História HotBall - Afrontando o estranho - A verdade

O tempo passava extremamente devagar para Gumball, cada segundo durava mais do que o normal, ele estava ansioso, queria correr quanto antes para o shopping, mas a detenção o segurava pelas pernas. Teria de passar duas torturantes horas sozinho naquela sala, nem os valentões estavam lá. Ou pelo menos, era o que ele pensava, até alguém abrir a porta. Era o garoto mais exibido de Elmore, Tobias. O gato azul arqueou uma sobrancelha, estava curioso.

— Tobias? Por que está aqui?

— Ah, e aí parceiro! — Ria de nervosismo. — Acabei de descobrir que não se pode gravar vídeos de pegadinhas aqui na escola, uma pena, iria fazer o maior sucesso no Elmorestream. — Ele se senta na carteira ao lado do colega. — O que tem de bom pra fazer aqui?

— Ficar olhando os ponteiros do relógio passarem. — Solta um suspiro pesado de tédio.

— Que tédio, ainda bem que eu trouxe UNO, quer jogar comigo? — Pergunta, tirando as cartas do bolso e as embaralhando numa velocidade impressionante.

— É óbvio! — Sorri aliviado.

— Mas vai ter aposta. — Esboça um sorriso malandro.

— QUÊ?! Nem vem com esse papo torto. Apostar é roubada, ainda mais se o seu adversário é um trapaceiro!

— Ei! Eu não sou um trapaceiro! E eu só ia apostar um sorvete. O perdedor tem que pagar um da preferência do vencedor após um melhor de 5.

— Ok, acho que um sorvete é tranquilo.

— Desafio aceito?

— Tá, mas se quer mesmo me desafiar é bom estar preparado!

Tobias e Gumball fazem um breve aperto de mão, e mesmo sendo óbvio quem seria o vencedor, o felino era teimoso e orgulhoso demais para voltar atrás. Detestava ser chamado de covarde, mesmo que este fosse um na maioria das vezes. Tobias vence, injustamente, claro, mas trato era trato, agora Gumball devia-lhe um sorvete. No entanto, eles continuaram jogando para passar o tempo, logo finalmente a detenção havia acabado. O diretor enfim os deixa ir embora sem lhes dirigir uma única frase.

O garoto de cabelos e olhos azuis correu até o ponto de ônibus, não parando o ritmo mesmo após chegar no seu ponto, como não era final de semana, o shopping estava um pouco vazio, vantagem que o permitiu ir atrás de Penny. E lá estava ela, mais arrumada que o normal e em frente ao hambúrguer feliz, contudo, não estava sozinha, pois o rival no amor de Gumball estava sentado no banco da frente, ao longe era possível os ouvir conversando. Decidindo reutilizar a velha e boa tática de espionagem, camuflou-se numa moita próxima, tomando cuidado para não fazer som algum.

— Então, como o Gumball era com você no relacionamento de vocês?

— Ah, ele é divertido, romântico, talvez até demais. E sempre me fazia surpresas.

— Mas se esse é o caso… por que terminaram?

— É complicado de explicar... — Ela fica cabisbaixa enquanto leva o suco aos lábios recheados de batom.

— E… ele beijava bem? — Abre um sorriso, o desfazendo no instante em que vê a garota engasgar-se com a pergunta inesperada. — D-desculpe, foi uma pergunta muito pessoal!

— N-não, tudo bem. — Limpava a garganta, respondendo com dificuldade. — Nós dois não somos experientes no assunto, nunca fomos muito além.

— Nunca o beijou de língua? — Indagava com ainda mais ousadia, vendo a garota corar dos pés à cabeça, enquanto respondia negativamente com um tímido sorriso e em silêncio. — Uau, vocês se mantinham bem na linha.

— É… mas, no geral, o Gumball não é ruim, ele só parou de me dar ouvidos, às vezes parecia que ele só ficava comigo para alimentar seu próprio ego, afinal, namorar uma líder de torcida parece ser algo extraordinário. Que coisa estúpida. — Revirava os orbes cor de mel. — Aguentar ele acabou sendo desgastante. Espero não estar parecendo uma idiota. — Ria de si mesma.

— Não, não, deve ser mesmo complicado manter um relacionamento como este.

— Espero que você possa ser um namorado melhor. — Ela entregou outro belo sorriso.

— JÁ CHEGA!!! — O Watterson pula de uma vez da moita, ele mesmo não aguentaria ouvir mais daquilo.

— Gumball?! Estava nos espionando?! — A garota franziu a testa mesmo estando assustada.

— Você… — O pequeno felino a ignora, focando sua atenção para o outro. O azulado parecia estar passando por uma metamorfose de gato para tigre, era quase assustador o transformar de suas pupilas felinas em um tom animalesco e as presas sendo reveladas pela subida dos lábios. — Vou te pôr numa churrasqueira elétrica gigante!!!

Antes mesmo do outro poder mover um músculo, Gumball pulou em seu pescoço, jogando o garoto bem mais alto no chão. O jovem do terceiro ano tentava se proteger a todo custo, porém, era quase inevitável, o azulado havia sido dominado pelo ódio. As pessoas que estavam por lá param tudo o que estavam fazendo para bisbilhotarem a briga.

Penny se levanta num pulo, decidindo resolver a situação por conta própria antes que o segurança do shopping chegasse, ou alguém resolvesse gravar aquela briga na praça de alimentação. Ela concentra toda a sua raiva e se transforma em um dragão. Assustando os visitantes, funcionários, as crianças e inclusive Gumball, todos exceto sua irmã que brincava no playground, a pequenina gargalhava de diversão toda vez que a primogênita se transmuta de forma. Todos gelaram de medo com ela gritando o nome inteiro do ex-namorado.

— Para com isso! Ele não fez nada de errado! — Dialoga ainda com raiva, mas em sua fisionomia comum. 

— Só me responda o que ele tem que eu não tenho!

— Do que você está falando? — Ela ergue uma sobrancelha e cruza os braços.

— Vocês estavam tendo um encontro! — Exclama, saindo de cima do garoto, o que permitiu que o mesmo se levantasse.

— Gumball, você confundiu tudo! — Revirava os olhos, já finalmente calma. — Não tem como o Hot-dog estar apaixonado por mim, pois é de você que ele gosta.