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História Hostage - Uma garota conhece uma moto.


Escrita por: deusatena

Notas do Autor


Oi, fadas! Cheguei 💞

Capítulo 6 - Uma garota conhece uma moto.


Fanfic / Fanfiction Hostage - Uma garota conhece uma moto.

A indisposição vem de um cansaço nítido do meu corpo. Não quero jantar com ninguém, principalmente porque eu sou péssima nesse tipo de coisa. Abrir a boca e trocar palavras não é a minha praia quando não sei o que dizer. Ainda assim, não quero que Daniel fique desapontado no fim da noite. Ele tem feito muito por mim. Busco respirar fundo e bater na madeira de marrom claro.

— Não trouxe a chave? — ele seca suas mãos molhadas em um pano de prato branco.

— Não, me desculpe. Vou tentar lembrar da próxima vez

Neste exato instante, a campainha soa em todos os cômodos do primeiro andar da casa. Daniel sorri com alta expectativa e decide ir abrir a porta para a sua namorada e, bem, a Amber.

— Eu vou me trocar, estou suja de areia.

Ele ergue o polegar de forma discreta. Subo os lances de escada e empurro a porta do meu quarto. Mesmo em completo desânimo, decido colocar a calça jeans que foi comprada no shopping e algo apagado como blusa. Daniel me chama do andar debaixo e é por isso que eu não coloco nada demais, apenas as mesmas sapatilhas de antes.

Amber está loira. Por um momento sinto uma pontada de inveja. Ela fica bem de qualquer coisa.

— Selena! Como é bom te ver. — ela se aproxima, rodeando os braços ao meu redor. — Vai ser uma noite agradável, Sis.

Ela sussurra no meu ouvido com um tom diferente de voz. Um pouco mais ameaçador. Recuo dois passos.

— Oi! — sinto um toque quente no meu ombro nu.

A mulher em questão é, com certeza, Alice Dawson. Ela é a namorada do meu pai sabe-se lá quanto tempo. E nossa, preciso reconhecer o seu bom gosto. Alice tinha o meu tamanho e cabelos loiros, aparentemente recém retocados. Seus olhos eram azuis puxado para o cinza e ela não precisou ao menos colocar qualquer maquiagem que fosse. Era bonita naturalmente.

— Meu nome é Alice, você deve ser a Selena, estou certa? — ela ergue a mão quando não tem resposta do seu “oi”.

— Sim, eu sou. — aperto a mão dela, tentando um sorriso. — É um prazer conhecê-la.

— É sim. — Alice sorri de novo. Parece ser boa em causar boas impressões.

— Que bom que já se apresentaram. O jantar já está pronto, vou servir agora mesmo.

Daniel coloca a mão nas costas da namorada e nos conduz até a mesma mesa onde tomamos café todo dia. Em seguida, serve tudo o que passou preparando. Salada, pão, bife, arroz, lasanha, ervilha, purê. É um verdadeiro exagero e até Alice percebe esso, afinal éramos três mulheres e ele um homem. Mesmo assim, ela lhe lança um sorriso, puxando seu pulso para que ele se sentasse.

O começo do jantar é bem silencioso. Meu prato só tem salada, ervilha e purê. Alice e Amber constantemente olhavam para a quantidade de comida, mas não disseram nada. Eu só esperava que continuasse desse jeito. Então o meu celular no colo vibra e me dá um susto. Desbloqueio o aparelho ainda abaixo da mesa e leio a mensagem que recebi.

“Quer saber como eu descobri? É melhor não me dar bolo amanhã.”

Não consigo reprimir o sorriso. Amber me olha e semicerra os olhos, mas não diz absolutamente nada.

— Desculpe, Selena. Você tem certeza de que não quer colocar mais? Pode ficar com fome depois. — Alice tenta não soar inconveniente, mas eu não tinha uma resposta para aquela pergunta.

— Eu estava na praia com os meus amigos, acabei comendo por lá. — invento a primeira desculpa que vem na minha cabeça, decidida a ocupar minha boca de purê para não ter que dizer mais nada.

— Na praia, é? — dessa vez escuto a voz arrastada de Amber. — Meu namorado estava lá, você o encontrou?

Ela me lança um sorriso cínico. De algum jeito quer deixar claro que namora com o Justin, mesmo que isso seja ilusão dela, como ele disse há uma hora atrás. Balanço a cabeça, pegando a taça com água.

— Que namorado?

E então, tomo um gole do líquido transparente. Talvez aquilo tenha soado como uma pergunta comum, por falta de conhecimento real sobre a existência do namorado dela, pelo menos para Alice e Daniel. Contudo, eu apenas revido a mesma provocação, mas sem exibir nenhum sorriso de vitória, porque o que quer que seja a relação dos dois não é nada da minha conta.

— Justin.  Você com certeza deve tê-lo visto por lá. — ela tenta manter o mesmo nível da conversa, sem que eles percebam a provocação.

— Eu estava com os meus amigos, Amber. Não acho que tenha o notado por lá.

Ela mesma decide encerrar a conversa. Após muitos diálogos aleatórios — os quais eu tentei não participar —, decido me levantar, junto com o prato e a minha taça para pôr na pia. Daniel não demonstra chateação, na verdade estava bem entretido com a conversa pessoal que iniciou com Alice.

Fecho a porta do meu quarto, alcançando o primeiro botão da calça. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Amber abre a porta, fechando-a atrás de mim. Ela varre os olhos no interno das quatro paredes.

— O seu quarto é bem parecido com o meu. Mas não me surpreende, minha mãe que o decorou.

— O que você quer? — respiro fundo, tentando não me sentir intimidada. Até porque eu não a conhecia bem e não sabia seus limites. E eu tenho mestrado em suportar pressão de outras pessoas.

— Eu conheço muito bem o Justin. Nós estudamos juntos há três anos e desde então sempre fomos muito próximos. Ele nunca troca o número de celular, assim conheço bem esse aí que ele te mandou mensagem. — a garota aponta para o meu celular, preso no bolso da frente. — Eu não li a mensagem, mas já quero te dar um aviso de antecedência para você puxar as rédeas.

— “Puxar as rédeas”? — repito devagar.

— Exatamente. Justin já se decepcionou muito com muita gente, até encontrar em mim o apoio que ele precisa. O único apoio que ele precisa. Eu vou lhe avisar uma vez para ficar claro: não tente tomar meu lugar ao lado dele. Sabe, Justin e eu nos gostamos muito e você irá sair machucada dessa. Então, só fique fora dessa e bem longe dele.

— Se você se dizem namorados, não é o seu dever cobrar isso dele? Dizer todas essas coisas pra ele? — ela não diz nada dessa vez, até desfaz os braços cruzados. — Eu e Justin não temos absolutamente nada e nunca vamos ter. É por isso que eu não tenho nada a ver com o seu relacionamento.

Tento ser o mais franca e vaga possível. Caminho até a porta e abro, sem dizer mais nada. Amber respira fundo e se mantém calada até deixar o meu quarto.

Que estressante.

“Não vou.”

Enviado há alguns segundos.

*

Apesar de nunca ter ido à um jogo antes, eu assistia algumas partidas emocionantes de futebol americano quando passava na televisão. Essas horas existiam quando era final de semana e eu tinha que pegar um ônibus até a minha casa, perto do grande oceano azul. Sem ter, na verdade, a oportunidade de conhecê-lo de perto e talvez fazê-lo meu refúgio de paz.

O colégio se apoia ao time de futebol no colégio. Traz visibilidade e rende bastante, pelo o que eu consegui assimilar. Assistindo uma partida agora, porém de um treino comum, consigo sentir a emoção crescer dentro de mim. Com toda aquela fissuração, eu gostava ainda mais de esportes, pois delineava o corpo e exercícios podiam não ter o mesmo efeito.

— Elas são lindas. — aponto para as líderes de torcida que estão com roupas normais, porém, com pompons.

— E fúteis. Não conheço ninguém dessa turminha que saiba fazer uma divisão, pelo menos. — ela revira os olhos e afunda a mão dentro do pacote vermelho de Chips.

— Será que elas estão abertas para teste?

— É muito raro, porque elas já tem gente de sobra. Mas por quê? — dou de ombros, abanando a mão no ar para que ela deixasse pra lá. — Você não iria tentar, ia?

— Me disseram que entrar em alguma atividade extracurricular é importante para a faculdade.

— Bem, é verdade. Mas se quer saber a minha opinião, entrar no grupo das animadoras é quase impossível. Elas são muito rigorosas e chatas. Muito chatas. Miles quase não aguenta.

Balanço a cabeça e encerramos o assunto. A loira coloca o pacote na altura do meu rosto. Não consigo evitar de segurar o pacote e espiar a quantidade de calorias. Quase abro a boca para dizer algo, mas deixo quieto, devolvendo-a o saco.

— Então, vai fazer algo noite?

Penso bem antes de responder. Essa noite não, mas depois do colégio sim. Eu passaria a tarde com Justin, sendo uma professora de matemática. Eu sou péssima para essas coisas, mal consigo abrir a boca para dizer qualquer coisa que haja concordância, quem dirá ajudá-lo com as duras exatas do terceiro ano.

— Vou sair com o meu pai depois da aula, então não sei que horas vou voltar. — tento parecer convincente, garantindo com total certeza o que falo, mesmo que seja mentira.

— Entendo. — ela joga os braços para trás do pescoço e apoia a cabeça no assento de cima da arquibancada. — Eu vou invadir a casa do Miles hoje de novo e ia te chamar pra ir.

— Se sobrar tempo eu vou.

Ouço um alto apito. Não é preciso olhar para entender que o treino havia terminado. Os garotos vão saindo, um a um, até só sobrar as animadoras que saem por outra porta que dá direto para o vestiário feminino, do outro lado do campo.

— O que está escutando? — a loira puxa um lado do meu fone para enfiar no seu ouvido.

Sweater Weather. — murmuro, passando a unha na tela do celular.

— Quando começou a escutar tanto The Neighborhood? — ela me olha, mas sem largar o fone.

— Uma recomendação.

Ela não diz mais nada, apenas joga a cabeça pra trás e acompanha o ritmo da música batucando suas enormes unhas na arquibancada. Apenas para agradá-la, coloco Highway to Well, uma música conhecida do AC/DC, a aparentemente banda favorita do Miles e dela.

— Eu julgo muito as pessoas baseado no seu gosto musical. E você, minha lindinha. — ela agarra as minhas bochechas e faz um bico no meu rosto, unindo o polegar e o dedo indicador. — Sabe o que é música de verdade.

Parece um elogio dos grandes mesmo. É preciso enfatizar.

Justin Bieber POV.

Desamarro os cadarços dos meus tênis e sinto o cheiro desastroso que vem de dentro deles. Apoio o par no chão e apenas os ouço falar alto e jogar roupas aleatórias um no outro. No momento, contudo, preciso de um bom banho. Eu treino com um esforço nítido demais e sou melhor que Sebastian, o atual capitão do time. Só Deus sabia o quanto isso me irritava.

A questão não é só ser um jogador comum e não o capitão. Qualquer outro cara poderia ser que eu não ficaria tão chateado assim. Eu acredito que Chaz, Ryan, Chris ou até mesmo Devon poderiam estar nessa posição. Mas Sebastian ter sido escolhido é um soco no estômago. O cara é um completo pé no saco. Nós não vamos um com a cara do outro desde o ano em que me mudei pra cá.

Depois disso, eu o assisti tentando conquistar Elle à todo custo. E bem, ela era a minha melhor amiga. Como eu presumi, Elle era apenas uma aposta e ela ficou profundamente chateada pelo bolo que levou. Nós tivemos nossa primeira briga, onde eu tive a oportunidade de lhe dar um soco no olho por ter sido o babaca que eu sempre soube que ele era.

— Jogou bem hoje, Justin. — só pensar no cara o fez brotar do nada. — Percebi seus esforços para tentar tomar o título de novo.

— Não é muito difícil, cara. Vá por mim. O treinador sabe disso como qualquer um desse vestiário sabe. A sua sorte é que as minhas notas estão ruins.

— Como se o treinador se importasse o suficientemente com notas. Talvez queira mudar a frase para “a sua sorte é que eu quase fui preso no verão passado e fui para o reformatório”.

Fecho os punhos e sinto meu sangue borbulhar. Eu só preciso extravasar em algo ou alguém e eu queria muito que Sebastian fosse esse alguém. Ryan entra na minha frente e os seus olhos azuis é meu único foco agora.

— Vamos embora, cara. — ele tenta me tirar do vestiário, mas Sebastian junta suas coisas primeiro.

— Não tem problema, eu vou.

Ele solta um uivo alto. Quando estávamos em campo era essa a nossa chegada, pois o nosso mascote é um lobo.

Babaca.

Decido encarar a ducha gelada como um saco de gelo. Retiro todo o suor e lavo os cabelos. A ducha da direita é ligada também.

— Ryan, é você? — falo alto, com o sabão do shampoo nas pálpebras fechadas.

— Fala, maluco. — sua voz soa de fora da cabine, então presumo que não seja ele tomando banho.

Paro só um pouco para pensar nesse apelido. Nunca perde a graça, mesmo que para rir das merdas sérias que já fiz.

— Me diz as horas aí.

— Três e quinze, por quê?

— Eu vou ter aulas particulares com a novata, Selena. — ele diz um “ah” arrastado e malicioso demais. — Não começa, seu babaca. Eu não vou deixar Sebastian como capitão por muito tempo e ela vai me ajudar nas provas de matemática.

— Vocês vão ficar sozinhos, então. — abro os olhos, confuso. Ele mesmo havia dito que iria pra casa. — Vou ao cinema com a Anne hoje.

— Anne, é? Então está seguindo meu conselho de deixar aquela garota insuportável?

Estou quase dando graças a Deus nesse exato momento. É um momento épico.

— Sim, mas ela não é a minha loirinha, sabe? De qualquer modo, não vou desistir até que ela tenha o gostinho de Ryan Butler nos lábios de novo. — ele solta uma risada que só ele mesmo pode dar.

As vezes penso que Ryan veio com alguma deficiência para o Canadá comigo. Mas ele é apaixonado pela loira desde sempre. Os pais dele eram amigos dos pais da loira que se mudaram para cá, em Denver, antes dela nascer. Mas ela hora ou outra ia para a casa dos pais dele, lá no meu país natal, e foi numa dessas idas que eles deram o primeiro beijo, ainda na infância.

Não é exagero quando digo que a sua maior ansiedade ao vir para os Estados Unidos era ver como Ashley estava de perto, já que nas redes sociais os dois já se seguiam. Desde então, ninguém é suficiente perto da “loirinha” dele.

Selena está sentada na entrada do colégio, abraçando os joelhos. Ela escuta música no fone de ouvido e cantarola baixo, porém com os olhos bem abertos e atentos.

Ela é bem bonita, preciso ressaltar. Da primeira vez que a vi, no corredor dos armários, sabia que iria conhecer melhor ela. E não sabia porque comecei a ficar fissurado e em quê. Selena não parecia ter nada no corpo, ela era tão magra e fina que ainda me pergunto se isso é possível. Então meu interesse não era algo sexual, aparentemente. Mas a sua beleza? Tão nítido quanto quando se vê uma rosa.

Passei a mexer alguns pauzinhos porque ela era realmente boa em matemática. E ganhar aproximação tornaria o meu pedido menos estranho e a chance do não diminuiria.

Ainda com as nossas conversas reflexivas e profundas, eu não sabia tudo sobre a Selena. Só que eu estava disposto a mostrar o mundo que ela perdeu.

— Desculpe a demora. — Selena só concorda com a cabeça. — Eu estava suado do treino. — ainda insisto em explicar.

— Está tudo bem. Podemos ir agora?

— Você tem horário pra chegar em casa? Digo, depois de estudarmos? — questiono e caminho em direção ao estacionamento.

— Daniel não disse, mas geralmente é antes das oito, nesses casos. Não se preocupe com isso, tá? Eu não sei como vou me sair, mas quero que você entenda pelo menos um pouco sobre a matéria.

Anuo com a cabeça. Ela parece bem mais prestativa agora.

Paro em frente a minha moto. Espero Selena dizer algo como o padrão, pelo menos o que todo mundo diz quando se depara com ela. Lembro-me bem dos pitis da Amber também. Geralmente é algo como…

“O quê? Não é um carro?”

“Vá sonhando que eu vou subir nisso aí!”

“E se nós morremos?”

“Eu não quero mais.”

“É melhor irmos com o meu carro.”

— Uma moto! — ela diz, maravilhada. Arregalo os olhos, subindo as sobrancelhas. — Poxa, eu sempre quis andar em uma moto. Meu Deus, ela é tão bonita. Parece ter sido cara. — suas mãos pequenas analisam a moto. Ela passa a mão no banco e vai subindo. — Desculpe, este comentário foi inconveniente.

— Relaxa, foi cara mesmo. Sempre foi o meu sonho ter uma moto dessas, então juntei bastante dinheiro.

Selena concorda com a cabeça, pouco interessada.

— Você quer subir, não é?

— Quero!

Ela abre um sorriso enorme e segura no capacete preto que é visualmente parecido com o meu. A diferença são os detalhes dourados ao redor do que eu uso.

— Aperte as mãos ao meu redor, tá? Mas não forte demais, isso me desconcentra.

A morena entende, pois se inclina e coloca os braços ao redor do meu tronco. Ao virar um pouco para saber se ela estava bem, consigo sentir o seu cheiro. Era doce, mas parecia natural.

Respiro fundo para voltar ao meu foco. Brinco com o motor e Selena não mede seu pequeno grito de animação. Vou pelo caminho com menos sinais para acelerar com tudo. Ela fica animada demais, sendo a primeira que não enlouqueceu de uma maneira ruim.

Decido passar pela ponte do Colorado, que dava a volta perto de pinheiros e com a vista para o mar. Ela parece se sentir mais viva e é admirável, não posso negar.

Desligo a moto em frente ao meu apartamento, bem próximo do centro e afastado do colégio. Eu conto quinze minutos toda vez. E quando não tenho dinheiro para gasolina, acompanho Ryan no seu carro.

Uma garota conhece uma moto. — zombo, utilizando o título frequente de uma série qualquer.

— Isso foi tão… Não consigo descrever a sensação. O ar gelado de Denver é meio perturbador, mas acho que deixa as coisas melhores ainda! — Selena bate palmas e sorri. Sorriso esse que vai se desfazendo. — Estou exagerando?

— Não, eu gosto de te ver assim. Afinal, temos um trato e eu quero te mostrar muito do que você ainda não viu. A começar pelo básico que é Denver, já que você vem de Salém e não conhece muito daqui. — apoio meu corpo na moto e Selena ri sem graça, botando uma mecha do seu cabelo castanho para trás da orelha.

— Justin, você não precisa me dar nada em troca. O convite foi convidativo, é claro, mas eu vou te ensinar a matéria sem problema algum.

— Foi como eu disse, vou me beneficiar com as duas coisas.

Pisco para ela, o que é inevitável. Selena tem as bochechas queimadas pela vergonha e o tom avermelhado a deixa ainda mais meiga, se isso for possível.

Peço o elevador para o penúltimo andar, que é o quinto. Os andares descendo vão me deixando nervoso, até  chegar. Entro daquele cubículo. Fecho os olhos, pensando em coisas boas para me distrair. São cinco andares, então tudo passa bem depressa.

— Você é claustrofóbico? — Selena passa as mãos na calça jeans e cruza os braços.

— Sou, mas acabei me acostumando.

Ela não diz mais nada. Caminho até a última porta do corredor e enfio a chave na fechadura, abrindo a porta do apartamento.

— Sinta-se a vontade. — fecho-a atrás de mim.

Selena parece curiosa. Ela vaga minuciosamente o olhar por cada canto do apartamento que reside em um único andar. Com a pensão que ganho do meu pai e meu trabalho de garçom, além da contribuição do Ryan, consigo manter as contas e suprimentos do apartamento. Não é aluguel, o que já tira um peso das nossas costas. Quem comprou o lugar foram os pais do Ryan que sempre me viram como filho.

— É bonito, eu realmente gostei. — ela coloca sua mochila em cima da mesa. — Onde está…

— Eu deixei os materiais que vamos precisar aqui em casa e o restante no armário. — adianto, antes que ela perguntasse sobre a mochila.

Ficamos em um breve silêncio. Selena parece sem graça, até que decido abrir a boca de novo.

— Você quer comer alguma coisa? O almoço foi há horas atrás, então…

— Não precisa, Justin. Eu estou sem fome. — Selena tenta sorrir e então aponta para a cadeira, pedindo indiretamente permissão para se sentar. Concordo com a cabeça. — Você vai pegar as suas coisas ou…

— Sim, claro. Sinta-se em casa, eu volto já.

Vou em direção ao meu quarto e junto os meus dois livros de matemática, além do caderno com todas as anotações.

Não ocupavam nem dez folhas. Eu durmo muito durante as aulas.

Ouço um barulho de algo se quebrando no outro cômodo e largo o livro para sair do quarto. Vejo Selena com a mão sangrando. Não muito, mas o bastante para que ela fizesse a feição dolorosa que faz agora.

— Selena! O que aconteceu?

— Eu fui pegar o copo de água e quando me virei acabei batendo ele no batente da porta. Meu Deus, eu sou muito desastrada. — choraminga, segurando o pulso da mão machucada com a outra mão. — Me perdoe, Justin. Eu vou arrumar tudo e…

— Não se preocupe com isso. Fica no sofá, eu vou pegar algumas coisas pra melhorar isso daí.

Eu sabia que tinha visto uma caixa com kit de primeiros socorros. Porém, quase nunca precisamos disso além de gelol, para pancadas mais dolorosas.

Invado o quarto do Ryan, indo até o seu banheiro. Por sorte, encontro a caixa atrás do espelho. Tinha coisas que nem haviam sido abertas do pacote ainda. Selena parecia se segurar para não chorar, pois o sangue agora pingava o chão. Limpo as mãos com álcool primeiro.

— Vai doer, tudo bem?

Ela balança a cabeça. Jogo um pouco de álcool na sua mão aberta e ela grunhi. Tento ser bem rápido e tiro pequenos cacos que ficaram na sua mão com alicate. Limpo o máximo da ferida até o sangue parar de sair. Coloco um band-aid e enfaixo sua mão com o pano branco que tinha.

— Quando chegar em casa faça o mesmo procedimento. Não esqueça de lavar a ferida com água ou com álcool.

— Tá. — sibila. Guardo as coisas na caixa novamente. — É a primeira vez que venho aqui e arrumo essa bagunça. Me desculpe, de verdade.

— Acidentes acontecem. E aí, ainda dá conta de por alguns números nessa cabeça?

Selena revira os olhos e balança a cabeça.

Cara, eu a olho algumas vezes de canto e rapidamente acho milhões de respostas para o porquê de ter ficado tão fissurado com ela. Haviam razões, sim. E muitas.


Notas Finais


Eu demorei um pouquinho e peço desculpas por isso. Tenho uma mania de começar fanfics e corro pra atualizar as outras. Queria que essas férias tivessem sido o suficiente para escrever, mas acabei optando por ficar vendo série, grito.
Enfim, eu não tenho muito pra dizer. O capítulo em si me pareceu chato, mas necessário. E eu ia escrever mais, porém decidi deixar para o próximo capítulo.
O personagem novo do capítulo anterior ainda vai aparecer. Sei que eu disse que ele ia aparecer nesse, mas não deu pra encaixar, me desculpem, lindinhas.
É isso. Até o próximo capítulo, gente!
Beijos 💞
twitter: @feattebayo.
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