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Hora de aventura-decay - CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL


Escrita por: by_talked

Capítulo 1 - CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL



### CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL
??? - Vazio... apenas vazio.
??? - Por que tudo é tão... vazio?
A sala era um vasto vazio, iluminada apenas pelas estrelas distantes que vagavam no espaço além. As luzes pareciam próximas, mas tão inacessíveis. Naquele local, o silêncio era quebrado apenas pelos pensamentos fragmentados de Da-Hung. A névoa que cobria a sala era tão insensível quanto sua existência: ele surgiu, mas não sabia como, apenas que estava lá. 
Ele sabia que era vazio.
No entanto, toda a depressão e angústia foram interrompidas por um bip incessante e irritante de um velho despertador. Da-Hung abriu seus olhos profundos, vermelhos e sem cor nas pupilas.
**Da-Hung:** Ugh... tudo é tão...
Ele não terminou a frase, pois o bip continuava. Nem ao tocar no chão ele se sentia mais. Vivendo em um trem que já foi cheio de vida e histórias, agora não passava de uma sucata presa a uma árvore, assim como todo aquele mundo, já sem vida sociável. Talvez isso fosse o pior para Da-Hung; ele vivia há tanto tempo, mas não encontrava ninguém para simplesmente bater um papo.
Da-Hung se levantou, seu flutuar era suave. Desceu um soco no pobre despertador, que se espatifou ao contrário da mão cinza dele, assim como toda sua pele, cinza e já sem esperança.
**Da-Hung:** Meus lábios estão secos... tudo está seco.
Seu bocejo era alto, a única coisa audível. Ele flutuou até seu espelho quebrado, substituído por um desenho horrível feito por ele com a única caneta que encontrou em uma escola antiga. Ele imaginava as crianças que lá estudaram, agora apenas lembranças em um quadro ao lado da pia, onde ele colocou uma foto sua, tentando enganar sua mente de que um dia teve o que talvez se chamasse "amigos".
Ele se olhou no espelho enquanto escovava seus dentes, destacando seus dois caninos longos. Sua expressão, como já mencionada, era apenas um vazio, resultado de dias de pesadelos e memórias que nunca vinham, apenas se sentiam em sua pele cinza. Ele deu um leve sopro para levantar seu cabelo longo e escuro, seco e desarrumado, que descia até o fim de suas costas e frequentemente cobria seu olho esquerdo.
**Da-Hung:** Preciso cortar o cabelo...
Ele se virou para pegar a tesoura, mas não a sentiu.
**Da-Hung:** Ah é... eu a perdi.
Ele murmurou em seu tom monótono, sentindo a seca em sua boca.
**Da-Hung:** Sede...
Ele murmurou, abrindo uma parte de sua cortina velha e empoeirada. Suas orelhas pontudas se mexiam ao ver o intenso sol lá fora, que para muitos era sinal de vida e renascimento, mas para ele, era apenas uma forma fácil de suicídio.
Da-Hung flutuou até seu guarda-chuva, pegou-o pela alça que tirou de uma bainha. Mesmo não parecendo, Da-Hung amava costurar e criar coisas novas. Ele abriu o grande guarda-chuva remendado com pedaços de roupas rasgadas, panos e peles de animais que encontrava ou pegava em suas caças.
Ele vagou até sua geladeira, que ficava do lado de fora, afinal não havia nada que pudesse pegá-la. Guaxinins foram extintos pela intensa radiação. Sua geladeira era ligada por um longo fio ao único gerador vivo em uma antiga empresa elétrica. Da-Hung encontrou artigos sobre essa empresa, que tinha um chefe abusivo e cargas horárias exaustivas, com longas cartas de reclamações dos trabalhadores. Ele lia uma carta por dia, imaginando que tipo de seres escreveram aquilo.
**Da-Hung:** Ugh... não tem nada...
Ele murmurou, soprando a mecha de cabelo que caía novamente em seu olho direito. Virou-se e flutuou até um galpão de madeira velho, com um enorme pinheiro caído em cima, no qual ele desenhou um rosto e chamava de Senhor Abusivo, pois via tanto a palavra "abusivo" nas cartas que achava que era uma palavra boa.
Ele se abaixou sob a mesa, abriu um pequeno baú e tirou alguns sacos de sangue que pegou em uma de suas expedições para expandir seu mapa. Ele os encontrou em um laboratório, onde seres não vivos buscavam transformar seres vivos em criaturas sem vida, mas com uma incessante sede de carne.
Da-Hung pegou os sacos e flutuou até a floresta. Após flutuar bastante, ele se agarrou ao topo de uma árvore. Sua pele se transformou em madeira, seus olhos escureceram em um vazio negro e seus cabelos viraram folhas.
Cinco horas depois, ele ouviu o que veio buscar: um cervo de duas cabeças surgindo para beber água. Antes que pudesse reagir, o cervo estava no chão, sem pele, e Da-Hung tinha todos seus sacos de sangue cheios. Tinha comida para mais cinco meses, sabendo bem racionar.
Voltando a sentir a grama sob seus pés, parou de flutuar, fechou o guarda-chuva e o colocou nas costas. Já era noite, ele caminhou de volta com um leve sorriso de sucesso após mais uma caça bem-sucedida.
Da-Hung saltou em cima de seu trem, prendeu o guarda-chuva de uma ponta a outra, transformando-o em uma rede. Deitou-se relaxadamente e olhou para o antigo gigante Chicletão, com a cabeça perfurada, deitado entre duas montanhas. Ele era o que restava de algo que Da-Hung chamava de a "antiga guerra dos elementos". Mesmo após a morte, o Chicletão ainda mantinha seu tamanho glorioso, seu corpo coberto pela natureza. Era um dos poucos vestígios da guerra.
Da-Hung pegou seu mp3, algo que sempre esteve com ele, e voltou a ouvir as mesmas músicas que, para ele, sempre traziam sentimentos diferentes. Assim, iniciava sua longa noite, anotando o que fez no dia em seu caderno enquanto tomava um saco de sangue e ouvia música.

### CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL (Continuação)
Da-Hung começou a sentir o cansaço tomando conta de seu corpo enquanto anotava em seu caderno. O movimento repetitivo de escrever e o som suave das músicas no mp3 lentamente o levaram ao sono. Ele se permitiu relaxar completamente, deixando seus olhos se fecharem.
---
O sono profundo de Da-Hung foi abruptamente interrompido por um cutucar em seu ombro. Ele murmurou sonolento:
**Da-Hung:** Mãe, para com isso...
O cutucar continuou. Ele abriu os olhos com irritação, pensando que era mais um daqueles sonhos lúcidos. De repente, um barulho de lata caindo ecoou pelo vagão do trem. Ele olhou ao redor e viu uma pequena criatura, um esquilo, segurando seu mp3.
**Da-Hung:** Ei! Pare aí mesmo!
O esquilo, alarmado, começou a correr. Da-Hung se levantou rapidamente, mas ao olhar para o sol brilhando intensamente lá fora, soltou um chiado de raiva. Ele improvisou um manto com pedaços de tecido e começou a perseguir o esquilo. A perseguição foi intensa, com Da-Hung se movendo rapidamente através dos restos do trem e pela floresta.
O esquilo entrou em um buraco. Sem hesitar, Da-Hung começou a se transformar, sua pele cinza ficando pálida e sem vida enquanto se transformava em uma cobra. Ele rastejou pelo túnel, movendo-se com agilidade até bater em algo peludo no fim do túnel. 
Ao sair do túnel, Da-Hung encontrou-se em meio a pilhas de moedas. Ele se escondeu entre as moedas, observando enquanto o esquilo se ajoelhava e entregava o mp3 para uma raposa sentada em um trono. Era o Rei Raposa.
**Rei Raposa:** Meus súditos, estamos em tempos difíceis. Os duendes verdes do norte, podres de radiação, estão ameaçando nossas terras. Precisamos estar unidos para proteger nosso reino!
Da-Hung observava, atônito. Ele não esperava encontrar vida, ainda mais vida inteligente, naquele mundo devastado. Seus pensamentos corriam enquanto tentava entender a situação.
**Da-Hung (pensando):** Não era para haver vida... não aqui. Ou talvez fosse? Eu só conheci cidades e reinos destruídos. O que está acontecendo?
A visão do esquilo entregando seu mp3 para o Rei Raposa fez algo dentro de Da-Hung estalar. A única coisa que ele ainda tinha, seu mp3, estava nas mãos de outra pessoa.
**Da-Hung:** Não! Isso é meu!
Ele se transformou de volta em sua forma normal, ergueu o cabo de uma espada quebrada que encontrou entre as moedas e gritou:
**Da-Hung:** Por justiça!
Os animais no salão se voltaram para ele, surpresos com a intrusão. O Rei Raposa ergueu uma pata, ordenando silêncio.
**Rei Raposa:** Quem é você para interromper meu discurso?
**Da-Hung:** Eu sou Da-Hung, e esse mp3 é a única coisa que me resta. Vocês não têm o direito de tomá-lo!
O Rei Raposa olhou para Da-Hung com curiosidade.
**Rei Raposa:** Da-Hung, você não entende. Este mp3 é mais do que um simples objeto para nós. Ele contém músicas que nos inspiram e nos dão força para lutar contra os duendes do norte. 
**Da-Hung:** Não me importo com suas razões. Ele é meu!
O Rei Raposa se levantou de seu trono, a multidão de animais observando em silêncio. Ele desceu lentamente até ficar cara a cara com Da-Hung.
**Rei Raposa:** Da-Hung, você parece perdido. Por que não se junta a nós? Poderíamos usar alguém com sua determinação e força. 
Da-Hung hesitou, seu olhar fixo no Rei Raposa. Os pensamentos em sua mente eram caóticos, misturando a raiva, a confusão e um estranho sentimento de esperança. Ele nunca havia encontrado outros seres vivos desde que o mundo se tornara um deserto.
**Da-Hung:** Eu... não sei. Eu vivi sozinho por tanto tempo, não sei mais como é estar com outros.
**Rei Raposa:** Não precisa decidir agora. Venha, junte-se a nós. Vamos mostrar que a vida ainda pode florescer neste mundo devastado.
Da-Hung respirou fundo, ainda segurando o cabo da espada quebrada. Ele olhou ao redor, para os animais que o observavam com curiosidade e esperança. Lentamente, ele abaixou a espada.
**Da-Hung:** Tudo bem. Mas se alguém tocar no meu mp3 de novo, vai se ver comigo.
O Rei Raposa sorriu.
**Rei Raposa:** Seja bem-vindo, Da-Hung. Juntos, vamos trazer um pouco de luz para este mundo escuro.
E assim, Da-Hung se juntou aos animais do Reino da Raposa, começando uma nova jornada em um mundo que ele pensou estar completamente vazio.

### CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL (Continuação)
Da-Hung respirou fundo, ainda segurando o cabo da espada quebrada. Ele olhou ao redor, para os animais que o observavam com curiosidade e esperança. Lentamente, ele abaixou a espada.
**Da-Hung:** Tudo bem. Mas se alguém tocar no meu mp3 de novo, vai se ver comigo.
O Rei Raposa sorriu, mas em vez de acolhê-lo, começou a rir alto, uma risada maliciosa que ecoou pelo salão.
**Rei Raposa:** Você é mesmo ingênuo, Da-Hung. Tudo isso foi um golpe! Peguem-no!
Antes que Da-Hung pudesse reagir, os animais avançaram sobre ele, começando a golpeá-lo sem piedade. Ele gritou de dor e raiva, tentando se defender.
**Da-Hung:** Parem! Parem!
Com um esforço tremendo, Da-Hung conseguiu se livrar de alguns dos agressores e avançou contra o Rei Raposa, acertando-o com um soco no rosto.
**Da-Hung:** Pare de parecer o papai!
O Rei Raposa cambaleou para trás, surpreso com a força do ataque. Mas antes que Da-Hung pudesse continuar, os outros animais o seguraram, imobilizando-o no chão. 
**Rei Raposa:** Interessante... você tem mais coragem do que imaginei. Mas isso não vai salvá-lo.
Da-Hung, lutando para se libertar, gritou mais uma vez, desta vez com uma intensidade desesperada.
**Da-Hung:** Eu não vou deixar vocês levarem o que é meu! Não novamente!
Os animais começaram a bater nele com mais força, mas a raiva de Da-Hung alimentava sua resistência. Ele conseguiu se soltar novamente, golpeando os animais ao seu redor, seus movimentos eram selvagens e desesperados. Ele se lançou sobre o Rei Raposa mais uma vez, seus punhos se movendo com uma fúria implacável.
**Da-Hung:** Pare de parecer o papai! Eu não vou deixar vocês me controlarem!
O Rei Raposa tentou se defender, mas os golpes de Da-Hung eram fortes e precisos. No entanto, a superioridade numérica dos animais começou a pesar, e Da-Hung foi novamente imobilizado.
**Rei Raposa:** Isso é o suficiente! Levem-no para a prisão. Vamos ver o que fazer com ele mais tarde.
Os animais arrastaram Da-Hung para longe, enquanto ele ainda tentava lutar. Suas forças estavam se esvaindo, mas sua raiva ainda queimava intensamente. 
**Da-Hung (pensando):** Eu não vou deixar que eles me quebrem. Não vou deixar que tomem tudo de mim novamente. 
No entanto, enquanto era arrastado, uma voz interior começou a sussurrar, lembrando-o das palavras de sua mãe.
**Voz da Mãe:** Lembre-se, meu filho, a verdadeira força vem de dentro. Não se deixe consumir pela raiva. Encontre seu propósito.
Da-Hung fechou os olhos, tentando encontrar um pouco de paz interior em meio ao caos. Ele sabia que precisava de um plano, precisava de uma maneira de escapar e recuperar o que era seu.
---
Da-Hung foi jogado em uma cela fria e escura. Seus pensamentos ainda estavam em turbilhão, mas ele sabia que precisava se acalmar e pensar claramente.
**Da-Hung (pensando):** Tudo bem, Da-Hung. Você já passou por coisas piores. Agora, concentre-se. Há uma maneira de sair daqui. Há sempre uma maneira.
Ele se sentou no chão, respirando profundamente e começando a planejar sua próxima ação. A luta não estava terminada, e Da-Hung estava determinado a sair vitorioso, custasse o que custasse.

### CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL (Continuação)
Da-Hung sentou-se no chão da cela fria e escura, tentando encontrar um pouco de paz interior. Ele lembrou das palavras de sua mãe, mas então começou a rir.
**Da-Hung (pensando):** Mãe? Eu nem sei o que é uma mãe. Só acho que sei porque vi em um cartaz.
Ele riu mais alto, uma risada amarga e cheia de desespero. Mas quando pensou em seu pai, seus punhos se cerraram.
**Da-Hung:** Agora, pai... Reis são todos iguais.
Com uma explosão de raiva e determinação, Da-Hung se levantou e correu, desferindo uma ombrada contra a porta de tronco da cela. As grades de madeira quebraram com um estalo alto. Ele olhou para dentro da cela ao lado e viu um gambá.
**Da-Hung:** Ei, você! Quer sair daqui? Pode vir comigo, contanto que não vá me dar um golpe.
O gambá olhou para Da-Hung com desconfiança, mas depois de um momento, ele sorriu e se levantou.
**Gambá:** Fui preso porque o rei não gostou do meu sotaque. Parece que temos um inimigo em comum.
**Da-Hung:** Então, vamos. Tenho um rei para derrubar.
---
Os dois se moveram com cuidado pelos corredores escuros do calabouço, evitando os guardas e tentando não chamar atenção. Da-Hung estava focado, sua mente fervilhando com pensamentos de vingança. 
**Da-Hung (pensando):** Rei Raposa... você vai pagar por isso.
Finalmente, chegaram à sala do trono. O Rei Raposa estava sentado, cercado por seus súditos. Da-Hung avançou, seu corpo tenso e preparado para a luta.
**Rei Raposa:** Ah, o intruso retornou. E trouxe um amigo. Que adorável.
**Da-Hung:** Chega de joguinhos, Rei Raposa. Eu vou acabar com isso agora.
O Rei Raposa se levantou, rindo.
**Rei Raposa:** E o que você vai fazer? Me bater até eu parar de parecer seu papai?
Da-Hung rosnou, sua raiva fervendo.
**Da-Hung:** Sim. Exatamente isso.
Ele correu em direção ao trono, desferindo um soco poderoso no Rei Raposa. O rei cambaleou para trás, surpreso com a força do golpe. Os súditos do rei começaram a avançar, mas Da-Hung estava em um frenesi. Ele desferia golpes com uma precisão brutal, sua raiva alimentando sua força.
**Rei Raposa:** Parem-no! Matem-no!
Os súditos do rei atacaram, mas Da-Hung os derrubou um por um, seu corpo se movendo com uma agilidade e ferocidade surpreendentes. O gambá, apesar de pequeno, ajudava como podia, mordendo e arranhando os inimigos que se aproximavam.
Finalmente, Da-Hung ficou cara a cara com o Rei Raposa novamente. O rei estava visivelmente assustado, mas tentava manter a compostura.
**Rei Raposa:** Você... você não vai sair vivo disso.
**Da-Hung:** Veremos.
Com um grito de pura fúria, Da-Hung desferiu uma série de socos no Rei Raposa, cada golpe carregado de anos de raiva e frustração. O rei tentou se defender, mas era inútil. Da-Hung estava determinado a acabar com ele.
**Da-Hung:** Chega de reis. Chega de tirania!
Com um último golpe poderoso, Da-Hung derrubou o Rei Raposa, que caiu no chão, inconsciente. O salão ficou em silêncio, os súditos restantes recuando, aterrorizados.
**Da-Hung:** Está feito. Vocês estão livres.
Os animais olharam para Da-Hung com uma mistura de medo e gratidão. O gambá se aproximou dele, respirando pesadamente.
**Gambá:** Bem, isso foi... intenso. O que faremos agora?
Da-Hung olhou para o trono vazio, sua respiração ainda pesada.
**Da-Hung:** Agora... vamos reconstruir. Vamos fazer um lugar onde ninguém mais tenha que viver sob o jugo de um tirano.
Ele se virou para os animais no salão.
**Da-Hung:** Vocês ouviram! Estamos livres agora. Vamos trabalhar juntos para construir algo melhor.
Os animais começaram a se mover, ainda cautelosos, mas visivelmente aliviados. Da-Hung sentiu um peso sair de seus ombros, mas sabia que a verdadeira batalha estava apenas começando. Ele olhou para o gambá e deu um leve sorriso.
**Da-Hung:** Obrigado por acreditar em mim.
**Gambá:** Obrigado por me libertar. Vamos mudar esse lugar juntos.
E assim, Da-Hung e os animais começaram a reconstruir, trazendo um vislumbre de esperança para um mundo devastado.

### CAPÍTULO 0: VAZIO EXISTENCIAL (Conclusão)
Da-Hung olhava para os animais ao seu redor, esperando ver gratidão e alívio em seus olhos. No entanto, o que viu foi hesitação e descontentamento. Um coelho se aproximou, a expressão preocupada.
**Coelho:** Eu não quero liberdade. Como vamos conseguir dinheiro para comprar sementes e sustentar nossas famílias?
Outro animal, um texugo, ergueu a voz em meio à multidão.
**Texugo:** Ser livre é chato. Pelo menos com o rei tínhamos alguma ordem. Quem vai cuidar de nós agora?
A multidão murmurou em concordância, e, para surpresa de Da-Hung, eles começaram a olhar para o gambá com expectativa. Alguém no fundo da multidão gritou:
**Voz na multidão:** Vida longa ao feudalismo!
O coro se espalhou rapidamente, e logo todos estavam gritando a mesma coisa. O gambá, que havia lutado ao lado de Da-Hung, parecia desconcertado, mas não rejeitou a oferta.
**Gambá:** Se é isso que vocês querem... Vou fazer o meu melhor como rei.
**Multidão:** Vida longa ao rei!
Da-Hung observava tudo isso em silêncio, um misto de frustração e resignação em seu coração. Ele balançou a cabeça, percebendo que talvez a liberdade não fosse o que esses animais realmente desejavam. Com um suspiro, ele se virou e começou a caminhar de volta para o trem.
**Da-Hung (pensando):** Eu deveria saber. Nem todos querem ser livres.
Enquanto caminhava, ele pensava no cachorro que o esperava, ou melhor, no que restava do cachorro. Uma casa de cachorro com um esqueleto dentro, um vestígio de um tempo em que talvez houvesse esperança.
**Da-Hung (murmurando para si mesmo):** Tenho que dar comida para o cachorro.
Chegando ao seu trem, Da-Hung entrou e se dirigiu à casa de cachorro. Ele se ajoelhou ao lado do esqueleto e, com um gesto gentil, colocou um pedaço de carne seca ao lado dele. Era um ritual, uma forma de manter alguma conexão com o passado, por mais dolorosa que fosse.
**Da-Hung:** Aqui está, garoto. Eu sei que não é muito, mas é o que tenho.
Ele se levantou e olhou para o horizonte, o sol começando a se pôr. Sabia que a luta por um mundo melhor era difícil e cheia de obstáculos. Mas, por ora, precisava apenas de um momento de paz. Da-Hung se sentou ao lado do trem, observando o sol desaparecer lentamente, enquanto a escuridão tomava conta do céu.
E assim terminava o capítulo 0, com Da-Hung em busca de um propósito em um mundo que parecia sempre escapar de seu controle, mas determinado a continuar, independentemente dos desafios que enfrentasse.
 



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