1. Spirit Fanfics >
  2. Homem-Aranha - Sweet Dreams >
  3. Parte 2

História Homem-Aranha - Sweet Dreams - Parte 2


Escrita por: LinoLinadoon

Capítulo 2 - Parte 2


Fanfic / Fanfiction Homem-Aranha - Sweet Dreams - Parte 2

   Hoje não ia ser um dia bom para Otto e ele sabia disso antes mesmo de se levantar. Seus sonhos tinham sido inquietos e entrecortados e, quando ele abriu os olhos, a primeira coisa que ele registrou foi dor. Ela corria por toda a extensão de suas costas, um tipo de queimação que se intensificava a cada movimento, como se alguém estivesse brincando com seus nervos.

   A segunda coisa que ele registrou foi o rosto adormecido de Peter, apertado contra os travesseiros e seus braços. O rapaz tinha chegado tarde naquela noite, cansado, suado e machucado, como normalmente acontecia, e tinha se adormecido assim que sua cabeça tocou o travesseiro. Otto sabia que Peter precisava descansar e a última coisa que ele queria fazer agora era acordá-lo por motivo algum.

   Segurando um grunhido de dor, Octavius se levantou devagarinho até poder se colocar sentado. Cada movimento piorava a dor, a fazendo se espalhar de suas costas para o resto de seu corpo como tentáculos desconfortáveis; tentáculos que pareciam se enrolar em volta de seus pulmões com força, tornando respirar mais difícil.

   Os braços mecânicos, conscientes de sua dor, se mantiveram erguidos sobre a cama, tentando não se mover muito. Embora os braços não pudessem sentir dor, a conexão entre a inteligência artificial deles e a mente de Otto lhes permitia compartilhar algumas sensações; e o cientista totalmente odiava aquilo, sentindo como se compartilhar a dor com quatro “mentes” diferentes só a intensificava mais.

   Seu corpo estava pesado como chumbo, seus músculos lutando contra os movimentos de seus braços e pernas, que agora tinham começado a formigar de modo estranho, uma sensação de estática que doía. Os braços ajudaram Otto até ele se sentar na beirada da cama. Ele se esforçou para respirar, seus pulmões trabalhando com dificuldade, como se ele tivesse corrido uma maratona.

   Ele se inclinou sobre suas pernas e ficou ali, parado, sentindo os seus nervos pulando. Vários dias já tinham começado daquele modo para Otto, e piorava, ele sabia, depois dele passar a maior parte do dia anterior trabalhando, mas às vezes, só acontecia aleatoriamente, sem explicação. Esse era um desses dias. Ele só esperava que o resto do dia fosse normal.

   Quando ele esticou as costas, ele percebeu que esse não ia ser o caso. As “facadas” em suas costas fizeram sua cabeça girar por um momento, um arfar alto lhe escapando; era quase como se estivesse sendo eletrocutado novamente, o que não era algo que ele gostava de lembrar.

   E então ele sentiu algo gentil e gelado tocar suas costas, quase o fazendo pular.

   “Tá ruim hoje…?” Ele ouviu a voz suave e sonolenta de Peter às suas costas. A rigidez de seu corpo impedia Otto de se virar ou olhar por cima do ombro, então ele só assentiu. Ele sentiu o movimento às suas costas, até que Otto pôde sentir as palmas desse contra sua pele dolorida; a sensação em si o encheu de alívio e ele se sentiu inclinando contra o toque do rapaz. “Tá tudo bem… Eu posso ajudar.” Peter disse, sua voz gentil, e Otto sorriu, ainda um pouco sem fôlego, sentindo lábios sobre seu ombro direito.

   Embora a intensidade da dor tivesse diminuído com o passar do dia, ela ainda estava presente, os puxões repentinos deixando Otto tonto e sem fôlego sempre que eles aconteciam. Peter manteve sua atenção focada no cientista enquanto eles trabalhavam e cuidavam de seus afazeres, pairando sobre ele a cada arfar e reclamar de dor. E, embora Otto estivesse grato pelos cuidados de Peter, ele ainda assim ficou aliviado quando o outro foi forçado a colocar seu uniforme de aranha e sair para cuidar de Nova Iorque; Octavius sabia que ele tinha boas intenções, mas a preocupação de Peter se tornava um tanto demais de vez em quando.

   Ainda assim, quando a noite caiu, os dois se encontraram na típica posição que tomavam quando as costas de Otto estavam doendo demais: Otto sentado no seu lado da cama, com Peter ajoelhado às suas costas, gentilmente deslizando as mãos sobre sua costas machucadas com um gel suavizante.

   Os suspiros de Otto e o leve zumbido da máquina presa à ele eram os únicos sons que interrompiam o silêncio do quarto, até Peter se inclinar para a frente com as mãos descansando sobre suas omoplatas.

   “Melhor?” Ele perguntou, pousando o queixo sobre um dos ombros de Octavius.

   “Melhor.” Otto suspirou, virando a cabeça levemente para oferecer ao rapaz um sorriso. “Obrigado, Peter.”

   Peter assentiu e retribuiu o sorriso, mas esse não parecia alcançar seus olhos. Ele se afastou antes que Otto pudesse examinar aquela reação, mas ele manteve sua posição ajoelhada atrás do mais velho, mãos ainda pousadas em suas costas. O cientista segurou um grunhido de dor quando um dos braços mecânicos se moveu a comando seu, virando levemente para poder voltar sua câmera para o rapaz, de modo que Otto pudesse observá-lo sem ter de se mover.

   Peter notou aquilo, observando de soslaio quando o braço se virou para ele abrindo as pinças levemente, mas ele não se moveu, só desviou os olhos para as cicatrizes de Otto mais uma vez.

   “Eu odeio ver você assim…” Peter disse, sua voz nada mais que um murmúrio. O cientista tremeu levemente, sentindo a respiração do rapaz cair sobre sua pele, perto de sua omoplata direita. “Eu queria poder fazer mais para ajudar…”

   Oh, Peter. Otto sabia que devia esperar algo assim dele, alguém que (quase) sempre colocava o bem estar dos outros antes do seu.

   Octavius suspirou, se inclinando para trás levemente, de um modo que não iria exacerbar sua dor, e ele pode sentir Peter se movendo com ele.

   “O que você faz já é o bastante, meu rapaz.” Ele disse.

   Peter sorriu um pouquinho, balançando a cabeça.

   “Ainda assim…” Foi tudo o que ele disse.

   Antes que o cientista pudesse dizer alguma coisa, a sensação de algo suave e familiar tocando seu ombro o interrompeu. Os lábios de Peter, pressionando leves beijos contra sua pele, de um ombro para o outro; até os braços mecânicos reagiram com ele, se voltando para Peter com interesse, mas continuaram abaixados, como que relaxados. A pele cicatrizada ao redor da espinha de metal que Otto carregava consigo todos os dias era sensível e Peter sabia disso, mas, com seus lábios, o rapaz era menos delicado do que com seus dedos, permitindo a Otto que sentisse tudo.

   Otto adorava aquela sensação mais do que qualquer outra coisa nesse mundo.

   Os braços mecânicos se moveram, lentamente circularam Peter, envolvendo o rapaz de modo que ele só pudesse sair da gaiola que tinham criado por uma direção, e Octavius esticou o braço para ele por esse lado.

   “Venha cá.” Ele disse, sua voz suave, aveludada, um tom de voz que sempre, sem falta, fazia Peter relaxar e derreter em suas mãos.

   Ele não precisava pedir duas vezes. Peter deslizou pelos cobertores, rastejando até o colo de Otto como um gatinho querendo carinho, deixando que seu namorado o envolvesse com seus braços orgânicos, similarmente a como os braços mecânicos tinham feito. Peter descansou a cabeça embaixo do queixo de Otto, apertando suas bochechas contra a clavícula desse enquanto era acalentado por ele; era claro que ele estava tentando não apoiar muito de seu peso no cientista, mas Octavius só o puxou para mais perto, o impedindo mudar de posição.

   As costas de Otto ainda doíam enquanto mesmo ali parado, mas a esse ponto, com a ajuda de Peter, a dor tinha diminuído substancialmente.

   “Eu espero que você durma bem essa noite…” Peter disse contra o pescoço do outro.

   Otto sorriu, embora o rapaz não pudesse ver.

   “Com a sua ajuda e seu carinho…” Ele disse, correndo os dedos pelos cabelos de Peter, feliz em sentir o rapaz relaxar. “Eu vou ter os sonhos mais doces, eu tenho certeza.”

   Ele sentiu uma risada baixa contra sua pele e tremeu levemente, ainda sorrindo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...