História Home Sweet Home - Me sinto em casa

Stiles não soube o que dizer quando Derek chegou alegando que precisava de ajuda com algumas sacolas. O algumas dele era bem relativo. Uma vez que abarrotara o camaro. Deixando aturdido. Receoso com a questão do espaço.

As sacolas abarrotadas de roupas encheram seu sua sala. Espalhadas pelo chão como grandes verrugas.

O velho notebook achou repouso em sua poltrona. Atraiu seus olhos como se brilhasse.  Uma lembrança física de uma luta incessante, de tanto tempo atrás.

Derek passou um bom tempo agachado, remexendo nas sacolas. Stiles o observava em silêncio e vi quando ele retirou um calção dali. 

O moreno se espreguiçou. Passar tanto tempo diante de volante não era fácil.

— Que canseira. — Ele disse.

— Porque não vai descansar? — Stiles balbuciou distraído. Iria arrumar um lugar para aquelas roupas. Para casa coisa. Estranhando o misto de sentimentos que lhe invadia no momento. Felicidade e receio.

— Depois. — Derek rumorejou. Olhou o evoo. Seguiu seu olhar. O notebook. — Aconteceu alguma coisa?

Derek o segurou pelos ombros. Puxou-o para mais perto. Para olha-lo.

— Acho que vamos precisar de um guarda-roupas novo. — Balbuciou o evoo. — Não tem nenhum dentro do porta-malas não, né?!

Derek sorriu encabulado.

— Não tive tempo de separar. — Desculpou-se.

Stiles riu e o beijou.

— Não vai ficar puxado para você? Essas viagens?

— Mais ou menos. — Derek ponderou. — E eu não pretendo fazer outra viagem assim tão cedo. Não de carro.

— um pouco caro.

Derek o encarou com atenção. O receio do evoo era como uma aura, uma crosta visível.

— Acho que ainda não deixei claro que vou ficar aqui, com você. Se quiser, claro. — O moreno disse-lhe baixinho.

Stiles abraçou sua cintura. Beijou sua boca. Tentando se prender aquelas palavras, pois ainda lhe restavam dúvidas; dúvidas de um amanhã.

— claro como a luz do dia.

— você não parece animado.

— Desculpe. — Stiles balbuciou. — Eu estou.

— Não é o que a sua expressão diz.

Stiles Suspirou. Realmente estava feliz. Mas receoso.

— Não estou de acordo com isso Derek. — Disse-lhe.

E Derek murchou um pouquinho.

— comigo morando aqui?

— Em parte sim. 

Derek se sentou. Era melhor do que cair para trás. Por pouco não se esqueceu que o notebook estava ali.

— Não estou entendendo.

— Você está deixando tudo para trás. É um passo enorme.

— é.. Mais ou menos. — Derek concordou. — Foi uma decisão minha.

— Tomada no calor do momento. — Stiles observou.

— ainda não me arrependo. E duvido que aconteça.

— Derek…

— O que?

— E se você se cansar de mim? — Stiles quis saber. Era um pensamento recorrente.

De novo aquela pergunta. Derek se perguntava quando ele tia entender.

— Acho que já tivemos essa conversa, Stiles.

O evoo não negou. Eles realmente tiveram. As vezes Stiles se esquecia. Como se estivesse em um looping.

— Tenho uma pergunta. — Derek contou. Não esperou que ele perguntasse. — Você gosta de mim, de verdade?

Stiles franziu o cenho.

— Já disse que Sim. Pra valer.

Derek se levanta. Se aproxima. Segura o rosto em suas mãos.

— Então escute o que eu irei dizer agora. É mais fácil você se cansar de mim, do que eu de você, entendeu,?

Ele o beija. Lento e demorado. Gestos, bom, era disso que Stiles gostava. Será que dessa vez ele entenderia?

— Você é bobo. — Stiles comentou.

— Sou grudento demais as vezes. — Avisou. Embora pensasse que ele já soubesse. Era um problema na sua última relação

— Posso lidar com isso. — Stiles garantiu. — Pode lidar com as minhas variações de humor?

— Faço isso desde o dia em que você chegou. — Derek brincou.

Stiles ri baixinho, se inclinando para frente . Derek o puxa para mais perto. Viciado naqueles lábios.

— Os dias que passei longe e você foram terríveis. Não quero me sentir daquele jeito outra vez.

O evoo sorriu, segurando seu rosto. Saber que era importante para Derek.

— Não sei se deixei isso claro mas também senti saudades de você.

— Acha que estamos indo rápido de mais, nos precipitando? — Derek quis saber. Mesmo com um pé atrás em relação a resposta.

— Acho. — Stiles confirmou. — Mas não vejo problema nisso. Ninguém sabe o que nos aguarda amanhã.

Derek respirou fundo. Um tanto aliviado. Balançou a cabeça em concordância. Stiles tinha razão. E o ajudou a procurar um local para as sacolas.

•×•

De forma normal e sútil – na medida do possível – o dia tomava conta do outro, se transformando em semanas. Como um tijolo sobreposto sobre o outro, sobre a massa, crescendo e solidificando. De pouco em pouco. O suficiente.

Certo dia Derek se aproximou de Stiles, que estava sentado a mesa. O evoo estava pensativo, daquele jeito, bebericava o café no automático. Derek quase sentiu-se culpado por interrompe-lo.

— Estava pesando em uma coisa. — Foi dizendo.

Stiles o fitou de relance. Viu Derek se sentar bem do seu lado.

—o que está tramando? — Indagou desconfiado. Derek andava estranho.

O moreno olhou em volta. Antes de focar no castanho.

— Preciso que veja uma coisa.

— Mostre. — Stiles pediu. Observando-o com minúcia, Derek não segurava nada.

— Não está aqui. Na verdade não é aqui. — o moreno contou.

Stiles estreitou os olhos.

— Vamos sair?

— É a ideia. Quero que veja. — Derek Insistiu.

— tudo bem.

Eles se levantaram em sincronia. Derek vestiu uma camisa e Stiles um calção, estavam prontos para sair. E assim fizeram.

Os olhos de Stiles estavam atentos lá fora, enquanto o carro seguia pelas ruas. As conhecia vagamente. Desistiu de arrancar de Derek a resposta, ele estava decido a ficar calado. Viu o carro diminuir a velocidade até estacionar próxima a calçada da preserve. Uma cerca de quase dois metros os separavam da preserve e seus arvoredos. 

Derek aspirou e respirou profundamente o ar puro do local.

— Vamos fazer uma trilha? — Stiles quis saber. Embora estivessem longe da entrada e despreparados.

— Qualquer dia desses. — Derek prometeu.

Segurou a mão do evoo e o levou até o outro lado da rua. Mais além, em direção as casas. Caminharam em silêncio e pararam diante de um lote vazio.

Derek avançou, desviando de alguns materiais de construção. Stiles foi em seu encalço.

— O que viemos fazer aqui exatamente? — ele quis saber.

— Olhar. 

Derek explicou. Stiles não disse nada. Caminhou ao seu lado. De uma ponta a outra. Pisando na grama, no chão e na grama outra vez. Se refugiando debaixo de uma árvore quando o sol ficará quente de mais. As folhas encurvadas do gramado lambendo seus tornozelos.

— Beacon Hills as vezes é tão silenciosa. — disse baixinho. Era o que mais gostava.

— Não gosta?

— É a melhor qualidade. — Stiles contou. E se corrigiu: — Segunda melhor.

Derek assentiu. E se virou para encara-lo melhor.

— Acho que seu apartamento ficou pequeno de mais para nós dois.

— Ele sempre foi pequeno. — Stiles sorriu sem graça.

— já pensou em se mudar?

— já. — O evoo confirmou. — Mas me falta o essencial.

— Eu tenho. — Derek disse como quem não quer nada. Sabia como o evoo reagia sempre que sugeria que poderia gastar com algo.

— Está fazendo de novo. — Stiles observou. — não pode arcar com todos os custos.

— Você não me deixa nem ajudar com o aluguel. Nem pagar a conta de água. — Derek argumentou.

— Sim. — Stiles nem negou.

— Se eu morrer agora. O que eu tenho vai para a minha família. Cada centavo. — Derek contou. — Não irei levar nada. E eles não precisam.

Stiles hesitou. Respirou fundo.

— Você não vai morrer agora. — ele rosnou. — Se isso é um problema faça um testamento e doe tudo para os pobres.

Derek ri baixinho, da cara de irritado. De como as orelhas balançavam quando Stiles ficava assim.

— Bela resposta.

— Disponha.

Stiles Resmungou. Não gostou nem um pouco daquele papo. Viu Derek se aproximar de uma pequena pilha de tijolos e pegar um.

— Se você colocar esse tijolo bem ali. — Ele apontou. Era um ponto qualquer do local. — compramos esse lote. Um começo. Para nós dois.

Stiles hesita, quase assustado. Olhando de Derek para o tijolo, para o chão.

Derek insistiu, dando um passo a frente.

— O que me diz?

Stiles engoliu em seco. Olhando-o nos olhos. Certo do que fazia.

— Eu... É... Juntos.

Ele segurou a mão do moreno por debaixo, apertando. Sentiu o tijolo nas pontas dos dedos. Caminharam, juntos, na direção que Derek havia indicado. Juntos se agacharam e juntos assentaram o tijolo.

— Esse vai ser o nosso lar. — Stiles sussurrou. Mais emocionado do que esperava.

— essa é ideia. — Derek sorriu.

Eles se beijaram e se demoraram no ato.

— A quanto tempo você comprou? — Stiles quis saber.

Derek sorriu amarelo. Coçou a nuca sujando-a com terra. Se perguntando se estava tão na cara assim.

— há dois dias... — arreganhou os dentes em um sorriso, vendo-o balançar a cabeça em descrença, mas sorrir também. Vê-lo sorrir era mais do que suficiente.