sabe, sua irmã gosta de coisas diferentes como fazer compras, organizar eventos na cidade, planejar festas. Coisas assim. Ela é como uma cheerleader da cidade. Margaery não nasceu para conduzir uma igreja — declarou ele.

Naquele momento, pela primeira vez na vida, eu vi meu pai sob uma ótica diferente.

— Você acha que ela é burra? — perguntei.

— Não foi isso que eu disse.

— Nem precisava — retruquei. — Pois eu vou dizer que ela é uma pregadora. Eu ouvi o sermão dela e Margaery tem uma das vozes mais fortes que eu já ouvi. Ela tem tanto amor e compaixão por cada pessoa desse mundo. Ela tem um dom além de qualquer comparação, e você teve a coragem de rir da cara dela quando contou para você o sonho dela! — gritei, sentindo-me tomada pela situação e pela necessidade de fazê-los compreender.

— Daenerys, olhe o tom — ordenou minha mãe.

— Não mesmo. Eu não vou ficar calada diante disso. Ela se esforçou muito para isso, e você dois foram desrespeitosos. Se vocês tivessem um sonho e o compartilhassem com Margaery, ela os estimularia pelo resto da vida. Ela acreditaria mais em vocês do que vocês mesmos, e vocês não deram nem uma chance para ela.

— Acho que está na hora de você sair da mesa — declarou minha mãe em voz baixa e irritada.

Meu pai não disse nada. E isso me magoou mais do que tudo. Meus olhos ficaram pousados nele, e não consegui evitar as lágrimas que enchiam meus olhos.

— Eu podia esperar uma coisa dessas dela, pai. Mas de você? Você deveria sempre acreditar em nós. Você deveria ser a pessoa que ouve os sonhos dos outros e nos diz que podemos voar. A pessoa que vi aqui esta noite? O jeito como você riu da cara da minha irmã? Eu nem sei quem você é agora.

— Que engraçado, vindo da garota que está tendo um caso? — retrucou minha mãe.

— Como é que é? — perguntei perplexa.

— Você sabe exatamente do que estou falando. Só vá embora, Daenerys. Vá embora. Vá se encontrar com o seu delinquente.

Dei uma risada sarcástica.

— Uau. Eu estava esperando você jogar isso na minha cara, mas acho que você fez isso na hora errada. Isso não tem nada a ver com o que está acontecendo aqui.

— Tem tudo a ver com o que está acontecendo. Suas palavras e sua personalidade agora são nulas para mim porque você está correndo pela cidade como uma louca. E eu estou falando sério! Tatuagens? Cabelo castanho?! O que está acontecendo com você? Você não é assim. E está andando com um cachorro imundo que nem merece um osso. E está dando tudo para ele como uma vagabunda nojenta.

Fiquei boquiaberta.

— Do que você acabou de me chamar?

— Você nem sabe o trabalho que estou tendo para controlar tudo que você está fazendo nesse seu rompante que já dura algumas semanas. Tatuar a sua pele... Sair da casa de Jon tarde da noite. Você sabe quanto tem sido difícil para mim?

— Quanto tem sido difícil para você? — bufei.

— É. Você sabe o que as pessoas andam dizendo para mim? Você sabe o que elas andam dizendo sobre a nossa família?

— Não. Você sabe o que as pessoas estão dizendo sobre mim? Sabe de uma coisa, eu não consigo mais fazer isso. Não consigo mais falar com você.

— Você é uma desgraça para o nome dessa família! Dormir com aquele monstro imundo quando você ainda é casada!

Meu coração estava se partindo, e ela nem sequer notava. Engoli em seco e baixei a cabeça.

— Foi o Daario quem me traiu e não o contrário, mas você se importa? Parece que você está determinada a ficar do lado de qualquer pessoa, menos das próprias filhas. Para mim chega. Eu estou farta da igreja e dos seus julgamentos, e estou farta de você e dos seus julgamentos. E, só para você saber, nessas últimas semanas, Jon me tratou com mais respeito do que você jamais me tratou em toda a minha vida, então, se ele é um monstro, mãe, você deve ser o diabo em carne e osso.

 

~*~

 

 

— Eu não sabia que ela estava falando sério — declarou meu pai na porta da casa de Margaery mais tarde naquela noite. Ele estava com as mãos nos bolsos e os ombros curvados. Margaery e Robb ainda não tinham chegado quando ele apareceu. Os olhos do meu pai carregavam o peso da culpa.

Esfreguei a testa e suspirei.

— Isso é porque vocês nunca a levam a sério. Ela é boa, pai. Maravilhosa, para dizer a verdade. Se você der uma chance a ela, Mar vai provar que é a pessoa mais que certa para assumir a igreja um dia. Só dê uma chance para ela. Dê a ela uma oportunidade para ser mais do que uma organizadora de eventos.

Ele se sentou no último degrau da varanda e esfregou as mãos.

— Acho que hoje foi um dia de fracassos para os pais de vocês.

— Não precisa ser se você consertar as coisas com ela. É difícil ver como minha irmã é tratada às vezes. Ela é mais do que um rostinho bonito. Ela é tão mais que isso, mas é como se a cidade tivesse pintado essa imagem de miss beleza e não desapegam. Ela merece uma chance. Uma chance de verdade de realizar seu sonho.

— Vou falar com ela.

— Obrigada. Sinto muito sobre o que aconteceu no jantar. A mamãe me sufoca às vezes.

— Acho que vocês sufocam uma à outra. Vocês se parecem muito, sabe? — declarou ele.

Fiz uma careta.

— A gente não se parece em nada.

Ele sorriu e negou com a cabeça.

— Foi o que sua mãe disse quando falei a mesma coisa para ela. Minha flor está tudo bem? Você sabe que eu não costumo dar ouvidos para as fofocas, mas o fato de você estar sendo vista com Jon Stark é um pouco preocupante para mim.

— Por que todo mundo está sempre contra ele? — perguntei. — Ele não é uma pessoa má.

— Não — concordou ele. — Mas ele tem problemas, o que pode ser perigoso. Não quero que você se machuque, principalmente quando você já está sofrendo tanto. Talvez manter distância entre vocês dois não seja uma coisa ruim, principalmente enquanto você tenta entender o que está acontecendo com seu casamento.

— O que você quer dizer com “entender o que está acontecendo”? Pelo amor dos Deuses, Daario escolheu outra mulher e vai ter um filho com ela.

— Eu sei, mas você não acha que é importante ser mais para o Daario do que ele foi para você? Ter a elegância de resolver completamente a situação antes de seguir para os braços de outra pessoa? Eu sei que você está sofrendo, e sua mente está confusa, e é exatamente por isso que estou tentando ser um pouco protetor em relação a você agora. Jon Stark nunca facilitou a vida das pessoas. Ele causa confusão, e eu não quero que ele faça isso com seu coração, não depois de já estar partido.

— Ele não é ruim como você pensa, pai — sussurrei com a voz trêmula.

Ele apertou o topo do nariz e colocou os óculos na cabeça.

— Se ele não é tão mau assim, então vai esperar até você resolver os detalhes do seu casamento.

— Então, o quê? Você quer que eu o evite porque a cidade acha que ele é uma má influência?

— Não, não é nada disso. Eu só quero que você tenha um pouco de espaço para respirar. Parece que sua vida está um turbilhão, e não quero que você saia de uma situação para cair em outra. Só se dê um tempo para se curar antes de mergulhar em outra coisa. — Ele colocou a mão no meu joelho e apertou de leve. — Você vai ficar bem, Dany. Só não tenha pressa para cair em alguma coisa que provavelmente não vai durar. Jon Stark não tem um histórico de muitos amigos, e tenho certeza de que existe um motivo para isso. Eu só não quero que você descubra da maneira mais difícil.

— Eu gostaria que você pudesse ver o que eu vejo quando olho para ele — sussurrei.

— E o que você vê?

Engoli em seco e encolhi os ombros.

— Esperança.

Antes de ele ter a chance de responder, Robb e Margaery chegaram.

— Pai? O que você está fazendo aqui? — perguntou ela.

Ele se levantou e enfiou as mãos nos bolsos.

— Eu queria ouvir um sermão.

Os olhos de Margaery ficaram marejados, e, quando as lágrimas escorreram, ela se apressou em enxugá-las.

— É bobagem, pai. Melhor deixar para lá.

— Não é bobagem — respondeu ele, caminhando até ela. — Não é mesmo. Minha reação foi fria e errada e peço desculpas por magoá-la. Eu adoraria entrar e ouvir suas palavras, Margaery Tully Targaryen, se você deixar.

Ela sorriu e assentiu. Os dois entraram, e Robb ficou ao meu lado.

— Obrigado — sussurrou ele.

— Sempre e para sempre — Respondi.


Notas Finais


E ai???? Me contem!!!!!

Ps: Depois da mudança de visuuu, imaginem uma Daenerys mais Emília Clarke
Ps: Já comecei os trabalhos para a próxima Fic. Temos ainda um caminhozinho a percorrer em Home, mas "Pigmaleão" vem aí eu estou bem animada pra essa nova história e estou ansiosa para saber se vocês também vão gostar.


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