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Os saguões dos aeroportos eram quase como sua segunda casa e os relógios, seus melhores amigos. Havia muito, muito tempo em que Hayoung não sabia mais o que era ter dias e dias sem conta sem ter que se preocupar com uma agenda extremamente lotada e viagens quase diárias e as noites mal dormidas a que eventualmente se acostumou trocando de hotel em hotel. Mas não era como se ela realmente se incomodasse com tudo aquilo. Ela sabia exatamente o que a esperava quando entrou para aquela agência de modelos ainda aos quatorze. Ela esperava por isso. Era o que ela queria.

É claro que, à época, tudo o que em que ela pensava de fato era em todo o glamour que a profissão traria. Sua mãe, assim como toda sua família, sempre estiveram prontos a tecer aqueles comentários elogiosos sobre sua beleza e seu carisma e seu porte e se ela desperdiçasse aquilo seguindo qualquer profissão que não aquela, não haveria apenas uma pessoa decepcionada consigo. A faculdade de Enfermagem ficou para outra oportunidade. Ela poderia fazer aquilo mais tarde, ela teria todo o tempo do mundo.

Mas não agora. Agora o tempo corria contra ela, contra sua juventude e contra sua beleza. E ela corria para lá e para cá entre desfiles e sessões de fotos e todas aquelas reuniões sobre a linha de cosméticos que pretendia lançar agora que sua carreira já havia chegado ao auge há mais de um ano. Às vezes, Hayoung sentia como se o tempo estivesse escorrendo por suas mãos sem que ela pudesse aproveitá-lo. Que ela estava deixando algo muito importante passar nas viagens de avião e nos sorrisos constantes frente as câmeras. E só havia uma coisa que fazia com que aquele sentimento a deixasse.

Era chegar ali, naquela casa à beira da praia. Aquele refúgio banhado pelo sol ameno e agraciado pela brisa serena que parecia soprar constantemente a refrescar seu corpo e seu pensamento. Mas nada daquilo seria alguma coisa se ali não estivesse ela. Bomi e suas risadas escandalosas. Seus abraços calorosos. O seu eu senti sua falta, meu anjo. Seus sorrisos distraídos enquanto observavam da varanda o mar quebrar à distância. Bomi era seu lar. E não havia tempo que corresse ou preocupação que a atingisse. Quando estava ali, o tempo parava. Nada mais importava. Ela estava em casa.